Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2190: PAIGC: Quem foi quem (4): Arafan Mané, Ndajamba (1945-2004), o homem que deu o 1º tiro da guerra (Virgínio Briote)
Embora a notícia já tenha mais de três anos, não resisto a divulgá-la, pela importância simbólica que representou o primeiro de milhões de tiros que foram dados durante os 12 anos que durou a luta (VB).
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Segundo notícia do portal Bissau.com, de 12 de Setembro de 2004, o coronel Arafan Mané, vulgarmente conhecido por Ndajamba, um dos mais destacados combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional, morreu nos princípios do mês de Setembro de 2004, em Espanha, vitima de doença prolongada.
Ndajamba deu o primeiro tiro contra o aquartelamento de Tite, em 1963 . Com 18 anos apenas era o comandante local do PAIGC.
Em 1998, tinha sido alvo de selváticos espancamentos, na sequência do conflito político-militar de 7 de Junho.
(Em cima: Foto de Arafan Mané, dos finais dos anos 60. Do arquivo da Fundação Mário Soares. Com a vénia devida).
Nas cerimonias fúnebres que ocorreram no dia 11 de Setembro de 2004, no Cemitério Municipal de Bissau, diversas figuras políticas consideraram a morte de Arafan Mané como uma grande perda para o país.
Malam Bacai Sanha, ex-presidente da República, considerou irreparável a perda de Arafan Mané e aproveitou a oportunidade para apelar aos governantes para não se esquecerem dos que se sacrificaram pela independência. Mané, concluiu Malam Sanhá, morreu sem que os ideais a que dedicou a sua juventude, fossem alcançados.
Umaro Djaló (em frente, numa foto do Arquivo da Fundação Mário Soares), ex-combatente que esteve ausente do país mais de 20 anos devido aos acontecimentos de 14 de Novembro, também falou para se despedir do seu antigo camarada de luta.
Reforçando as palavras de Malam Sanhá, Umaru Djaló disse que os combatentes pela liberdade da Pátria estão ao abandono e que Ndjamba morreu sem que nada daquilo que soube fosse bem aproveitado.
Arafam Mané que foi responsável político do país, como Secretário de Estado dos Ex-combatentes, Ministro da Defesa Nacional e deputado, duas vezes eleito pelo PAIGC, abandonou a política activa depois da dissolução do parlamento em Novembro de 2002.
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Arafan Mané Djamba (1944-2004)
1944 - Nasce Arafan Mané.
1961 - Entra para o PAIGC, em Conacri, com 17 anos.
1962 - Na qualidade de chefe de grupo, dirige a mobilização das massas populares em São João, Bocana e Tite.
1963 - (i) É considerado o responsável pelo primeiro tiro ao aquartelamento de Tite, em 23 de Janeiro, dando assim início à luta Armada de Libertação Nacional; (ii) Em Abril de 1963 frequenta um estágio de formação sobre a guerra de guerrilha, na República Popular da China.
1964 - (i) É nomeado comandante da Zona-8, sendo posteriomente transferido nas mesmas funções para Zona 2; (ii) Tem a honra de conduzir Amílcar Cabral até Cassacá onde o PAIGC vai realizar o I Congresso; (iii) É escolhido por Cabral para levar missivas a todos os comandantes, à excepção de Nino Vieira, para se dirigirem para Cassacá.
1967 - Desempenhou as funções de comandante geral das operações do comando Sul.
1968 - Frequenta (até 1969) o curso de comando da Marinha de Guerra na ex-URSS.
1969 - É nomeado comandante-chefe da Marinha de Guerra.
1972 - Desempenha também as funções de comandante da região de Tombali.
1973/74 - É o director do “Centro de Instrução Madina Boé”. Após a independência, Arafan Mané é nomeado chefe da Casa Militar da Presidência da República.
1977 - (i) Eleito membro do Conselho Superior de Luta do PAIGC; (ii) segue para Cuba onde frequenta o curso militar na academia Máximo Gorki.
1980 - (i) Promovido a coronel, em Fevereiro; (ii) nomeado chefe do pessoal e quadros e membro do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
1982 e anos seguintes - Sucessivamente director da Central Farmedi, do Projecto de Pesca Artesanal em Bubaque e governador da região de Gabú e Bafatá.
1998 - Ex-ministro dos Combatentes da Liberdade da Pátria, considerado um elemento próximo do ex-primeiro ministro Saturnino da Costa, é hospitalizado em Dacar em Outubro de 1998.
2000 - Em entrevista que deu ao DB [Diário de Bissau ?] , conta que “durante a Luta Armada de Libertação, os momentos mais difíceis para ele, para além das mortes de Amílcar Cabral e de Vitorino Costa, foi a Batalha de Komo e o período da mobilização.”
2001 - Noutra entrevista, diz: “Quando recordo a luta, recordo muitos camaradas que perderam a vida e outros que hoje se encontram em situação miserável, por terem dedicado a juventude na luta e depois de guerra ficaram sem forças para trabalhar e não foram prestados atenção e foram simplesmente segregados”.
2004 - Morre em Espanha, vítima de uma doença prolongada.
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Fontes consultadas:
Portal Guiné-Bissau.com > Guiné-Bissau perde um dos seus mais destacados ex-combatentes. Texto de Sabino Santos Lopes, 12/09/2004
Portal Guiné-Bissau.com > Percurso do autor do disparo que deu início à luta armada na Guiné-Bissau. Texto de Tomás Athizar Mendes Pereira. 17/0
Senegâmbia, Boletim Cultural da Guiné-Bissau e regiões vizinhas - Senegal, Casamansa, Gâmbia, Guiné-Conakri e Cabo Verde. Do descobrimento aos dias de hoje. Domingo, Setembro 12, 2004 > A morte do guerrilheiro Djamba
Imagens do notável espólio do Arquivo Amílcar Cabral, da Fundação Mário Soares. Com a devida vénia.
Fixação do texto :vb
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Nota do co-editor vb:
(1) Vd. posts de:
30 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2142: PAIGC - Quem foi quem (1): Amílcar Cabral (1924-1973)
30 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2143: PAIGC - Quem foi quem (2): Abílio Duarte (1931-1996)
6 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2159: PAIGC - Quem foi quem (3): Nino Vieira (n. 1939)
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(*)O Coronel Marques Lopes na continuação do trabalho que tem vindo a desenvolver para a reconstituição histórica da guerra da Guiné, enviou-nos a relação das unidades militares que passaram por Barro.
A certa altura, o Coronel escreve:
Batalhão de Caçadores n.° 23
"Embarque em 28Jun61; desembarque em 06Jul61. Embarque de regresso em 24Jul63.
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba.
Em 08Mai63, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.
Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16Ago61, depois colocada em S Domingos em 12Jan63) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissorã, Mansabá, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Out63, por Suzana, Jumbembém, Varela e Caio.
Em meados de Jun63, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 Jul61 em S. Domingos.
A partir de Jan63, a sua actividade incidiu na contra-penetração contra actos de terrorismo."
Guiné 63/74 - P2189: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (2): Febre de guerra ? Espero pelo filme em DVD (Torcato Mendonça)
Fotos: © Torcato Mendonça (2006) . Direitos reservados
1. Mensagem do Torcato Mendonça, de 15 de Outubro de 2007:
Caro Luis Graça: Não me apetece escrever. Dias menos bons, os últimos, em que "a morte desceu à rua " e, queiramos ou não, digamos ou não estar preparados, sempre toca fundo. A Vida continua. Curioso, no dia seguinte à Sua partida nascia-lhe mais um bisneto.
Nesta tarde abri o e-mail e o blogue. Deu-me alento e voltei atrás no tempo. Há muito, muito tempo, o Carlos M. dos Santos, deu-me a conhecer este sítio. Li. Pensava que a "guerra" há muito tinha acabado para mim. Desejava-o. Mas respondi a um post a dizer que o Malan tinha sobrevivido… em Novembro / Dezembro de 69… e, a partir daí, este sítio, felizmente, faz parte da minha vida (1).
Não recordo, tenho preguiça de ir ver, quantos visitantes e postes tinha nesse tempo. Hoje ultrapassou os 400 mil! Dou-te a ti e a todos os parabéns. Queiram ou não, o que lá se passou está a ser relatado por quem o viveu. Por isso, mesmo com parca vontade, te escrevo.
Tenho receio desta "febre" de debates, documentários e filmes. Da Diana Andringa / Flora Gomes conheço os trabalhos e espero um bom documentário, em que ambas as faces se assumam em verdade e sem complexos. Embora conhecendo trabalhos da Fátima C. Ferreira e J.oaquim. Furtado, estou expectante. Desejo que consigam, mas tenho algum receio. Vou ver, ouvir e reflectir se der para isso. Não gravo. Espero que o documentário da Diana / Flora vire DVD (2).
