1.ª Parte do Comentário ao artigo
"Guiné,
Guileje e o desnorte do reino" (2)
“E quando se despediu
dele humilhou-o dizendo “regressa a Guileje e daqui a um ou dois dias irá lá
ter o Coronel Durão e você passa a adjunto dele”. Ou seja passou-lhe um
atestado de incompetência”.
Mais uma vez o Sr. Ten. Cor. deturpa o que aconteceu. O Sr. General não me disse quando o Sr. Coronel Durão iria para Guileje.
Afirma que me passou um atestado de incompetência. Conhecendo como eu conhecia o Sr. General Spínola (tinha obrigação disso, porque trabalhei, sob as suas ordens, durante dois anos-68/70), pude verificar que lidava muito mal com a incompetência, tendo dado sobejas provas desse facto. Se me considerasse incompetente, teria sido retirado do Comando do COP 5, na hora. A minha interpretação foi que tinha perdido confiança na minha acção de Comando. Este sentimento era recíproco, pois quando em 18 MAI 73, não foram feitas, a partir de Guileje, as evacuações solicitadas, contrariamente à sua garantia dada na sua última visita, em 11MAI 73, perdi toda a confiança na sua palavra, o que foi partilhado pelos militares, em Guileje.
Além disso, tendo o Sr. General Spínola, no final da minha comissão no Comando Chefe, decidido atribuir-me um louvor, se me considerasse incompetente era a admissão que se tinha enganado (louvando um incompetente), o que não era propriamente o seu forte – admitir que errara.
Perante a decisão do Sr. General, podia ter declarado que, perante a sua falta de confiança, não aceitava a solução, sujeitando-me, obviamente, às respectivas consequências, ficando assim liberto do problema que, responsavelmente, estava a tentar resolver.
Nunca tal me passou pela cabeça, pois a minha preocupação era chegar o mais rapidamente a Guileje, donde tinha saído no dia 18 de manhã. Estes 3 dias da minha ausência, foram um total desperdício. O Comando Chefe e o seu Estado Maior ficaram muito mal na fotografia, ao proceder da maneira displicente como trataram este assunto, sem atribuírem nenhuma prioridade à situação, gravíssima, que se vivia em Guileje
Se os delegados, cuja comparência insistentemente pedira, se tivessem deslocado a Cacine, no dia 19 MAI, aproveitando o meio aéreo que lá foi fazer as evacuações, eu teria regressado a Guileje, o mais tardar, no dia 20 MAI. Mesmo sem a ida dos delegados, o Comando Chefe podia ter ordenado o meu regresso imediato, o que não fez.
“Mas prova ainda
outra coisa: que a retirada já teria sido preparada do anterior, pois era
praticamente impossível organizar tal operação na hora. Será que estariam à
espera que Spínola autorizasse a saída? Até que ponto haveria acção subversiva
feita por eventuais infiltrados simpatizantes, idos da Metrópole? Eis duas
questões que seria interessante dilucidar.”
Mais uma vez o Sr. Ten. Cor. entra em dissertações que são totalmente fantasiosas.
A retirada foi decidida, apenas quando regressei a Guileje, ao fim da tarde do dia 21 MAI. Tal pode ser comprovado pelos militares que lá estavam (que só ouviram, da minha boca, falar em tal hipótese, naquela hora). Bem sei que, para o Sr. Ten. Cor. interessa muito mais o “jornal da caserna” e, sendo assim, pode perguntar ao seu “apoiante”, ex-Soldado Constantino Costa, que estava em Guileje, se eu abordei esse tema, anteriormente.
A decisão foi por mim tomada, sem pressão de quem quer que seja. Depois de tomar a decisão, perguntei a todos os que estavam no abrigo em que me encontrava, qual a opinião de cada um e todos manifestaram a sua concordância. Podia aproveitar para afirmar que tive a aprovação dos que ouvi, mas não o fiz, porque esta concordância foi “à posteriori” e porque prezo muito a verdade.
A ideia de esperar que o Sr. General Spínola “autorizasse a saída”, além de absurda, como podia ser expectável, se o que eu pedira era reforço!
A ideia de “acção subversiva por eventuais infiltrados” não me merece qualquer comentário. Como até agora, os argumentos do Sr. Ten. Cor. não são convincentes (excepto o seu autoconvencimento, resolveu inventar a “teoria da conspiração”. Repito: TOMEI A DECISÃO SEM PRESSÂO DE NINGUÉM. Se não percebeu, POSSO FAZER UM DESENHO.
Espero que o Sr. Ten. Cor. tenha ficado dilucidado, sobre
estas duas matérias.
“Guileje tinha,
porém, um ponto fraco: não tinha um poço artesiano, que lhe fornecesse água
potável, a qual tinha que ser obtida a cerca de 2 Km…”
Esta afirmação do Sr. Ten. Cor., que se saúda, é muito incompleta.
Além da falta de água, no quartel, que era um condicionalismo inultrapassável, tinha outros pontos fracos. Vou referir alguns:
- Só havia uma única ligação, por estrada, a Gadamael; interdita esta, por acção do In (emboscada no dia 18 MAI 73), Guileje ficou totalmente isolado.
