terça-feira, 28 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14938: (Ex)citações (287): Certa vez fui a Teixeira Pinto, e na estação dos CTT marquei dia e hora para telefonar para casa... A família reuniu-se em peso, reunida, ansiosa, à espera do telefonema... Mas eu não consegui lá voltar nesse dia e hora...A família ficou em pânico, como seria de imaginar (Leão Varela, ex-alf mil, CCAÇ 1566, Jabadá, Pelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68)


Guiné > Região de Quínara > São João > CCAÇ 1566 (JabadáPelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68) > "O meu pelotão. Eu, o dos óculos escuros,  entre os meus camaradas e amigos gurriéis Valente, à minha direita, e Matos, à minha esquerda. Foto tirada já em S. João, após mais uma patrulha de combate."

Foto (e legenda): © Leão Varela (2014). Todos os direitos reservados [ Edição: CV]


1. Comentário de Leão Varela ( ex-alf mil, CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo,Fulacunda e S. João, 1966/68);

Carlos Amigos e Camaradas

Ainda a sondagem sobre  quem fez chamadas telefónicas da Guiné para casa. (*)

Passou-me em falso o período para responder... mas já agora ainda me atrevo a dizer que eu fiz uma e de uma estação dos CTT que não vi mencionada, Teixeira Pinto, estava eu, então, destacado no Pelundo com meu pelotão (o 1º pelotão da CCAÇ 1566).

Uma das nossas missões era patrulhar a estrada entre o Pelundo e Teixeira Pinto o que aproveitávamos para no caminho encher 2 ou 3 bidons de água para beber e tomar banho.

Certa vez, numa dessas deslocações fui até Teixeira Pinto onde alguém me informou da possibilidade de, por marcação do dia e hora, fazer na Estação dos CTT uma chamada para casa. Assim fiz. Marquei o dia e a hora...só que nesse dia - já não sei porquê - não me foi possível deslocar a Teixeira Pinto. Como em casa foram avisados de que eu ia telefonar,  toda a minha gente aguardava o telefonema, que não fiz, à volta do telefone. Parece que, ao não receberem nenhum telefonema meu,
 ficaram em pânico.

Por mim, voltei a marcar outro dia e lá consegui telefonar.. mas jurei para nunca mais pregar sustos desses à minha família.

Desta pequena história fica a mensagem de que em TEIXEIRA PINTO havia Estação dos CTT e o registo constante sobressalto com que as nossas famílias andavam por cá. (**)

Forte e amigo abraço para todos

Leão Varela

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14937: Sondagem: Resultados definitivos (n=152): cerca de 55% do pessoal nunca fez uma chamada telefónica para a metrópole... Admite-se que essa proporção fosse, na realidade, ainda maior

(**) Último poste da série > 23 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14925: (Ex)citações (286): Fiz um telefonema surpresa para o meu irmão, no dia e hora do seu casamento, em 16/10/1971, em Guimarães...Tive que marcar a chamada oito dias antes, na casa do régulo de Bula que servia de posto dos CTT... (António Mato, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

3 comentários:

Luís Graça disse...

A prova de que já havia edifício dos correios no tempo da outra senhora, em Canchungo (ou Teixeira Pinto)... Aqui vai um recorte noticioso:

NOTÍCIAS [... foto não incluínda, nesta caixa de comentários]

PRESIDENTE DIRECTOR-GERAL DOS CORREIOS VISITA INSTALAÇÕES DA EMPRESA EM CANCHUNGO, REGIÃO DE CACHEU, NORTE DO PAÍS


No dia 28 de Fevereiro de 2015, a Administração dos Correios da Guiné-Bissau, através do seu Presidente Director-geral, Filomeno Cuíno e Anízio Indami, Assessor Económico do Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, realizaram uma visita de trabalho e constatação à estação dos Correios de Canchungo, no âmbito da reestruturação em curso na empresa, tendo sido acompanhadas pelos senhores, Alberto Djaló e Adriana da Costa, ambos representantes dos Correios.

A visita às instalações dos Correios de Canchungo contou com o apoio de dois responsáveis locais que os elucidaram sobre os serviços prestados pelo Ministério da Justiça, mais concretamente pelos serviços de ”Identificação Civil” e os conduziram às diferentes áreas dos Correios, com explicações sobre a utilidade de cada espaço.

Tratando-se de uma instalação da época colonial que precisa de se readaptar ao novo e actual modelo dos Correios com serviços financeiros, entendeu-se que relativamente a esta questão a segurança das instalações tornava-se imperativa. E nesta medida urge sensibilizar o Governador local para a protecção dessas mesmas instalações.

Esta visita foi muito importante para estas duas figuras da administração dos Correios, não só por se integrar na esfera da reestruturação em curso, como também pela oportunidade que tiveram em entrar numa organização como é os Correios.


http://www.setc-gb.com/noticias/presidente-director-geral-dos-correios-visita-instalacoes-da-empresa-em-canchungo-regiao-de-cacheu-norte-do-pais

Hélder Valério disse...

Caro Leão Varela

Não deu para comentar no momento próprio em que o texto saiu mas, mesmo assim, não quero deixar de te dizer que de facto a situação involuntariamente criada, com os familiares á espera duma comunicação 'anunciada' que não se verificou (naquela ocasião) era um motivo real para inúmeros pensamentos negativos, para angústias e preocupações acrescidas, não justificadas, é certo, mas compreensíveis.

Daí ser perfeitamente natural que se procurasse evitar situações como as que relataste.
As comunicações com familiares e amigos eram mais comuns por carta e/ou aerograma.

Hélder S.

Unknown disse...

Era isso mesmo Camarada Hélder ...os célebres aerogramas de lá para cá e de cá para lá. E que dias de uma mistura de alegria e ansiedade eram aqueles em que a avioneta largava, em voo raso, no meio da parada o saco do correio...delírio para uns, nem tanto para outros e de tristeza para outros porque não tinham correio ou porque as notícias eram más.

Abraços
Leão Varela