quarta-feira, 31 de julho de 2013

Guiné 63/74 – P11890: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão -Bissau, 26 de Janeiro de 1974 -, (CONTINUAÇÃO – Parte III) (Luís Gonçalves Vaz)



1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou a terceira parte sobre esta matéria, iniciada nas mensagens postadas em P11871 e P11878.

Comando Territorial Independente da Guiné

QUARTEL GENERAL 


Visita á Guiné e Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão 


(Bissau, 26 de Janeiro de 1974)
(CONTINUAÇÃO – Parte III) 
General João Paiva Leite Brandão (CEME 1972 - 1974) e Chefe do Estado Maior do QG / CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG 1973 – 1974). 



 GUINÉ – 7 de Abril de 1974 – “Mapa de Situação”

GUINÉ - 1973 – O Comandante Chefe, general Bettencourt Rodrigues, visita uma unidade no T.O. da Guiné, acompanhado pelo “seu” CEM do QG/CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz. 



Comando Territorial Independente da guiné

QUARTEL GENERAL



Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército



(exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz)

Continuação….


3. CONDICIONAMENTOS GERAIS DO T.O.

“… a – Muitos dos condicionamentos, ficaram expressos nas considerações anteriores, no entanto parece-me pertinente seriar alguns deles:

b – Afastamento da Metrópole;

É de facto um condicionamento, a distância a que a Guiné se encontra de Lisboa. Pelo menos este condicionamento, ainda não foi superado, pois os transportes de pessoal e de todo o material, sofrem as dificuldades da “falta de maior frequência e capacidade” dos navios que demandam a este T.O. . O mesmo se aplica aos meios aéreos.

c- Outro condicionamento é a grande dificuldade no recrutamento de pessoal qualificado, quer para o desempenho de funções que exijam um mínimo de habilitações dentro do Exército , quer mesmo para a execução de tarefas burocráticas, por civis, contratados de apoio às actividades administrativas do Exército.

d- Também é um condicionamento, a enorme dificuldade na obtenção de recursos locais para o Exército que atrás já referi.

e- Outros condicionamentos são os derivados da “configuração geográfica” e do aspecto climático do T.O. com reflexos graves no aproveitamento dos diversos meios de transporte e na conveniente manutenção e conservação dos diversos materiais, em especial, viaturas, armamento, munições e víveres, todos conducentes a desgastar e deteriorar muito rapidamente aqueles materiais e víveres.


GUINÉ - 1973 – O Comandante Chefe, general Bettencourt Rodrigues, visita uma unidade no T.O. da Guiné, acompanhado pelo comandante do CTIG, brigadeiro Banazol e pelo CEM do QG/CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz. 

4. MEIOS AO DISPOR DO Q. G./ C.T.I.G.


“ … O quadro orgânico deste Quartel General é o que Vª. Exª. Pode ver em frente … (placard na sala de operações do Q.G./CTIG). Nele estão indicados os efectivos orgânicos em Oficiais, Sargentos e Praças das diversas Repartições e Serviços.


Ao lado desses números, estão indicados a vermelho os efectivos reais que foi preciso obter para que “a máquina” possa funcionar sem grandes dificuldades e sem afectar muito, o indispensável apoio às tropas do T.O. 


A comparação daqueles efectivos “diz-nos logo” da grande falta de actualidade dos Q. O. Em vigor.


Dimensionados estes Q. O. (quadros orgânicos), para apoiar efectivos globais substancialmente inferiores aos actuais, estão hoje amplamente desajustados ás necessidades.


O pessoal de recurso não é o mais apropriado, e quem sofre são as unidades “onde temos de o ir retirar”.


Este facto acarreta uma “sobrecarga excessiva” para o pessoal e é evidente, pois afeta o apoio ás tropas e todas as restantes actividades do Q.G. , apesar do desejo de todos aqueles que aqui trabalham com a maior dedicação e elevado espírito de missão.


É bastante urgente meu General que as nossas propostas de alteração aos Q.O. sejam urgentemente aprovadas, e o mais importante, que os Serviços de Pessoal do Ministério do Exército satisfaçam completamente o seu preenchimento e em tempo oportuno . 

Este é o nosso maior problema que considero “grave”, prioritário em ser resolvido, mesmo em relação ás outras dificuldades a que já aludi durante esta minha exposição.


5. Agora meu General, os Chefes das respectivas Repartições, irão efectuar as suas exposições, começando pela 1ª Repartição… “ (passou a palavra ao tenente-coronel do CEM, Cunha Ventura)...

Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz in: Exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, no Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército.

Nota do autor: O Coronel do CEM HENRIQUE MANUEL GONÇALVES VAZ, substituiu o Coronel do CEM JOSÉ GONÇALVES DE MATOS DUQUE, nas Funções de Chefe do Estado-Maior do CTIG, a partir de 11 de Julho de 1973. Desde 17 de Agosto de 1974, o coronel Henrique Gonçalves Vaz, foi nomeado Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG. Publicado na altura em Ordem de Serviço do Comando Chefe. 