Agora:
- Os meus parabéns ao Mexia Alves [, pelo Fado da Guiné] (3). Logo lhe mando um mail ou, quem sabe, dou-lhe um abraço. Em Mansambo ouvíamos "The Supreme", etc. na Rádio Mansambo, rapidamente silenciada…
- A sondagem foi…escrevi mas não enviei… não li ainda " O Meu Nome É Legião", o último romance do António Lobo Antunes. Espera-me aqui ao lado. Camarada é aquilo… e mais. Sem anátemas que ainda hoje incompreensivelmente a palavra tem, como acontece com guerra colonial, do ultramar ou de um apito…Aceito as várias designações, ditas com respeito. Não tenho qualquer problema em ter sido soldado ou militar na defesa, justa ou injusta, do fim do Império. Que Império? Tenho ali para ler, escrito pelo australiano Patrick Wiilcken – Império à deriva (fuga da corte do João VI para o Brasil). Malhas que o império teceu… Finou-se. Mas cuidado que é assunto a merecer reflexão profunda em respeito por todas as diversas opiniões, desde que honestas. Nunca foi feito. Nunca acertamos contas com a História. O resultado está á vista…
- Espero que esta onda abra debate sério (4). Receio e espero para ver. Colónias, Ultramar, Reino dos Algarves Daqui e D'Além Mar…se agitar, provocar debates elucidativos a servirem os vários Povos, tudo bem. Não acredito em Estados Inviáveis. Acredito em Governantes dispensáveis (5). Outro assunto…
- Uma penúltima palavra para o Virginio Briote. Gosto dos temas agora tratados por ele. Espero que não tenha ficado chateado com a questão do Quirafo. Saúde para o Coronel e dá um abraço ao V.B.
As últimas palavras para ti: parabéns pelo Trabalho (e aos colaboradores mais directos, V.B. e C.V.) e outros. E fui escrevendo. Que o debate desta noite seja esclarecedor e abra caminhos
Querido(s) amigo(s) um forte abraço do,
Torcato Mendonça
Apartado 43,
6230-909 Fundão
torcatomendonca@gmail.com
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Notas dos editores:
(1) Vd. posts de:
15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLIII: O Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e eu abracei-o (Torcato Mendonça)
16 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLX: Bem vindo, alferes Torcato da CART 2339 (Mansambo, 1968/69) (Carlos Marques dos Santos)
25 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P906: CART 2339 e Malan Mané, duas estórias para duas fotos (Torcato Mendonça)
1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1011: A galeria dos meus heróis (4): o infortunado 'turra' Malan Mané (Luís Graça)
(2) Vd. post de 17 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2187: A nossa Tabanca Grande e o filme As Duas Faces da Guerra (1): Estou interessado em comprar o DVD (Fernando Inácio)
(3) Vd. post de 15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves)
(4) Vd. post de 17 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2184: A Guerra do Ultramar no programa Prós e Contras (RTP1, 15 de Outubro de 2007): o debate dos generais (Inácio Silva)
(5) Vd. post de 14 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2178: Efemérides (6): 24 de Setembro de 1973... Quo Vadis, querida Guiné ? (António Rosinha / Leopoldo Amado)
Guiné 63/74 - P2188: Notas de O Meu Diário (1): Já não posso casar, gritou o Miguel, depois de pisar uma mina antipessoal (José Teixeira)
Ainda acerca do texto do Idálio Reis (1).
Numa das fotos estão 28 minas que foram levantadas no dia 4 de Maio de 1969, conforme texto que escrevi no Meu Diário, que anexo.
As Companhias Operacionais estavam desfalcadas devido a mortes e evacuações ao que se aliava o cansaço provocado pelo desgate do trabalho diário, saídas em contínuo para a estrada e patrulhamentos, o que originava baixas constantes. Então desenvolvíamos acções em conjunto.
Na coluna deste dia, havia pelotões da minha Companhia e da 2317 no terreno.
Creio que também a 2382 esteve envolvida com a montagem de uma emboscada na zona onde normalmente havia festa ou seja a Bolanha dos Passarinhos. O ataque deu-se um pouco atrás num local conhecido pela Curva do Vilaça (*).
Guiné-Bissau> Buba > 2005> Restos do Aquartelamento
Guiné-Bissau> Buba > 2005> Capela Católica em dia de Missa
Fotos: © José Teixeira (2007). Direitos reservados
2. Texto do meu diário
por José Teixeira
Buba, 5 de Maio de 1969
Outro domingo inesquecível. Foi o Miguel como poderia ter sido outro.
Pisou uma anti-pessoal, ficando sem o pé esquerdo e com a perna toda esfacelada.
Saíram de madrugada com destino a Nhala para levar mantimentos.
Depois da Curva do Vilaça (*) detectaram-se três minas anti-pessoais. Os nossos homens puseram-se em posição de defesa e o Sapador preparou-se para as levantar, quando o Miguel se decide avançar um pouco e pisa uma terceira que estava dissimulada junto a um tronco de palmeira.
O IN que estava emboscado no local a assistir ao levantamento, abriu fogo de imediato, mas nada mais aconteceu de grave.
Rapidamente assistido pelo Catarino, debaixo de fogo, o Miguel foi transportado em seguida para Buba de onde o héli o levou até Bissau, enquanto a coluna seguiu o seu destino.
Foram detectadas mais duas minas e uma armadilha com arame de tropeçar, e um cemitério (em cenário) com pedidos para voltarmos para a Metrópole, deixando o povo da Guiné gerir o seu destino. As ameaças de morte, de que o falso cemitério era exemplo, era o que nos esperava se continuassemos a fazer guerra. A Companhia 2317 ficou no local a levantar um campo de 38 minas anti-pessoais.
No dia sete contava partir para a Metrópole em gozo de férias, pois tinha arranjado maneira de ludibriar o Comandante com a ajuda do Alferes Barbosa. Também não era a minha vez de sair, pois tinha regressado no dia anterior à noite de uma patrulha, de um dia, pela área onde se deu a emboscada.
Como o Catarino ia ficar sozinho no Destacamento, ofereci-me para fazer esta coluna. Preparei-me, mas à última da hora lembrei-me que "voluntário na tropa, só para comer ". Pedi desculpa ao Catarino e ele teve de avançar, compreendendo como sempre a minha posição.
Uma hora depois da sua partida sentimos o chocolate a cair e pensei:
- Escapei de boa.
Acompanhámos via rádio a situação e pouco depois chega a viatura com o ferido que assisti, até chegar o héli.
A situação do Miguel e a sua reacção chocou-me muito. Parece que não tinha dores apesar de estar sem um pé e garrotado abaixo do joelho. Só gritava agarrado à fotografia da namorada:
- Já não posso casar.
Pegou numa estampa de Nossa Senhora e disse:
- Nem Tu me salvaste.
No regresso da coluna os colegas contaram que quando se detectaram as minas, houve ordem, como de costume para se baixarem e ficarem em posição de fogo. O Miguel levantou-se e disse que ia ver o que se passava, começando a caminhar em cima do tronco de palmeira. Quando chegou ao topo e pôs o pé em terra, tinha a mina à sua espera. Um descuido que ficou caro.
O Catarino portou-se como um herói, secundado pelo Valente, pois arrancaram debaixo de fogo para junto do Miguel, correndo o risco duplo de serem atingidos pelas balas inimigas ou por alguma mina que pudesse lá estar. Foram encontradas no local 41 minas.
Disseram os meus colegas que o IN formou com terra, campas de mortos, no local da armadilha para os intimidar com frases do género "Branco vai para a tua terra".
J.Teixeira
(*) Nome do Furriel que comandava o Pelotão de Engenharia, que para fugir a uma linha de água que condicionava o trajecto, fez um pequeno desvio, não previsto no mapa. Daí o nome Curva do Vilaça.
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Nota de CV:
(1) Vd. Post de 10 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2172: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/69) (Idálio Reis) (11): Em Buba e depois no Gabu, fomos gente feliz... sem lágrimas (FIM)
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2187: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (1): Seria bom que o filme saísse em DVD (Fernando Inácio)
Caro Carlos:
Eu tenho estado algo ausente do contacto, mas sempre a espreitar o que aqui se diz.
Se sair um DVD com o documentário eu estou interessado em comprar.
Sou capaz de ir novamente à Guiné, em trabalho, no final do ano ou princípio de 2008. Se eu for aviso com tempo e posso servir de fotógrafo e visitar alguma zona que os camaradas queiram rever, de Bissau ou longe.
