domingo, 24 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)


Foto nº 1A > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador (Pormenor)


Foto nº 1 > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador.  


Foto nº 2 > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia Comemorativo da PSP em Bissau. Da esquerda para a direita: Chefe Campante,  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.


Foto nº 3 > Guiné  > Bissau > 1967 >   Traseiras da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim



Foto nº Foto nº 4 > Guiné  > Bissau > 1967 > Elementos da população nas  traseiras  da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim

Fotos do álbum do chefe da PSP Virgílio Campante. Cortesia de Arquivo Digital"Aveiro e Cultura" e do José Gonçalves


1. Mensagem de José Luís da Silva Gonçalves, que pertenceu à 2ª C/BCAV 8230/73  (Olossato e Bissau, jun74/out74) (*):


Data - 24 jul 2022 13:20
Assunto - Onde parava, em Bissau,  a PSP e a 7ª CMP

Meu caro Luis Graça, hoje, ao ler o artigo de Alberto Helder (**), fiquei curioso, porque também não me recordo de ter visto nenhum PSP, quando estive em 1974,  integrado na 2ª Companhia do BCAV 8230/73, em Bissau, aquartelados no quartel da Amura.

Naquele tempo já os edifícios principais eram guardados por patrulhas mistas do PAIGC e das nossas tropas.

Quando li o artigo no Blogue, comecei a fazer pesquisa na internet e fui parar ao Arquivo Digital "Aveiro e Cultura", do Agrupamento de Escolas José Estêvão (AEJE), onde realmente obtive alguma informação, da qual extraí umas fotos, que provam, que realmente existiu a 7ª Companhia Movel da Polícia, e que mando em anexo (vd. fotos acima)

A localização do aquartelamento, segundo pude constatar, era nas traseiras do Bairro Bandim (seria no nosso tempo o Pilão?) (Fotos nº e 4).

As fotos que vou enviar-te são de 1967 e de 1968, da autoria do Chefe Campante. A foto nº 1ª refere-se ao desfile do dia da Polícia, e na 2ª podem-se ver o Chefe Campante (autor das fotos),  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.

Não vou dar por encerrado este assunto, e tentar dar resposta ao Alberto Helder, em algumas questões que ele colocou, tentando através do meu grupo de "Veteranos da Guerra Colonial do Concelho de Almada".

Abraço grande, José Gonçalves

2. Outros esclarecimentos, colocados na caixa de comentários do poste P23456 (**):

(i) Amilcar Mendes:


A 7ª CM da PSP de Bissau estava localizada em Bandim, fronte ao grande depósito de água, que se avistava ao longe.

Fui lá almoçar algumas vezes com um amigo PSP de Lisboa.


(ii) Carlos Pinheiro;

Tenho estado a fazer um apelo à minha memória, que já não é o que era, mas penso que no meu tempo de Bissau (1968/70), terão existido duas esquadras da PSP na cidade, A principal não me consigo recordar onde era, mas a segunda, constituida por agentes locais, com farda da PSP ou muito idêntia, era perto do Pelicano. Se estiver errado, desde já as minhas desculpas. 

Um abraço para todos os camarigos.


(iii) Valdemar Queiroz:

Do que me lembro, nunca vi nenhum agente da PSP, ou farda parecida, a fazer giros em Bissau.

Da vez que estive de serviço em Brá, fui ao Quartel da PSP junto do Depósito da Água, que tinha uma cantina visitada pela tropa.

Julgo que o policiamento civil, melhor dizendo "resolver" problemas civis, nas localidades mais populosas era feito pelos sipaios. Por exemplo,  em Bafatá os sipaios podiam multar quem andasse descalço (!),,, Sim, e a multa era a compra de um chinelos de meter o dedo.

24 de julho de 2022 às 17:29


(iv) Virgílio Teixeira:

(...) Em relação à minha estadia na Guiné Portuguesa (depois, CTIG - Comando Territorial e Independente da Guiné) entre os anos de 1967-1969, dei conta de alguns polícias brancos, fardados como na metrópole, junto a alguns sítios que me lembro, mas nunca falei com algum, talvez porque era bem comportado:

- No mercado local que frequentava:
- No BNU onde ia regularmente;
- No Aeroporto quando embarcava e desembarcava;
- Junto ao Palácio do Governador;
- E inevitavelmente ao redor do 'grande Pilão';
- E  talvez nas ruas e como sinaleiros, mas não tenho certezas.