Braga, 30 de Julho de 2013

Luís Gonçalves Vaz 
(filho do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
__________
Nota de MR:

Ver a primeira parte desta matéria em:


Ver a segunda parte desta matéria em:

28 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11878: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército, general Paiva Brandão -Bissau, 26 de Janeiro de 1974 -, (CONTINUAÇÃO – Parte II) (Luís Gonçalves Vaz)


9 comentários:

Luís Graça disse...

Luís: Quando puderes, manda-me com a máxima resolução poss+ivel, em formato jpg ou compatível, cópia do documemto "GUINÉ – 7 de Abril de 1974 – Mapa de Situação”...

Qual é a origem desse documento ? É do CEM do QG/CTIG ? `Mas.se se reporta à situação das NT em 5/4/1974, não podia ter sido utilizado no briefing de 26/1/1974... Explica lá esse anacronismo...

Mais uma vez obrigadop pela tua inexcedível colaboração... O teu pai teria motivos para se orgulhar de ti... Um alfa bravo...LG

Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá Amigo e camarigo Luís Graça:

Os mapas de situação de 63 e de 74, já seguiram para o teu maile, com a melhor qualidade possível. O mapa de situação de 7 de Abril de 1974, bem como um outro que te envio, de 8 de Novembro de 1963, não são dos documentos do arquivo pessoal do meu falecido pai, mas foram retirados de um livro publicado em 2006, o volume nº21 de "Batalhas de História de Portugal" - Guerra de África Guiné 1963-1974, com textos principais do sr. Coronel Fernando Policarpo, e coordenado pela srª professora Drª, Manuela Mendonça, presidente da Academia Portuguesa de História. Podes incluir essa informação no meu artigo por favor. No dia 26/1/1974, pode ter sido utilizado um similar, quando se falou da "situação militar" da altura, mas como não tinha um, investiguei e adquiri (para ilustrar o artigo) o que está postado, percebes? A situação entre 26/1/1974 e 07/04/74 terá piorado (consultar o meu artigo do Dossiê Secreto), o que nos levará a pensar que na altura da exposição, a situação seria "um pouco melhor"................

Para se perceber melhor, deve-se consultar o meu post de Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012
Guiné 63/74 - P9398: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte III) , onde se pode ler:

Análise da atividade de guerrilha:

Avaliado pelo quantitativo de ações, a atividade de guerrilha da iniciativa do PAIGC em 1973 aumentou cerca de 35% em relação ao ano anterior. Por sua vez em 1974, no final de Abril, aquele quantitativo era 50% superior ao total registado nos primeiros quatro meses de 1973. ..."

Forte Abraço

Luís Gonçalves Vaz

Anónimo disse...

Boa...

Esta unidade no T.O. da Guiné era o G.A.7.(se bem me lembro).nas traseiras do Q.G.e deve ter sido quando o General Betencourt Rodrigues assumiu o comando do C.T.I.G...acho bem ter começado pelas mais próximas do seu Q.G....

Recordo-me que foi a Medina do Boé acompanhado por jornalistas.."mera propaganda"..e bem.

Quanto ao relatório,quando diz que as acções militares foram aumentando,foi verdade...nomeadamente sobre os aquartelamentos junto às fronteiras com "flagelações"...

Convém esclarecer que eu tinha informações sobre quase tudo o que se passava no T.O. porque enviavam do Q.G. relatórios para o comando do COP 5,aos quais eu tinha acesso.

Só que..mas..há sempre um "mas"..e sem qualquer remorso da minha parte.. algumas vezes aldrabava os "relatórios" que enviava para a minha unidade o G.A. 7...
Ora se eu o fazia sendo "honesto"..julgo que muito outros o fariam também..logo no Q.G. baseavam-se nos ...coiso, pois.

Atenção,atenção..que as minhas aldrabices tinham como finalidade receber mais material de guerra do que era suposto...

Há um mês reencontrei o meu antigo Comandante..e fui "perdoado"..logo não me venham com merdas de recriminações..

C.Martins

Anónimo disse...

P.S.

Rectificação

Quando o Luís Vaz refere o Brigadeiro Banazol como comandante do C.T.I.G. não era bem assim..o comandante do
C.T.I.G. era o General Betencourt Rodrigues só que era também o Governador.

O Brig. Banazol era o 2.º comandante militar do C.T.I.G. e eventualmente substituiria o Gen.B.Rodrigues nas suas ausências ou impedimentos na componente civil.

Não tem grande importância..mas o seu a seu dono.

C.Martins

Professor Luís Vaz disse...

Olá grande Ć Martins ;
És o Mestre da contra informação. .....

Já não te lembras ..... mas era assim a hierarquia Militar na Guiné ;

Comandante Chefe e Governador - General B. R.