Gostaria até de saber qual a zona mais dramática em termos de teatro de operações que eu poderia visitar.
Envio algumas fotos de Bissau e de uma viagem pelo mato.
Com um abraço de amizade,
Fernando Inácio.
2. Seguem-se as fotos que o Fernando Inácio nos enviou, infelizmente sem legendas, tiradas por ele na sua última estadia na Guiné-Bissau, já este ano.
Podem matar saudades dos locais por onde andaram. A maioria de nós jamais voltará a estes sítios.
O nosso amigo propõe-se, em próximas idas à Guiné-Bissau, a visitar alguns locais a pedido da Tertúlia e a fazer umas fotos. Desde já o nosso obrigado.
Foto 1> Guiné-Bissau > Bissau > Maio de 2007> Famosa Casa Carvalho (ANCAR) em Bissau
Foto 2> Guiné-Bissau > Bissau > Maio de 2007> Panorâmica de Bissau
Foto 3> Guiné-Bissau > Bissau > Maio de 2007> Panorâmica de Bissau
Foto 4> Guiné-Bissau > Sítio não identificado > Maio de 2007
Foto 5> Guiné-Bissau > Sítio não identificado > Maio de 2007
Foto 6> Guiné-Bissau > Sítio não identificado > Maio de 2007
Foto 7> Guiné-Bissau > Rio Geba > Maio de 2007
Foto 8> Guiné-Bissau > Sítio não identificado > Maio de 2007
Fotos: © Fernando Inácio (2007). Direitos reservados.
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Notas de CV:
(1) Vd. Post de 3 de Julho de 2007> Guiné 63/74 - P1914: Tabanca Grande (21): Em Farim, em 2007, imaginando um Unimog com tropas portuguesas ao virar da esquina... (Fernando Inácio)
(2) Vd. Post de 8 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2165: As Duas Faces da Guerra, Filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, no DocLisboa2007 (18-28 Outubro 2007)
Guiné 63/74 - P2186: Uma guerra, duas vitórias: entrevista de Diana Andringa à RTP África (Luís Graça)
Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.
Texto de L.G.:
Em entrevista à RTP África, hoje, às 14) , a Diana Andringa falou da génese e do conteúdo do filme-documentário “As Duas Faces da Guerra”, realizado por ela e por cineasta guineense Flora Gomes (1).
Os exteriores foram filmados nos três países envolvidos na guerra (Portugal, Guiné-Bissau e Cabo-Verde, sendo os dois últimos antigas colónias portuguesas), se bem que tenha havido combatentes de outros países que também participaram, do lado do PAIGC, na luta de libertação. Foi o caso de Cuba, por exemplo (Oficialmente, Cuba perdeu 9 combatentes durante a guerra de libertação da Guiné, entre 1966 e 1974; em Janeiro de 1966, Amílcar Cabral visitou Cuba, no âmbito da I Conferência Tricontinental, de que foi co-fundador)(2).
Na Giné-Bissau, as filmagens de "As Duas Faces da Guerra" foram feitas em Bissau, Mansoa,Geba, Bafatá, Gabu, Guileje... Na primeira visita que tinha feito à Guiné-Bissau, a Diana Andringa ficou fortemente impressionada com o sentimento geral, recolhido das conversas com os antigos combatentes do PAIGC, de que “nós nunca lutámos contra os portugueses, vocês eram igualmente vítimas do mesmo sistema político que nos oprimia”… Em suma, foi uma guerra que não deixou sentimentos de ódio entre os dois contendores.
Diana Andringa conheceu Flora Gomes, nascido em 1949, em Cadique, quando este estava a realizar “Morte Negra” (o seu primeiro filme, "Motu Nega", 1987). O desejo de fazer um filme sobre a duplicidade daquela guerra, terá nascido quando um dia, em 1995, em Geba, perto de Bafatá, no antigo aquartelamento das tropas portuguesas, descobriu uma pedra, que fazia parte de um monumento funerário, e onde constava o nome de dois soldados, mortos precisamente no dia em que a jornalista e realizadora portuguesa fazia 20 anos, ou seja, em 21 de Agosto de 1967 (3)…
Percebeu depois que as memórias podiam apagar-se nas pedras (ainda para mais na Guiné, em que a natureza rapidamente destrói a obra dos homens), mas que é mais difícil destruí-las na cabeça das pessoas…
Referiu depois alguns pontos fortes do filme, além da fotografia e do som, e do trabalho em equipa: dois soldados portugueses, cujo grupo cai numa emboscada, e que assistem a camaradas feridos, voltam a rever hoje, com lágrimas, a cena de há trinta e tal anos … Pode não haver (nem há) stresse pós-traumático em todos os combatentes, nomeadamente entre os portugueses, mas todos ficaram marcados…
No filme, ouvem-se depoimentos de gente que combateu nos dois lados, portugueses, caboverdianos e guineenses… Os primeiros mais comedidos, os guineenses muito mais espontâneos e soltos, dotados de grande oralidade (“São mesmo grandes contadores de histórias”). E mais uma vez, não há ódio no rosto e no coração dos guineenses entrevistados, mesmo naqueles que foram presos e torturados pelos portugueses…
Diana fala então da duplicidade, das duas faces desta guerra. Aliás, como em todas as guerras. Mas esta termina com 2 vitórias: por um lado, a independência da Guiné-Bissau (já declarada em 24 de Setembro de 1973 em Madina do Boé, e rapidamente reconhecida pela comunidade internacional); por outro, a solução política, que foi o 25 de Abril de 1974.
Hoje os antigos militares portugueses regressam à Guiné-Bissau em roteiro de saudade, também sem ódio, e utilizam os recursos da Internet para reorganizar, escrever e divulgar as suas memórias. Diana deu, como exemplo, “o conhecido blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné”.
Um dos entrevistados no filme é o antigo comandante do COP5, que deu a ordem para abandonar Guileje (4). No filme aparece a esposa de Coutinho e Lima a defender esta difícil e corajosa decisão do marido que permitiu salvar 600 vidas (os homens do PAIGC que cercavam o aquartelamento e a tabanca de Guileje, não tinham outra alternativa senão chacinar toda a gente). Pergunta a esposa de Coutinho e Lima:
- O que vale a Pátria ao lado de 600 vidas que se salvam ?
A música do filme foi criteriosamente escolhida, tendo a selecção incidido em canções que marcaram a época (do lado português, Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso); do lado guineense, temas que inspiravam a guerrilha mas também músicas compostas hoje pelo Flora e o grupo com quem trabalha (O Grupo de Teatro Os Fidalgos, de Bissau) (5).
Diana e Flora quiseram pôr os protagonistas daquela guerra a contar as suas histórias. Diana voltou desta experiência, não com uma mudança de perspectiva (política) da guerra colonial / guerra de libertação – ela que, nascida em Angola, desde sempre se opôs à guerra colonial e admirava Amílcar Cabral – mas com outra noção, outro conceito dos soldados portugueses que rapidamente eram confrontados com a realidade do quotidiano dos povos da Guiné, e compreendiam que aquela terra não podia fazer parte de nenhum glorioso Império Português, do Minho a Timor…
O filme foi “arrancado a ferros” (leia-se: feito com um escasso orçamento), sendo financiado pela RTP e pelo INCAM. Depois da sua estreia em Bissau e em Lisboa (no doclisboa2007, na próxima 6ª feira, dia 19), irá ser exibido na RTP em duas partes (esta inevitável mas lamentável partição é imposta pelos compromissos da programação e publicidade da estação televisão pública).
Diana tem, por fim, uma palavra de grande admiração pelo fundador e líder do PAIGC, de quem diz Manecas dos Santos:
- Amílcar Cabral era insubstituível…
Quem o assassinou (ou mandou assassinar) bem sabia que há homens que são insubstituíveis em certos lugares e tempos da história. Nelson Mandela, Amílcar Cabral…Todos teriam ganho, a Guiné e a própria África hoje seriam seguramente diferentes se ele fosse ainda fosse vivo e tivesse assistido à vitória da luta de libertação (6)…
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Notas de L.G..