- As outras guarnições mais próximas - Bedanda a Oeste e Aldeia Formosa a Norte, não estavam em condições de prestar qualquer auxílio, porque os respectivos itinerários eram dominados pelo IN e, há muito tempo, não eram utilizados pelas NT.
- Impedido o reabastecimento, por estrada, dependíamos totalmente do que havia em Guileje. Pelo facto de se aproximar a época das chuvas, na qual a estrada para Gadamael ficava intransitável, tinha sido já feito um grande esforço de abastecimento. Mesmo assim, ainda estava em Gadamael (e em Bissau) um grande volume de materiais, necessários para sobreviver durante 6 meses.
- Em virtude das sucessivas flagelações do In (37 em 80 horas), as munições, especialmente de Artilharia e Morteiros (10,7 e 81), estavam a chegar ao fim, não obstante a preocupação de poupar, desde a primeira hora. Quando acabassem, só por acção exterior, não dependente do Comando do COP 5, chegaria a Guileje o respectivo reabastecimento.
- Relativamente ao material de Artª., o que se passou foi o seguinte: em 24 JAN 73 (3º. dia da minha estadia em Guileje), enviei uma nota para o Grupo de Artª. nº. 7 (GA7) em Bissau, com conhecimento ao Sr. Chefe de Estado Maior do Comando Chefe e à Repartição de Operações, propondo a substituição das 3 Peças de 11,4 cm (as que estavam em Guileje) por 3 Obuses de 14 cm.
A razão desta proposta era o conhecimento que eu tinha da existência de poucas munições de 11,4 e muita dificuldade na sua aquisição. Na proposta sugeria ainda que, mesmo depois de ser efectuada a substituição do material de Artª., se ainda existissem munições de 11,4 em Guileje, se mantivessem as Peças de 11,4, conjuntamente com os Obuses de 14, só regressando aquelas a Bissau, no final da época das chuvas. Desta forma, o aquartelamento ficaria com um reforço de Artª., durante o período de isolamento.
Mesmo em tempo de guerra, a burocracia emperrava tudo. Foi por isso que, em I8 MAI 73, isto é, praticamente passados 3 meses da data da minha proposta, a situação do material de Artª. era: estavam em Guileje 2 Obuses de 14, tendo um deles chegado avariado; o 3º. Obus estava em Gadamael, a aguardar a próxima coluna de reabastecimento. Entretanto, as 3 Peças de 11,4 já tinham saído de Guileje. Quando era necessário o maior apoio de fogo de Artª., estávamos reduzidos a 2 Obuses e um deles avariado.
Como eu não estava sempre em Guileje, porque as guarnições de Gadamael e Cacine também estavam nas minhas preocupações , além das minhas ausências, resultantes de ordem superior ( lembro-me que me desloquei para participar, naquela altura, para participar numa reunião de Comandantes da Zona Sul), não tomei conhecimento da ordem para as Peças de 11,4 regressarem a Bissau (deve ter sido recebida na minha ausência). Se a tivesse recebido, seguramente que não as tinha deixado sair sem, no mínimo, terem chegado a Guileje os 3 Obuses de 14.
Além de o apoio de Artª. estar diminuído, em número de bocas de fogo, a sua eficiência era muito menor. Devido à orografia do terreno da Guiné, com poucas elevações, a regulação do tiro de Artª. só era eficaz quando feita por observação aérea. Enquanto que o tiro das Peças de 11,4 tinha sido regulado, em JUN 72, por avião, relativamente aos Obuses de 14 tal procedimento não foi possível, devido à restrição dos meios aéreos.
- Não evacuação de feridos, garantida pelo Sr. General Spínola (a partir do quartel), na sua última visita a Guileje, em 11 MAI 73, perante formatura geral. O Sr. General foi, no mínimo, muito imprudente, ao fazer tal afirmação, porque nessa data, a Força Aérea já tinha decidido que nenhum meio aéreo se deslocava a Guileje (e não me parece aceitável que o Sr. Comandante Chefe não tivesse conhecimento dessa decisão).
Na sequência da emboscada do dia 18 MAI 73, foi pedida a evacuação dos feridos, no pressuposto de que seria satisfeita, conforme se pode constatar no período anterior. O que aconteceu foi que nenhum helicóptero apareceu e, um dos feridos graves (um cabo metropolitano) faleceu, cerca de 4 horas depois. Foi um “grande murro no estômago” para todos nós, ficando a confiança na palavra do Sr. Comandante Chefe fortemente abalada, bem como o moral de todo o pessoal.
Como fica escrito, tinha muito
mais que um ponto fraco, (qual era a falta de água potável).
“…a FA garantia apoio
pelo fogo de dia, com os “ Fiats” e de noite com um “C-47” modificado, em
bombardeamento de área…
Realmente a FA prestava apoio de fogo, através dos Fiat G-9, quando as condições atmosféricas o permitiam. Depois do aparecimento dos mísseis terra-ar Strella do In, os aviões voavam acima dos 3.000 pés, por uma questão de segurança, empregando bombas mais potentes.
