Sic Notícias > Primeiro Jornal > Grande Reportagem > "Despojos de Guerra", 3.º Episódio: O Corredor da Morte (31' ) > 20 de outubro de 2022 > Miguel Pessoa e Giselda Antunes: fotogramas do "trailer" (2' 37'') (Com a devida vénia...) (*)
1. Gostei da "prestação" dos nossos "camarigos" Miguel Pessoa e Giselda Antunes (, depois, Pessoa, por casamento com o Miguel)... O mesmo é dizer, tem mérito o trabalho da equipa da jornalista e realizadora Sofia Pinto Coelho, que os entrevistou, no Museu do Ar - Polo de Alverca, há cerca de um ano atrás. (Só agora, devido à pandemia e à guerra da Ucrânia, esta série foi para o ar, devendo ser exibido, no próximo dia 27, o 4.º e último episódio, dedicado ao tema dos "filhos do vento").
O Miguel e a Giselda foram protagonistas de uma história de guerra, já conhecida há muito dos leitores do nosso blogue, mas é bom que fique também gravada, em programas televisivos como este, e que chegue ao grande público.
Um dia de gravações é resumido ou condensado em escassos 30 minutos. É o preço que se paga pela produção televisiva, que é caríssima. Podemos apontar alguns erros e falhas na narrativa e na escolha das imagens (à equipa faltou a asssessoria de especialistas em história militar e "air warfare": vejam-se as imagens da rampa fixa de lançamento do Strela, que o PAIGC não chegou a ter durante a guerra; ou o bombardeamento da aviação, com um tipo de avião e de bombas que a FAP não usava no TO da Guiné...). Mas o mais importante é o lugar de honra que, neste episódio, cabe a dois "camadas de armas", que representam algo mais do que eles próprios,
Para além da sua história pessoal (e ambos passaram por situações muito dramáticas, duas das quais são aqui contadas e reconstituídas), para além dos seus destinos que acabaram por se cruzar, na guerra e no amor), o Miguel e a Giselda representam os nossos bravos pilotos e as nossas não menos corajosas e pioneiras enfermeiras paraquedistas.
Miguel e Giselda, gostei de vos rever sob os "céus da Guiné", onde vocês deram o vosso melhor na paz e na guerra. (E continuaram, depois de 1974, a servir a FAP e Portugal.)
Este é o comentário que faço, em cima do joelho, antes de ir para a minha sessão matinal de fisioterapia, Prometo voltar ao episódio nº 3 da série "Despojos de Guerra", depois de rever o programa, que gravei. E deixo a porta aberto para os valiosos comentários dos nossos leitores..Mas, por favor, não digam que o jornalismo português não se interessa pela "nossa" guerra... Ou que o trabalho dos jornalistas portuguesas sobre a "nossa" guerra, é sempre mau ou superficial ou trapalhão... Ou que há uma "pobreza franciscana" nos arquivos sobre a "nossa" guerra... Em suma, não digam sempre mal...
PS1 - Convenhamos: o subtítulo pode enviesar o sentido da história... De qualquer modo, as televisões, em concorrência feroz pelas audiências, precisam de títulos e subtítulos apelativos: "O corredor da morte" é um deles, mas na reportagem não se explica que raio de "corredor" era este, que passava por Guileje... onde o avião do Miguel foi atingido por um Strela em 25 de março de 1973...
Quanto ao "subtítulo", "uma história de amor improvável em tempo de guerra", convenhamos, que é mais atrativo... Todo o mundo está cheio das imagens brutais da guerra que nos entra pela casa adentro, nos telejornais... O amor "humaniza" (?) ou "ameniza" a guerra... E, neste caso, também uma história de amor que dava um filme, como alguns de nós aqui já escreveram... Envolvendo dois seres humanos maravilhosos que foram militares, vestiram a mesma farda, honraram a mesma bandeira, e tinham (e continuam a ter) além disso, mais outras coisas em comum, como muito bem explicou o Miguel: o sentido da lealdade, da solidariedade, da camaradagem... (e, eu já agora acrescento, o bom humor, a fina ironia, bem patente em duas ou três frases que ressaltam da entrevista: por exemplo, quando o "safado" do Miguel perguntou à "pobre" Giselda, que caiu o charco" da ilha do Colmo, em novembro de 1973, quando o motor da DO-27 parou, e foi resgatada depois pela marinha, "se a água estava morninha"...).