(1) Vd. post de 8 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2165: As Duas Faces da Guerra, filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, no DocLisboa2007 (18-28 Outubro 2007)
(2) Vd. post de 12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P956: Antologia (48): Félix Laporta, o primeiro cubano a morrer, num ataque a Beli, em Julho de 1967
(3) Vd. post de 22 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXIII: Antologia (4): 'Homenagem aos mortos que tombaram pela pátria': Geba, 1995 (Diana Andringa)
(4) Vd. post de 27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)
(5) Vd. post de 10 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1831: Macbeth em África ou Namanha Makbunhe no Teatro da Trindade, com os Fidalgos, grupo de teatro de Bissau (Beja Santos)
(6) Vd. post de 12 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1066: Homenagem a Amílcar Cabral, o Inimigo Libertador (João Tunes)
Guiné 63/74 - P2185: Álbum das Glórias (31): 13 brancos maduros do Puto em almoço de homenagem a Marcelino da Mata (Abreu dos Santos)
Foto e legenda: Abreu dos Santos (2007) (2)
Legenda (da esquerda para a direita):
(Na primeira fila:)
1. José Carlos Lourenço Gonçalves - Fur Mil SS, Suc LMP QF12, Guiné 70-72
2. Promotor e organizador do evento
3. António Manuel Constantino Vassalo de Miranda, Fur Mil Cav Cmd, Gr Cmds [que participou na] Op Tridente [, Ilha do Como, 1964].
4. José Manuel Gama Devesa, Alf Mil (...), Guiné 72-74
5. Marcelino da Mata (1)
6. António José Lopes, Sold Cav, CCAV 8350, Guiné 72-74
7. Valdemar Helder Marques Jarego, 1º Cabo Inf, CCAÇ 674, Guiné 64-66
8. Francisco João Vieira Lucas, Sold Cond Cmd, 35ª CCmds, Guiné 71-73
9. Bento Fernando Valente Barbosa, Fur Mil Inf, BCAÇ 3832, Guiné 71-73
10. Tibério Augusto Ruivo Monteiro, Fur Mil Inf, CCAÇ 674, Guiné 64 (ferido em combate, com gravidade, em 12 Set 64 e evacuado; DFA)
11. Manuel Jorge Carvalho, Sold Inf, CART 494, Guiné 63-65
12. José Eduardo Martins Areosa Ribeiro, Fur Mil Art, Bateria AAA3381, Guiné 71-73
(nos bastidores, ou seja, na fila de trás):
13. António Henrique Vicente Jarego, proprietário do restaurante, 1º Cabo Cav, CPM 2344, Moçambique 68-70
14. Alvito Vieira da Silva, fotógrafo convidado, 1º Cabo Cav, CPM 2344, Moçambique 68-70 .
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Notas dos editores:
(1) Vd. postes de:
10 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1357: Testemunhos sobre o Marcelino da Mata, a pedido de sua filha Irene (3): Nem a cruz nem o altar (Mário Dias / Luís Graça)
10 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1355: Testemunhos sobre o Marcelino da Mata a pedido de sua filha Irene (2): Orgulho-me de o ter conhecido em Guileje (José Carvalho)
10 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1354: Testemunhos sobre Marcelino da Mata, a pedido de sua filha Irene (1): De 1º Cabo Comando a Torre e Espada (Virgínio Briote)
(...) "De acordo com o blogue do Virgínio Briote, Tantas Vidas, o Marcelino da Mata fez parte do Grupo de Comandos, os Diabólicos, estando estado integrado na 1ª equipa" (...), ao tempo em que estiveram em Barro (1965), e que era constituída pelos seguintes elementos: 1º Cabo Marcelino da Mata, Soldado Carlos Alberto dos Santos Roberto, Alferes Briote, Soldado José Feitinhas de Matos/ANPRC10, Soldado Álvaro dos Santos/Enf.
(2) Mail do Abreu dos Santos, de 10 de Agosto de 2007:
Luís Graça,
Não estive na Guiné. Tenho a honra de ter por amigos, e por quem nutro amizade e estima, entre outros, Marcelino da Mata e demais guineenses do extinto Batalhão de Comandos Africanos e portugueses, entre eles o general Almeida Bruno (...).
Cordiais saudações, de Abreu dos Santos
Guiné 63/74 - P2184: A Guerra do Ultramar no programa Prós e Contras (RTP1, 15 de Outubro de 2007): O debate dos generais (Inácio Silva)
Caros amigos e ex-camaradas:
Presenciei ao debate na RTP1, na passada segunda-feira (15 de Outubro último), sobre a Guerra do Ultramar, de princípio ao fim (1). Salvo as intervenções dos membros das associações de defesa dos ex-combatentes, o resto foi tudo déjà vu: não vislumbrei nenhum interesse, em especial.
Um debate em que a maioria dos intervenientes são ou foram oficiais superiores ou generais, obviamente, só poderia versar sobre as questões belicistas ou político-belicistas. Estes senhores não têm contas a pedir ao Estado, porque, sendo do Quadro Permanente, viram todas as suas regalias satisfeitas, na plenitude. Onde estavam os milicianos e os praças? Provavelmente na plateia. Alguém lhes perguntou alguma coisa? Disseram de sua justiça? Nada!
Todos sabemos que as guerras deixam sequelas de vária ordem: pais que viram desaparecer os seus filhos, esposas, namoradas e amigos que viram partir os seus entes queridos, filhos órfãos de pai, muitos deles nem sequer chegaram a ver o progenitor... Cidadãos deficientes que, com muito esforço, sobrevivem, tentando integrarem-se o melhor possível na sociedade, na esperança de serem reconhecidos e apoiados pelo Estado e por ela. Muitos deles são activos e intervenientes e, graças à sua acção, procuram que o seu presente e o futuro sejam passados com alguma dignidade.
O que é que interessa debater e resolver depois de uma guerra? Não será minimizar os danos e os traumas sofridos, tanto os de ordem material, como os de ordem afectiva, psicológica, moral, social e, até, de cidadania? Nenhuma sociedade viverá em paz consigo mesma se não entender, profundamente, esta realidade! Não é enterrando a cabeça na areia, como faz a avestruz, fazendo de conta que o que aconteceu nada tem a ver consigo que os problemas são resolvidos...
E o Estado Português, representado pelos Órgãos de Soberania, órgãos estes titulados por cidadãos eleitos pela referida sociedade, o que tem feito? Mais de trinta anos decorridos desde o fim da guerra (colonial, do ultramar ou de libertação, como queiram), os ex-combatentes lamentam, diariamente, o divórcio do Estado, relativamente às consequências danosas, de vária ordem, a que foram sujeitos e estão sofrendo na pele, por terem sido OBRIGADOS a combater em territórios que, na altura, os responsáveis por este Estado, entenderam classificá-los como "Províncias Ultramarinas" e, consequentemente, fazendo parte do espaço português!!!
A guerra nunca será esquecida, pelo menos por aquelas que a protagonizaram ou por os que, para ela, foram empurrados. Seria bom que os tais cidadãos, eleitos democraticamente, representantes dos Órgãos de Soberania não agissem com hipocrisia, isto é, reconhecessem o esforço, o sacrifício, a privação, o medo, a dor, a doença, a deficiência, a morte, a perda de empregos, o atraso ou a interrupção dos estudos, enfim, uma panóplia de prejuízos de valor incalculável, e reconhecessem em Lei, perante a sociedade que representam - antes que os ex-combatentes morram - que é necessário eliminar, de uma vez por todas, estas nódoas da guerra, que teimam em eternizar-se...
Se tal não for feito, os ex-combatentes morrerão com a mágoa de terem combatido, em vão, sem o reconhecimento devido, do Estado, a quem serviram. Mas os políticos, titulares dos Órgãos de Soberania, eleitos pela sociedade de que os ex-combatentes são parte integrante, jamais repousarão em paz e serão, sempre, considerados, mesmo pelas gerações vindouras, como políticos incultos, insensíveis, autistas e hipócritas.
Em conclusão: como ex-combatente, não me revejo nesta forma de fazer política. Desejo que fique claro que os políticos a que me refiro são todos os que Portugal, infelizmente, teve depois da instauração da democracia , "sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade". Sou democrata e não sou possuído por nenhum sentimento passadista ou saudosista. Mas fico indignado e triste por assistir a tanta indiferença e insensibilidade...
Cumprimentos a todos.
Inácio Silva
2. Comentário dos editores: Ver o blogue do Inácio Silva Relembrar para Não Esquecer, e em particular o post de 10 de Outubro de 2007 > Email enviado ao Primeiro Ministro de Portugal
(...) Também o Governo, através do Primeiro Ministro já sabe que os ex-combatentes estão indignados com o que aconteceu. Em 24 de Abril de 2007, enviei o email que se segue ao Primeiro Ministro, Eng.º José Sócrates, ao qual anexei a petição feita à Assembleia da República bem como a resposta da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional (...)