Relativamente ao C-47, transcrevo parte do depoimento da testemunha, Sr. Cor. Pil Av. Lemos Ferreira (folhas 106 a 108 do processo):
“…tendo perguntado ao Guileje se necessitava de mais alguma coisa foi-lhe pedido o envio de um avião durante a noite para a zona do Guileje para funcionar como ligação de comunicações, tendo-lhe sido respondido que o que fosse possível fazer se faria;… no próprio momento do pedido de Guileje, entrei em contacto com o Centro de Operações Aero-Tácticas, para que vissem a viabilidade de aprontar um C-47 equipado com flairs iluminantes e granadas de Morteiro 81, tendo sido informado estarem os C-47 indisponíveis por falta de sobressalentes, não havendo qualquer hipótese de pôr um em serviço; esta informação, porém, não foi transmitida ao Guileje.”
Portanto, mesmo nos assuntos respeitantes à Força Aérea, o Sr. Ten. Cor. está mal informado! O C-47 nocturno foi uma miragem.
“Que o PAIGC estava ainda longe de querer
assaltar a povoação, já que só deu pela evacuação três dias depois (entrando
quase todos em coma alcoólico depois de esgotado o stock de bebidas existente…).”
Em virtude de o 3º. Corpo de Exército (CE) do PAIGC se encontrar na mata de MEJO (mensagem IMEDIATO, - 19H00horas do dia 20 MAI da REP/INFO), era quase certo que no dia 22MAI completasse o cerco ao quartel, desse lado. Aliás, na tarde do dia 21, já tinha actuado, flagelando elementos da população que tinham tentado reabastecer-se de água na bolanha, junto ao aquartelamento, tendo sido metralhados pelo avião pilotado pelo Sr. Cor. Lemos Ferreira.
No Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 MAR 2008), um elemento daquele CE, informou que, no dia 22 MAI, de manhã, veio fazer reconhecimento junto do quartel (já tínhamos retirado), o que confirma o que afirmei no parágrafo anterior.
A razão por que só deu pela evacuação três dias depois, só o PAIGC pode esclarecer. Seguramente, porque foi surpreendido.
Quando cheguei a Gadamael, comandando a retirada, já lá se encontrava o Sr. Cor Durão, que enviou uma mensagem RELÂMPAGO, às 12H15 para o Comando Chefe a comunicar o que tinha acontecido. Esta mensagem, terminava assim:
“…QUANDO CHEGADA GADAMAEL PORTO FACE DESTRUIÇÕES HAVIDAS VERIFICO SER IMPOSSÍVEL REOCUPAÇÂO TEMPOS PRÓXIMOS”.
Às 13H05, seguiu outra mensagem:
“ REF M/… 221215… SUGIRO DESTRUIÇÃO COMPLEMENTAR GUILEJE POR MEIOS AÉREOS”.
A resposta foi a seguinte (às 18H40):
“REF..SEXA JULGA PREMATURO BOMBARDEAR GUILEJE COAT EXECUTA BOMBARDEAMENTO AREA CIRCUNDANTE…”
Não consegui obter, no Estado Maior da Força Aérea (Arquivo Histórico), elementos relativos a este bombardeamento, determinado pelo Sr. Comandante Chefe.
Também não tenho nenhuma informação sobre a vigilância sobre Guileje, até o PAIGC lá entrar; esta deveria ter sido determinada, em minha opinião, por motivos óbvios; se não foi, é mais um erro grave, como igualmente foi a decisão de não bombardear Guileje, a não ser que o Sr. Comandante Chefe tivesse a intenção de determinar a reocupação, o que não se verificou.
Talvez o Sr. General Pil. Av. (Ref) da Força Aérea António Martins de Matos, que na altura era Tenente Pil. Av. na Base Aérea de Bissau, possa responder às seguintes perguntas:
- Qual foi o bombardeamento efectuado sobre a área circundante de Guileje, no período 22/25 MAI 73, determinado pelo Sr. Comandante Chefe.
- Qual a vigilância da Força Aérea sobre Guileje, no mesmo período, no sentido de detectar o momento em que se verificasse a entrada do PAIGC, que seria uma oportunidade ímpar para provocar ao In baixas incontroláveis. Isto no caso de aquela vigilância ter sido determinada.
- Em sua opinião, qual foi a razão por que não foi detectada a entrada do PAIGC, em Guileje, no dia 25 MAI 73. Se tivesse sido detectada, também não teria havido o “coma alcoólico”, referido pelo Sr. Ten. Cor. Brandão Ferreira.
“…e escreveu um livro com a sua versão dos eventos…”
Não Sr. Ten. Cor., o meu livro não é a minha “versão dos eventos”, mas tão só A VERDADE DOS FACTOS, que é o subtítulo do livro, e “contra factos não há argumentos”. Não conheço nenhuma versão ou factos diferentes e, se alguém tem esse conhecimento, é a altura própria de tornar público o que sabem sobre este assunto.
Para terminar este comentário,
que já vai longo e que, mesmo assim, não aborda todas as questões postas pelo
Sr. Ten. Cor. Brandão Ferreira (posso voltar ao assunto se o Sr. Ten. Cor. não
ficou devidamente dilucidado), quero afirmar o seguinte:
Não me considero louco nem inconsciente. Por isso, ao tomar a decisão de retirar de Guileje, nas circunstâncias conhecidas, sabendo que não teria aceitação do Comando Superior e que iria sofrer as respectivas consequências, entre as quais, se não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974 (25/4 para o Sr. Ten. Cor.), teria sido o meu julgamento e, cumprida a pena máxima, a minha exclusão do Exército, teria que haver uma situação muito grave, para não hesitar na decisão que adoptei. Esta era o perigo iminente de, tanto a guarnição militar quanto a população, sofrer mortos e feridos em número incalculável e, os que restassem, serem feitos prisioneiros pelo PAIGC e posteriormente expostos à comunicação social em Conacri.
