quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9249: À margem da história oficial ou oficiosa (1): Revolta, em Guidaje, da martirizada CCAÇ 19 (Manuel Marinho, 1ª C/BCAÇ 4512; José Martins, CCAÇ 5)


Guidaje > Maio de 1973 >A caminho de Guidaje, os comandos da 38ª CCmds deparam-se com um espectáculo macabro... Cadávares de combatentes das NT e do IN abandonados, na sequência da batalha de Guidaje... Nesta imagem, brutal embora de má qualidade, vê-se dois  cadáveres de elementos das NT (provavelmente da CCAÇ 19), perto da bolanha do Cufeu.


 Foto: © Amílcar Mendes (2006). Todos os direitos reservados




1. Comentário, com data de 18 do corrente, ao poste P6612 (*),

A história aqui contada tem alguma falta de informação.

Era eu o comandante da Companhia [, a 1ª C/BCAÇ 4512,] e tinha vindo a Lisboa. Quando cheguei, e regressei, a 27 de Julho [de 1974], deparei-me com uma situação explosiva.


Estive cercado com os meus alferes e furriéis durante dois dias. Até que os soldados da CCaç [19] me deram um prazo para falarem com um capitão dos Comandos Africanos. Se isso não acontecesse até às 15 horas, eles fuzilar-me-iam na parada.

Chegou um helicóptero às 13h, com um capitão dos Comandos Africanos. Se bem me lembro, era o Cap Sisseco, acompanhado de um Major do Estado Maior.

Os soldados africanos, quando souberam que tinham que sair em Agosto [de 1974], não aceitaram e acharam que nós tinhamos sido uns traidores. Depois da minha ida a Bissau, chamado pelo Comandante Chefe [Brigadeiro] Fabião, conseguiu-se que eles recebessem o pré até fins de Dezembro. 


2. Comentário de José Marcelino Martins, nosso colaborador permanente (*):




O autor do comentário efectuado às 12h03 esqueceu-se de se identificar. No entanto, pelo texto deduzo ser o Capitão Miliciano de Infantaria Francisco da Silva Oliveira. Era bom confirmar esta informação. 



O Capitão Sisseco... seria o Ten Graduado Comando Adriano Sisseco, que foi um dos comandantes da 2ª CCmds Africanos ?!


Quanto aos pagamentos a efectuar aos militares africanos... estavam consignados no artigo 24º do Anexo ao Acordo de Argel, assinado em 26 de Agosto de 1974. Previa-se o pagamento do pré [dos militares africanos] até ao final do ano de 1974. 


Porém, não foi nesta data que o mesmo foi acordado. Teria de vir de reuniões anteriores, uma vez que, na CCaç 5 (Canjadude), desactivada em 24 de Agosto (antes da assinatura do Acordo), o Comandante na altura pagou esses valores aos seus subordinados africanos, tendo para tal de deslocar-se a Bissau o seu 1º Sargento para proceder ao levantamento da verba necessária e proceder ao transporte da mesma.


Renovo que os meus votos de que o subscritor do comentário a que me refiro, além de se identificar, nos faculte mais elementos sobre este período que não está muito documentado "oficialmente".


Também me permito convidá-lo para integrar esta Tabanca, onde todos partilhamos as nossas memórias daquela terra que "odiámos" e, posteriormente, a adoptamos como nossa.

3. Comentário do editor:

Segundo informação adicional do J.M., este Cap Oliveira comandava a 1º CCAÇ do BCAÇ 4512/72. A CCaç 19, presume ele, era comandada na altura pelo Cap Mil Inf António Eduardo Gouveia Carvalho. A CCAÇ 19 foi extinta em Agosto de 1974, como todas as demais companhias africanas.



É contra as normas do nosso blogue aceitarmos comentários anónimos e, menos ainda, darmos visibilidade (e legitimidade), através de um poste, ao anonimato. Abrimos aqui uma exceção, dada o excecional interesse do testemunho, lacónico, mas seguramente autêntico, do comandante da 1ª C/BCAÇ 4512/72. São histórias "à margem da história oficial ou oficiosa". Ora, precisamos de interrogar o silêncio dos arquivos da história da guerra colonial. E já não temos muito tempo para recolher testemunhos dos protagonistas dos acontecimentos.


Reforço o convite do meu camarada José Martins (também ele um homem que lidou, tal como eu, com soldados do recrutamento local) para que o ex-Cap Mil Inf Francisco da Silva Oliveira se junte a este já numeroso grupo de camaradas da Guiné quie lutam para que a memória não se apague


 Boa saúde e longa para o nosso camarada Oliveira. Saudações natalícias.


_________________ 


Nota do editor:

(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 – P6612: Estórias avulsas (89): Guidaje em revolta após Abril (Manuel Marinho)



(...) Manuel Marinho (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), dá-nos conta de um momento de tensão em Guidaje, já depois do 25 de Abril, resolvido à custa do regresso da sua Unidade ao local onde jamais pensariam voltar (...)