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Notas dos editores:
(1) Vd. 27 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1889: Tabanca Grande (20): Inácio Silva, 1.º Cabo Apontador de Metralhadora, CART 2732 (Mansabá, 1970/72)
(2) Vd. post de 16 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2182: Blogoterapia (35): Programa da RTP1, Prós e Contras: Éramos todos bons rapazes (David Guimarães)
Guiné 63/74 - P2183: Diana Andringa, co-realizadora do filme As Duas Faces da Guerra, cita hoje o nosso blogue na RTP África, às 14h
Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.
1. Mensagem da Diana Andringa, co-realizadora do filme As Duas Faces da Guerra, em resposta ao meu mail, em que lhe agradeci a oferta de 15 convites para a sessão de estreia, na Culturgest, edifício-sede da Caixa de Depósitos, Rua do Arco do Cego, no próximo dia 19 de Outubro, às 23 horas, no âmbito do 5º Festival Internacional de Cinema Documental (Lisboa, 18-28 de Outubro), mais conhecido por doclisboa2007 (2):
Terei muito gosto se o Mário Dias quiser ir. Ele respondeu-me muito gentilmente, mas não quis ser filmado. Percebo, mas tive pena.
O Flora não vai estar, está nos Estados Unidos.
Não sei como decorrem as sessões, se há uma introdução, ou uma conversa no fim, mas espero que possamos falar um pouco.
Quanto ao vosso blogue, não há que ser modesto: acho uma das coisas mais importantes feitas em Portugal, em termos de guerra colonial e de memória histórica. Aliás, numa entrevista que a RTP me fez sobre o filme (passa na RTP África, quarta, às 14), fiz-lhe referência.
Abraço,
Diana
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Notas de L.G.:
(1) Teor do meu mail:
É uma grande gentileza e simpatia da sua parte...Claro que aceito [os convites]... Já tenho uns sete ou oito interessados, apesar do dia e da hora não serem os mais convenientes. Tenho inclusive um camarada, o Paulo Santiago, que está a tentar organizar a vida dele para poder vir à estreia do v/ filme... Até lá arranja-se seguramente mais gente, embora os camaradas do Norte já tenha reclamado que também querem ver e discutir o filme (noutra ocasião, seguramente...).
Por mim, por nossa parte, temos feito a nossa divulgação do filme e do doclisboa2007... Se a Diana fizer uma pesquisa no Google, com a palavra chave "doclisboa2007", o nosso blogue aparece logo à cabeça... O que significa que tem alguma audiência (sem faltas modéstias, hoje vamos atingir or 400 mil visionamentos... o que não é nada mau).
Vou-lhe dar o meu telemóvel para o caso de querer combinar alguma coisa comigo: 93 281 08 72 (Luís Graça)... Ou mande-me uma mensagem para o meu telemóvel... Espero poder conhecê-la pessoalmente, antes do filme, e trocar algumas impressões consigo e com os meus camaradas de Guiné... Não sei se o Flora Gomes estará presente...
Também não sei se a Diana tem algum nome, dos membros da nossa tertúlia, a quem
queira enviar um convite em especial (Chegou a contactar o Mário Dias, por causa do episódio, belíssimo, que você queria tratar, o encontro dele com o Domingos Ramos no Xitole, na mata, enfim, a história dos dois amigos da mesma recruta e curso de instrução e que vão ficar em dois campos opostos, um no PAIGC - o guineense Domingos Ramos - e outro nos comandos que ajudou a fundar - o português Mário Dias que foi para a Guiné na adolescência e que sempre se considerou um guineense de coração (2)... Infelizmente, quando você me contactou, eu estava de férias, não lhe pude ser muito útil na tentativa de chegar até ao discretíssimo Mário Dias) ...
Vou reservar os seus 15 convites para os que, logo de início, mostraram interesse e disponibilidade em aparecer...e para os restantes que forem entretanto 'aparecendo', via mail... De qualquer modo, os bilhetes têm um preço acessível (conforme consta no blogue e no mail que acabei de mandar a toda a malta da tertúlia). Boa sorte para a estreia do vosso trabalho no doclisboa2007.
Até 6ª feira. Luís Graça
(2) Vd. posts de:
1 Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 - CDXCI: Domingos Ramos, meu camarada e amigo (Mário Dias)
2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIII: Domingos Ramos e Mário Dias, a bandeira da amizade (Luís Graça / Mário Dias)
2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIV: O segredo do Mário Dias, ex-sargento comando
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2182: Blogoterapia (35): Programa da RTP1, Prós e Contras: Éramos todos bons rapazes (David Guimarães)
1. Mensagem do David Guimarães, o nosso querido tertuliano nº 3, que foi Fur Mil / At Artilharia e Minas e Armadilhas, CART 2716 / BART 2917 (Xitole / Bambadinca , 1970/72). Trabalha no Porto, no Centro Regional de Segurança Social do Porto, e vive em Espinho. Toca viola, desde pelo menos a recruta nas Caldas da Rainha!... Ainda não tivemos o privilégio de o ouvir. Quando ía a Bambadinca, metia a viola no saco... No próximo encontro da nossa caserna, tertúlia ou tabanca grande (é ao gosto do freguês), vamos reunir todas violas e guitarras perdidas mestes útimos cinco séculos de andanças dos tugas pelo mundo, de Alcácer Quibir ao Xitole. Combinado ? (LG).
AMIGOS: parece que vale a pena dizer - estive a ver o programa de Fátima Campos Ferreira.
Estive ontem com muita atenção a ver aquele grande encontro que se deu na Televisão - um debate, uma troca de ideias... Não costumo ser muito dado com os olhos pregados na Televisão pois por norma adormeço - ontem não, não adormeci, estava à espera do resultado, num encontro de gente séria... nisso acredito... NÃO ADORMECI.
E lembrava-me da nossa caserna - mas que lindo termo a nossa caserna, onde andamos há uns tempinhos a dizer muito mais do que aquilo que ontem por lá se disse... Houve um aflorar pela rama da guerra do Ultramar (Colonial, de África), enfim aqueles termos que lhe quiseram chamar... Lembro do termo que as gentes boas da minha aldeia usava: guerra da nossa África.
Não creio que qualquer jovem miliciano ou até Oficial e Sargento do quadro de então desse conotações políticas aos termos usados pelo nosso povo ou pelos políticos de então... Com raras excepções (e sabemos que existiram)... Assim uma coisa ficava bem vincada na nossa cabeça: Guerra...(depois, em África, nas nossas Colónias, Províncias Ultramarinas e finalmente Ultramar, um termo mais genérico).
Afloraram ontem como é que se podia ter evitado a guerra, a inevitabilidade da guerra e até a autenticidade da guerra, ou melhor, o nós tínhamos razão... e hoje ainda lá poderíamos andar... Era mais morto menos morto, porque afinal aquilo era Portugal e na guerra há feridos e mortos... E foram generais, coronéis e um douto Professor que ali se juntaram todos para falarem. E eu fiquei a saber que um era de direita e outro já carregado não sei de que mal - ressaibiado... Por certo um daqueles que ainda pensa em ir conquistar Olivença (não seria ideia inédita!) e que falava à boa maneira da Antiga Assembleia Nacional... Não sei como conseguiu ir até Tenente Coronel... mas foi e deve ser bom homem... pois eu também não sou mau rapaz... e no mundo só há gente boa embora tenham todos o direito de pensar...
E como pensei então no nosso querido Blogue - a nossa casa afinal de discussão que toma o nome de novesforanada... Foi exactamente isso que pensei ontem: novesforanada na base 10 - porque do que se disse ontem sobrou pouco mais que nada, um senhor tenente coronel que cumprimento efusivamente e com respeito, não porque pense como ele, mas porque foi exactamente ele que me manteve acordado... Porque uma das coisas que gosto é de ouvir discursos inflamados e patrióticos [ou patrioteiros ?] como esse - e por ele então NÃO ADORMECI.
Um abraço, David Guimarães
PS - Bom vamos ver o que nos reserva hoje o 1º episódio do documentário sobre A Guerra que parece que está muito bem feito... Um trabalho de Joaquim Furtado... Não me acreditava que não o estivesse, dada a qualidade do jornalista...