E, para mim, a segurança de todos, que era a minha missão e a vida humana não têm preço.
Foi por isso que não hesitei, sabendo o que me esperava, abdicando do interesse pessoal que, naquelas circunstâncias, não tinha a mínima relevância.
Para quem achar este cenário exagerado, terá oportunidade de verificar, na 2ª. Parte do comentário ao artigo em análise que, entidades do Escalão Superior, fizeram a mesma previsão.
A enorme diferença entre o Sr.
Ten. Cor. Brandão Ferreira e a minha pessoa, relativamente a Guileje, é que eu
estava lá e o Sr. Ten. Cor. conhece Guileje do mapa; ao ter visto este, “junto
à fronteira”, das duas uma: ou precisa de mudar de lentes, se usa óculos ou
então terá que procurar Guileje num mapa em que a sua localização esteja
correcta, por exemplo a carta militar de escala 1/50.000. [, disponível aqui, neste blogue].
Cumprimentos
Alexandre da Costa Coutinho e Lima
Cor. de Artª. Ref.
Ex Comandante do COP 5, em GUILEJE
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Nota do editor
Vd. poste anterior de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13804: (Ex)citações (243): Comentário ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado em O Adamastor (1) (Coutinho e Lima)
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Nota do editor
Vd. poste anterior de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13804: (Ex)citações (243): Comentário ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado em O Adamastor (1) (Coutinho e Lima)
17 comentários:
Henrique Cerqueira disse...
Senhor Comandante Coronel Coutinho Lima.Se me permite,meu pai,meu camarada meu amigo combatente da Guiné.
Todos nós estamos cansados de saber que há ainda ramificações do " viros do despotismo faxizante e colonialista Salazarento ).Ora é então que algumas espécies desses "Virus" que se tenhem mantidos em incubação,alimentados pela vida farta e abundante que o novo regime lhes proporcionou. Agora e aproveitando toda a liverdade e meios que srepre combateram nos seu tempos aureos ,mesmo que para isso tivessem que sacrificar as vidas dos seu militares.Rogam-se agora e só porque também já estão no final das suas vidas,em grandes entendidos em estratégias que o senhor comandante Coutinho Lima teve de tomar.
Mais uma vês eu falo de coração na mão,pois que de estratégia militar sou um Zero embora tivesse sido Furriel,mas a verdade é que a tropa muito pouco me ensinou como militar. E quanto ao Ultramar era a lei do desenrasca e improvisa.A malta sabe como foi.
Voltando ao Senhor Comandante. Para mim ele foi um HEROI,defendeu os seus homens a população e foi "DESGRAÇADO" pelo poder que tinha a responsabilidade em todo o território da Guiné.
Graças a Deus e aos Capitães de Abril que tudo mudou permitindo até que os "reacionários e protegidos"do antigo regime se mantenham activos.
Não venham agora dizer que aqui não entra política ...é impossível separar uma coisa da outra.
SENHOR COMANDANTE CORONEL COUTINHO LIMA um grade abraço .
Henrique Cerqueira
Repito aqui a totalidade do meu comentário na narrativa parte(1) e repito aqui o meu apreço e admiração pelo Senhor Coronel Alexandre Coutinho e Lima.Para mim um Heroi Português da guerra da Guiné.
Henrique Cerqueira
antonio graça de abreu disse...
Sempre o nosso coronel Coutinho e Lima a tentar justificar o injustificável, o abandono de um aquartelamento na Guiné, por decisão sua, o abandono de um aquartelamento face ao "superior" poderio militar do Paigc. Ou melhor, face ao medo, ou até, como muito bem refere, face ao medo dos Migs
do IN. A verdade é que até Abril de 1974 jamais qualquer Mig do IN bombardeou um metro quadrado do território da Guiné. Pois, mas existia o medo, o medo envolto nas roupagens do "mito".
Não havia Migs, mas podia haver.
Verdade é que eles não tinhasm aviões. Nós, NT, tínhamos Fiats, Alouettes, Noratlas, T 6, Dakotas. É verdade que voávamos com dificuldade, mas voávamos, com a imagem e recordação dos nossos pilotos e amigos recentemente mortos a darem-nos coragem. E em Maio de 1973 já íamos a toda as Guiné. Sei do que falo.Qual mito, qual guerra ganha ou guerra perdida?
Do meu humilde banquinho, não considero o coronel Coutinho e Lima um traidor. Compreendo o seu medo, talvez o seu entendimento do beco sem saída a que nos conduzia aquela guerra.
Mas do opróbio, da vergonha de ter ter sido o único comandante, um oficial superior das Forças Armadas Portugueas a decidir a entrega de um aquartelamento ao Inimigo, por muitas vidas que viva, dessa vergonha
o coronel Coutinho e Lima jamais se
livrará.
Andei por perto de Guileje, estive em Cufar, de Junho de 1973 a Abril de 1974.
Por último, a referência do coronel Coutinho e Lima deverá ser à 38ª Companhia de Comandos e não à 35ª, do meu bom amigo cap. António Andrade.
