Lisboa > Parque Eduardo VII, junto à praça Marquês de Pombal e à av Joaquim António de Aguiar > 7 de junho de 2014 > Os jacarandás em flor
Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.
Os jacarandás de Lisboa
ou o puro azul do desejo
por Luís Graça
Estavam lindos os jacarandás
quando deixei Lisboa
e o Tejo, ao fundo.
Eram o puro azul do desejo,
o azul do lápis lazúli.
o azul mais inebriante do mundo.
Para trás, ficava o sulco de uma canoa
e o cheiro a alfazema de Alfama.
No teu quarto, de hotel barato,
o sofá-cama desfeito
era um certo jeito de dizer adeus,
um jeito tão português, tão nosso,
quando deixei Lisboa
e o Tejo, ao fundo.
Eram o puro azul do desejo,
o azul do lápis lazúli.
o azul mais inebriante do mundo.
Para trás, ficava o sulco de uma canoa
e o cheiro a alfazema de Alfama.
No teu quarto, de hotel barato,
o sofá-cama desfeito
era um certo jeito de dizer adeus,
um jeito tão português, tão nosso,
o nosso fado, dirás,
ora batido ou chorado,
ora dançado ou cantado.
Falar da saudade de quem fica,
não posso,
nem devo dizer do desejo de quem parte,
que o amor é ciência e é arte.
Subo aos céus,
em avião a jacto
que corta o planeta
em duas metades laranja ao pôr do sol.
Não sei se é amor, de jure et de facto,
ou apenas sorte o arco-íris da tua paleta
com que pinto Lisboa de jacarandás.
Mas que pode a imaginação do poeta,
quando o coração, mais forte,
pensa que manda ?
Em Lisboa, cidade aberta,
eram os teus lábios de girafa
que eu em vão procurava
nas folhas das acácias vermelhas
com que imaginava, coberta,
... a ilha de Luanda!ora batido ou chorado,
ora dançado ou cantado.
Falar da saudade de quem fica,
não posso,
nem devo dizer do desejo de quem parte,
que o amor é ciência e é arte.
Subo aos céus,
em avião a jacto
que corta o planeta
em duas metades laranja ao pôr do sol.
Não sei se é amor, de jure et de facto,
ou apenas sorte o arco-íris da tua paleta
com que pinto Lisboa de jacarandás.
Mas que pode a imaginação do poeta,
quando o coração, mais forte,
pensa que manda ?
Em Lisboa, cidade aberta,
eram os teus lábios de girafa
que eu em vão procurava
nas folhas das acácias vermelhas
com que imaginava, coberta,
Portugal, Lisboa, Parque Eduardo VII;
Angola, Luanda, Ilha de Luanda, Clínica da Sagrada Esperança, junho de 2012.
Angola, Luanda, Ilha de Luanda, Clínica da Sagrada Esperança, junho de 2012.
Revisto, em 12 mai 2023
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Nota do editor:
Último poste da série > 31 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13217: Manuscrito(s) (Luís Graça (31): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte V): O bairro de Santa Luzia, de 1948: uma das nossas primeiras experiências de alojamento para populações nativas
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Nota do editor:
Último poste da série > 31 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13217: Manuscrito(s) (Luís Graça (31): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte V): O bairro de Santa Luzia, de 1948: uma das nossas primeiras experiências de alojamento para populações nativas
5 comentários:
Lindo poema! Lindas fotografias!
Parabéns ao autor.
Um grande abraço
Francisco Baptista
Pronto, Luís!
O próximo encontro da Tabanca Grande vai ser à sombra destes Jacarandás, OK?
Abraço + boa saúde.
Rui Silva
Sim, queridos amigos e camaradas, não pedimos muito: um pouco mais de azul, um pouco mais de poesia, um pouco mais de amor, um pouco mais de beleza para este nosso pobre mundo...
