quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21451: Da Suécia com Saudade (82): A Reforma Agrária no Reino da Suécia... e Palácios e Casas Senhoriais (José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)


José Belo 

1. Mensagem de  
José Belo [ ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); cap inf ref;  jurista;  autor da série "Da Suécia com Saudade";  vive na Suécia há mais de 4 décadas; régulo da  Tabanca da Lapónia; tem 175 referências no nosso blogue]

Enviado: 14 de outubro de 2020 11:10
 Assunto: Palácios e Casas Senhoriais suecas

Caro Luís

Tenho exagerado nos "protagonismos" quanto aos últimos comentários (*) porque, em verdade, são estes que nos permitem comunicar... à distância.

Infelizmente para alguns funciona como capa de toureiro frente à cabeça da alimária.

Nas crónicas desde a Suécia mais não tenho que procurado esclarecer certas ideias espalhadas pela Europa do Sul.

É sempre interessante verificar que as opiniões sobre este país são sempre extremadas. Os que odeiam e criticam, ao mesmo tempo que outros olham o tal paraíso mitológico feito de socialismos permeantes.

Os progressos sociais, económicos, falta de corrupcão (não menos política!), e principalmente educacionais, não necessitam de mitos cor-de-rosa para efectivamente terem significado real.

A Suécia vive no seu dia a dia uma situação que em outras sociedades ainda se não antevê em... futuros distantes.

Os exemplos citados no texto sobre "A Reforma Agrária e as Famílias Senhoriais Suecas" que enviei, vêm mostrar claramente que a tal governação socialista permeante (de quase um século) tem sabido muito pragmaticamente se adaptar às realidades sociais.

Não menos, às realidades "histórico-sociais".

Aqui, neste extremo do extremo Norte Europeu, já existe muita neve no solo, é noite escura às duas da tarde, e as temperaturas noturnas são bem negativas.

Altura de mais uma estadia no outro lado do pequeno charco que é o Atlântico, na solarenga Key West, [Flórida, EUA].

Agora já com o Sloppy Joe's Bar reaberto, com as novas regras locais da pseudo pós-pandemia.

(Há semanas, quando lá estava, recebi na caixa do correio da minha casa um papel de propaganda política relativo às eleições próximas que dizia mais ou menos isto: "Quem vota num palhaco... gosta de Circo".

Um grande abraço, J. Belo.


2. Mensagem do José Belo, enviada a 6/10/2020 à(s) 19:09:


Data -  
terça, 6/10/2020, 17:15 

Assunto - A Reforma Agrária no reino da Suécia (**)


Meu Caro:

Não sei se terá qualquer interesse para os seguidores dos blogues de ex-combatentes mas de qualquer modo mostra outras facetas da tão mitológica Suécia, talvez inesperadas para muitos.

Consultando-se as estatísticas oficiais, registos prediais e arquivos agrários actuais, verifica-se que um grande número de proprietários agrícolas de origem aristocrática vivem ainda em palácios e administram as vastas propriedades dos seus antepassados, a maioria das quais adquiridas nos séculos XVII e XVIII.

Propriedades então adquiridas livres de impostos ou resultantes de convenientes casamentos entre ricas famílias nobres.

Ao contrário das ideias hoje existentes de que as grandes propriedades agrícolas não são rentáveis ou se encontram em inexorável decadência, verifica-se que, na Suécia, formam um importante grupo, resistente, activo, inteligente tanto administrativamente como na área jurídica.

Estes aristocratas da lavoura constituem um fortíssimo grupo de influência junto dos centros políticos de decisão.

Nas áreas geográficas com melhores condições agrícolas, centro e sul, estão bem no topo das listas quanto às extensões das suas propriedades. Na zona centro-norte possuem mais de 400.000 hectares, e no total estão registados mais de 750.000 hectares.

Estes números são ainda mais significativos se tivermos em conta que a classe nobre não representa hoje mais que 2,5 (não por cento mas por mil !) da população sueca.

Equivalente às antigas leis do “Morgadio” em Portugal, tem na Suécia o nome de “Fideicomisso”. 
Segundo a qual, e de acordo com tradição importada das tradições germânicas por altura da guerra dos trinta anos, as propriedades deverão ser unicamente herdadas pelo filho varão mais velho.

Estas leis terminaram em França aquando da Revolução em 1792. Um século depois a Holanda, Bélgica, Espanha e Portugal terminaram também com as mesmas (1830-1840).

