quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20341: Historiografia da presença portuguesa em África (186): A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (2): "Portugal Vasto Império", por Augusto da Costa (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
Iniciou-se este punhado de reflexões com uma carta endereçada ao Governador da Guiné a propósito de um questionário etnográfico onde se conferia larga importância ao conhecimento da vida dos indígenas, a sua vida material e a sua constituição moral, conhecê-lo para educá-lo nos bons valores da cultura ocidental, a preponderante.
Nesse mesmo ano surgiu a obra a que agora se faz referência, surgida no início do Estado Novo, maturada durante a Ditadura Nacional, apologia do Império Português, mas onde se fala do perigo espanhol, da indiferença do povo para os valores imperiais, são inquiridas personalidades vincadamente nacionalistas, integralistas, militares das campanhas de África, um grande empresário e até um republicano, que é zurrado pelo seu comentário ao militarismo nacionalista. Seja como for, levantava-se a consciência imperial, pobretes na Europa, mas com vasto Império, imensas riquezas para explorar, o sonho de muitos era levantar a agricultura e desbravar tais riquezas pelas várias partidas do mundo.
Do racismo se falará mais adiante.

Um abraço do
Mário


A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (2)

Beja Santos

Em 1934, em circunstâncias completamente diferentes àquelas em que o Capitão Vellez Caroço se dirigiu ao Governador da Guiné para justificar o seu questionário etnográfico para melhor se conhecerem as minúcias da vida material dos indígenas, para melhor se exercer a ação colonizadora e de soberania na Guiné, a Imprensa Nacional publica um inquérito organizado por Augusto da Costa entre 1926 e 1933, o inquérito aparecera no Jornal do Comércio e das Colónias, tinham sido ouvidos Afonso Lopes Vieira, Pequito Rebelo, Fernando Pessoa, Bento Carqueja, Sousa Costa, Marcello Caetano, José Francisco da Silva, Fernando Garcia, João Ameal, João de Almeida, Paiva Couceiro, João de Azevedo Coutinho, Hipólito Raposo, Fidelino de Figueiredo, Alberto de Monsaraz, Américo Chaves de Almeida.
Augusto da Costa era inequivocamente nacionalista e tradicionalista, as suas preocupações aqui expressas prendem-se com o Império, o que fazer dele quando potências poderosas como o III Reich e o Reino Unido procuram entendimento para retalhar Angola e Moçambique, Augusto da Costa insiste que Portugal é a terceira potência colonial do mundo, que o país permanece indiferente a todas estas potencialidades e verbera:  
“Aos intelectuais portugueses se impõe o dever sagrado de levantar as forças morais do país, acordando a consciência nacional. A imprensa, não há que esconde-lo, tem graves responsabilidades: porque os jornais e jornalistas são capazes de manter o espírito público em tensão durante um mês seguido, dando-lhe todas as minúcias e particularidades de um crime misterioso, são os mesmos que se negam, pelo cansaço, a manter no público esse mesmo estado de espírito, quando se trata de mostrar os perigos que ameaçam as colónias portuguesas”.

O escritor e jornalista endereçou a um conjunto de intelectuais um pequeno questionário, com as seguintes fórmulas:
- sim ou não Portugal, potência de primeira grandeza na Renascença, guarda em si a vitalidade necessária para manter no futuro, na nova Renascença que há de seguir-se à Idade Média que atravessamos, o lugar de uma grande potência?;
- sim ou não Portugal, sendo a terceira potência colonial, tem todos os direitos a ser considerada uma grande potência europeia?;
- sim ou não Portugal, amputado das suas colónias, perderá toda a razão de ser como povo independente no concerto europeu?;
- sim ou não o moral da nação pode ser levantado por uma intensa propaganda, pelo jornal, pela revista e pelo livro, de forma a criar uma mentalidade coletiva capaz de impor aos políticos uma política de grandeza nacional, e na hipótese afirmativa, qual o caminho a seguir?