Este episódio vale pela entrevista a estes nossos dois grandes "camarigos": um lisboeta, o Miguel, a outra, transmontana, a Giselda, da terra do grande poeta e contista Miguel Torga, São Martinho de Anta, Sabrosa, Trás os Montes (ou o "Reino Maravilhoso")... Vá lá, Giselda, a jornalista não te trocou o nome (costumam chamar-te Gisela...).
Quanto ao Miguel Pessoa, "lisboeta"... Sei que ele é alfacinha, de gema, nascido na Penha de França. Mas que, aos dois anos, "djubi", foi levado para Portalegre. Tem, pois, na infância e adolescência, a vivência alentejana... Tal como o vinho, aqui o "chão", o "terroir", também importa... Enfim, sesculpem, Miguel e Giselda, estas "inconfidências", mas as vossas histórias de vida também nos "pertencem"...
PS2- Ao rever hoje a gravação que fiz do episódio nº 3 da série "Despojos de Guerra", vejo com agrado que na ficha técnica há o cuidado de citar as fontes utilizadas (imagens e vídeos) e de agradecer às pessoas, individuais e coletivas, que colaboram com a equipa que concebeu e realizou este trabalho. Entre outros nomes, registei: AD - Acção para o Desenvolvimento / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, Virgínio Briote, Ramiro Jesus, Luís Graça...
2. "Despojos de Guerra",3ª Episódio: O Corredor da Morte (31') > Sinopse
“Despojos de Guerra” revela histórias extraordinárias de espionagem, patriotismo, sobrevivência e romance tendo como pano de fundo a guerra colonial portuguesa em África (1961 a 1974).
Esta série documental é uma coprodução da Blablabla Media com a SIC, com o apoio à inovação audiovisual do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual, e pode ser vista no Jornal da Noite da SIC e na plataforma OPTO.
No episódio que será exibido durante o Jornal da Noite desta quinta-feira é contada a história de Miguel Pessoa, um dos milhares de portugueses enviados para o continente africano durante a guerra colonial.
O outrora piloto-aviador relata os primeiros momentos vividos em territórios inimigos e as primeiras impressões por ele sentidas. O cheiro, a temperatura e as primeiras palavras que ouviu quando chegou à Guiné-Bissau ainda estão bem presentes na sua memória.
"Você não está aqui para ganhar medalhas nenhumas, está aqui para ajudar os 40 mil indivíduos desgraçados que estão aí abandonados", cita Miguel Pessoa as palavras que lhe foram dirigidas por um tenente, assim que aterrou em solo africano.
“Despojos de Guerra” revela histórias extraordinárias de espionagem, patriotismo, sobrevivência e romance tendo como pano de fundo a guerra colonial portuguesa em África (1961 a 1974).
Esta série documental é uma coprodução da Blablabla Media com a SIC, com o apoio à inovação audiovisual do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual, e pode ser vista no Jornal da Noite da SIC e na plataforma OPTO.
No episódio que será exibido durante o Jornal da Noite desta quinta-feira é contada a história de Miguel Pessoa, um dos milhares de portugueses enviados para o continente africano durante a guerra colonial.
O outrora piloto-aviador relata os primeiros momentos vividos em territórios inimigos e as primeiras impressões por ele sentidas. O cheiro, a temperatura e as primeiras palavras que ouviu quando chegou à Guiné-Bissau ainda estão bem presentes na sua memória.
"Você não está aqui para ganhar medalhas nenhumas, está aqui para ajudar os 40 mil indivíduos desgraçados que estão aí abandonados", cita Miguel Pessoa as palavras que lhe foram dirigidas por um tenente, assim que aterrou em solo africano.
[Na realidade, tratava-se do tenente-coronel pilav José Fernando de Almeida Brito, comandante do Grupo Operacional 1201, cujo Fiat G-91 viria também a ser abatido por um Strela três dias depois do do Miguel, em 28 de março de 1973; mas contrariamente ao Miguel, o Almeida Brito, seu comandante, não mais iria regressar à BA 12 para poder contar a história. O jornalista poderia ter pesquisado, com mais atenção, o nosso blogue. LG].