(...)  Em finais de Julho, (ou princípios de Agosto) recebemos ordens para levantar novamente o armamento, para fazer face a uma insubordinação que acontecia em Guidaje, onde o nosso Gr Comb estava como que refém dos camaradas africanos que estavam relutantes na entrega do seu armamento, face à falta de garantias mínimas que não existiam para eles.


A apreensão tomou conta de nosso pessoal que de imediato quis saber em que consistia a nossa ida a Guidaje, e a nossa recusa terminante em tomarmos alguma medida que pusesse em causa camaradas nossos, o pessoal militar africano de Guidaje [ a CCAÇ 19,]teria que resolver o problema já que nada poderíamos fazer, e em nada contribuíramos para a situação criada.


A operação consistia em se utilizar os meios necessários incluindo a força (confrontação armada?) para que os revoltosos entregassem as suas armas a fim de permitir a entrega pacífica do aquartelamento ao PAIGC.


Na fronteira do Senegal estavam forças do PAIGC, atentas ao evoluir da situação, e a pressionar com a sua presença os revoltosos. Lá seguimos mais uma vez para Guidaje, novamente armados e a querer parecer que os ecos de Abril ali não tinham chegado, a minha HK-21 voltou às minhas mãos depois de me ter “despedido” dela, parecia que o “divórcio” amigável não se queria consumar.


Avançamos pela estrada que tinha sido construída e durante a deslocação fomos confrontados com uma viatura militar vinda de Guidaje com dois soldados africanos (Comandos?), a ordem era para não deixar passar ninguém, mas depois da paragem da viatura e de breve diálogo, nada questionaram e voltaram para trás.


Estávamos assim numa situação que além de perigosa, não deixava de ser bizarra e irónica, a “alinhar” com o PAIGC para desarmar camaradas africanos que tinham combatido a nosso lado.


Ao entrarmos no quartel, somos rodeados de Milícias e Militares da CCaç 19 que nos insultam e nos culpam pela situação existente, chamando-nos f… da p… e traidores entre outros “mimos”, e muito exaltados,  culpando-nos da situação existente.


Antes de lá irmos já nos tinham alertado para a calma que teríamos de ter para resolver a questão e levar a bom termo com a máxima persuasão possível a questão da entrega do armamento por parte das forças de Guidaje, embora a tensão existente não fosse a mais favorável.


Embora o conhecimento mútuo das nossas Ccaç  pudesse ajudar, foi complicado e teve que haver muito discernimento, e muitas conversas isoladas com este e aquele mais exaltado, já no interior do quartel, e evitando qualquer sinal de animosidade.


Entre as nossas 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512 e a CCAÇ 19, apenas havia ocorrido um episódio menos agradável entre Grupos de Combate de ambos os lados em Binta depois de uma coluna, mas tinha sido um caso pontual, embora tenso para ambos os lados.


É evidente que não se vislumbrava o PAIGC embora eles já tivessem tido encontros bilaterais com a  CCAÇ 19, pelo menos a nível superior, mas alguma coisa tinha corrido mal, e nós teríamos de ajudar a sanar o problema, agora era connosco, era caso para citar o velho ditado, 'quem vier atrás que feche a porta'. (...)


Não sei o que foi tratado a nível superior, mas a deposição das armas,  por parte da tropa africana existente em Guidaje, foi conseguida, mas fiquei sempre com a triste imagem dum camarada africano perfeitamente fora de si olhando para nós e gritando-nos na cara que éramos traidores. (...)

Guiné 63/74 - P9248: In Memoriam (101): Faleceu o Capitão Eurico de Deus Corvacho (CART 1613, Guileje, 1966/68) (Eurico Corvacho, filho)


1. Este poste destina-se a informar todos os Homens que serviram sob as ordens do então Capitão Eurico de Deus Corvacho, que dele guardam as melhores recordações e a todos os restantes Camaradas que se solidarizaram em acompanhar a evolução das notícias sobre o seu melindroso estado de saúde, que recebemos as seguintes tristes mensagens do seu filho. 


Eurico Corvalho comandou a CART 1613, "Os Lenços Verdes" (Guileje, 1966/68). 

