quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15151: Agenda cultural (425): Apresentação em Lisboa, na sede da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas, do livro "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo literário de A. Marques Lopes) - Parte I



Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7



Vídeo (5'  13''). Alojado em You Tube > Luís Graça


Lisboa, ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas, 17 de setembro de 2015, 15h >  Lançamento do livro "Cabra-cega: do seminário para a  guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo literário de A. Marques Lopes, foto nº 1) (Lisboa, Chiado Editora, 2015, 582 pp.).


Fotos (e vídeo): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.


1. A apresentação do livro esteve a cargo do nosso grã-tabanqueiro, o escritor e crític o literário, especialista na literatura da guerra colonial,  Mário Beja Santos (foto nº 2). 

Estiveram presentes alguns camaradas da Tabanca Grande:

(i) o Jaime Bonifácio Marques da Silva, que veio de propósito da Lourinhã, e fez um intervenção no final (, é o 2º da primeira fila, a contar da esquerda, foto nº 3);

(ii) o Alfredo Reis, camarada do A. Marques Lopes na CART 1690, Geba, 1967/68 (é o primeiro do lado esquerdo, na foto nº 3, mora em Santarém, e é veterinário reformado);

(iii) o Fernando Sousa, autor de Quatro Rios e um Destino" (Lisboa, Chiado Editora, 2014);

(iv) o Mário Gaspar (foto nº 6), fundador e ex-dirigente da associação APOIAR, e que fez um intervenção;

(v) o Luís R. Moreira e o Hélder Sousa (foto nº 4)...

(vi) também um camarada, de apelido Alves (se não erro), que pertenceu à CCAÇ 3, em Barro, por onde também, andou o A. Marques Lopes, na 2ª parte da sua comissão (foto nº 7).

Da ADFA, além do 2º vice-presidente da direção nacional, Manuel Lopes Dias, que estava na mesa em representação do presidente, comendador José Arruda (, ausente no estrangeiro), estavam também presentes o Rafael Vicente (se não me engano, jornalista do ELO, jornal da associação) (foto nº 5) e o Carmo Vicente, sócio fundador da ADFA, srgt mor reformado, que esteve na Guiné, por duas vezes, no BCP 12, da última vez na CCP 122, autor de "Gadamael" (livro de que ele hoje se distancia, dizendo que "a guerra, para mim,  acabou"). 

Há ainda vários vídeos que fiz por ocasião desta sessão,  e que irei editar oportunamente, nomeadamente um com a intervenção do Beja Santos e outro com as palavras de encerramento, proferidas pelo 2º vice-presidente da ADFA, o Manuel Dias Lopes.

Foram, entretanto, vendidos nesta sessão vários exemplares do livro do A. Marques Lopes, ao preço (reduzido) de 10 euros.


2. Mensagem de hoje do A. Marques Lopes:


Ainda tenho 20 exemplares do livro "Cabra-cega, do seminário para a guerra colonial" [Lisboa, Chiado Editora, 2015, 582 pp, coleção Bio, género Biografia]. Poderei enviá-lo pelo correio para quem quiser. Custará 13, 98€ (10€ preço do livro + 3,98€ de portes). 

É um preço especial que faço para os ex-combatentes e outros amigos, pois na editora [, a Chiado, ] o preço é 19,00€ (mais portes,  se for enviado pelo correio). 

O meu NIB é 000704100093079000997

Agradeço divulgação.

3 comentários:

Mario Vitorino Gaspar disse...



Camaradas
Estive na ADFA na Apresentação do Livro Cabra Cega, de Marques Lopes. Embora tenha passado a vista pelo livro após o adquirir, início e umas mais linhas por alto, numa leitura de 10/15 minutos, fiquei convicto que a ideia da não descrição de datas, lugares, nomes e operações foi a mais acertada. Desconheço se alguém o fez até ao momento na Nossa História – da Guerra Colonial. Passados que são quase 50 anos foi a alternativa para se resolver essa questão tão importante.
Agradeço este belo livro que vem ao encontro daquilo que mais me tem afligido, pensar numa História da Guerra Colonial narrada por quem a não viveu.

Um abraço do Ex Furriel Miliciano, Atirador e de MA
Mário Vitorino Gaspar

Anónimo disse...