Como se depreenderá, até porque este inquérito se espraiou por diferentes anos compulsivos da Ditadura Nacional e na alvorada do Estado Novo, para além da diversa substância das respostas houve perspetivas políticas de diferente valência. Entenda-se o que Augusto da Costa pretendia: a Idade Média eram as trevas que atravessaram a monarquia constitucional e o republicanismo, gente que acreditava no parlamentarismo e liberalismo de má memória, o Renascimento aparecera com a Ditadura Nacional, havia perigos, a Espanha republicana ali ao lado, esperanças como o Acto Colonial de 1931, mas tudo imerso em dúvidas. A escolha dos intelectuais não fora arbitrária. Marcello Caetano não era indicado como assessor de Salazar mas como diretor da revista Ordem Nova, há muito boa gente que tem esquecido que o último líder do Estado Novo era simpatizante da extremíssima-direita. Fernando Pessoa acreditara em Sidónio Pais e deu apoio à Ditadura, no início; alguns deles, como Pequito Rebelo ou Hipólito Raposo, vinham do integralismo; foram questionados militares das campanhas de África como o Contra-Almirante José Francisco da Silva, Brigadeiro João de Almeida e Paiva Couceiro. Pequito Rebelo considerava que Portugal era uma nação agrária e colonial, o seu futuro estava na agricultura e nas colónias, Fernando Pessoa terá respondido em dia não, torcia o nariz à grande potência, deve ter arreliado quem o questionava respondendo coisas assim:  
“Portugal grande potência construtiva, Portugal Império – aqui, sim, é que, através de grandeza e de decadência, se revela o nosso instinto, e se mantém a nossa tradição. Nas mais negras horas da nossa decadência, prosseguiu, sobretudo no Brasil, a nossa acção imperial, pela colonização; e foi nessas mesmas horas que em nós nasceu o sonho sebastianista, em que a ideia do Império Português atinge o estado religioso”.

 Fernando Pessoa, por Almada Negreiros

A generalidade dos inquiridos não admite a hipótese da perda das colónias. Há quem aproveite para bater em tudo o que se passou depois da revolução francesa, veja-se o Dr. Sousa Costa:  

“Quanto à anarquia, essa explica-se pelas ideias falsas que os enciclopedistas, os seus filhos, netos e todos os outros herdeiros ou parentes espirituais inocularam nas grandes massas urbanas e proletárias. São essas massas, como se sabe, numa época de centralização absolutista e de activo industrialismo, quem constitui as elites populares. Para onde elas se inclinam, para aí se inclina a balança do equilíbrio social”.
O mesmo deponente, questionado se seríamos uma grande potência europeia, responde assim:  
“O exemplo da Holanda é flagrante, e constitui a melhor resposta a dar àqueles que consideram Portugal pequeno demais para tão grande território. A nossa pequenez continental serviria de justificação a todos os ataques, a todas as ambições que pairam sobre as nossas colónias. Porque não atacam a Bélgica? Porque não atacam a Holanda? Simplesmente porque nem a Holanda nem a Bélgica dão as provas de abandono que nós damos à nossa melhor riqueza; porque tanto a Bélgica como a Holanda cuidam seriamente da sua riqueza, não dando motivos a que os outros as apodem de povos perdulários. Porque tanto a Bélgica como a Holanda administram a sua fortuna. Se nós entrássemos pelo mesmo caminho, se tanto interna como externamente administrássemos as riquezas que ainda nos restam de um património já largamente desfalcado, não seria a nossa pequenez continental argumento que servisse para alguém justificar os seus instintos de rapina”.

 O jovem Marcello Caetano

Marcello Caetano também parecia estar em dia não, respondendo que o moral da nação podia ser levantado por uma intensa propaganda de forma a criar uma mentalidade coletiva, deu resposta terminante:  

“Acredito pouco na formação de uma mentalidade colectiva, irmã-gémea da soberania nacional e da opinião pública. Quanto a mim, o remédio é este: a par da propaganda intensa, a acção dirigida no intuito de alcançar o poder para uma minoria inteligente realizar aquilo que vagamente a grande massa poderá apoiar, mas não compreender. Eu não espero nada dos políticos. Espero, sim, de uma política nobre servida por homens dignos. Livro, revista,… Acho-os úteis para chamar a atenção dos homens de escola para o problema. Mas que, os que já se interessam por ele há muito e para ele acharam soluções, busquem pô-las em prática no ambiente novo em que vivemos, sem as peias da politiquice e os embaraços da verborreia estéril do Parlamento”.