O capitão Corvacho e os seus homens no regresso de mais uma operação
Caros Amigos,
Apenas uma linha para o informar de que o nosso Coronel baixou a guarda.
Estou em Luanda e ainda não sei mais detalhes, sei que faleceu hoje (dia 21) pelas 20:00 no IASFA em Oeiras.
Agradeço passa a palavra pelo seu blogue a todos os companheiros de armas.
Um abraço
Eurico Corvacho
GSM +351 917 250 371
+244 923 589 738
Skype eurico.corvacho

Bom dia,
Para conhecimento, o meu pai estará amanhã, dia 23, em câmara ardente na igreja da Estrela. A missa será pelas 12h00 e seguirá para o cemitério do Alto de S. João cerca das 13h00 e ali será cremado às 14h00.
Um Abraço
Eurico Corvacho



Camaradas do meu pai,
De acordo com o que eu e a minha mãe aqui escrevemos ontem [, comentário de hoje, 22, deixado às 11h, no Poste P6520,] , venho fornecer as informações sobre o velório e o funeral. Ambos realizar-se-ão na Basílica da Estrela, sendo que o velório é hoje a partir das 6h30 e o funeral amanhã [, dia 23,] às 12h, sendo que depois se seguirá para a cremação.

Eduardo de Melo Corvacho  
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Nota de M.R.:


Vd. Também o último poste desta série em:

15 DE DEZEMBRO DE 2011 > Guiné 63/74 - P9205: In Memoriam (100): O pessoal da CAÇ 1686 do BCAÇ 1912 está de luto (Aires Ferreira) 

Guiné 63/74 - P9247: Em busca de ... (177): Procuro camaradas da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872, Cancolim, 1971/74 (Manuel Moura, Fur Mil, 2ª CCAÇ/BCAÇ 4518, Jan/Set 1974)


 
1. O nosso Camarada Manuel Moura, ex-Fur Mil AP da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4518 – Cancolim -, 1974, enviou-nos por e-mail o seguinte pedido:

Olá,

Sou o ex-Fur Mil AP Manuel Moura, da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4518, que esteve em CANCOLIM desde final de Janeiro de 1974 até ao início de Setembro desse mesmo ano.

Gostava, se possível, de poder contactar alguém, via e-mail, da companhia que fomos render, que penso ter sido a CCAÇ 3489 do BCAÇ 3872.

Atentamente,
Manuel Moura


Fur Mil AP Manuel Moura
2ª CCAÇ/BCAÇ 4518

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:

Camarada Manuel Moura, o único camarada da unidade por ti indicada (CCAÇ 3489 do BCAÇ 3872 - Cancolim -, 1971/74), que pertence a esta nossa tertúlia virtual é o Rui Baptista, que foi Fur Mil At Inf. O seu e-mail é: ruimbaptista@netcabo.pt

Em contrapartida, não temos ninguém do teu batalhão, o BCAÇ 4518. É uma boa ocasião para ficares connosco, integrares a nossa Tabanca Grande e contar-nos as tuas peripécias em Cancolim, nos últimos meses da guerra.


Vd. Também o último poste desta série em:


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9246: O meu Natal no mato (39): Mejo, 1- Guileje, 0 (José Brás)

1. Comentário, ao poste P9238, escrito por José Brás (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68),


Nem sei,[, Torcato,]  se sinto tudo o que sugerem a tuas palavras para além delas próprias.


Ainda assim, eu que fiz o primeiro Natal [, em 1966], no Paraíso que era Aldeia Formosa, onde havia cozinha e refeitório, duas messes, bar, comer que chegava, indo a Buba buscá-lo,com carnes e tudo no comércio com os locais; eu, gerente das messes que me aventurava por aqueles caminhos entre Aldeia e Xitole nesse comércio de trocar sal petróleo, açúcar, lata de leite, por cabrito, galinhas, ovos, e até leitões, caprichando na cozinha e na mesa, chegado o primeiro Natal, pensei que ali chegava também o Pai, sem farpela pesada mas bem carregado.

O pior foi o Medjo, [em 1967,] sem nada disso e com muito da outra comida indigesta que chegava de Salancaur, de Xim-xi-dari, do corredor [da morte ] e não nos deixava dormir 10 minutos seguidos nessa noite que devia ser de bacalhau e fora de plicas de macaco com aquela verdura liofilizada. Ainda assim, deu para ir dois dias depois a Guileje, sete quilómetros danados, para uma jogatana com a tropa local.

O Pai Natal jogou do nosso lado porque não tivemos maus encontros no caminho e ganhámos um zero com um golo meu,  se a memória não me atraiçoa já.

Mas, ler-te, é ainda o melhor de tudo, porque nesse tempo de crença exageradamente materialista, nem acreditava em Pais Natais.

Abraço

José Brás
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9238: O meu Natal no mato (38): Mansambo, 1968: O Pai Natal não passou por lá ! (Torcato Mendonça)

Guiné 63/74 - P9245: Agenda cultural (180): RTP1, hoje, 4ª f, 21, às 21h: Programa Linha da Frente: Histórias de quem combateu...A RTP mostrou a alguns ex-combatentes do Ultramar, pela primeira vez, as suas mensagens de Natal, Adeus, até ao meu regresso!...