Nessa missão, a aeronave em que o piloto-aviador seguia foi atingido por fogo inimigo, o que o obrigou a ejetar-se do avião. Miguel conseguiu aterrar mas ficou inconsciente…
Quando os dois destinos se cruzam
Giselda Antunes tinha sido destacada para cumprir funções como enfermeira-paraquedista na guerra colonial. Neste episódio, Giselda revela os processos de salvamento e conta como era recolher soldados feridos em territórios controlados pelas forças inimigas. Um dos salvamentos iria mudar a sua vida para sempre.
O seu trajeto viria a cruzar-se com Miguel Pessoa, quando esta teve de socorrê-lo em território inimigo, tal como era sua função. Foi entre disparos e violência que surgiu uma história de amor, que pode conhecer esta quinta-feira no Jornal da Noite.
Ver o "trailer" aqui (2' 37'')
A Giselda Antunes (depois de 1974, quando se casou, Giselda Pessoa) tem cerca de 90 referências no nosso blogue. O Miguel Pessoa tem 226 referências.
___________
Nota do editor:
(*) Vd. postes anteriores;
6 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23677: Agenda cultural (818): "Despojos de guerra", série em quatro episódios, de 40' cada, sobre a guerra colonial: estreia hoje na SIC, no Jornal da Noite
9 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23687: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte I - António Rosinha e Valdemar Queiroz: as diferenças entre a guerra de Angola e o "inferno da Guiné"
10 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23689: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte II - Luís Graça: Percebe-se agora melhor por que é que a PIDE/DGS, os seus agentes e os seus informadores, tiveram um tratamento tipo "português suave", a seguir ao 25 de Abril de 1974
9 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23687: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte I - António Rosinha e Valdemar Queiroz: as diferenças entre a guerra de Angola e o "inferno da Guiné"
10 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23689: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte II - Luís Graça: Percebe-se agora melhor por que é que a PIDE/DGS, os seus agentes e os seus informadores, tiveram um tratamento tipo "português suave", a seguir ao 25 de Abril de 1974
18 comentários:
Neste episódio, Giselda revela os processos de salvamento e conta como era recolher soldados feridos em territórios controlados pelas forças inimigas.
Esta expressão não será da autoria da nossa querida Enfermeira Paraquedista Giselda.
Uma coisa era um "território" onde o conflito acontecia, outra seria um "território controlado" pelas forças inimigas.
Estas séries documentais são feitas para consumo do grande público, aquele que não esteve "lá", portanto nelas cabe tudo, incluindo imagens que não têm nada a ver com o que "lá" se passou.
Este episódio foi o que mais me interessou particularmente porque nele intervieram duas pessoas que muito prezo e que viveram a guerra nas suas vertentes mais duras. A Giselda porque viu e lidou de perto com o sofrimento e a morte de camaradas combatentes, e o Miguel, ele próprio uma vítima de armas poderosas, numa altura em que a guerra assumia um ponto de não retorno.
Uma coisa ficou por dizer é que o Miguel Pessoa voltou a voar nos céus da Guiné apesar do grande susto que apanhou em Março de 1973, quando o seu Fiat foi derrubado.
Muito obrigado a ambos porque muito lhes devemos enquanto infantes.
Carlos Vinhal
Carlos, estamos de acordo: há sempre "questões terminológicas" nestes trabalhos de jornalistas que são "leigos" nestas matérias, eles e elas: é uma geração que nem sequer fez a tropa, muito menos pôs os pés na Guiné do nosso tempo... Ainda bem para eles, que são muito mais novos do que nós...
Confesso que dou de barato estes erros ou imprecisões... Mas nós temos a obrigação de pugnar pelo rigor... De qualquer modo, é preciso perceber que o estilo destes programas de "grande reportagem", para mais em televisão, não admitem demasiadas legendas, notas de rodapé e muto menos "explicadores" em voz "off record"... Isto não é uam aula ou uma conferência..., é um programa de televisão.
Se entares em pormenores "demasiado técnicos" (como o uso do napalm, que foi explicitamente falado pelo Miguel, e que precisava de ser "conteztualizado"; ou o funcionamento do míssil STrela), estás feito: o programa não capta a atenção do telespectador... Não te esqueças que estamos em "horário nobre", em competição com outras estações, e a Sic Motícias não é a RTP 2 ou o Canal História...