Talvez haja mais mas não me lembro, como acontece não me lembrar de ver a Policia Militar, é estranho mas é assim.

Sobre as localizações da esquadra ou esquadras da Policia, vou mais para os lados do mercado de Bandim, tenho uma vaga ideia, que pode ser errada, e só me lembrei por alguém a referir aqui.

Nunca fui apresentar nenhuma 'queixa' à Policia!

Nos outros locais, quer em Bafatá onde fui muitas vezes, Nova Lamego, ou São Domingos, como sendo sedes de circunscrições, não havia Policia mas sim os chamados sipaios, que faziam parte da administração local.

Espero ter dado algum contributo.

Fiquem bem, e haja saúde para todos.

Virgilio Teixeira
Ex-Alferes Miliciano d
o SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego, Bissau e S. Domingos, 21set67 /  4ago69).

24 de julho de 2022 às 18:29



Planta da cidade de Bissau já no pós-independência (c. 1975/76). Localização dos bairros populares Bandim, Alto Crim e Pilão. Cortesia de A. Marques Lopes (2005).  

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)

___________

Notas do editor:

(*) Sobre a 2ª C/BCAV 8320/73:

(i) unidade mobilizadora: RC 3, Estremoz;

(ii) comandantes: Cap Mil Grad José Manuel Santos Jorge | Cap Inf António dos Santos Vieira
(iii) chegou a Bissau, nos TAM,  em 22/6/1974 e regressou a 14/10/74;

(iv) seguiu de imediato para o Olossato, a fim de substituir a CArt 6254/72, assumindo a responsabilidade do subsector de Olossato com um pelotão em Ponte Maqué, em 4/7/74 e ficando integrada no seu batalhão;

(v) Em 7/9/74, após desactivação e entrega dos aquartelamentos de Ponte Maqué e Olossato, foi colocada em Bissau, na dependência do seu batalhão até ao seu embarque de regresso;

(vi) o BCAV 83290//3 ficou integrado no dispositivo de segurança  protecção das instalações, sob dependência do COMBIS, constituindo o sub-comando Amura, a partir de 9/9/74 (em 20/8/74, por extinção do COMBIS, passou à dependência directa do Comando-Chefe.

9 comentários:

José Botelho Colaço disse...

Gostava de afirmar a 100% mas a memória passados que são 58 anos é muito tempo, mas fica sempre um pouco da memória visual em 1964 lembro-me de haver em Bissau entre dois a três postos de polícias sinaleiros parecidos com aqueles de Liboa da praça do comércio restauradores ou Marquês de Pombal que funcinavam conforme ordens de serviço, quanto á polícia militar essa havia e fazia as suas rondas de Gipe durante a noite em Bissau e até vivi aquela bronca de revolta entre elementos da minha c.caç. com o apoio dos fuzileiros a plícia militar era só composta por elementos do exército e vai daí os fuzileiros não lhe obdeceram e resgataram os elementos do exército que eles queriam prender, foi uma bronca do caraças:Que deu origem a novas ordens do comando chefe a ronda da PM não sei por quanto tempo passou a integrar um elemento da marinha e mais um da força aérea para ter poder de detenção nos três ramos das forças armadas, Só uma achega o Jerónimo de Sousa hoje secretário geral do partido comunista pertencia á Pm de Bissau na sua comissão como militar. Uma dúvida que nunca esclareci é que quase todos os policias usavam aquele chapéu de "Sipaio" e daí a minha dúvida se eram sipaios ou policias? A esquadra em 1964 ficava á entrada da cidade na rua que vinha da Alfandega para o cais de pidjuguiti.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estava a conhecer estes capacetes de algum lado... Afinal, era da nossa "polícia de choque", era essa a designação oficial, "Polícia de Choque da PSP"... Veja-se aqui um excerto da história do atual Corpo de Intervenção... LG
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Corpo de Intervenção

(Seleção e negritos nossos, LG)

Polícia de Segurança Pública > CORPO DE INTERVENÇÃO (CI) - Criado a 27 de Março de 1976

O CI é especializado em ações de manutenção e reposição da ordem pública, sobretudo quando esta é gravemente alterada.

