Foto nº 1A - Guiné > Bissau Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > "Iniciado em 1965. Mandado construir por Sua Excelência o Governador da Província, General Arnaldo Schulz, sob a direção da Administração do Concelho de Bissau".
Foto nº 2 - Guiné > Bissau > Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > Vista parcial do bairro (1)
Foto nº 2A - Guiné > Bissau > Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > Vista parcial do bairro (2)
Foto nº 3 - Guiné > Bissau > Bairro de Santa Luzia > 1969 > Estrada de Santa Luzia, ao cair da noite.
Foto nº 4 - Guiné > Bissau > Bairro de Santa Luzia > Outubro de 1967 > Uma moça cabo-verdiana com quem convivivi.
Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Bissau > Planta de Bissau (edição, Paris, 1981) (Escala: 1/20 mil) > Posição relativa do bairro do Cupelon, ou "Pilão", como diziam os "tugas" (assinalado com retângulo a amarelo)... Hoje é conhecido como Cupelum.
Fica(va) à esquerda da nossa conhecida estrada de Santa Luzia, portanto paredes meias com o QG/CTIG, em Santa Luzia... O Pilão fazia parte das nossas geografias emocionais...
A noroeste, a seguir a Missirá, no sentido de Brá e Bissalanca, ficava o bairro da Ajuda, reconstruído entre 1965 e 1968 (assinalado a azul), após um pavoroso incêndio. Do outro lado da estrada, era o HM 241.
A oeste e sudoeste da cidade, ficava Bandim (famosa pelo seu mercado a céu aberto) e Chão de Papel (onde nasceu o nosso querdido Estácio)
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Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

Data - quinta, 27/02/2025, 02:08
Luis, boa madrugada.
Acerca deste poste de hoje sobre as entranhas do Pilão e outras (*), estou a ficar confuso, acho que não há nada certo.
As pessoas devem saber pouco do assunto e alguns falam aquilo que ouviram e acrescentam 10 pontos.
Quem sabe mais disto do meu tempo sou eu, que tinha uma grande facilidade de transporte para percorrer aquilo tudo (**) e o Pilão em particular, ao ponto de lá ficar muitas noites, sozinho e nunca me aconteceu nada nem vi nada de estranho, mas ouvíamos falar!
Já estão a pôr o Pilão no bairro de Bandin à entrada da capital!
O bairro da Ajuda está aqui documentado, ficava perto do HM241,em frente, para quem seguia para Bissalanca. Fiz uma visita pormenorizada ao novo Bairro, mas não sabia da tal explosão e fogo em 1965. (***)
O Pilão ficava atrás do Palácio do Governador, quem descia de Santa Luzia, ver foto, virava à direita e aí estava ele. Não sei se era preciso coragem ou não, na minha motoreta ia a todo lado sem depender de ninguém.
A minha ingenuidade levava aquilo que eu chamo de "as minhas loucuras na Guiné". Posso dar mais um contributo para a procura da verdade, que não é uma questão sagrada.
Isso dá trabalho e pode causar conflitos de interesse, tenho muitas histórias, umas de contar aqui e outras não é possível. E posso desiludir muita gente como a mim me desiludiram sobre o trabalho que tive com os CA dos BR no CTIG (****). (E não houve nenhum comentário ou pergunta a não ser da tua parte. Hoje já não o faria se soubesse o que ligavam a isso. Mas ficou escrito, coisa que nunca tinha pensado fazer.)
Temos de ter em atenção os períodos a que nos referimos e só respondo pelo meu tempo. Não havia nada que não fosse visitavel, eu além da vantagem de não depender de ninguém, não tinha mais ninguém a mandar em mim. Só as minhas motorizadas e a lanterna, além das câmaras fotográficas.
A minha pena, que não tem remédio, é que centenas de fotos foram queimadas devido a um acidente doméstico, além das milhares de folhas de cartas que as perdi, à exceção de 5 que guardo. Ali tinha a minha história toda e hoje só aquilo que me lembro.
Ontem tive um dia cheio de acontecimentos, a começar pelos exames, TAC s e fui para a cama com uma grande dor de cabeça, que já passou. A ansiedade também mata!
Diz por favor o que achas do meu projecto a que chamo de "O Pilão do Meu Tempo". Acho que tive muita sorte no fim de tudo.

1. Mensagem do Virgílio Teixeira (ex-mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 19567/69):
Data - quinta, 27/02/2025, 02:08
Luis, boa madrugada.
Acerca deste poste de hoje sobre as entranhas do Pilão e outras (*), estou a ficar confuso, acho que não há nada certo.
As pessoas devem saber pouco do assunto e alguns falam aquilo que ouviram e acrescentam 10 pontos.
Quem sabe mais disto do meu tempo sou eu, que tinha uma grande facilidade de transporte para percorrer aquilo tudo (**) e o Pilão em particular, ao ponto de lá ficar muitas noites, sozinho e nunca me aconteceu nada nem vi nada de estranho, mas ouvíamos falar!
Já estão a pôr o Pilão no bairro de Bandin à entrada da capital!
O bairro da Ajuda está aqui documentado, ficava perto do HM241,em frente, para quem seguia para Bissalanca. Fiz uma visita pormenorizada ao novo Bairro, mas não sabia da tal explosão e fogo em 1965. (***)
O Pilão ficava atrás do Palácio do Governador, quem descia de Santa Luzia, ver foto, virava à direita e aí estava ele. Não sei se era preciso coragem ou não, na minha motoreta ia a todo lado sem depender de ninguém.
A minha ingenuidade levava aquilo que eu chamo de "as minhas loucuras na Guiné". Posso dar mais um contributo para a procura da verdade, que não é uma questão sagrada.