Carlos, fizeste bem em lembrar que o nosso Miguel Pessoa teve que "voltar para o castigo", depois de recuperação no "resort" do Hospital Militar Principal, em Lisboa... É ele que que nos conta na sua apresentação à Tabanca c Grande, no já longínquo ano de 2009 (ainda escrevíamos todos Strella com dois ll):
(...) "Cumpri a comissão na Guiné no período de 18NOV72 a 14AGO74, com um intervalo passado em Lisboa (entre 7ABR73 e início de AGO73) para recuperar das mazelas sofridas quando da minha ejecção de Fiat G91, depois de atingido por um SAM-7 Strella durante um apoio de fogo ao aquartelamento do Guileje." (...)
Vd. poste de 29 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3816: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (5): Strellado nos céus de Guileje, em 25 de Março de 1973 (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/01/guine-6374-p3816-dossie-guileje.html
Um exemplo das "imprecisões", lono no texto da sinopse do episódio nº 3 de "Despojos de Gurra", publicado no poral dfa Sic Nitícias:
(...) O outrora piloto-aviador relata os primeiros momentos vividos em territórios inimigos e as primeiras impressões por ele sentidas. O cheiro, a temperatura e as primeiras palavras que ouviu quando chegou à Guiné-Bissau ainda estão bem presentes na sua memória.
"Você não está aqui para ganhar medalhas nenhumas, está aqui para ajudar os 40 mil indivíduos desgraçados que estão aí abandonados", cita Miguel Pessoa as palavras que lhe foram dirigidas por um tenente, assim que aterrou em solo africano. (...)
E eu corrigi, entre parênteses retios:
[Na realidade, tratava-se do tenente-coronel pilav José Fernando de Almeida Brito, comandante do Grupo Operacional 1201, cujo Fiat G-91 viria também a ser abatido por um Strela três dias depois do do Miguel, em 28 de março de 1973; mas contrariamente ao Miguel, o Almeida Brito, seu comandante, não mais iria regressar à BA 12 para poder contar a história. O jornalista poderia ter pesquisado, com mais atenção, o nosso blogue. LG].
Sobre os Strela (Mísseis) temos pelo menos 20 referências:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Strela%20%28M%C3%ADsseis%29
E sobre a FAP (Força Aérea Portugueda) temos quase 480:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/FAP
E com o descritor (ou "tag") Fiat G-91 temos 94 referências:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Fiat%20G-91
... Enfim, não somos uma enciclopédia sobre a guerra da Guiné, mas quase...
Pois sim senhor, um conjunto de circunstâncias favoráveis permitiram-me ver este episódio.
E, é verdade, também reparei em imprecisões, imagens de outros locais que não a Guiné, expressões menos acertadas ou carecendo de explicação mas, e há sempre um "mas", posso dizer que gostei bastante.
E gostei, logo à cabeça, pela serenidade dos depoimentos dos nossos camaradas e amigos, sem alardes de heroísmo, sem fanfarronices, sem vitimização. Tudo com sobriedade e até, em alguns momentos, com a revelação de situações dramáticas referidas como se "não fosse nada".
Gostei também porque, embora de forma abreviada, ficaram alguns tópicos para que, quem quiser, possa aprofundar e conhecer melhor aqueles tempos, aqueles locais, aquelas situações.
O proverbial humor do Miguel está bem retratado na forma brincalhona como se dirige à Enfermeira Giselda sobre a "temperatura da água" aquando do seu (dela) resgate da DO.
A forma com a Giselda relatou o "embate" com a triste realidade com a "dar a mão" ao moribundo é realmente cativante.
Também poderia ser motivo para mais e melhores explicações a advertência/conselho que o Sr. Tenente-Coronel Brito deu ao Miguel de que não estava ali para medalhas mas para ajudar aqueles 40 mil que "lá em baixo" precisavam de ajuda.
Por fim, devo dizer que o "saldo" do episódio é positivo e que deixa margem para continuidade.
Hélder Sousa
Que chatice, para não dizer outra coisa.
Tão interessado estava em ver este Episódio, mas adormeci a ver a notícias e acordei já o que me interessava tinha acabado.
Agora, é sempre a mesma coisa, adormeço com muita facilidade várias vezes por dia, então a ver o telejornal é tiro e queda.
Quero ver se consigo ver nos plays.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Independentemente das imprecisões ou erros o importante foi que a Sofia Pinto Coelho deu à luz um impressivo retrato do sofrimento de muitos e da abnegação, coragem e solidariedade de muitos outros.