Passei um ano num seminário, bem longe, mais do que 200 kms, da minha aldeia natal. Foi um ano amargo, confesso que após 3 meses quis sair porque o padre Lázaro, um mirandês, nunca me esqueci, era da freguesia de Ifanes, um pouco anafado, severo e vermelhusco, me bateu e me magoou muito no corpo na alma. Disse-lhe que tinha sido injusto e que ele não era meu pai para me tratar daquela forma. Não me deixaram sair, quiseram demonstrar que quem decidiam eram eles, pois no fim do ano dispensaram-me.
A vida dum seminarista adolescente ou pré-adolescente está muito bem descrita pelo Aiveca, não muito diferente da descrição do Virgílio Ferreira no livro "Manhã Submersa".
Entre um tempo e o outro as condições não se alteraram, dado que não houve abertura para tal no Vaticano. Nesse ano senti-me um garoto abandonado, sujeito a um regime duro de rezas e penitências, sem um beijo ou uma palavra de carinho da minha mãe. Eram tempos duros e difíceis, os pequenos lavradores , como os meus pais procuravam dar alguma instrução aos filhos pelo preço mais acessível. Eu até compreendia e esforçava-me por corresponder ao apelo dos meus pais, mas aquele mundo de homens de saias não era o meu mundo.
Lembro-me bem do Jaime, aquele mulato simpático que dialogava um pouco com a garotada. Nunca me esqueci que um dia perguntou-me quantos irmãos tinha e eu respondi que tinha três irmãos e três irmãs. Ele disse-me que por ter tantas irmãs, eu nunca seria padre. Nunca me esqueci deste diálogo e nunca consegui decifrar esse enigma.
Conheci o padre José Maria, tenho ainda presente a sua delicadeza e bonomia. O padre José Maria foi o melhor homem que lá conheci, se não estou em erro era um transmontano, de Murça. Há sempre uma alma boa para nos ajudar quando a caminhada é difícil.
Conheci um padre Neto, terá falecido, há dois anos, para mim era simpático, natural de Brunhoso, a minha aldeia. Era da mesma congregação do seminário de que falo e esteve muitos anos no Porto num colégio gerido por esses padres. A descrição do Aiveca condiz bastante com a ideia que eu faço dele, não obstante ele ser meu amigo, pois tendo eu 17 ou 18 anos ele me dizer para nos tratarmos por tu. Com essa idade naturalmente senti-me lisongeado por um homem quase com o dobro da minha idade e com muito mais conhecimentos do que eu, me ter feito essa proposta. Sem me querer alongar demasiado no assunto , reconheço que ele era um pouco snob e tinha tratamentos diferentes, sem deixar de ser simpático para todos, naquele meio antigo e pequeno, onde as pessoas ficavam contentes com um "bom dia" ou com um sorriso.
Meu amigo eu sou aquele camarada que antes da primeira apresentação do teu livro, na biblioteca da Câmara de Matosinhos, levei quatro livros, um para mim, os outros três para camaradas da Tabanca de Matosinhos, que não puderam estar presentes, para escreveres uma dedicatória e tu me disseste, um pouco cansado, que tinha que ficar para o fim, pois tinhas que começar a apresentação. O amigo Carlos Vinhal, munido de uma máquina fotográfica, pediu para se fazer pelo menos uma dedicatória para a fotografia e tu acedeste. Não desfazendo, como se diz na minha terra, gosto muito do Carlos, somos tão diferentes e entendemo-nos tão bem.
Continua ...

Anónimo disse...



Gostei do teu livro, retratas muito bem aquele tempo cinzento, quando as pessoas, os hábitos, as mentalidades pareciam querer mudar e as mudanças não aconteciam por muitos constrangimentos e nós vivíamos sufocados cá e lá, na miséria dos orçamentos familiares, nos seminários e na tropa tão longa e com os perigos duma guerra de guerrilhas.
Terá razão o coronel Marques Lopes, o João Carrasqueira ou o Aiveca em usar tantos pseudónimos para conseguir conviver com instituições tão antigas como a Igreja e a Instituição Militar. Para cúmulo a sociedade portuguesa, no passado tão ignorante e a viver à sombra da tutela dessas instituições, acabou por mimetizar as vénias, reverências e escalões correspondentes.
Na classificação mundana e na escala social como tal tão exigente em títulos e excelências, confesso que não sou anarquista, que podia ser uma boa desculpa para me equiparar a qualquer um, tenho a minha personalidade diferente, pois não há dois homens iguais. Embora possa não gostar muito da vaidade de muitos generais, cardeais e directores-gerais, e por formação e timidez própria ainda me sinta um pouco intimidado na sua presença
considero que tal como eu são o produto deste tempo e desta sociedade que vai mudando lentamente. Nós Aiveca, pelo nosso percurso e pelos lugares por onde andámos fomos semelhantes, quase irmãos, no frio e humidade dos corredores do seminário, e no calor húmido da Guine, sempre tão longe do sorriso e do afago das nossas mães.

Um abraço. Francisco Baptista