A verdadeira voz dissonante foi a de Fidelino de Figueiredo, desdramatizou a perda das colónias, se tal acontecesse não atingiria as garantias da nossa independência, e escreveu:  
“Há muitos países na Europa sem os prestígios históricos e sem a individualidade de Portugal, que gozam tranquilamente a sua independência, sem possuírem colónias e sem as terem perdido”.
E enquanto é perguntado sobre uma política de grandeza nacional, o antigo diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa não esconde ser adverso do militarismo político, o que deixou Augusto da Costa encabulado, ainda por cima Fidelino atacara como gato a bofe a censura prévia, Augusto da Costa sentiu-se no dever de apoiar o 28 de Maio e lançar as suas estocadas à Rússia e à Espanha republicana.

O livro com base no inquérito de Augusto da Costa fazia a apologia do Império Português, apresentava-nos como imperialistas, havia que reabilitar o orgulho do vasto império, estabelecer os nossos deveres imperiais, rever a nossa fraca cultura histórica e lembrar a superfície total do Império Português, distribuída pelas sete partidas do mundo, um império com missão espiritual, se o nosso patriotismo era vibrante, havia que dar definição e consciência ao instinto vital da raça, moldar a opinião pública, dar-lhe consciência imperial, definir novas leis para o império, o Dr. Salazar já resolvera o problema financeiro e fizera aprovar em 1931 o Acto Colonial: Portugal, depois de ter sido a pequena casa lusitana, transformou-se, por força da fatalidade histórica e geográfica, num vasto império. O Estado Novo terá ouvido Augusto da Costa, nesse mesmo ano de 1934 realiza-se a I Exposição Colonial no Porto, lá esteve presente a Guiné, com pompa e circunstância. O Império tomara conta das elites, de alguns bancos e de alguns empresários. A Agência Geral das Colónias começou a trabalhar a todo o vapor. Mas não se desenvolveu a tal mentalidade coletiva que Augusto da Costa aspirava. E quando se desenvolveu, bastantes anos mais tarde, foi para mandar gente empobrecida para os colonatos, o novo Eldorado.

Do racismo que se irá aparelhar ao colonialismo, falaremos mais adiante.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 6 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20318: Historiografia da presença portuguesa em África (182): A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (1): Questionário Etnográfico elaborado pelo Capitão Vellez Caroço (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 11 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20332: Historiografia da Presença Portuguesa em África (184): O modelo (Maria Barba) e o fotógrafo (José Bacelar Bebiano)... A propósito de uma morna "imortal"...Resta saber quem era o "senhor tenente Serra"...evocado na letra "Mária Bárbara, canta mais uma morna... / S’nhôr Tenente, ‘m câ pôdê cantá más...

11 comentários:

Anónimo disse...

Marcello Caetano:

.......Quanto a mim,o remédio é este: a par da propaganda intensa,a ação dirigida no intuito de alcançar o poder para uma minoria inteligente (!) realizar aquilo que vagamente a grande massa poderá apoiar,mas... não compreender.

Tão jovem.
Tão inteligente.
Tão culto.

Mas,quase desde logo se poderia antever o triste fim político desde senhor das...minorias inteligentes.

Abraço. J.Belo

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Em defesa do Marcelo Caetano só posso apresentar um caso ocorrido quando ele era Ministro das Colónias (naquele tempo havia disso) e mandou inspeccionar as contas das roças de S. Tomé que davam prejuízo, enquanto as "privadas" davam lucro. Como resultado, o oficial encarregado a inspecção desapareceu do barco, navegando entre Cabo Verde e Lisboa. A PJ foi accionada e fez um trabalho de grande mérito, mas... malhas que o Império tecia.
Sempre me fez confusão como é que um homem inteligente e que conhecia o "sistema e os seus serventuários", desde cedo e em detalhe, se deixou enredar por ele até ter de "fechar a porta", que era e foi o que, mais tarde ou mais cedo lhe iria acontecer e nunca seria prestigiante.

Um Ab.
António J. P. Costa

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

O Marcelo Caetano disse:

"...Eu não espero nada dos políticos. Espero, sim, de uma política nobre servida por homens dignos. Livro, revista,… Acho-os úteis para chamar a atenção dos homens de escola para o problema. Mas que, os que já se interessam por ele há muito e para ele acharam soluções, busquem pô-las em prática no ambiente novo em que vivemos, sem as peias da politiquice e os embaraços da verborreia estéril do Parlamento".