O CI reforça diariamente o dispositivo territorial da PSP, em áreas que exigem um patrulhamento mais ostensivo e robusto. Procede a ações de reforço dos Comandos em Espetáculos Desportivos, Ordem Pública, Segurança a Instalações e Altas Entidades.

Nos anos 30 do séc. XX, a forte contestação social em meios urbanos exigia novos métodos de ação policial e, neste sentido, em 1937 o tenente Silva Pais defende a criação de uma unidade especial, designada por Polícia de Choque da PSP, que estará na origem da 1.ª Companhia Móvel de Polícia.

Nos anos 40 e 50 do séc. XX, a PSP seria fortemente mecanizada sendo, nessa altura, dotada dos primeiros blindados de transporte de pessoal.

Na década de sessenta, havendo necessidade de manter a ordem pública nas províncias ultramarinas, nas quais aumentava a conflitualidade, assiste-se ao reforço dos corpos de Polícia de Segurança Pública de Angola e Moçambique com várias Companhias Móveis.

O desmantelamento destas companhias no fim da guerra colonial (foram extintas em 05 de Julho de 1974) e a necessidade de aproveitamento do know-how e experiencias adquiridas, levaria à constituição do Corpo de Intervenção em 1977, aproveitando os homens, os meios e as instalações existentes.

A PSP foi pioneira na criação de doutrina sobre a intervenção de manutenção e reposição da ordem pública, sendo seus os primeiros projetos de conversão do armamento em “armamento de menor letalidade", de restrição do uso das armas de fogo e de aquisição e utilização de equipamentos de ordem pública de baixo risco, nomeadamente, os primeiros auto-canhões de água. (...)

https://www.psp.pt/Pages/Unidades_Especial_Policia/Unidades-Especial-Policia.aspx

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Companhias móveis do Ultramar

Através do Decreto 43080, de 19 de julho de 1960 foi criada uma companhia móvel com elementos metropolitanos, destinada a reforçar o Corpo de Polícia de Segurança Pública de Angola.

Esta unidade (depois designada "1ª Companhia Móvel") estava presente em Angola, quando da sublevação ocorrida em Luanda em fevereiro de 1961 que serviu de rastilho ao início da Guerra do Ultramar. Durante estes ataques, a companhia móvel sofreu quatro mortos e dois feridos.

Posteriormente, foram mobilizadas na Metrópole mais companhias móveis da PSP, que serviram em:
- Angola (2ª, 3ª, 4ª, 9ª, 10ª, 11ª, 12ª e 13ª companhias);
- Moçambique (5ª, 6ª e 8º companhias);
- e Guiné Portuguesa (7ª companhia).

Durante a Guerra do Ultramar permaneceu sempre uma companhia móvel em cada um daqueles territórios.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_m%C3%B3vel_(PSP)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Decreto 43080, de 19 de Julho

Sumário
Cria no Corpo de Polícia de Segurança Pública da província ultramarina de Angola uma companhia móvel - Autoriza o governador-geral da mesma província a reforçar as verbas do referido Corpo de Polícia e a abrir os créditos necessários ao pagamento do material da companhia móvel e das demais despesas de instalação dos serviços da Polícia de Segurança Pública.

https://dre.tretas.org/dre/269807/decreto-43080-de-19-de-julho

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Excertos do Decreto 43080, de 19 de Julho


(...) Artigo 1.º No Corpo de Polícia de Segurança Pública da província de Angola, directamente dependente do respectivo comandante, é criada uma companhia móvel.

§ único. Enquanto se não regulamentarem na província as atribuições da companhia móvel, esta exercerá as funções que normalmente competem à Polícia de Segurança Pública e as que lhe forem designadas em instruções do respectivo comandante, aprovadas pelo governador.