Em 1810 legislou-se na Suécia o fim dos “Morgadios"... mas mantiveram-se (!) todos os até então existentes.

Depois de inúmeras voltas e reviravoltas parlamentares sem resultados radicais chega-se a 1930 e à política social-democrata quanto às modernas formas agrícolas.
Mas em 1959 continuam a existir cento e onze famílias nobres abrangidas pelas leis dos “Morgadios”.

No início dos anos sessenta volta ao Parlamento uma moção segundo a qual estas leis deveriam deixar de existir, por privilegiarem uma classe social em contradição com os direitos de todos os cidadãos de igualdade perante a lei.

Em 1964 (!) foi decidido no Parlamento que estes direitos dos morgados terminarão quando do falecimento dos actuais detentores.

O morgado passa a ter direito a metade da herança total, enquanto a outra metade fica sujeita às regras relativas às heranças.

No entanto, o morgado além do direito à metade tem também direito à sua parte quanto à divisão da outra metade.

A lei é específica nestas regras.
Diz textualmente que deverá ser levado em conta o facto de o “morgado” ter sido até então "preparado"  para uma vida tradicional como herdeiro único. (Quase incrível!)

Em 1994 surge nova oportunidade para os “Morgados” circundarem as novas leis.
Surgem as directivas sobre as garantias de preservação da Herança Cultural ligada aos palácios de famílias nobres, obras de arte e propriedades familiares históricas.

Baseando-se na SOU-1995:128, comissões culturais a nível estatal passam a analisar os requisitos necessários para que estas famílias continuem a dispor dos privilégios anteriormente estabelecidos.

Surge então, não uma nova legislação, mas antes uma nova... interpretação da mesma! O resultado é uma nova legitimação que vai inteiramente ao encontro dos interesses deste grupo.

Nos tempos de hoje, esta continuada procura de afastamento dos herdeiros “femininos” destas muito consideráveis fortunas mais não é que uma reminiscência feudal que, mais de 40 anos depois das moções dos anos sessenta, continua a existir ao longo de sucessivos governos social-democratas. 
Pragmatismos.

Os mesmos pragmatismos que levam a que os mesmos sucessivos (!) governos não cumpram o estabelecido no seu programa partidário, onde está escrito como objetivo a eliminação da monarquia.

Inquéritos à opinião pública em anos sucessivos mostram claramente que a percentagem de cidadãos que desejam manter a Casa Real é sempre superior a 80%.

Comparada com as percentagens de votos partidários de cerca de 30% no máximo, compreendem-se os... pragmatismos !

Um abraço do J.Belo

PS - Boas e interessantes fotos de palácios suecos em:

(i) Svenska Slott. (Boa variedade)

(ii) Svenska Hergard och Slott



3. Comentário do editor LG:

Meu caro José, vem mesmo a propósito... Afinal, estamos a comemorar os 200 anos da revolução liberal que pôs fim, progressivamente,  ao "Antigo Regime" ou "sociedade senhorial"...

Uma história muito mal conhecida dos portugueses, até porque em 1828-1834 tivemos umas das mais sangrentas guerras civis... (Deve ser lembrada para descontruir o mito do "povo de brandos costumes"...). 

Vou arranjar maneira de referir e comemorar essa efeméride, até porque em 1821 a "joia da Coroa", o Brasil tornou-se independente.

Um "abracelo" (abraço com cotovelo)...

PS - Tens de explicitar melhor o que entendes por "socialismo permeante"... Do verbo "permear" ?
________

permear | v. tr. | v. intr.

per·me·ar 
(latim permeo, -are, atravessar, penetrar)

verbo transitivo

1. Fazer passar pelo meio. = ATRAVESSAR

verbo intransitivo

2. Estar ou meter-se de permeio. = INTERPOR-SE, INTERVIR, MEDIAR

17 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Belo, sem querer (nem poder, pelas nossas regras editoriais) comentar a "atualidade desportiva", agora que estou de pé e vi o resumo, na TV, do Portugal-Suécia para a Liga das Nações (, coisa que nunca vejo em direto), posso no entanto comentar o seguinte:

"Só é pena que Portugal não seja tão bom ou melhor do que a Suécia, em muitos outros campos, para além do futebol, relevantes para a nossa qualidade de vida (a saúde, a educação, o ambiente, a ciência, etc.) e para a qualidade da nossa democracia (a justiça e a liberdade)...