Abraço,
António Graça de Abreu
"Afirma(o ten. coronel Brandão Ferreira) que me passou um atestado de incompetência. Conhecendo como eu conhecia o Sr. General Spínola (tinha obrigação disso, porque trabalhei, sob as suas ordens, durante dois anos-68/70), pude verificar que lidava muito mal com a incompetência, tendo dado sobejas provas desse facto. Se me considerasse incompetente, teria sido retirado do Comando do COP 5, na hora. A minha interpretação foi que tinha perdido confiança na minha acção de Comando."
Exemplar este parágrafo do coronel Coutinho e Lima. É só ler com atenção. O general Spínola, segundo Coutinho e Lima, não havia passado a Coutinho e Lima nenhum "atestado de incompência".
E o major explica logo a seguir:
"A minha interpretação foi que tinha perdido confiança na minha acção de Comando."
Qual seria a razão de um general ter "perdido confiança na acção de Comando" de um dos seus melhores capitães? No teatro de guerra na Guiné, só pode ter sido por incompetência.
Todas as reatantes explicações terão a ver com peanuts, amendoins, mancarra,
Abraço,
António Graça de Abreu
Coronel Coutinho Lima.
Eu preferia "Mil vezes essa Vergonha" que o peso na consciência de várias famílias destroçadas com a perca dos seus filhos por uma decisão mal tomada.Para mim a ineficácia estava todinha em Bissau nos gabinetes com mobiliário de Mógno e quiçá copos de cristal meio-cheios ou meio-vazios de "uma consciência" distante e amorfa...
Tenho dito meu Coronel. A sua consciência estará hoje em dia orgulhosa e certa que tomou a atitude correta.Veio-se a provar mais tarde com a entrega "Selvagem" dos territórios que tanto Sangue nos Sugou .
Essa dos Migs seria ou não uma treta , mas se foi os responsáveis estavam em Bissau,pois que o meu batalhão e em particular a minha CCAÇ13 em bissorã recebeu uns folhetos com as fotos dos ditos aviões e ridiculamente vinha a acompanhar umas instruções para que as unidades adaptassem mira anti-aérea na metralhadora DRAYZE para fazer fogo aos Migs.
Daí quem não tinha mêdo???Ou seja ninguém levou a sério e a malta se esqueceu que o medo incentiva a cautela.
Senhor Coronel Coutinho Lima que eu tenho não ter estado ao seu serviço.
Um abraço
Henrique Cerqueira
Um dos princípios do direito manda não julgar causas desconhecidas; outro, manda não ser juíz em causa própria. Isto é ética e facilmente compreensível.
Mas, tomar uma das partes como responsável pelo abandono de um aquartelamento, sem se levar em conta as circunstâncias, vituperando a parte mais fraca, para agradar à mais forte, tão ou mais responsavel, constitui, tão só, uma atitude cobarde e inâne de colagem aos poderosos, qual sublimação dos fracos.
Já imagino dois dos comentadores, em funções similares às do criticado, sem qualquer solidariedade do ComChefe, nem solução para a sobrevivência, mas iluminados de súbita inspiração, a mandarem construir uma barragem num dreno de urina, de onde se socorreriam para matar a sede e preparar os alimentos do pessoal; E quando fossem atacados, mandariam reunir um grupo vocifrante, que gritaria pum, a fingir o disparo de uma peça, tendo em conta a escassez de munições e as avarias registadas. E à medida que os géneros fossem consumidos ou destruídos, seria óbvio requisitar pombos-correios para carregarem as requisições de substituição, enquanto no verso poderia dar-se notícia do número de baixas e da organização de uma lista de espera para efeitos de evacuação. Como um dos críticos era ali vizinho numa localidade "amalsonhada" sugeita a perigos que aumentavam em função do aumento dos vapores da poção mágica, foi culpa do senhor Coutinho e Lima não ter solicitado o apoio solidário do vizinho amigo dos comandos, o que teria permitido um tratamento de traulitada nos desgraçados dos "ines", que ficariam completamente destroçados e de olhos brancos por efeito das trancadas.
Razão tem o brasileiro: "pimenta no cú do outro, para mim é refresco".
Quando será que esta malta ganha juízo?
JD
Caros camaradas e amigos
Caro camarada Coronel Coutinho e Lima
Não é a primeira vez que me sinto indignado ao ler neste Blog, certos comentários de um "ilustre" camarada, António Graça de Abreu, que se arvora em iluminado, que tudo sabe melhor que ninguém e ousa dizer o que lhe passa pela cabeça, sem respeitar a verdade e a dignidade dos outros, procurando desse modo amesquinhar, denegrir as suas imagens, enquanto se coloca em bicos dos pés para mostrar que é grande, sabedor, patriota, melhor que ninguém.
Pela desfaçatez e arrogância que manifesta, encontro paralelo com os grupelhos maoistas que imergiram após o 25 de Abril de 1974, que tudo criticavam e denegriam, de tal modo tão na extrema esquerda que se juntavam à extrema direita.
Será que a sua longa estada na China, lhe impregnou o espírito com os preceitos da democracia chinesa?
Um pouco de humildade, não ficava nada mal, a quem passou o tempo e fez a sua guerra dentro do arame farpado, na sombra do gabinete, junto à segurança do abrigo. Sem deixar de reconhecer, que viveu privações, sofrimentos e muitos perigos.