Art. 2.º Os quadros e os vencimentos do pessoal da companhia móvel são os descritos no mapa I anexo a este diploma.

§ único. Além dos referidos vencimentos, o pessoal da companhia móvel terá os direitos e regalias concedidos aos agentes dos serviços públicos da província de idêntica categoria.

Art. 3.º O pessoal da companhia móvel será provido em comissão ordinária de serviço de dois anos, de conformidade com as disposições aplicáveis do artigo 35.º do Estatuto do Funcionalismo Ultramarino ou no regime estabelecido no artigo 27.º do mesmo diploma, mediante concurso de provas públicas.

Art. 4.º A escolha do pessoal a prover em comissão ordinária de serviço só poderá recair em pessoal da Polícia de Segurança Pública da metrópole, para tal fim requisitado, de preferência em regime de voluntariado, ao Ministério do Interior.

Art. 5.º A nomeação do pessoal, quando seja este o regime de provimento escolhido, far-se-á, quer para ingresso no quadro, quer para efeitos de promoção, de entre os candidatos habilitados em concurso, nos termos que forem estabelecidos pelos órgãos legislativos locais.

Art. 6.º O Ministro do Ultramar, por despacho sujeito a simples anotação do Tribunal de Contas, aprovará a lista do pessoal que, em comissão de serviço nos termos do artigo 4.º, fica actualmente constituindo a companhia móvel e indicará a data a partir da qual se considera iniciada a comissão. (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Está encontrada a explicação para a criação da Companhia de Milícias Urbana, na Guiné, em 1973... Deixou de haver "voluntários" metropolitanos para a 7ª Companhia Móvel de Polícia... A Guiné, nessa altura, não era um destino turístico muito apetecível....E, ao fim eao cabo, era mais fácil (e mais barato) recrutar os jovens de Bissau, que constituíam um verdadeiro exército de reserva de mão de obra...

Volte-se a reler a Directiva "Guarda Matutina", de 17Dez73, do Com-Chefe, com vista ao reforço da defesa das áreas urbanas e suburbanas de Bissau.

(...) A PSP tem tido o encargo da defesa dos pontos sensíveis referidos. Porém, a partir de Novembro de 1973, os guardas europeus da 7ª CMP - Companhia Móvel de Polícia são, na sua quase totalidade, soldados no cumprimento do serviço militar obrigatório, com pouca idade, experiência e prática de serviço.

Este facto, aliado à fraca capacidade de enquadramento, tornam impossível à PSP continuar a garantir satisfatoriamente a segurança e defesa de todos os pontos sensíveis.

(...) O COMBIS passa a ser reforçado com a Companhia de Milícias Urbana. (...)

(Negritos nossos)

José João Domingos disse...

Em 1973 havia um departamento da Polícia em Bissau pouco antes da entrada do Pelicano.

Alberto Helder disse...

Desde já o meu profundo agradecimento pelos contributos que recebi para valorizar o meu trabalho. Bem hajam! Entretanto, consegui contactar o senhor Ezequiel Jesus Henriques, um dos agentes da PSP que cumpriu a sua honrosa e grata missão em Bissau, e que fez o favor de esclarecer que a sede da 7ª Companhia Móvel de Polícia era no Alto de Crim, junto às bombas da Sacor. Portanto, está resolvida a questão. Para todos as minhas saudações de apreço, consideração e respeito. Alberto Helder

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Como é do conhecimento geral, o partido "libertador" da Guiné (Bissau) nao so nao libertou nada nem ninguém, mas também nao criou nada. Os dois locais mencionados ainda continuam em serviço na cidade de Bissau, o primeiro situado no quarteirao de Bissau velho, entre a fortaleza da Amura e as antigas instalaçoes do Pelicano. Era a primeira esquadra de Bissau, hoje transformada na casa dos direitos, por conta das organizaçoes da sociedade civil.

No Alto-Crim, funcionava a segunda esquadra, fazendo frente ao mercado de Bandim, actualmente neste local funcionam uma parte dos serviços da policia judiciaria e a Direcçao dos serviços da Migraçao e Fronteiras.

Um abraço,

Cherno Baldé