Mas permito-me uma nota de otimismo: lá chegaremos!...Quero acreditar, pela felcidade dos nossos filhos e netos.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Todos os países têm mitos... Lembro-me, a seguir ao 25 de Abril, de uns amigos que tinham visitado a ainda Jugoslávia do Tito... Entusiasmados diziam: "Eles têm o melhor do socialismo e do capitalismo..." Acabou tudo em tragédia, depois do Tito e da queda do muro de Berlim...

Pelo pouco que eu sei da Suécia (estive lá só uma semana no início dos anos 90, o que é muito pouco, asm ficou a simpatia pelo povo), também se pode dizer o mesmo deste país nórdico, pobre até ao fim do séc. XIX: tem sabido temperar, com base na concertação, as "políticas sociais e económicas", à parte os chavões (o que é hoje o socialismo ? OP que é o capitalismo ? Leia-se o mais recente calhamaço (, mais de 1200 páginas!) do prof Thomas Piketty, "Capital e Ideologia")...

Quando as ideologias (politico-económicas) se transformam em religião, em doutrinas, em escolas, estamos todos tramados: passamos a estar formatos pelo "pensamento único", perdemos aquilo é fundamental na investigação científica, ou seja, na produção de conhecimento: a dúvida metódica e a experimetação e a prova dos factos...

Vou ter que ler o livro do francês Thomas Piketty, hoje um dos mais influentes autores na área da "economia política"...Já o folhei, está na lista das compras de Natal. Acabou de sair a edição portuguesa ("Temas e Debates"), há dias.


Diz o resumo no portal da FNAC:

https://www.fnac.pt/Capital-e-Ideologia-Thomas-Piketty/a7620355

RESUMO
Partindo de dados comparativos com uma dimensão e uma profundidade inéditas, este livro segue, numa perspetiva simultaneamente económica, social, intelectual e política, a história e o devir dos regimes desigualitários, desde as sociedades trifuncionais e esclavagistas antigas até às sociedades pós-coloniais e hipercapitalistas modernas, passando pelas sociedades proprietaristas, coloniais, comunistas e sociais-democratas.

Ao arrepio da narrativa hiperdesigualitária que se impôs a partir dos anos 1980-1990, mostra que foi a luta pela igualdade e a educação, e não a sacralização da propriedade, que permitiu o desenvolvimento económico e o progresso humano.

«Este livro terá uma influência política ainda maior do que O Capital no Século XXI. Piketty explica-nos por que motivo este é o momento de lutarmos pela igualdade e que políticas têm de ser seguidas para a alcançarmos.»

Simon Kuper, Financial Times «Um livro de notável dinamismo e clareza. Retirando lições de uma vasta pesquisa de experiências históricas, ensina-nos que nada é inevitável, que existem enormes possibilidades entre o hipercapitalismo e os desastres da experiência comunista. Somos nós que devemos decidir o nosso futuro. Arregacemos as mangas.» Esther Duflo, Prémio Nobel da Economia «Os livros de Thomas Piketty são sempre monumentais.

Da mesma forma que O Capital no Século XXI transformou o modo como os economistas passaram a olhar para a desigualdade, Capital e Ideologia vai transformar o olhar dos cientistas políticos sobre a sua área de estudo.» Branko Milanovic, ProMarket «Desenha um sistema económico mais justo a nível mundial.» Claire Warren, Management Today

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Em Portugal, os morgadios foram extintos no reinado de D. Luís I por Carta de Lei de 19 de Maio de 1863, com exceção do vínculo da Casa de Bragança, o qual se destinava ao herdeiro da Coroa. Este último morgadio viria a perdurar até 1910, data da implantação da República.

Interessante, por exemplo, a história dos Morgado de Mateus.

http://casademateus.com/morgado-morgadio/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E por se falar de morgados (suecos ou portugueses), veio-me logo à cabeça a canção do nosso Adriano Correia de Oliveira(Porto, 1942 - Avintes, 1982):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano_Correia_de_Oliveira

O Senhor Morgado
Adriano Correia de Oliveira


O Senhor Morgado, vai no seu murzelo
Todo empertigado, é um gosto vê-lo.
Próspero anafado, véstia alentejana,
Calça de riscado, homem duma cana.

Vai, todo se ufana, de ir tão bem montado.
E ela da janela, seja Deus louvado,
Seja Deus louvado,
Seja Deus louvado.