Das enfermeiras páras guardo a imagem de prontidão e cuidado com que recolheram os meus feridos e os conduziram para lugar seguro no HM 241 considerado no mato como passaporte para a sobrevivência.
Com os pilotaços, só tenho dívidas, tantas foram as vezes que me apoiaram, eficazmente e sem delongas, quer em evacuações quer em apoio de fogos.
Para a minha camarada Giselda vai um abraço de muita estima e reconhecimento do, agora velho, capitão de Gadamael 1970-72.
Para o Miguel Pessoa, meu contemporâneo na AM que não na Guiné, vai um grande abraço e o desejo de muita saúde.
Gostei de vê-los e rever a história incrível de que são protagonistas.
Coronel Morais Silva, volto a ouvir o termo "pilotaço". Acho o termo apropriado. Não era bravata, não, senhor. Nem deles nem nossa, infantes ou "tropa-macaca"... Com pouco, fazia-se muito. Um Fiat G-91, um T-6. um helicanhão... nos céus da Guiné, por cima de nós, no mato, em operações, dava-nos um "suplemento de alma"...
E é verdade, uma evacuaçãi Ypsilon, uma helievacuação era quase sempre um "passaporte para a sobrvivência"... Era preciso era chegar ao HM 241 em meia-hora. Mito ou não, dava-nos muito consolo, quando entregávamos os nossos feridos graves ao cuidado da FAP e das nossas queridas enfermeiras paraquedistas... (Sempre impecáveis, de bita, calça camuflada e T-shirt branca, profissionais, impávidas, serenas...).
Já não foi o caso do António Capela, de Ponta de Lima, retalhado por uma roquetada e que esperou 45 minutos pelo seu "anjo do céu", no decurso da Op Ostra Amarga..., de que a SIC voltou a mostrar imagens cruas, que mexem semore connosco...
Vale a pena ver e rever o vídeo da ORTF (a televisão francesa), disponível no portal do INA francês (1969, 13' 50''), cujo visionamento, resumo analítico, e legendagem em português foram feitos, para os leitores do blogue, por mim e pelo Virgínio Briote.
20 DE FEVEREIRO DE 2018
Guiné 61/74 - P18335: Vídeos da guerra (14): visionamento e resumo analítico do vídeo da ORTF / INA, "Guerre en Guinée" (1969, 13´ 50''): tradução e adaptação de Luís Graça e Virgínio Briote
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2018/02/guine-6174-p18335-videos-da-guerra-14.html
Sim, o "Kurika", nome de guerra do ten pilav Miguel Pessoa (BA 12, Bissalanca, 1972//4), era do curso de 1964 da Academia Militar, como ele muito bem recorda na entrevista... Foi pena o António Martins de Matos (AMM) não ter sido também pelo menos referido ou evocado... Ele também tem uma boa mão cheia de histórias para contar, desses tempos "strelados"... Aliás, publicou um livro.
O AMM tem 114 referências no nosso blogue:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Ant%C3%B3nio%20Martins%20de%20Matos%20%28Ten%20Gen%20Pilav%29
Valeu pela grande, sincera e emotiva prestação da Giselda e do Miguel, queridos amigos. O resto teve o enviesamento habitual com a profusão de imagens de Amílcar Cabral a contar mentiras e imagens de bombardeamento de napalm em sítios que não são a Guiné e a velha conversa dos territórios libertados e da supremacia aérea Parabéns à Giselda e ao Miguel pelo seu contributo cheio de sensatez, bom senso, e verdadeiro
Comento só para dar um abraço ao Miguel e Giselda.
Gostei muito de vos ver e ouvir. Andava ansioso pelo dia 20.
Não sabia que voltaste a voar para ir ver onde estava a Giselda, no acidente. Pelo menos percebi isso.
Já sabia a tua estória, do Marcelino da Mata a dizer "sou eu, o Marcelino", contado pelo próprio Marcelino, e igual com a tua versão.
Continuação de boa saúde para ambos e a ver se em Janeiro nos encontramos.
Abraços Miguel e Giselda
Manuel Resende
Olá Camaradas
Foi um mau programa de TV e, por ele poderemos avaliar os outros que, se calhar não conhecemos tão bem por se terem passados noutros TO...