Mas se soubesse como elas mordiam nas patrulhas intermináveis pelas picadas traiçoeiras, ou pelos trilhos de mil perigos das matas e bolanhas!... Talvez fosse mais comedido nas suas palavras e nas sentenças que profere.
Ninguém me nomeou defensor dos injustiçados nem para tanto tenho competência, mas custa-me a ofensa gratuita aos outros com quem me sinto solidário. Por norma sou pacífico e resiliente, mas quando as coisas passam do limite também sei ir à luta e se necessário fazer fogo sobre o quartel general.
Por muita discordância e perplexidade com a forma como a guerra foi conduzida na Guiné, nomeadamente no não controlo do corredor de Guillege, entre outros, não ouso criticar os operacionais que em condições miseráveis eram chamados a dar o corpo ao manifesto, a servirem de carne para canhão. Como diz o povo, "quem sabe do convento é quem lá mora dentro". Nem tão pouco o Com-Chefe e o seu Estado-Maior, que elaboravam e determinavam as estratégias. Se Culpados havia e claro que havia, estavam em Lisboa, Governantes, políticos e as elites civis e militares que condicionaram a resolução do conflito pela via de negociações pacíficas, em tempo oportuno.
Os meus respeitosos cumprimentos e abraço solidário, camarada Coronel Coutinho e Lima.
Abraços de paz para todos.
Chega..Basta..estou farto.
Vou ser muito contundente.
Se os editores entenderem que ultrapasso as regras deste blogue façam favor de eliminar o meu comentário e até de me excluírem de comentador.
Apesar de todos os comentaristas serem ex-combatentes a alguns não reconheço autoridade moral suficiente para fazerem comentários depreciativos e até julgamentos pessoais sobre este tema concreto.
Muitos não sabem (felizmente para eles ) o que é levar porrada quase diariamente e às vezes várias vezes ao dia, passar fome e sede, passar pelas "brasas" quando se podia,dormir na vala cheia de água, estar dias seguidos em alerta permanente,ver morrer ao seu lado camaradas, alguns queimados com os seus corpos reduzidos a um terço, se ferido não poder ser evacuado por meios aéreos, não por culpa da FAP, mas por ordens superiores..etc. etc..
Nós em Gadamael a evacuação era através de sintex ou zebro quando tínhamos água (maré alta) e se porventura fosse de noite não adiantava ir para Cacine, porque só na manhã seguinte em Cacine se fazia a evacuação.
Muitos não passaram pela triste realidade de ver morrer um camarada por não ser evacuado.. e para mim..basta esta razão..tão pungente e dramática...e porquê ?...PORQUÊ ?
Para poupar material ?..os helis podiam ser abatidos..e não seria que em qualquer evacuação isso não poderia acontecer !!..ORDENS SUPERIORES..!!Sabem que mais.."puta que pariu".
Não consigo entender todos aqueles que fazem comentários negativos e depreciativos sobre factos que não viveram.
Sabem porventura quais eram as condições, nomeadamente psicológicas, em que todos se encontravam.
Eu não estive em Guilege mas pela minha experiência..imagino..oh se imagino..
O Sr. Coronel C. e Lima é bem explicito nos seus argumentos e só quem não acredita no que ele diz, e é fácil comprovar,teve muitas testemunhas, ou está de má fé..pode criticar e até..(para mim é grave) julgar.
Caro camarada A.G.A.,dirijo-me especialmente a ti...nos teus diários confessas que um dia "deste uma ordem a soldados que não foi cumprida.. que nem sempre cumpriste com as tuas obrigações"..etc...bem eras um "paisano" fardado...compreendo perfeitamente..agora vires dizer que estiveste em Cufar.. coiso e tal..e quê...pretendes ter autoridade moral sobre quem ?
Lembras-te do que se disse sobre os nossos camaradas que estiveram na India e que se renderam...olha que neste caso em concreto estás igual.
C.Martins
Ok, camaradas de armas, o coronel Coutinho e Lima
é mesmo um herói. A sua decisão de abandonar Guilije salvou a vida a mais de setecentas pessoas, militares e população que iam ser quase todas massacradas pelo PAIGC. Há quem acredite e defenda esta tese, misturando-lhe alguma política.Está no seu pleníssimo direito.
Até já comparam o major Coutinho e Lima ao general Vassalo e Silva que se rendeu (e muito bem, na minha humilde opinião) às muito superiores tropas
da União Indiana.
Não sou detentor de verdades absolutas, tudo é relativo e tem um duplo aspecto, mas guerra é guerra, não é?
Quantos homens esventrados, retalhados pelas balas, queimados pelo fogo vi eu em Cufar,72/74, e ajudei a carregar para helis e aviões?
Todas as guerras são cruéis, todas as guerras são injustas.
Como alferes miliciano fui obrigado a participar na guerra da Guiné, os oficiais do Quadro Permanente tinham uma profissão e uma opção de vida.
Quando chegaram à conclusão (tarde, mas ainda a horas!) que a guerra estava errada e não tinha solução (também porque houve Guileje , Guidaje e Gadamael)deram o seu contributo fundamental para acabar com o regime e com a guerra.Fizeram muito bem.