O Sr. Morgado, vai nas próprias pernas
Todo bambeado, tem palavras ternas.
Para cada lado, quando passa sente,
Que é temido e amado, fala a toda a gente.

Topa um influente, sou um seu criado.
Eleições á porta, seja Deus louvado,
Seja Deus louvado,
Seja Deus louvado.

O Sr. Morgado vai na sege rica
Todo repimpado, ai que bem lhe fica.
O Chapéu armado e a comenda ao peito,
E o espadim ao lado, que homem tão perfeito.

Deputado eleito, muito bem votado.
Vai para o Te-Deum, seja Deus louvado,
Seja Deus louvado,
Seja Deus louvado.

INSTRUMENTAL

O senhor Morgado vai na sege rica
Todo repimpado, ai que bem lhe fica.
O Chapéu armado e a comenda ao peito,
E o espadim ao lado, que homem tão perfeito.

Deputado eleito, muito bem votado,
E ela da janela, eleições à porta
Vai para o Te-Deum,
Seja Deus louvado.

https://www.letras.mus.br/adriano-correia-de-oliveira/1581570/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O seu a seu dono:

"O Senhor Morgado" (letra: Conde de Monsaraz; música: José Nisa; interpretação: Adriano Correia de Oliveira)

https://www.youtube.com/watch?v=1bb-g6ns_nI

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre o Condede Monsaraz, aliás, António de Macedo Papança (Reguengos de Monsaraz, 1852 — Lisboa, 1913), 1.º visconde e depois 1.º conde de Monsaraz, foi um advogado, político e poeta português.

Nobilitado por Dom Carlos I, no tempo em que se dizia, por escárnio e dizer, "foge, cão, que te fazem barão?!"..."Para onde, de me fazem visconde ?!")

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Macedo_Papan%C3%A7a

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Afinal, senhor conde de Monsaraz, como diz o povo, "quem desdenha quer comprar"... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... E hoje andam para aí muitos "comentadores" (e "comedores") que ainda querem chegar a "comendadores"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... E em boa verdade uma "comemndazinha" faz muito bem ao "ego" dos "egocêntricos"... Vou-me deitar, que daqui a um bocado já é dia!... Não posso comer choco frito à noite nem jaquinzinhos!...

Anónimo disse...

Até as minhas renas me deram os parabéns por aquela lição no futebol .

Ontem todos fomos MORGADOS!

As nossas canções de protesto no “antigamente” espelhavam de modo genial toda a sociedade envolvente.
Tornou-se necessário meio século de escuridão para que aquelas pequenas-grandes candeias brilhassem tão fortemente.
Entre tantas outras ,o “Senhor Morgado” de Adriano Correia de Oliveira é um bom exemplo.

Para os que “de fora “ olhavam “ para dentro” a....Trova do vento que passa...é uma referência!

*Pergunto ao vento que passa notícias do meu país
O vento cala a desgraça
O vento nada me diz.........”

Um abraço do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, tirei-te do cartão de visitas o título de criador de renas...Mas tu tens mesmo muito orgulho nelas, falas com elas... Aliás, se não falares com elas, falas com quem ?!... Que isto das redes sociais é pobrezinho em termos de interação, comunicação, empatia...Às vezes parece que estamos a falar aqui para o boneco...

Que dos irãs do teu pinheiro nórdico te protejam a ti e a elas... Como é que se diz irãs, em lapão ou sami ? Onde há floresta, há irãs...

Ainda vou rezando, quando me lembro da nossa Guiné:


(...) E que o Nhinte-Camatchol,
o grande irã dos nalus,
te proteja,
Guiné, Tabanca Grande.
E o Deus dos cristãos,
dos grumetes do Geba e da Amura,
E o Alá dos fulas, mandingas e beafadas.
E os irãs dos balantas, manjacos, papéis, bijagós
e demais povos ribeirinhos, animistas,
que todos eles te inspirem
e te protejam! (...)

PS - Espero que os senhores me cortem esta oração... Espiritualidade não é religião... E, já agora, com as renas do Zé Belo pode-se falar de futebol, uns com os outros é que não...

Anónimo disse...

Diz-se na Laponia que o conversar com os pinheiros não é mau.
Torna-se pior quando eles te respondem!

J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Não me respondeste à pergunta: o que é o socialo permeante?

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... socialiSão permeante. Como é que se diz isso em sueco ou em inglês? Em português não se use o adjectivo perme antes. Querias dizer intercalado ? A Suécia hoje é mais capitalismo de mercado, neoliberalismo da moda do que outra coisa
... A social-democracia morreu com o Oloff Palmira, não?