Faço coro com o Mexia Alves: "Valeu pela grande, sincera e emotiva prestação da Giselda e do Miguel, queridos amigos".
Estou farto das imprecisões e de tudo do resto de que o Helder Valério fala (imagens de outros locais que não a Guiné, expressões erradas ou carecendo de explicação).
Como se diz às vezes "se não sabes jogar à bola porque não vais aprender?
Mas não é assim! Estes "programas" mal feitos não são inocentes...
Enfim é a TV que temos. Que se escuda num trailour demasiado longo e com numa ficha técnica final que nunca mais acaba. Ainda não entendi porque é que os noticiários têm que durar mais de hora...
Não se esqueçam que são estes "programas" que ainda por cima chegam atrasados vários anos, que vão ficar em arquivo e que futuramente farão fé, perante as "novas gerações eventualmente interessadas".
Já foi aqui perguntado: "O que querem os ex-combatentes?" Várias vezes a resposta foi "RESPEITO!" Programas construídos assim, passados mais de um ano depois de gravados, não são uma prova de respeito. Não sou adepto de que vale mais assim do que nada. E ficar agradecido - como os pobrezinhos - também não fico.
Um Ab. e bom FdS
António J. P. Costa
Para quem não esteve lá “come” tudo como se fosse real e passado na Guiné, nomeadamente a injeção do piloto Pessoa.
Para os ex combatentes é uma fraude. Como já alguém disse: Merecíamos mais respeito.
Ou melhor, o Pessoa e a Giselda mereciam mais respeito.
Acredito que a reportagem acaba por dar uma imagem aproximada do que foi o horribilis ano de 1973, aproveitando imagens reais mas descontextualizadas. Tivessem o cuidado de visitar o nosso blogue e tudo seria mais real… e mais barato.
Quanto ao facto de dar voz, também, ao outro lado, não obstante sabermos como funciona a propaganda na guerra, ouvir só um lado, não seria sério, nem honesto… nem democrático. Ninguém é detentor de toda a verdade. Já nos basta as Coreias, Chinas, Rússias, etc.
Fica as excelentes prestações dos nossos Maiores: Giselda e Pessoa.
Contudo sou da opinião que é melhor isto que nada
Um abraço e muita saúde
Joaquim Costa
Mais comentários (na pagina do Facebook da Tabanca Grande):
Jorge Ferreira (membro da Tabanca da Linha e da Tabanca Grande, ex-al mil, 3ª CCAÇ, Nova Lamego, Buruntuma e Blama, 1961/63):
Magnifco contributo para as actuais gerações se aperceberem do que foram as vicissitudes dos "então" jovens de 60/70.
Faço minhas as "letras: estas séries documentais ... ".
Grato aos depoimentos dos Camaradas Giselda/Miguel Pessoa.
Página do Facebook da Tabanca Grande:
Fabrício Marcelino
Gostei de ver e ouvir os testemunhos na primeira pessoa do que foi a Guerra na Guiné. Desta vez, o nosso amigo, Cor Piloto Miguel Pessoa e, a distinta esposa e igualmente amiga, Giselda. Um abraço aos dois
Página do Facebook da Tabanca Grande:
António Soares
Esperava mais, medíocre!
Página do Facebook da Tabanca Grande:
Anselmo Mota Dores:
Gostei e emocionei-me de ver este casal.
Saúde e longa vida, obrigado pelo depoimento.
Todos gostaríamos, por certo,de ouvir a opinião do Miguel e da Giselda sobre mais esta experiência televisiva. É sabido que o casal, que eu chamo o "mais strelado do mundo", tem rejeitado convites para participar em programas televisivos de "entretenimento"... E mesmo em relação a esta sugestão, feita por mim, para participar na série "Despojos de Guerra" (uma co-produção da Blablabla Media com a SIC), o Miguel mostrou-se inicilamente relutante. Creio que acabou por criar uma relação "empática" com a equipa, o que não é difícil, conhecendo nós o Miguel e a Giselda.
Falei com o Miguel, ao telemóvel, logo no dia seguinte, de manhã... E achei que o Miguel não estava de todo desapontado... mesmo que um dia de gravações (!), no Museu do Ar - Polo de Alverca, tenha resultado numa "história de 30 minutos"... Achou que o respeitaram, a ele e à Giselda, destacando a postura imparcial, discreta, profissional da entrevistadora (e realizadora)...
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