1 comandante do CTIG. Brigadeiro Banazol

2 comandante do CTiG Coronel tirocinante G. FIGUEIREDO


CEM DO CTIG Coronel Henrique Vaz


Ok Ć Martins?


Grande abraço


L Vaz

Anónimo disse...

Meu caro Luís Vaz

Eu "mestre" de contra-informação !!

Vamos lá esclarecer...

Quando aqui contestei algumas informações dos relatórios do teu Pai, nunca pus em causa a sua honestidade..

Cumpriste o s.m.o. felizmente em tempo de paz,mas apesar disso,terás uma noção de como funcionava a cadeia hierárquica.

Os relatórios produzidos pelo E.M.do Q.G. eram uma compilação dos relatórios enviados pelos diferentes comandos dispersos pelo T.O., ora se estes já iam inquinados com informações menos correctas o produto final também não o poderia ser..só isso.

Quando à cadeia de comando ser como dizes e neste caso estará correcta..só realça a distância física e pessoal entre as altas entidades do Q.G. e nós "tropa macaca no mato"..

Quantos de nós sabíamos !!?..salvo,talvez os comandantes operacionais no mato..também porque é que precisávamos de saber !!

Um dia fomos visitados por um tenente-coronel do Q.G...o homem resolveu implicar com a não existência de tapais nas berliets..grave problema esse..foi-lhe explicado o porquê, mas não ficou convencido e tanto insistiu que começou a ser "gozado"..
Teve que meter o "rabinho" entre as pernas e lá regressou ao conforto de Bissau..era um dos que apenas tinha galões nos ombros e a cabeça cheia de serradura.

Um abraço

C.Martins


Professor Luís Vaz disse...

Bom dia caro Ć. MARTINS:

NÃO DUVIDO DAS TUAS SABIAS EXPLICAÇÕES! SABES DO QUE FALAS!

A AFIRMAÇÃO DO MESTRADO DE CONTRA-INFORMAÇÃO ERA PURA BRINCADEIRA. .....
RELATIVAMENTE AO MEU PAI ELE ERA DO QG.. .. MAS UM OFICIAL QUE FICOU MUITAS VEZES RETIDO NO MATO E JÁ com experiência do TO de Amgola. ....

Forte abraço

LUÍS VAZ

Luís Gonçalves Vaz disse...

Olá Ć. MARTINS :

NÃO FIQUES "ABORRECIDO" COMIGO! SOU SINCERO NAS MINHAS PALAVRAS. ... MAS GOSTO DE SENTIDO DE HUMOR, SEM OFENDER É CLARO! E GOSTO DE LER OS TEUS COMENTÁRIOS.
MAS DEVO DIZER_TE QUE CONHECI PESSOALMENTE TODOS A CADEIA DE COMANDO QUE REFERI! POUCOS DIAS ANTES DO 25 DE ABRIL ATE ESTIVERAM NUMA "CERIMÔNIA PARTICULAR " EM MINHA CASA EM STA LUZIA.. .. QUERIA DIZER EM CASA DO CEM DO CTIG.. ..
SO FALTOU A ESSE JANTAR O BRIGA BANAZOL QUE NÃO ESTAVA EM BISSAU, MAS O COMANDANTE EM CHEFE, O GENERAL BETENCOURT RODRIGUES ESTEVE!
Gostava de te salientar alguns aspetos nas competências dos Estados maiores que contribuem para o sucesso das operações táctico-Miltares, mas fica para mais logo.. ..

Vou dar um mergulho, ok?

Abraço

L. vaz

DEVO DIZER-

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... reporto-me ao comentário de Luís Gonçalves Vaz, aqui exposto desde 311850JUL2013:
--«quote»--
– «O mapa de situação de 7 de Abril de 1974, bem como um outro [...] de 8 de Novembro de 1963, não são dos documentos do arquivo pessoal do meu falecido pai, mas foram retirados de um livro publicado em 2006, o volume nº21 de "Batalhas de História de Portugal" - Guerra de África Guiné 1963-1974, com textos principais do sr. Coronel Fernando Policarpo, e coordenado pela srª professora Drª, Manuela Mendonça, presidente da Academia Portuguesa de História.»
--«unquote»--

As fontes correctas, de ambos aqueles mapas, são – respectivamente – os mapas nº2 [08Nov63] e nº10 [07Abr74], (formato 357x266mm, correspondentes às paginações 67-68 e 113-114), e foram publicados pela CECA/EME em 02Fev1989 no «3º Volume - Dispositivo das Nossas Forças - Guiné», da «Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974)».
Decerto que os habituais colaboradores e visitantes deste blogue, conhecem aquela obra.
Note-se que o autor do supra citado livro, ex-alferes milº que serviu no BCac4514/72 (em 1973 no sudoeste da Guiné), omitiu a origem de tais mapas; (facto de difícil aceitação, atendendo ao seu currículo académico).

Cpts,
JCAS
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