Anónimo disse...

Temos no “permear” a função de “penetrar” ,”atravessar”,”infiltrar”.

Esse é o sentido por mim usado quanto ao efeito da ideologia social democrata,durante um século,na sociedade sueca.
Mas hoje,depois de inúmeros erros políticos e de uma ascensão vertiginosa do Partido Nacionalista-Suecos Democratas (SD)-que de uns humildes 2% oito anos atrás passou aos actuais 25% a 28% pondo-o par a par com o segundo maior Partido Sueco,as coisas são diferentes.
Ou seja........um em quatro suecos vota hoje......Nazi!

A social democracia não morreu por aqui com o Olof Palm mas antes modificou-se....para pior!

Um abraço
J.Belo

Anónimo disse...

Quanto às crenças religiosas na Laponia.

Violenta (muito violentamente!) convertido ao cristianismo .
Período em que lhe foi proibido o uso da língua local,cantar as canções tradicionais ,que foram ( e são) um dos pilares sociais,usar as estatuetas representativas das forças da natureza,usar os instrumentos de música tradicionais ,etc,etc.

Tanto os instrumentos musicais,as estatuetas,as roupas tradicionais,eram queimados em violentos autos de fé nos átrios das igrejas missionárias.
Alguns dos que se opunham sofriam a mesma sorte.
Hoje tudo isso faz parte de um passado atirado ao lixo da história mas não esquecido pelas sucessivas gerações locais.

Como base: Toda a natureza possui uma alma.

Os próprios objectos possuem energias dentro de si.
Sejam eles objectos simbólicos ou objetos do dia a dia.
A scooter de transporte na neve,uma faca,o trenó,a chávena por onde se bebe o café,o Jeep volvo todo o terreno,etc,etc.
Está-se sempre rodeado por forças vivas com influências energéticas várias.

O canto típico chama-se “Joik”.
Não usa palavras mas antes sons melodiosos,resultantes de espíritos,tanto da natureza como humanos que surgem no interior de quem canta,normalmente ao ar livre rodeado pela natureza, e só.
Fundamental em toda a vida social,religiosa ,e quanto às experiências do dia a dia ou interiores.
Existem “Xamas” que,como verdadeiros “chicos espertos “ que são,tudo sabem,aconselham,analisam significados,e curam doenças humanas ou de animais.
Mais não fazem que acumular milenários conhecimentos naturais.

Terão equivalência nos *psicoterapeutas* dos tempos modernos!
(Carl Jung....dixit!)

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Excelentíssimo Senhor Editor

Será que as regras editoriais relativas ao futebol também se aplicam aos jogos da Seleção Nacional?
Interpretei-as,quase juridicamente,como dizendo unicamente respeito ao futebol clubista.
Não será a Seleção Nacional outra coisa?
Outro plano sentimental?
Um verdadeiro elo de ligação entre todos?
Quase escreveria....uma União Nacional !
(Muito infelizmente o nome foi apropriado por outros unionistas do “antigamente “)

Em segundo lugar:

Obviamente me considero profundamente magoado (e uso este termo pela primeira vez em toda uma já longa vida!)com o facto de me ter sido retirado ,neste blogue, o título de....criador de renas.
MAS,e de acordo com a Lei Sueca actual,só podem ser criadores de renas,e estamos a falar de manadas com milhares de exemplares,os lapoes,filhos de pais também lapoes,vivendo e fazendo parte das chamadas aldeias laponicas organizadas em cooperativas de criadores.
Ora eu de Lapão terei algumas “qualidades” adquiridas no Estoril e Cascais da minha juventude.
“Qualidades” que me têm feito jeito ao longo da vida no Círculo Polar Árctico....tipo.

Por outro lado,cerca de duas dúzias de renas não me incluem em tão ilustre categoria local.
A seu modo,o nosso Manuel Teixeira tem razão ao afirmar em comentário a texto antigo:
“As célebres renas do nosso Zé Belo mais não são que brinquedos de menino rico nos seus tempos livres “

(Como sempre me tratou por o “nosso Zé Belo” espero que o comentador não se ofenda por o tratar por “nosso Manel Teixeira “)
Quase me faz sentir nos tempos de antigo militar.
Será que hoje em dia os nossos tão modernos (e europeus)militares ainda usam o tratamento “Nosso”?

Um abraço do J.Belo