Abraço,
António Graça de Abreu
Ai A.G.A....A.G.A....
É preciso têr paciência de Chinês para te aturar...Prontos deixa lá, já passou e ganha juizinho sim???
Um abraço para ti.
Henrique Cerqueira
Isto é mais do mesmo....mas ainda dói a quem passou por tudo aquilo, Guileje e Gadamael. Esses camaradas ainda vivem o suplício da guerra e era com alívio que dispensavam toda esta polémica, mas é impossível fugir ao tema, dada a sua relevância no contexto da guerra na Guiné.
O Sr. Coronel Coutinho e Lima fez a sua defesa face às acusações de que fora alvo por parte do Sr. Ten. Coronel Brandão Ferreira que faz acusações e insinuações torpes, com carga política inusitada.
Não se compadece de tentar procurar agentes infiltrados da Metrópole como causa de tais desmandos. Designa-os por "ismos"de progressismos, numa pouco disfarçada intenção de atingir os que, de algum modo, se mostravam descontentes com o regime na altura e questiona-se, cito : " Até que ponto haveria acção subversiva feita por eventuais infiltrados da Metrópole?"
E a senha persecutória do Sr.Ten. Coronel continua com a abordagem da " mesa redonda", em que estive presente, realizada em Coimbra, organizada pelo Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra e moderada pelo Prof. Dr. Reis Torgal e aqui arrasa. Cito: " As coisas estão até a entrar no campo do delírio, como se pôde constatar numa " mesa redonda" realizada em Coimbra, no passado dia 23 de Maio e para a qual se convidaram quatro Coronéis do Exército, um ex-Comando das Brigadas Revolucionárias e dois ex-guerrilheiros do PAIGC".
Aqui é tudo metido no mesmo saco, uma Instituição Milenar respeitável, o Prof. moderador, bem conceituado nos meios académicos da dita Universidade e os intervenientes directos.
Estive presente, cada um dos intervenientes fez a sua intervenção, mediante a sua experiência e o seu conhecimento da guerra colonial.
Tudo normal. O que faltou foi o tempo necessário para que o debate fosse mais alargado. Neste processo delirante, no dizer do Ten. Coronel Brandão, nem o Sr. Coronel Moura Calheiros, militar impoluto e inatacável, interveniente nesta mesa redonda, foi excluído.
Um abraço.
Manuel Reis
Heróis de "meia tigela" e de sofá é o que mais há.
Mandar os outros morrer é fácil.
Dói..ainda hoje dói muito..talvez pela própria idade que nos torna mais sensíveis.
Informo que o segundo comandante na Índia era meu conterrâneo--natural de uma de uma aldeia próxima da minha..o Sr. Brigadeiro Leitão que além de militar de carreira era também engenheiro..ao chegar foi recebido por um coronel que tinha sido seu aluno na escola de guerra, posteriormente academia militar..e para além do desprezo manifesto como o tratou ainda teve o desplante de o chamar apenas engenheiro e não por Brigadeiro.
A história repete-se.
Não se trata aqui de elevar ninguém a herói mas sim de respeito e dignidade para com uma pessoa que tomou num dado momento uma decisão que julgou a mais correcta sabendo que iria ter consequências graves para a sua carreira militar, não se refugiando, como muitos fizeram, em lugares mais cómodos, e daí dar ordens aos subordinados..
Haja respeito.
Não sabia que um militar de carreira tinha maior obrigação de morrer..que um simples paisano "fardado"..passo a saber...eu a pensar que as obrigações eram iguais para todos os cidadãos.
Caro camarada M.Reis...o Sr. Coronel Moura Calheiros também foi criticado !!..não há "pachorra" para esta gente..simples desprezo é o que merecem.
Um grande abraço de solidariedade para ti.
C.Martins
ESCLARECIMENTO
Caro C. Martins, o Cor. Moura Calheiros não é particularmente visado , é colocado entre os quatro palestrantes, que intervém na "mesa-redonda" que O Sr. Ten. Cor. Brandão considera de algum delírio.
Manuel Reis
ESCLARECIMENTO
Caro C. Martins, o Cor. Moura Calheiros não é particularmente visado , é colocado entre os quatro palestrantes, que intervém na "mesa-redonda" que O Sr. Ten. Cor. Brandão considera de algum delírio.
Manuel Reis
Há muito deixei de entender porquê o ex-Major Coutinho e Lima se esforça para justificar o abandono de Guilege quando é evidente que não lhe restava outra solução no meio de quadros prostrados, sem ânimo e coragem para afrontar as dificuldades que o seu comando incompetente criou.
Não se trata de um juizo de valor. Leiam a página 281 do livro "A retirada de Guilege" e digam-me se é competente desviar o esforço principal para fazer obras e concluir que foi o terem deixado de ir para o mato que permitiu ao IN fazer uns passeios até ao quartel.
Minar, armadilhar, reconhecer, emboscar e combater nunca foi preocupação dos pseudo-comandantes de Guilege. Atribuir ao milícia que cavou a "culpa" do acontecido, brada aos céus! A inexistência de apoio aéreo há muito que é argumento falso. Nos depoimentos dos oficiais de Guilege há apenas um propósito: sacudir a água do capote.