É com esta frase do futuro Presidente do Conselho de Ministros que vou dormir hoje e meditar. Também eu nao acredito nos politicos e suas peias de politiquice de que se arvora a (mal)dita democracia. Talvez isto explique, em parte, porque ele nao conseguiu realizar as tais ambicionadas reformas, para uma maior abertura politica em Portugal.

com um abraço amigo,

Cherno Baldé

António J. P. Costa disse...

Olá Cherno

A frase do Marcelo é de uma hipocrisia inaceitável.
Está a fazer de nós parvos, mas não é o único...
Um Ab.
António J: P. Costa

Valdemar Silva disse...

Nunca consegui perceber a celebre «acabou o tempo das vacas gordas» dita por Marcelo Caetano nas "conversas em família" do costume, na TV.
Poderíamos, agora, considerar de populismo 'areia prós olhos' sabendo-se que em 1970

36% da população sem electricidade
42% " sem esgotos
53% " sem água canalizada
26% homens e 35% mulheres analfabetos

Quem, afinal, teria engordado?

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Os parlamentos.Os políticos.As sociedades Livres.

Os debates parlamentares mais näo seräo que uma imagem da sociedade envolvente que,livremente,votou nos que ali a representam.
Ao assistir-se a alguns dos (incríveis!) debates parlamentares no Portugal de hoje pode concluir-se que a sociedade portuguesa está neles bem "espelhada".

Para os mais saudosistas da "suave paz dos cemitérios ao luar" recomenda-se uma frase muito usada pela propaganda da ditadura salazarista:

"Se soubessem o difícil que é mandar muito felizes estariam em obedecer".

Meu caro Cherno Baldé.
Pode continuar a dormir sossegado porque a (mal)dita democracia que refere é algo de practicamente näo existente em todo o continente africano.
Sendo mais realistas (e livres) que muitos outros,säo bons os resultados.

Certamente.

Abraco do J.Belo


Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

A confusao institucional e a anarquia de ideias e projectos que vivemos em Africa, leva-nos, inevitavelmente, a ter saudades dos tempos em que havia ordem e disciplina, condiçoes prévias para tudo o resto em qualquer sociedade.

Caro amigo José Belo,

Eu fiz a licenciatura na ex-URSS, mas ainda assim, a par de Marx, Engels e do subversivo Lenin (obrigatorio) tivemos oportunidade de apreciar alguns estudiosos ocidentais (bem seleccionados, claro) tais como o americano Maslow Abraham que desenvolveu a famosa teoria das necessidades (ou Piramide das necessidades), hierarquizando as necessidades humanas em cinco (5) niveis de baixo para cima, concluindo no fim, que uma necessidade nao satisfeita seria sempre uma fonte de motivaçao.

Se atendermos a esta hieraquia de necessidades, a Africa e nao soh, ainda se encontram muito longe de poder possuir instituiçoes democraticas e funcionar como tal, encontrando-se ainda nos escaloes mais baixos desta piramide. Nao é por burrice nem por falta de vontade, pois que a democracia exige como condiçao a satisfaçao dos quatro (4) primeiros niveis da piramide para ser exequivel e evitar as armadilhas a que o Marcelo Caetano faz alusao, penso eu.

Espero ter compreendido bem a tua replica no ultimo comentario.

Abraços,

Cherno Baldé

Antº Rosinha disse...

Eu,retornado, reacionário e mais admirador de Salazar do que do "mole" Marcelo, dou plena razão a Cherno, Amílcar e Luís Cabral e a Pedro Pires, para não falar nos outros irmãos das outras ex-colónias, que sempre disseram que África não está preparada para aquelas democracias, "que aqui nos estamos agora a referir".

Quem tem insistido mais nesse assunto tem sido Pedro Pires, com quem concordo, embora não simpatize nada com ele, por não concordar que os Caboverdeanos merecessem com Tarrafal e tudo a sua ditadura, após o 25 de Abril.

O Amilcar e o Luís Cabral também aprovavam a ditadura do bárbaro Sekpu Toure, em oposição à democracia do democrata Senghor, alegando que este não chegou a emancipar-se da França.

