quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19113: 'Então, e depois? Os filhos dos ricos também vão pra fora!'... Todos éramos iguais, mas uns mais do que outros... Crónicas de uma mobilização anunciada (4): José Manuel Matos Dinis (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71)


Comentário, de 16 do corrente, do 
Magnífica Tabanca da Linha, 2012:
O Zé Dinis no uso da palavra. 

José Manuel Matos Dinis, ao poste P19106 (*)

(i) ex-fur mil at inf, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71;

(ii) nosso grã-tabanqueiro  de longa data, nosso querido amigo e camarada;

(iii) tem cerca de 220 referências no nosso blogue;   

(iii) depois do seu regresso a casa, a Cascais, em janeiro de 1972, vindo da Guiné, rumou até Angola, em maio de 1972;

(iv) viveu  e trabalhou na Lunda, na melhor empresa angolana na época, a famosa Diamang - Companhia de Diamantes de Angola, com sede no Lundo;


 
Sobre o tema [, a "cunha" na tropa](*), nunca fui de pedidos ou de obtenção de vantagens, e encarei tudo na tropa como a minha fatalidade, comum a tantas outras.

Antes de ser mobilizado, estagiava num importante hotel de Lisboa, local onde se alojava quase semanalmente um governador civil de uma cidade do Norte, homenzarrão, mais gordo que forte, que falava grosso, e era amigo do Salazar, que visitava regularmente. 

Durante as primeiras férias que aqui passei, e em visita ao pessoal do hotel, aquele senhor encontrou-me no salão e dirigiu-se-me: 
− Ó rapaz, que é feito de ti, que há tanto tempo não te vejo? 

Respondi que estava na Guiné em missão de soberania, ao que ele logo acrescentou: 
− Oh, oh, e porque é que não me disseste nada?

Fiquei a saber que, por vezes, pode valer a pena pedir qualquer coisa. Naquel altura, já era tarde, e eu já estava comprometido pela camaradagem.  (**)

4 comentários:

Anónimo disse...


Santos da Cunha, Gov. Civil de Braga e, tempos antes, Pres. Câmara, estou errado?

Abraço, José Dinis.

Carlos Vinhal disse...

Zé Dinis, julgo que te referes aos irmãos Santos da Cunha, de Braga

- António Maria Santos da Cunha (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Maria_Santos_da_Cunha) e
- Antão Santos da Cunha (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%A3o_Santos_da_Cunha) que conheci como Presidente do Conselho da Administração dos Portos do Douro e Leixões.

Abraço
Carlos Vinhal

Juvenal Amado disse...

Quem não ouviu falar da cunha de tal sr prior ou de um outro dignitário que livrava alguns de irem bater com os costados em África?
Também haviam os trocas pagas e está claro que se trocaram as vezes que foram precisas, assim não faltasse o patacão

Dinis gostei de te ver por aqui

Um abraço

Hélder Valério disse...

Olá Zé Manel!

Antes do mais secundo o comentário do Juvenal: "gostei de te ver por aqui"!
Tanto mais que foi "aqui" que nos conhecemos, apesar de sermos da mesma "safra" de 48, do último trimestre (tal como o Celito...) e de termos andado algum tempo pelos mesmos locais do leste da Guiné, foi aqui que nos conhecemos e que fizemos algumas coisas juntos e na sequência disso até temos (des)conversado algumas vezes.

Em relação ao que contas também te digo que há mais algumas coisas "quase" em comum. Dizes "Sobre o tema [a "cunha" na tropa](*), nunca fui de pedidos ou de obtenção de vantagens, e encarei tudo na tropa como a minha fatalidade, comum a tantas outras." Para mim foi tudo parecido com isso embora não tivesse encarado a situação como uma "fatalidade", posso até dizer que foi mais com "espírito de missão".

Mais à frente, e como corolário do que o reencontro te proporcionou, escreveste: "...Naquela altura, já era tarde, e eu já estava comprometido pela camaradagem." É verdade, sim senhor e olha que comigo também se passou coisa parecida, aquando da minha vinda de férias também falaram para "escolher outras opções" mas realmente a força da camaradagem falou muito mais alto. Recordo igualmente uma passagem do livro do Zé Brás, no "Vindimas no Capim", salvo erro, em que estando ele também cá de férias e tomando conhecimento de um episódio fatal que atingiu camaradas dele no Quebo rejeitou a pressão dos que o queriam a salvo daquele inferno, precisamente pela necessidade de voltar a estar com os seus camaradas.

Quanto às "cunhas"... pois eram de várias formas: para "safar" da incorporação, por exemplo com "pé chato"; para safar da mobilização, por exemplo com trocas por "enganos nas secretarias" ou trocas "com compensação monetária"; para mudança de TO (isto no caso de rendições individuais); para melhoria de especialidade; para melhor colocação (nas secretarias ou nos 'operacionais'; nos aquartelamentos mais resguardados em vez das delícias do mato.... enfim, tantas possibilidades... proporcionadas por padrinhos, senhores padres, regedores, etc. que daria quase um romance.

Abraço, Zé Manel

Hélder Sousa