Lisboa, nesta altura do ano, é para mim a cidade bonita do mundo... Há o azul do céu, há o zaul dos jacarandás, há o Tejo, o rio da nossa aldeia, há o sol, há as festas populares (a que eu já, há muito, deixei de ir)...
Tirei estaa fotos no dia em que fui à Feiraa do Livro, no Parque Eduardo VII, e encontrei três pessoas, três escritortes, três seres humanos excecionais que eu admiro: o moçambicano Mia Couto, o portuguesíssimo Eduardo Lourenço, o Sobrinho Simões, o prof Sobrinho Simões, do IPATMUP - Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, e antigo presidente do Conselho de Escola da minha Escola, a Escola Nacional de Saúde Pública da NOVA, que foi jusrtamente apresentar o seu livro sobre o cancro (Edição da Fundação Manuel dso Santos: obrigtaóio comprar e ler... Preço de capa: 3€99, em qualquer "merceria" dio Pingo Doce)...
E, claro, encontrei os meus, os nossos, jaracandás...
Foi uma tarde perfeita! Há dias assim... (Mesmo de muletas!).
" A literatura serve para sarar as feridas da vida"
Eduardo Lourenço
Tudo tem o seu verso e o seu reverso... Há quem odeie os jacarandás... E há quem também não goste de poesia... A vida é um ocnflito, que acaba mal... Tomo a liberdade de reproduzir um artigo do DN - Diário de Notícias. Com a devida vénia...LG
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CIDADES
"Doce praga" dos jacarandás irrita automobilistas
por
KATIA CATULO
25 maio 2007
Quase todos os lisboetas, até os mais distraídos, reparam quando os jacarandás estão floridos. O espectáculo dura só duas ou três semanas - entre finais deste mês e meados do próximo -, altura em as árvores libertam as suas flores sobre as avenidas, praças ou jardins de Lisboa.
Tapetes lilases cobrem as ruas da capital, mas este fenómeno provoca alguma irritação a quem vive ou trabalha na capital: "É uma praga, embora seja uma praga doce", desabafa Marta Maldonado, moradora na Avenida D. Carlos I. Nos últimos dias, a residente do n.º 99 da avenida sai sempre de casa munida de esponja ensopada em detergente. "Para tirar isto é preciso uma boa esfregadela", explica Marta, apontado para as flores que secaram no tejadilho do seu automóvel.
E é por essa mesma razão que António Fortes, empregado da Cafetaria El Rey D. Carlos, evita estacionar nesta altura do ano debaixo das árvores alinhadas na Avenida D. Carlos I. Na maioria das vezes é mal sucedido e não tem outra alternativa senão transformar o seu automóvel no alvo certeiro dos jacarandás: "Reconheço que a cidade fica deslumbrante com as copas floridas, mas é muito irritante encontrar quase todos os dias manchas de flores ressequidas no meu automóvel", admite, justificando que, por mais que limpe as nódoas, estas nunca desaparecem por completo.
Quem diria, portanto, que os jacarandás de Lisboa têm um lado negro (ou seria melhor dizer lilás)? Mais do que isso é um assunto que divide os lisboetas. Há quem defenda que a espécie deveria estar confinada aos jardins e praças da capital: "Só assim se poderia evitar que as ruas e os carros ficassem sujos", argumenta António Forte.
Outros há que nunca irão concordar com esta solução. "É o preço que se paga para termos a cidade mais bonita por algumas semanas", justifica Graça Valente que há 47 anos vive no Bairro da Madragoa.
(...) Estar contra ou a favor dos jacarandás não impede os automobilistas de terem de tolerar esta "praga doce" por mais algumas semanas. "É sempre possível encontrar o lado positivo desta questão", explica Graça Valente, recordando que, em mais nenhuma época do ano, os lisboetas andam "com a cabeça no ar" à descoberta das copas lilases. Mas a pensionista de 66 anos reconhece que se tivesse de estacionar todos os dias o seu automóvel na Avenida D. Carlos I, "talvez" não fosse tão optimista.|
http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=658147
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