2. Comentário de L.G.:
Não vi o programa, nem simpatizo com o modelo, que tem algo de circense. O pão e circo para o povo, do tempo dos romanos, transformou-se nas nossas ciberdemocracias em pão e televisão para o povo. Não alimento a luta de galos nem quem os promove... Este tipo de programas enferma, a meu ver, de um vício metodológico: sem informação e formação, sem investigação e conhecimento não se pode realizar debates sérios... É miserável que o jornalismo de investigação e de arquivo sobre a guerra do ultramar, guerra colonial ou guerra de libertação (ao gosto do freguês) só chegue à televisão pública 46 anos depois do 15 de Março de 1961 (no norte de Angola) e 33 anos depois dos últimos mortos e feridos em combate, de um lado e de outro, em 27 de Abril de 1974, na zona de Canquelifá (Zona Leste, Guiné)... Justamente quando a geração da guerra do ultramar, guerra colonial ou guerra de libertação (novamente ao gosto do freguês) está bater a bota, em Angola, em Moçambique, na Guiné, em Portugal... Ou já morreu, ou está a morrer, ou está a ver morrer os camaradas mais velhos, ou já se retirou da vida activa, ou anda a passear a sua solidão pelos bancos dos jardins das nossas tristes cidades, ou chora a perda dos verdes anos, ou anda deprimida e não sabe porquê... Quiseram matar a nossa memória, quiseram matar-nos em vida, simbolicamente, pelo silêncio, pelo esquecimento, pela segregação, pela vergonha, pela culpa, pelo medo...
Se temos alguma dívida ainda por saldar não é com a Pátria, é connosco e com os nossos filhos e netos, e essa dívida é a nossa obrigação de contar aos nossos contemporâneos e aos nossos vindouros que houve uma guerra, de 13 anos, muito longe da Pátria, em três territórios de África sob domínio português, e que NÓS ESTIVEMOS LÁ... E que como todas as guerras teve um princípio, meio e fim. E que a leitura dos acontecimentos não é nem nunca será pacífica. E que provavelmente nunca chegaremos a saber quem foram os vencidos e os vencedores, se é que alguém alguma vez ganhou uma guerra... Bom sono e bons sonhos, camarada David, que hoje tens que recuperar o sono perdido. L.G.
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Nota dos editores:
(1) Vd. página da RTP1 > Programa Prós e Contras, de Fátima Campos Ferreira.
Quarenta e seis anos depois do início da guerra…o debate!
Guerra Colonial!
Guerra do Ultramar!
Guerra de Libertação!
Diferentes olhares sobre o mesmo acontecimento!
O maior debate da televisão reúne testemunhos civis e militares.
Até que ponto a guerra mudou a sociedade portuguesa?
Que sequelas deixou?
O que significou ontem?
E hoje?
Prós e Contras, segunda-feira à noite, na RTP
Fonte: RTP (2007) (com a devida vénia...)
Guiné 63/74 - P2181: Álbum fotográfico do Hugo Costa (1): A mãe e os seus filhos, o direito à esperança (Bissau, Abril de 2006)
PS – Quero fazer um post com a foto e as tuas informações complementares… Pode ser que a foto chegue ao seu destino… Seria bonito, embora pouco provável… Em todo o caso, nunca digas nunca...
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Guiné 63774 - P2180: Blogpoesia (5): O vigésimo sexto aniversário de um gajo nada sério, Missirá, 6 de Novembro de 1970 (Jorge Cabral)
Querido Amigo!
Obrigado pela tua preocupação. Estou vivo, mas cada vez mais à margem deste tempo, no qual passámos de cidadãos a hiper-consumidores. Quem me dera voltar à minha Tabanca…
Pelos vistos, a fome deu em fartura. Teremos Guerra todos os dias (1). Oxalá, não se exagere. Por mim já tive a minha dose…
Escreveu-me um Camarada do Pelotão insurgindo-se contra este "consertador de catotas, engatatão de bajudas, anfitrião da putaria, oferente de soutiens, e pai de todos os meninos da Tabanca", dizendo para eu escrever "à séria". E, surpresa das surpresas, manda-me um Poema que eu fiz, no dia do meu vigésimo sexto aniversário. É este, que ora te envio. Garanti-lhe que estou reformado das bajudas e que não me tem aparecido nenhuma "catota" para consertar, embora pense não ter perdido o jeito…
Grande Abraço
P.S.: Conta com este gajo "nada sério", sexta-feira no Cinema (2).
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Aniversário
por Jorge Cabral
Vinte e seis ou Mil, conto pelos dedos
Os anos que vivi, eu não sonhei
Este tempo de angústia e de medos,
Que soletro e nunca sei.
Que Guerra é esta? Onde não estou!
Que rio aquele? Não cheira a Tejo!
Que combate? Combato, mas não sou.
E quando olho o espelho, não me vejo!
Aqui em Missirá, escravo e senhor
Invento-me. E guarda – prisioneiro
Bebo, fingindo em alegria, a Dor.
Hoje faço anos… e continuo inteiro.
Missirá, 6 de Nov. 1970
2. Comentário dos editores:
O Jorge Cabral foi Alferes Miliciano de Artilharia, comandante do Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, Sector L1 - Bambadinca, Zona Leste, 1969/71. É autor da série Estórias Cabralianas (3), cuja publicação no nosso blogue já vem do princípio de 2006. É preciso (re)ler estas estórias para se perceber o que o Jorge Cabral quer dizer quando diz que é um gajo nada sério... Não tomem isso à letra...
Jorge Cabral, hoje jurista e professor universitário, não é mais o mesmo Cabral que nós conhecemos em Fá Mandinga, Bambadinca e Missirá, entre 1969 e 1971... O slogan mais célebre da guerra no leste foi justamente o seu célebre grito de guerra, iconoclasta e provocador, típico de um homem do non-sense, de um actor do teatro do absurdo: Cabral, só há um, o de Missirá e mais nenhum!
Jorge Cabral, que as circunstâncias obrigaram a ser comandante de um pelotão de caçadores nativos e chefe de tabanca, malgré-lui - entre muitos outros papéis sociais - foi talvez aquele de nós, milicianos, que nunca se levou a sério... Acho que isso o ajudou muito a manter em equilíbrio dinâmico a sua saúde mental... Talvez um dia alguém o eleja como case study das técnicas de sobrevivência em teatro de guerra... (LG).
_______Notas dos editores.:
(1) Possível referência à série de documentários, A Guerra, que estreia amanhã, dia 16 de Outubro de 2007, na RTP1, às 21h00. Argumento: Joaquim Furtado. Sinopse Geral:
Moçambique…Angola…Guiné…Até onde nos levou a Guerra Colonial. Recorrendo a imagens de arquivo nunca antes vistas, esta é uma página da nossa história com muito por revelar.Mais de três décadas depois, Joaquim Furtado foi ao terreno ouvir os dois lados do conflito.Na primeira pessoa, o relato fiel dos acontecimentos.Os traumas que não se esquecem, as feridas físicas e psicológicas que teimam em não sarar. (Fonte: RTP 1).
(2) Temos encontro marcado na Culturgest, no edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, Rua Arco do Cego (vd. localização), para a estreia do filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, "As Duas Faces da Guerra", dia 19 de Outubro, às 23h, no Grande Auditório (cerca de 650 lugares)...
Quem quiser e puder chegar mais cedo, lá estarei à entrada da portaria ou no hall do Grande Auditório, por volta das 22 horas, para dois dedos de conversa... Há 15 convites para os amigos e camaradas da Guiné, por gentileza da co-realizadora Diana Andringa...
Além de mim, Luís Graça, e do Jorge Cabral, conto com mais alguns camaradas que já manifestaram a intenção de vir: o Mário Fitas, o Gabriel Gonçalves, o Luís R. Moreira, o José Martins, o Vitor Alves (ex-Fur Mil Vaguemestre da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/73, que vem de Santarém com mais amigos, prescindindo por isso do convite)... O Paulo Santiago também gostaria de poder vir, embora more longe (Águeda)... O Virgínio Briote prefere ir à sessão de 2ª feira, no Cinema Londres... O Humberto Reis, idem aspas, embora admita poder vir no dia 19. Contactem-me, se for necessário: Telemóvel > 93 281 0872. (LG)
(3) Vd. lista (re)ordenada das Estórias Cabralianas:
20 de Abril de 2007 > Guiné 63/7 4- P1682: Estórias cabralianas (1): A mulher do Major e o castigo do Alferes (Jorge Cabral)
23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1688: Estórias cabralianas (2): O rally turra (Jorge Cabral)
23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1689: Estórias cabralianas (3): O básico apaixonado (Jorge Cabral)
18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLVIII: Estórias cabralianas (4): o Jagudi de Barcelos.
23 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXV: Estórias cabralianas (5): Numa mão a espingarda, na outra...