Claro que aparecem os ditadores abomináveis, os ditadores na hora certa, os ditadores que se eternizam e os ditadores que se mancam.

Mas a ONU vai obrigar a toda a África sujeitar-se a viver sem ditadores.

E vão ter que seguir as regras, por exemplo o célebre ditador Mugabe do Zimbábué, dizia que não queria autorizar os homosexuais na sua terra, mas vai ter que dar muitas voltas no túmulo.

Cherno, a sorte é acertar com o ditador.

No caso da Guiné, foi muito azar o Luís Cabral não estar preparado, para ser presidente de "porra" nenhuma, o menino caiu-lhe nos braços, mas mais sofrimento teve o povo de Angola e Moçambique, embora não pareça, é que os guineenses não são aqueles "coitadinhos", comparados com outros africanos que até são riquíssimos.

Claro que eu ressalvo sempre a África do Sul, que agora até querem correr com o resto dos boeres.










Anónimo disse...

Caro Cherno Baldé

"Os tempos em que havia ordem e disciplina".

No meu querido Portugal eram os mesmos "tempos" em que a pobreza,o analfabetismo,a saúde,os apoios sociais, estavam a níveis muitíssimo(!) inferiores aos dos restantes europeus.
A ideia de império colonial, acompanhada das inevitáveis guerras em sua defesa,vinha culminar toda a miséria social anterior.
E repito-me na "miséria social" porque, por muito que alguns dos saudosistas de hoje o queiram convenientemente esquecer,ela existiu para uma enorme percentagem do povo português da época.
Os milhöes de emigrantes falam por si.

Vistosas paradas militares näo davam päo,assistência médica básica,ou qualquer reforma,mesmo que mínima,aos trabalhadores rurais que.... eram a maioria
Mas mostravam ordem e disciplina,mesmo que "encenadas".

Eram os tempos felizes da ordem e disciplina baseada na violenta opressäo dos ideais Logicamente, as transicöes para as liberdades tornam-se quanto mais caóticas quanto de mais longo foi o período da "ordem" vigente.
Aplicável, nos resultados, quanto às ditaduras nacionalistas ou socialistas.
O "PREC", täo bem alimentado por uma "ordem" ditatorial de muitas décadas,será um bom exemplo e.... ao pé da porta!

Evolucäo e revolucäo criam uma dialéctica difícil de ser enquadrada,mesmo pelos escritores "especialistas" citados no seu comentário.

A maioria de nós terá plena consciência das realidades sociais da África dos nossos dias.
Dos gigantescos períodos evolutivos necessários.
Tudo isto à sombra de uma História,ou talvez antes,Histórias (numa África täo culturalmente facetada) que a näo preparou para a moderna "infusäo" democrática de cariz europeu.

"Infusäo" vinda de cima,e quase sempre só comunicada aos...de cima.

Um grande abraco do J.Belo

Antº Rosinha disse...

Frase certeira de J.Belo, brutalmente certeira, até faz lembrar argumentos salazaristas, para Portugal não largar de mão as colónias.

""Tudo isto à sombra de uma História,ou talvez antes,Histórias (numa África täo culturalmente facetada) que a näo preparou para a moderna "infusäo" democrática de cariz europeu.""

Claro J. Belo, embora ainda permaneça algum cariz europeu nas ex-colónias portuguesas, mas noutras regiões já está a penetrar muito "cariz" árabe, em substituição do que restava de europeu.

E a propósito destes "carizes" nem a europa está a ficar imune.

Até no Algarve, em Tavira, um arbitro de basquetebol teve que se impôr para impedir uma atleta de participar de véu a cobrir-lhe a cabeça.

Quem diria!

Mas aqui já será mais a eterna polémica do racismo (tuga)de que fala o nosso BS.

Anónimo disse...

Meu Caro António Rosinha

Ao ler no seu comentário que a frase que escrevi faz-lhe lembrar argumento salazarista sinto-me obrigado a aceitá-lo como um cumprimento.

Mas näo será de estranhar.
A sermos honestos, temos que reconhecer que dentro de cada um de nós portugueses existe latente um Salazarinho... pequenino e malandreco.
Daí...

Um abraco do J.Belo