quarta-feira, 17 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25753: Para a história do Pel Caç Nat 57 (Mansoa, Bindoro, Mansabá, Cutia, 1967/74) - Parte I: O seu primeiro comandante, o ex-alf mil Fernando Paiva, hoje produtor de vinho verde biológico, na Quinta da Palmirinha



Fernando Paiva, o primeiro comandante do Pel Caç Nat 57 (Mansoa e Bindoro, abr 67 / jul 68). É hoje produtor de vinho verde, biológico, na Quinta da Palmirinha, Lixa, Felgueiras. 



1. Sobre o Pel Caç Nat 57 só temos 5 referências no nosso blogue... É difícil, pois, acompanhar a sua evolução desde a sua criação, em abril de 1967 até à sua extinção em agosto de 1974. 

Um dos poucos tesemunhos que temos é  de um dos seus fundadores, e primeiro comandante, o ex-alf mil Fernando Paiva, que. na Lixa, Felgueiras,  se e dedica à agricultura "biodinâmica" (...), "sobretudo à produção de vinhos certificados pela Demeter, a mais importante certificadora mundial ao nível de agricultura biodinâmica".

Contactos: Quinta da Palmirinha | Lixa, Felgueiras |Email: sumbi@sapo.pt | Telem: 351 962 785 717 | Página do Facebook: Quinta da Palmirinha

(...) Fui, em rendição individual, para criar o Pel Caç Nat 57, em Mansoa. A pá e pica, construímos o destacamento de Bindoro, onde permaneci, até julho de 68, quando fui transferido para Bolama.

Vivi, diariamente, quase ombro a ombro, com aqueles fantásticos Balantas, gente muito boa e corajosa, que aprendeu, às suas custas, a melhor maneira de coexistir com a tropa e o PAIGC, num “jogo de cintura” que eu julgo ser muito comum, em períodos de guerra civil, como foi aquele em que se viveu, na Guiné.

Gostava de ter alguma informação, quer da gente do Bindoro, quer dos militares, de cá e de lá, com quem partilhei alguns dos momentos mais emocionantes da minha vida. (...)

Apesar do convite que mandei ao Fernando Paiva, por eil e pessoalmnet, ao telefone, ele nunca quis juntar.se à nossa Tabanca Grande.


2. Pelo Carlos Vinhal sabemos que o  Pel Caç Nat 57:

(i)  foi para Mansabá em fevereiro de 1970, ficando adido à CCAÇ 2403;

(ii) a partir de abril de 1970 ficou adido à CART 2732 até maio de 1971;

(iii) nessa altura em que foi deslocado para o destacamento de Cutia, ficou  desde então adido ao Batalhão de Mansoa, o BCAÇ 3832.

3. Pelos livros da CECA sobre a atividade operacional no CTIG (a partir de 1967), sabemos que o Pel Caç 
[Nat]  57 estava:

(i) em Bindoro, em 1/7/1967 (e o Pel Caç  [Nat] 54, em Porto Gole);

(ii) idem em 13/7/1968;

(iii) em Mansabá, em 1/7/1970, tal como a CART 2732;

(iv) em Cutia, em 1/7/1971, junbtamente cm o Pel Caç  [Nat] 61;

(v) ambas as subunidades participaram juntamente com outras forças,nas operações "Empresa Titânica" (entre 27fev a 1mar73); e "Gente Valorosa" (entre 5 e 7mar73);

 (vi)  a 3mai73, pelas 9h30, os Pel Caç 57 e 61, em acção de patrulhamento conjugado com montagem de emboscada nas regiões de Cutia-Momboncó (Norte
de Mansoa), Secor 04, contactaram com um grupo inimigo ao qual provocaram 2
mortos . (Foi-lhes apreendido 1 metralhadora ligeira "Degtyarev", 1 espingarda
"Mosin-Nagant" e material diverso.);
 
(vii) em 21mai73, na região de Mamboncó (itinerário Mansabá-Mansoa), SEctor 04, 2 GComb/ CArt 3567 numa missão de escolta a coluna auto, foram emboscados por um
grupo inimigo que causou às NT 4 mortos, 9 feridos graves, 6 feridos ligeiros
e danos em 3 viaturas; na mesma região, o Pel Caç 57 (Cutia) que saiu em socorro foi também
emboscado e sofreu I ferido grave; o inimigo sofreu 2 mortos não confirmados; foi capturada 1 ranada de RPG-2 e 1 de RPG-7.

(viii) a 17jul73,  pelas 14h30, na região de Momboncó (estrada Mansoa-Mansabá),
Sector 04, quando o Pel Caç 57 executava um patrulhamento no referido itinerário, foi emboscado por um grupo inimigo que armadilhara previamente as duas margens da estrada na zona da emboscada; as NT sofreram 3 mortos, 4 feridos graves e 2 ligeiros; foram extraviadas 6 espingardas automáticas G-3, 1 viatura destruída e 2 danificadas; as NT levantaram, no local, 4 minas antipessoal.

(ix) em 1/7/1973, o Pel Caç 57 estava em Cutia, juntamente com o Pel Caç 61  ( a CCAÇ 15 em Mansoa; e o Pel Caç 58 em Infandre).

(Nos livros da CECA não se usa a designação Pel Caç Nat mas apenas Pel Caç)

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

"....que eu julgo ser muito comum, em períodos de guerra civil, como foi aquele em que se viveu, na Guiné."
Temos registos da guerra colonial, guerra no Ultramar, guerra em África, mas julgo que é a primeira vez que aparece "guerra civil", para descrever a guerra da Guiné.
E até tem razão de ser assim classificada, havendo definições como sendo:
"Guerra Civil é o conflito armado caracterizado pela disputa entre grupos da mesma nação, com o objetivo de assumir o controle de determinada região ou de toda uma nação, visando conseguir independência com ajuda ou não de forças do exterior."

E uma ou duas malguinhas de verde biológico da Quinta da Palmirinha, que, com este calor, marchava que nem um pelotão no desfile do juramento de bandeira.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Maria Alice Ferreira Carneiro disse...

Valdemar, o "verdinho" já marchava com estes trinta e tal graus que faz aqui na rua da Senhora do Monte, na Graça... Estou a contar os tuktuk que cá passam a caminho do miradouro , já ali a 150 metros...

Valdemar Silva disse...

Imagino "Chef" Alice, por aqui ainda vem o fresco da Serra de Sintra.
Agora é o que está a dar, esplanadas e tuktukada por todo o lado. Já lá vai o tempo das sapatarias e das agências bancárias e dos carrinhos motorizados da fruta na época da cereja.

Saúde e boas vistas por esses lados

Valdemar Queiroz