sábado, 30 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23213: Os nossos seres, saberes e lazeres (502): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (48): A surpresa de uma pérola tropical ali ao pé do Palácio de Belém (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Janeiro de 2022:

Queridos amigos,
O património botânico, paisagístico e cultural de Lisboa é impressionante, logo pelos seus quatro jardins botânicos, os jardins, que vão da Alameda D. Afonso Henriques aos do Palácio Pimenta, sito no Museu da Cidade, temos as praças ajardinadas e floridas que podemos encontrar desde o Jardim Alfredo Keil, ali para a Praça da Alegria, ao Jardim da Praça do Império; e pode haver arvoredo e ajardinamentos nos miradouros, caso do Jardim do Torel ou Miradouro do Alto de Santa Catarina, e há a extensão dos parques, desde o Vale do Silêncio a Monsanto; e também não faltam quintas de recreio como a Tapada das Necessidades ou a Quinta das Conchas e dos Lílases. Fez-se uma visita breve ao Jardim Botânico Tropical que partilha uma centralidade que inclui outros importantes espaços culturais da capital, tais como a Praça do Império, o Museu Nacional dos Coches, o Centro Cultural de Belém, o Museu da Marinha, o Museu Nacional de Arqueologia, o Planetário Calouste Gulbenkian e a Igreja da Memória. Já teve como função principal o estudo e o cultivo de plantas, quer as oriundas das antigas colónias portuguesas, quer as que se destinavam ao desenvolvimento agrícola daqueles territórios. Hoje, é um lugar de desfrute, mas não se deixa de questionar se não devia ser um lugar privilegiado para a cooperação científica com essas mesmas antigas colónias portuguesas.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (48):
A surpresa de uma pérola tropical ali ao pé do Palácio de Belém

Mário Beja Santos

Recorde-se de que estamos em pleno Jardim Botânico Tropical, já foi Jardim Colonial e não se pode perder a referência de Jardim-Museu Agrícola Tropical. Entra-se e tem se uma alameda principal ladeada por grandes palmeiras. Para quem entra desprevenido, é um percurso aberto à surpresa: um lago com uma ilha, há canais de água, árvores de todos os continentes, um jardim de buxo e até um jardim oriental. O imaginário até fervilha, a atmosfera é particular, dá para contemplar, é permanente o jogo de luz e sombras. Já se contou aqui a sua história, que foi criado em 1906, esteve destinado ao ensino agronómico colonial tem passado por várias tutelas, presentemente está ligado ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Faz parte dos Jardins Botânicos existentes em Lisboa, temos o da Ajuda, o vizinho do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, portanto na antiga Escola Politécnica, este Jardim Botânico Tropical e o Parque Botânico da Tapada da Ajuda, que já foi Tapada Real de Alcântara. O visitante tem aqui ao seu dispor centenas de espécies de plantas em jardim e nas estufas, a maioria de origem tropical e subtropical. É uma autêntica curiosidade não perder, o Jardim Oriental, que se assinala por o seu portal na entrada em forma de arco (réplica da entrada do pagode mais antigo de Macau, foi construída para ocasião da Exposição do Mundo Português). O cimo de todo este cenário botânico é enquadrado pela fachada do Palácio dos Condes da Calheta (séculos XVII e XVIII) e pelo seu geométrico jardim de buxo. Havia todos os sinais de obras de requalificação, não se podia entrar nesta área. Estamos agora na Rua das Palmeiras.
Estamos a ver palmeiras da Califórnia e palmeiras do México, e vamos observando de um lado e de outro o ginkgo, o pinheiro do Chile, já perto do lago, depois de passarmos pinheiros e cedros, temos a cica, originária do sul do Japão
No interior do parque há umas construções que logo nos prendem a atenção, sobretudo pela azulejaria, é claro que viemos à procura de figueiras tropicais, sicómoros, mas fomos visitar por fora um parque ajardinado, deve haver falta de dinheiro para pôr tudo isto em ordem e assegurar ao visitante o desfrute de tão belos azulejos. Ora vejam.
Um belo relevo escultórico a pedir uma urgente intervenção.
Um outro ângulo do jardim que revela a sua imensa beleza e também a necessidade de proceder a restauros.
A magnificência dos catos do Jardim Botânico Tropical.
Outro edifício a pedir intervenção.

O Jardim Oriental recria o ambiente dos jardins orientais, nele vamos encontrar o hibisco-chinês, o bambu. Data de 1949 a construção deste jardim, que se assinala com o Arco de Macau. Ocupa uma área de meio hectare, proporciona um local onde se realçam símbolos da cultura chinesa. Também tem a sua atmosfera especial, encontram-se desníveis e trilhos sinuosos, pontes curvilíneas e pequenos cursos de água. No final do século XX, quando se encerrou a Exposição Internacional de Lisboa de 1998, algumas das estruturas que pertenciam ao Pavilhão de Portugal foram aqui colocadas, como o pedestal e busto de Luís de Camões, posteriormente completado com uma réplica da Gruta dos Amores, o Pavilhão de Jardim e a vedação em ferro forjado a ladear o lago. Recorde-se que para a Exposição do Mundo Português, e além do já mencionado Arco de Macau, foram edificadas construções, umas provisórias e já demolidas e outras que ainda permanecem no Jardim, há que ser franco, carecem algumas delas de uma rápida intervenção, aqui se mostram imagens comprovativas.
O Arco de Macau

Há diversa estatuária distribuída pelo Jardim, de artistas como Giuseppe Mazzuoli, Ludovici e saída da oficina de Machado Castro, isto para já não falar dos 14 bustos que representam povos das antigas colónias portuguesas em África e na Ásia, todos eles da autoria de Manuel de Oliveira.
E aqui se dá por finda a visita a esta pérola tropical que integra uma importante coleção de plantas do maior interesse económico. O Jardim Botânico Tropical foi classificado em 2007 como Monumento Nacional. Em 2019 o Jardim foi alvo de um importante projeto de requalificação pelo atelier de arquitetura paisagista TOPIARIS.

Pormenor do Palácio dos Condes da Calheta, tendo à frente o Jardim do Buxo

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE ABRIL DE 2022 > Guiné 61/74 - P23191: Os nossos seres, saberes e lazeres (502): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (47): De Jardim Colonial a Jardim Botânico Tropical (Mário Beja Santos)

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