13 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXIV: Estórias cabralianas (6): SEXA o CACO em Missirá
17 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXXIX: Estórias cabralianas (7): Alfero poi catota noba
13 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCC: Estórias cabralianas (8): Fá Mandinga no Conde Redondo ou o meu Amigo Travesti
20 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXVII: Estórias cabralianas (9): Má chegada, pior partida
3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P836: Estórias cabralianas (10): O soldado Nanque, meu assessor feiticeiro
4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto
20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor
28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1128: Estórias cabralianas (13): A Micá ou o stresse aviário (Jorge Cabral)
24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1313: Estórias cabralianas (14): Missirá: o apanhado do alferes que deitou fogo ao quartel (Jorge Cabral)
14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1344: Estórias cabralianas (15): Hortelão e talhante: a frustração do Amaral (Jorge Cabral)
14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1369: Estórias cabralianas (16): As bagas afrodisíacas do Sambaro e o estoicismo do Sousa
10 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1419: Estórias cabralianas (17): Tirem-me daqui, quero andar de comboio (Jorge Cabral)
26 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1463: Estórias cabralianas (18): O Dia de São Mamadu (Jorge Cabral)
18 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1534: Estórias cabralianas (19): O Zé Maria, o Filho, Madina/Belel e um tal Alferes Fanfarrão (Jorge Cabral)
0 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1679: Estórias cabralianas (20): Banquetes de Missirá: Porco turra e Vaca náufraga (Jorge Cabral)
24 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1696: Estórias cabralianas (21): O Amoroso Bando das Quatro em Missirá (Jorge Cabral)
12 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1752: Estórias cabralianas (22): Alfa, o fula alfacinha (Jorge Cabral)
5 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1816: Estórias cabralianas (23): Areia fina ou as conversas de Missirá (Jorge Cabral)
19 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1857: Estórias cabralianas (24): O meu momento de glória (Jorge Cabral)
29 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1900: Estórias cabralianas (25): Dois amores de guerra e uma declaração: Não sou pai dos 'piquinos Alferos Cabral' (Jorge Cabral)
27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2135: Estórias cabralianas (26): Guerra escatológica: o turra Boris Vian (Jorge Cabral)
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves)
Fado da Guiné > Vídeo: 2 m e 19 s > Alojado no You Tube > Nhabijoes > Letra do Joaquim Mexias Alves. Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia).
Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xitole > CART 3942 / BART 3873 > 1972 > O nosso autor e cantor Joaquim Mexia Alves...
Foto: © Álvaro Basto (2007). Direitos reservados (Do Álbum Guiné 74 > Camaradas, de Álvaro Basto, alojado em Photobucket.com, com a devida vénia...).
1. Em 18 de Agosto último, o Joaquim Mexia Alves fez-me uma agradável surpresa:
Caro Luis Graça
Mando-te, a ti somente, a letra que hoje me foi inspirada, num repente, para o fado que pediste [ no 2º encontro da nossa tertúlia, em Pombal, 28 de Abril de 2007] (1).
Tem uma música tradicional do Fado de Lisboa e por isso a métrica está à mesma adaptada. Claro que pode ser refeita, corrigida, etc.
Gostava de saber a tua opinião, por isso mesmo apenas mando para ti, pedindo que não divulgues para já.
Não sei se estás de férias e se por isso mesmo não tens acesso ao mail, mas não há pressas. Vou sair agora para a Mealhada para uma almoço com alguns elemento da minha companhia do Xitole.
O culpado és tu!!! Obrigado!!!
Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves
2. Depois de pequenas correcções da letra e de trocas de mensagens entre nós, em 12 de Outubro de 2007 o Joaquim Mexia Alves mandou-me uma gravação do seu Fado que, por minha sugestão, chamar-se-á apenas Fado da Guiné. Recorde-se que este nossoa amigo e camarada foi Alf Mil Op Esp e esteve na Guiné, entre Dezembro de 1971 e e Dezembro de 1973, tendo percorrido nada menos que três unidades (caso raro!): CART 3492 (Xitole), Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa). O seu talento de fadista também não passou despercebido na Guiné (2)
Caro Luis:
Aqui vai uma versão melhorada do Fado dos Ex-Combatentes da Guiné.
Deixo à tua consideração a imediata publicação do mesmo, ou guardá-lo para a presentação do livro do Beja Santos, (não sei se fará sentido), ou as duas coisas (3).
Uma coisa é certa, terás de ser tu, ou os teus adjuntos do blogue a colocarem no You Tube, ou onde quer que seja, pois eu não percebo nada disso (4).
Depois diz-me se recebeste e qual a decisão tomada.
Já foste visitar o novo blogue, Xitole (5) ?
Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves
3. Comentário de L.G.: Joaquim, se o culpado sou eu, então ficámos todos a ganhar... És um homem de grande sensibilidade e espírito solidário que a ti próprio te apresentas como (i) "Cristão e Católico, vivendo a espiritualidade do Renovamento Carismático Católico", (ii) pertencendo à "Comunidade Luz e Vida", (iii) "Pai e Avô" (babadíssimo...) e, last but not the least, (iv) "Português, sem dúvidas", com o "Serviço militar cumprido e comprido". Camarada da Guiné, não quiseste esquecer, não quiseste deixar esquecer todos os camaradas que contigo partilharam o melhor e o pior desse tempo e desse lugar que nos calhou em sorte, na nossa juventude. Obrigado por este Fado da Guiné.
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Fado da Guiné
Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)
Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.
Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)
Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.
Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)
Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.
Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)
Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,
Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)
Joaquim Mexia Alves
Monte Real,
18 de Agosto de 2007
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 1 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1717: Tertúlia: Encontro em Pombal (8): Ah, tigres! Ou uma dupla de fadistas (J.L. Vacas de Carvalho / J. Mexia Alves)
(2) Vd. post de 16 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1078: Estórias avulsas (2): Uma boleia 'by air' até Nova Lamego para uma noite de fados (Joaquim Mexia Alves)
(3) Vd. post de 27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2003: Blogoterapia (30): Mário, direi orgulhoso a quem ler o teu livro: Eu também comandei o 52 !!! ( Joaquim Mexia Alves)
(4) Um especial agradecimento é devido ao Gabriel Gonçalves (6), e a um dos seus filhos que fez a conversão da gravação do ficheiro áudio, enviada pelo J. Mexia Alves, e a colocou no You Tube. Os ficheiros em formato.wav não podem ser carregados directamente no You Tube, que só aloja vídeos. De resto, já não há muito espaço na Net para ficheiros áudio... Foi também o Gabriel que identificou a música, com sendo o Fado Primavera, da autoria de Pedro Rodrigues. Obrigado, mais uma vez, ao nosso arcanjo Gabriel... Só quem não conhece este alfacinha, é que dirá que ele é uma caixa de surpresas...
(5) O novo blogue é apresentado nestes termos:
"Ponto de encontro para partilhar histórias, experiências, vivências e documentos, (seja eles quais forem), de todos aqueles e aquelas que passaram pelo Xitole, seja em que altura e por quanto tempo tenha sido. Espaço de viver a camaradagem que nos uniu e ainda une".
Para já a animação deste novo espaço (que o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné saúda com muito afecto e camaradagem), está a cargo da malta da CART 3492 / BART 3873 (1971/74). Para além do J. Mexia Alves (Monte Real / Leiria), o Artur Soares (Figueira da Foz), o Álvaro Basto (Leça do Balio / Matosinhos), mas também o David Guimarães (Espinho), este da CART 2716 / BART 2917 (1970/72) e um dos mais antigo dos nossos tertulianos e outro tocador de viola.
(6) Vd. post de 3 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2150: O Hino de Gandembel, cantado pelo GG [Gabriel Gonçalves], o baladeiro da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)
domingo, 14 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2178: Efemérides (6): 24 de Setembro de 1973... Quo Vadis, querida Guiné ? (António Rosinha / Leopoldo Amado)
Guiné-Bissau > Abril de 2006 > Canjambari > Restos de antigo aquartelamento das NT > "Em África a vida não se fez / Para os que nada fazem".
Guíné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Anúncio publicitário: Guinetel Rede Móvel: Aproximamos os guineenses"
Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Peças do Museu Nacional de Etnologia
Guiné-Bissau > Mansoa > Abril de 2006 > As velhas profissões que subsistem, 33 anos depois da independência
Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > O direito à esperança
Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Bissau, a capital de um Estado que é um caso perdido ? Fazemos votos para que os/as guineenses não desistam de lutar pelo seu direito ao futuro...
Fotos: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados.