Isso dá trabalho e pode causar conflitos de interesse, tenho muitas histórias, umas de contar aqui e outras não é possível. E posso desiludir muita gente como a mim me desiludiram sobre o trabalho que tive com os CA dos BR no CTIG (****). (E não houve nenhum comentário ou pergunta a não ser da tua parte. Hoje já não o faria se soubesse o que ligavam a isso. Mas ficou escrito, coisa que nunca tinha pensado fazer.)
Temos de ter em atenção os períodos a que nos referimos e só respondo pelo meu tempo. Não havia nada que não fosse visitavel, eu além da vantagem de não depender de ninguém, não tinha mais ninguém a mandar em mim. Só as minhas motorizadas e a lanterna, além das câmaras fotográficas.
A minha pena, que não tem remédio, é que centenas de fotos foram queimadas devido a um acidente doméstico, além das milhares de folhas de cartas que as perdi, à exceção de 5 que guardo. Ali tinha a minha história toda e hoje só aquilo que me lembro.
Ontem tive um dia cheio de acontecimentos, a começar pelos exames, TAC s e fui para a cama com uma grande dor de cabeça, que já passou. A ansiedade também mata!
Diz por favor o que achas do meu projecto a que chamo de "O Pilão do Meu Tempo". Acho que tive muita sorte no fim de tudo.
Agora passadas as coisas das guerras, temos o que nos resta, aquilo que deixamos ficar com aquela boa gente..
São 2h da madrugada é quando tenho mais disposição para escrever.
Abraço, Virgílio.
São 2h da madrugada é quando tenho mais disposição para escrever.
Abraço, Virgílio.
2. Comentário do editor LG:
Virgílio, não gosto da expressão elistista, preconceituosa, "dar pérolas a porcos"... Quando fui professor, tinha colegas que me diziam isso, por causa da "minha excessiva" preocupação em dar textos de apoio (meus!) aos alunos...
A gente partilha o que sabe e pode, e a mais não é obrigado... Como editor do blogue, só tenho que agradecer a tua generosidade. Os interesses e conhecimentos dos nossos leitores são muito variados, leem e comentam o que lhes interessa... É verdade que nem sempre os autores têm aqui o "feedback" que deviam merecer. Mas também temos que saber captar a atenção dos outros...
Foi se calhar o caso do teu poste, que te deu tanto trabalho, sobre os conselhos de administração dos batalhões de reforço no CTIG. Mas é como dizes, o assunto ficou documentado, é menos um buraco no "puzzle" da nossa memória da Guiné (que é uma manta de retalhos).
A gente não está aqui para ganhar audiências. Como dizes, e bem, "agora passadas as coisas das guerras temos o que nos resta, aquilo que deixamos ficar com aquela boa gente"...
Por exemplo, considero um "achado" a tua foto no bairro da Ajuda, tu posando junto à placa comemorativa do início daquele "reordenamento", depois do incêndio de 1965. Claro que hoje já não está lá, deve ter sido sido vandalizada, destruída, arrancada. Mas tudo tem uma história, princípio, meio e fim, e há por certo gente que lá vive e continua a adorar o seu bairro, que faz este ano 60 anos...
Já que tinhas uma motoreta e fizeste a fotorreportagem possível da Bissau do teu tempo, pois então continua a partilhar connosco essas tuas memórias. Mas tens que aceitar que a maior parte de nós só conheceu Bissau "de passagem"... Eu, por exemplo, não sabia nada sobre este e outros bairros populares, que cresceram com o êxodo provocado pela guerra: no teu tempo, a periferia de Bissau já teria mais de 30 mil habitantes... Hoje deve viver meio milhão de pessoas em Bissau, a maior parte em condições muito precárias...
Bissau, a Bissau, de ontem, hoje e amanhã, continuará a fazer a parte das nossas "geografias emocionais"...
(***) Vd. poste de 10 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26571: Notas de leitura (1779): Habitação para indígenas em Bissau, 1968 (Mário Beja Santos)
_____________
Notas do editor LG:
(*) 26 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26529: As nossas geografias emocionais (47): Bissau, Cupelon / Pilão: histórias pícaras - Parte I (Rogério Cardoso, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 643, Bissorã, 1964/66)
(**) Vd. poste de 28 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (144): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)(***) Vd. poste de 10 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26571: Notas de leitura (1779): Habitação para indígenas em Bissau, 1968 (Mário Beja Santos)
(****) Vd. poste de 28 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26436: A extinção dos Conselhos Administrativos dos batalhões de reforço no CTIG (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, Chefe do CA, BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - II (e última) Parte
3 comentários:
Vou ficar na expectativa das histórias do Virgílio Teixeira sobre as suas viagens e passeios na Bissau genuína. Eu nunca fui ao Pilão nas várias vezes que consegui ir a Bissau vindo do mato. Fui ao bairro da Ajuda uma noite, integrado numa força do piquete pois havia pancadaria da grossa, entre comandos e páras.
Grande abraço
Eduardo Estrela
Virgílio, não é caso para desmoralizar, já tens um comentário..
Essa é uma situação que eu já tinha identificado. O gás circula com menos pressão. Virgílio, é urgente contar e dizer aquilo que sabemos. Só assim conseguimos transmitir a partilha do conhecimento e engrandecer o nosso compêndio de memórias forjadas no sofrimento do corpo e da alma.
Tenho a certeza de que muitos se vão rever e recordar no que nos vais contar a seguir.
Acelera !!!! Não a motoreta mas as lembranças e recordações.
Grande abraço
Eduardo Estrela
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