sábado, 30 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18154: Memória dos lugares (367): "Guiné-Bissau e Cabo Verde", fotografia de Ulisses Rolim - Para lá do Tcheche, amor pelas gentes de Lugadjole (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Março de 2016:

Queridos amigos,

Há muito pouco a dizer para justificar estas imagens. Já numa fase adiantada da preparação do meu livro "História(s) da Guiné-Bissau" necessitei de ir consultar um livro na Biblioteca Gulbenkian. De pesquisa em pesquisa cheguei a este catálogo. Não me espanta o texto que Ulisses Rolim escreveu, é o feitiço guineense que decorreu, decorre e decorrerá deste encontro e partilha de afetos.
Interrogo-me sobre quem muda mais, nós ou os cidadãos daquela terra. Lembro-me das cartas que durante anos me chegavam da Guiné-Bissau: volta, vem visitar-nos, não te esquecemos, os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos ouvem as histórias que lhes contamos. Por isso, não sem quem muda mais, certo é que mudámos depois de tudo o que vivemos e que fica nesta lembrança permanente.

Um abraço do
Mário




Amor pelas gentes de Lugadjole

Beja Santos

Imaginem o que é entrar na Biblioteca da Gulbenkian com o único propósito de passar um bom par de horas a ler “O Desafio do Escombro” de Moema Parente Augel, porventura o estudo mais consolidado sobre a literatura da Guiné-Bissau. A remexer nas fichas dou com a existência de alguém que fez uma exposição em Ponte de Sor, com fotografias da Guiné. Faz-se a requisição e vem o espanto, Ulisses Rolim gostou mesmo da experiência de Lugadjole, na região do Boé, onde presuntivamente se terá realizado a cerimónia da independência unilateral da Guiné-Bissau em 24 de Setembro de 1973. Para quê acrescentar mais texto? Para meu pesar, não sei a que se dedica Ulisses Rolim, se inclusivamente voltou à Guiné. Do seu amor pelo que experimentou e conheceu ficam estas duas imagens crianças, tão enternecedoras. E ponto final.


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Nota do editor

Último poste da série de 29 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17808: Memória dos lugares (366): em 1947, Canchungo ainda não se chamava Teixeira Pinto, nem a vila de Gabu era Nova Lamego... Xime e Xitole escreviam-se com "ch" e o Quebo (futura Aldeia Formosa) nem aparecia no mapa...

4 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Amor pelas gentes de Lugadjole? Qual Madina do Boé?
A cerimónia da declaração de independência da Guiné Bissau, em Setembro de 1973,
aconteceu já dentro do território da Guiné Conacry.
Por favor, MBS, não nos vendas mais peixe estragado e fedorento...

Abraço,

António Graça de Abreu

Antonio Rosinha disse...

BS apenas diz que "presumivelmente", e AGA sempre a dar-lhe!

BS usa o ponto de vista político de alguns dirigentes do PAIGC, apenas devia mencionar esse facto, mas nós entendemos.

Quem conheça Lugajole, (eu, 1987), sabe que as pessoas de lá, também não vivem com essa memória...mas como aquilo é um "cu de judas", assim como Madina do Boé, que poucos guineenses conhecem devido à dificuldade de acesso e sem interesse económico ou turístico, ficará como um lugar misterioso e lendário para a história da Guiné Bissau.


antonio graça de abreu disse...

Não é uma questão de embirração com o MBS. "Presumivelmente" significa, "talvez, "eventualmente", "será que foi assim ou não foi assim?" Ora é de acreditar que uma pessoa tão bem informada como o Mário Beja Santos ignore que a declaração de independência da Guiné-Bissau aconteceu não em Madina do Boé, não em Lugajole, mas já dentro do território da Guiné-Conacry, e que não há nenhum "presumivelmente" a considerar?
Ainda ontem vi na RTP 2 o Fernando Rosas a falar e a mostrar a sua visão da nossa História na Guiné 1972/74,os bons,os homens do PAIGC, os maus, nós, os colonialistas portugueses.Política, meus amigos, má política a inquinar a análise histórica.O disfarce progressista, a roupeta escondida de militante do Bloco de Esquerda, denegrir a nossa tão sofrida presença naquela terra em sangue. Há quem goste.
Abraço

António Graça de Abreu

Antº Rosinha disse...

António Graça de Abreu, essa do Fernando Rosas, também não perco uma, nem me tira o sono.
Porque como ele é um vidrado em Salazar, tal como eu, sirvo-me dele para compreender melhor o Homem de Santa Comba.

Só que ao contrário de Rosas, cá o Rosinha pensa que não foi Salazar que inventou as colónias, e nem um nem outro sabem apontar no mapa onde fica Lugajole.

Bons passeios pelo mundo e vê lá se encontras a boiar o cadáver de Fernão de Magalhães.