O nosso amigo António Rosinha, que foi Furriel Miliciano em Angola (1961) e, como civil, topógrafo da TECNIL (Guiné-Bissau, 1979/84) (1):
1. Mensagem do António Rosinha, a propósito de mais um aniversário da independência da Guiné-Bissau, no passado dia 24 de Setembro, e que no essencial nos vem dizer que a Guiné-Bissau, de hoje, já nada tem a ver com a Guiné do tempo da guerra do ultramar / guerra colonial / guerra de libertação (uma taxinomia que a RTP agora também usa, mas que paga direitos de autor: de facto, teremos sido nós, aqui, no blogue, a usar o trinómio, porque a guerra quando nasce é para todos, os que luta pela independência, os que são contra a guerra e a política colonial e, por fim, os que acreditam estar a defender a Pátria, que vai do Minho a Timor...):
Passou o aniversário da cerimónia da independência da Guiné na Madina do Boé (2), e a tertúlia não teve oportunidade de ter conhecimento das comemorações e dos respectivos discursos referentes à efeméride.
Será que não seria possível, com o relacionamento que já existe com os tertulianos guineenses, obter relatos da imprensa e da comunicação social local, como decorreu o dia e os respectivos discursos?
Esta seria uma maneira, tambem, de pressenstir uma realidade da terra e das pessoas que por mais anos que passem, nunca sairão do consciente e subconsciente durante a nossa existência.
Tenhamos em conta que a maioria de nós sabe que existiu uma terra, e umas gentes, mas que já pouco têm a ver com a Guiné actual.
Exceptuando, a paisagem, que pouco mudou.
Um abraço
António Rosinha
2. Reprodução, com a devida vénia, da crónica semanal do nosso querido amigo, o historiador Leopoldo Amado, na sua página Leopoldo: Diário (6 de Outubro de 2007)... É,. para todos nós, amigos e camaradas da Guiné mais uma prov(oc)ação... Será que a Guiné-Bissau está à beira de tornar-se um narco-Estado e, pior ainda, de ser um caso absolutamente perdido ? Evitamos, ao máximo, na nossa Tabanca Grande, imiscuirmo-nos nos assuntos internos dos nossos irmãos guineenses mas não podemos ficar indeferentes ao que se lá passa, desde a independência... Fazmeos figas, por outro lado, para que as nuvens negras que pairam sobre a Guiné-Bissau se dissipem... Que os nossos maigos guineenses têm direito à esperança e a ver cumprido o sonho de Amílcar Cabral
O FANTASMA DOS "LOST CASES"
por Leopoldo Amado
A actual noção de "Estados falhados”, na qual se inclui a Guiné-Bissau, não é nova. Porém, no contexto colonial e da guerra-fria, tanto as análises dos grandes centros de decisão mundial como a dos grandes centros de difusão massiva se limitavam a interpretar os problemas dos países periféricos como sendo “por procuração”.
Bem entendido, o conceito de “Estados falhados” era nessa altura inexistente, pois à escala mundial, afinava-se o diapasão dos problemas vários do planeta na perspectiva da dualidade que então comportava a partilha de influência geoestratégica entre os Estados Unidos de América e a ex-União Soviética, as duas únicas superpotências da altura em torno das quais gravitava tudo e o resto, mesmo as legítimas lutas de libertação como a nossa, ocorridas aqui e acolá, um pouco por todo o mundo.
Ora, de lá para cá é quase unânime a constatação de que os “Estados falhados”, a par do terrorismo e da proliferação de armamento de destruição maciça, são uma ameaça à paz mundial, se bem que, à semelhança do que acontece nas chamadas regiões periféricas do mundo, a situação geral da Guiné-Bissau não mudou muito, não obstante nas análises dos centros de decisão mundial e dos correspondentes centros de difusão massiva ser notório o facto de que a designação “por procuração” apenas ceder lugar ao epíteto “Estados falhado”.
Ora, esta mudança conceptual não correspondeu a uma hipotética melhoria do nível de vida nos países pobres, antes pelo contrário, é em si demonstrativo de que, para lá do mal que grassa nos países periféricos, com o seu cortejo de défices de gestão pública e de auto-capacidade de governação, existe igualmente, à escala planetária, algo de pernicioso no sistema mundial vigente, designadamente, nos termos de trocas comerciais e na redistribuição da riqueza, tudo isto, convenhamo-nos, apesar das ténues oportunidades que, no contexto capitalista, a globalização ainda assim oferece aos mais fracos.
Com efeito, e porque em termos de opções políticas e de política económica de nada valerá combater o capitalismo na presente conjuntura mundial, injustíssima que seja, é neste contexto que a Guiné-Bissau deverá apostar fortemente para tirar proveito das suas vantagens competitivas, que as possui, magras que sejam, à semelhança do que vem sendo feito com relativo êxito nalguns países com trajectórias históricas e políticas semelhantes.
Do mesmo modo, de nada serve também a opção política por panaceias como a que na Guiné-Bissau estabeleceu o primado do “puro fidjo di tchon [*]” sobre todas as premências, de resto, postura essa eivada de uma atroz visão retrógrada, aliás, a qual subjaz um pretenso discurso apologético de regresso às raízes genuinamente guineenses, mas que a todos os títulos se afigura também pernicioso, redutor, ilusório, para além de populista e altamente lesivo aos esforços de estabilização política, do estabelecimento de um Estado de Direito e do desenvolvimento.
Nesse sentido, parece ter alguma razão José Pacheco Pereira quando diz que “ (...) na Guiné-Bissau, nem vale a pena pensar, porque se tornou inabitável. É talvez a única parte do império que pensamos que perdeu as cores verde-rubras e voltou a dissolver-se no negro de África, na África não recomendável em que não entramos. Nunca pensamos Angola e Moçambique só como África, mas a Guiné é África de vez, ou seja, é-nos indiferente (…) [**]”.
Assim, parece pois poder concluir-se que não somos apenas um “Estado falhado” por força da transmudação que o conceito sofreu nas esferas de decisão mundiais ou porque nos rankings mundiais nos posicionamos na cauda de tudo ou quase tudo, mas certamente porque o quisemos deliberadamente, pois continuamos ingénuos a acreditar que podemos facilmente continuar a enganar os bailleurs de fonds a nos financiarem isto e aqueloutro, sem ao menos nos darmos ao trabalho de traçar as directrizes da internacionalização e do desenvolvimento no actual contexto, como se a corrupção e o narcotráfico possuíssem todas as virtualidades mágicas para resolver a panóplia de problemas próprios de uma sociedade desmembrada e em que vivemos paredes-meias com a intolerância e com o egotismo, em suma, um ambiente de autêntico salve-se quem puder.
Efectivamente, num momento em que as ténues possibilidades da globalização apresentam oportunidades únicas, sobretudo através da aposta em novas tecnologia de comunicação e informação, não se entende como é que o Estado da Guiné-Bissau logrou vender a sua ciber-identidade a uma empresa multinacional, ou seja, o seu domínio GW, podendo o mesmo dizer-se relativamente a um ou dois assentos importantes junto da CEDEAO alienados pelo Estado guineense em favor do Senegal (a troco de dinheiro, é evidente!), como se ao país faltassem cabeças pensantes para se compreender que muito do que se possa potenciar-se positivamente passa, neste era da globalização, por acertados posicionamentos político-diplomático no âmbito das relações internacionais, ou seja, pela maior ou menor capacidade de persuasão e de dissuasão no plano externo.
Sintomaticamente, há uns dois anos, a Revista Foreign Affairs e o Fund for Peace estabeleceram uma lista dos 60 países que, pelas suas características, se podiam considerar preencherem os critérios de “Estados falhados”. Curiosamente, nesta lista onde Moçambique e Angola se posicionam em 42º e 43º, respectivamente, a Guiné-Bissau simplesmente não consta. E não consta não por mérito próprio e nem por lapso, mas porque no conjunto da comunidade internacional desenha-se no horizonte uma forte tendência, senão para uma nova transmudação do conceito de “Estados falhados”, pelo menos para a criação de uma nova subcategoria denominada lost cases (casos perdidos), de resto, fantasma esse que, de algum tempo a esta parte, quer queiramos quer não, paira tristemente sobre a Guiné-Bissau e os guineenses.
Leopoldo Amado
(Crónica de Sábado)
Notas de L.A.:
[*] – Puro filho da terra, tradução não literal.
[**] – Cf. http://catacrese.blogspot.com/2006_06_01_archive.html
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Notas dos editores:
(1) Vd. post de 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1327: Blogoterapia (7): Furriel Miliciano em Angola, em 1961; topógrafo da TECNIL, em Bissau, em 1979 (António Rosinha)
(2) 1973 - Ainda sob administração portuguesa, a Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, eleita em 1972, reúne-se em Madina do Boé, território libertado, proclamando a independência do país, a 24 de Septembro e elegendo Luís Cabral, meio-irmão de Amílcar Cabral, Presidente do Conselho de Estado.