A páginas 194, o Alferes Reis inquirido sobre se o comando ordenou reconhecimento, montagem de segurança afastada ou, no mínimo, próxima, responde que só no dia 19 dois GC forma mandados sair para evacuações e recolha de água.NÃO HOUVE QUAISQUER OUTRAS MEDIDAS.
A páginas 198 o Alferes Seabra confirma Reis e adianta que em 21 de Maio elementos da população tentaram arranjar água numa bolanha próxima, houve tiros IN e sairam vários militares SEM TEREM RECEBIDO ORDENS NESSE SENTIDO.
E é ainda este oficial que candidamente confessa que o seu pessoal estava no abrigo a todo o tempo! Caramba. Nunca viram uma trincheira?
É pelo Alferes Seabra (página 199) que ficamos a saber que uma directiva do Major Coutinho e Lima para o Cmdt do 15º Pel Art só reagir pelo fogo após as flagelações a fim de o IN não poder corrigir o tiro a partir das saídas! Também diz que o capitão Quintas deu instruções ao artilheiro para fazer fogo quando achasse mais oportuno! É ainda este alferes que constatou no dia 18 a falta de precisão do tiro de artilharia quando dum contacto (não explica como...). O depoimento deste alferes é pungente e deixa-nos imaginar uma guarnição impregnada de medo esperando que uma solução aparecesse para os livrar da angústia que a todos dominava.
Nem para ir à água estes comandantes arranjaram ânimo para correr riscos. Uma emboscada (dura, por certo) destroçou uma guarnição onde a unidade de comando nunca existiu. Como é possível retirar a artilharia de 11.4 sem antes assegurar a prontidão dos novos materiais? Neste caos, que comandos fracos deixaram germinar, que outra solução restava a Coutinho e Lima senão arrastar consigo este arremedo de combatentes?
"Se um fraco rei faz fraca a forte gente,
Muitos fracos reis enterram a forte gente".
Dissecar dia a dia a vida desta guarnição no período de 2 meses antes do abandono (é ignorãncia das coisas militares chamar retirada ao que se passou em bora entenda o propósito do Major Coutinho e Lima ao apropriar-se do termo) explica tudo.
Leio aqui encómios a Coutinho e Lima por "salvar vidas". Acompanho-os mas é preciso acrescentar que foi a inabilidade e incompetência de Coutinho e Lima que contribuiu para a criação de condições insuportáveis. E é isto e só isto que importa sublinhar e deixar a Coutinho e Lima um repto:explique-nos como conseguiu em poucos meses estoirar com a capacidade de combate para manter Guilege e chegar a Gadamael com um bando de homens tão apavorados que rapidamente contaminaram a guarnição de Gadamael que só não seguiu o mesmo destino graças a um punhado de bravos que resistiram até à chegada de reforços.
Porque é só isto que interessa porque quanto ao abandono ele é mais do que justificado.
Henrique Silva (repisando o que disse em Julho de 2009!)
"Não adianta
explicar
quando o
outro está
decidido a não
entender"!!!
Quem esteve lá é que sabe pelo que passou...
Sr. Coronel Coutinho e Lima continue a defender a sua honra.
Bernardo
Caro Henrique:
Não venho para alimentar esta fornalha como estás a fazer, apenas te quero esclarecer da tua contradição e provar-te que não sabes o que se passou em Gadamael, falas apenas com o objectivo de destroçar um grupo de ex-combatentes e os seus comandos, sem qualquer tipo de pudor . Atiras para o ar o que te vem à cabeça e esperas que cole. Atente-se e passo a citar: " Chegar a Gadamael com bando de homens tão apavorados que rapidamente contaminaram a guarnição de Gadamael que não seguiu o mesmo destino graças a um punhado de bravos que resistiram até à chegada de reforços! " Elucidativo de facto: Colocas-me num bando de homens apavorados e depois num punhado de homens bravos que resistiram até à chegada de reforços.VIM DE GUILEJE COM OS MEUS HOMENS E ESTIVE EM GADADAMEL ATÉ AO
FIM COM OS MEUS HOMENS. Gadamael só se aguentou pela inépcia e desconhecimento da realidade por parte do PAIGC sobre a situação caótica que lá se vivia, onde não existia nenhuma reacção numa 1ª fase. O reforço das tropas paraquedistas foi fundamental numa segunda fase, para que o aquartelamento se aguentasse. E MAIS NÃO DIGO!
Manuel Reis
Reis
Esclareço, mais uma vez, que opino sobre Guilege tendo por base apenas o que leio no livro “A Retirada de Guilege”.
Acusado de contradição: o que te leva a concluir que considero fazeres parte do punhado de bravos que aguentou Gadamael se até para ir à água, em 18 Maio, teve que ser o Major CL a comandar o GC sem que haja notícia de qualquer incómodo do Alf. Reis e companhia?
Os depoimentos seguintes é que referem um “Bando de homens apavorados”: ver pgs. 117,118 e 119 (declarações do CoronelDurão); ver pg 150 (declaração do Cap. Maia Rodrigues).
De Gadamael sei o que por aqui fui lendo e arquivando mas garantidamente lerei o que entenderes clarificar ao muito que já foi relatado.
Deixem de falar no abandono (justificado) e digam-nos o que não fizeram nos meses anteriores que poderia ter evitado o que só aconteceu convosco em 13 anos de guerra.
Henrique Silva
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