N/M Ana Malfada > Abril de 1970 > Malta da CART 2410 >  Legenda do fotógrafo: "Porão do Ana Mafalda. Assim viajaram os soldados"...


Foto (e legenda): © José Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Sugestão para o serão desta noite:


RTP 1 > 4ª Feira, 21, às 21h>  Programa Linha da Frente > Histórias de Quem Combateu




A  RTP mostrou a alguns ex-combatentes do Ultramar, pela primeira vez,  as mensagens que enviaram às famílias...


Histórias de quem combateu


Sinopse:  "Há 50 anos, mandaram-nos lutar pela pátria em África. Nos intervalos da guerra, mandavam,  por altura do Natal, mensagens para a família. Breves palavras ditas à pressa, em tom monocórdico, que ficaram no imaginário nacional. ['Adeus, até ao meu regresso']...


"Mais de oito mil não tiveram essa sorte. E os outros? Que fizeram no regresso e que fizeram com esse regresso? Que vão fazendo ainda? 


"O país mudou, a guerra de África mudou-lhes a vida e a RTP mostrou,  a alguns ex-combatentes do Ultramar, pela primeira vez,  as mensagens que enviaram às famílias. Histórias de quem combateu na LINHA da FRENTE.


"Reportagem de Elsa Marujo, com imagem de Ricardo Mota e edição de António Nunes".


Sobre este tema, ver também, no nosso blogue, a série Os Nossos Regressos.
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Nota do editor:


17 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9221: Agenda cultural (179): Descerramento de placa toponímica em Ponta Delgada, em homenagem aos combatentes caídos em campanha, dia 19 de Dezembro pelas 16 horas (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P9244: Em busca de ... (176): Pedido de informação sobre o ex-Cap SGE Adelino António Gomes, natural de Viana do Castelo; comandou a CCS/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74) (Armando Impôm & Francisco Grosso, CESPA / José Martins)


 Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCAÇ 15 > 1973 > Ponte sobre o Rio Mansoa.

Foto (e legenda): © Joaquim Mexia Alves (2008). Direitos reservados


A. Mensagem do nosso leitor Francisco Grosso, da empresa CESPA:


Data: 20 de Dezembro de 2011 16:35

Assunto: Pedido de informação sobre o Sr. Cap SGE Adelino António Gomes, de Viana do Castelo

Boa tarde

Ex.mo Sr.

Serve o presente mail para lhe solicitar uma informação. Sendo responsável de exploração para a empresa identificada [, CESPA], giro contratos e pessoas, entre as quais se encontra um colaborador nosso, de nome Armando Impôm, natural da Guiné Bissau.


Este colaborador, após conversa, pediu-me se eventualmente poderia ajudá-lo a encontrar uma pessoa que lhe era muito querida. Não possui internet e está temporáriamente em Portugal por motivos pessoais com uma filha sua. 

Após me ter dado algumas referências sobre a pessoa que pretende encontrar, fiz uma pesquisa e encontrei o seu blog, para o qual eu dou desde já os meus parabéns. 

A pessoa em causa é o Sr. Cap SGE Adelino António Gomes, natural de ou com residência em Viana do Castelo, segundo o Sr. Armando. São estes os dados disponíveis. Referiu ainda que viveu com este senhor até aos 14 anos de idade na Guiné, antes da partida do Sr. capitão para Portugal, o qual o ajudou e queria que viesse com ele para Portugal. A família opôs-se e o contacto foi interrompido para sempre. 

De volta a Portugal por motivos pessoais e a trabalhar para a nossa empresa, o Sr. Armando Impôm gostaria de saber algo sobre o Sr. capitão ou sobre a sua família. 

Em nome dele peço-lhe alguma informação caso seja possível. Devo referir que o nome dele aparece referenciado no seu blogue. 

Os nossos agradecimentos. 

Com os melhores cumprimentos.

Francisco Grosso
Responsável de Exploração
francisco.grosso@cespa.es
CESPA
Av. Severiano Falcão, Edifício Ambiente, Lote 2 - 1.º
2685-378 Prior Velho
T.: +351 217542030
Fax: +351 217542039
www.cespa.pt



B. Informações recolhidas pelo nosso blogue, através do nosso colaborador permanente José Martins, sempre solícito, prestável, eficiente e eficaz,  a quem se pediu que pusesse "os seus detectives em marcha", e que nos  respondeu de pronto, no mesmo dia:



Caro Luis, os meus detectives informam:


1 - Um Capitão SGE [, Serviços Gerais do Exército,] só poderia ser Comandante de uma CCS [, Companhia de Comando e Serviços,] ou então, prestar serviço no QG, em Bissau. Porém, este camarada de armas, Adelino António Gomes, foi o Comandante da CCS do BCAÇ 4612/72 (, mobilizado pelo RI 16 - Évora), que esteve em Mansoa, desde 28 de novembro de 1972 até 21 de agosto de 1974, tendo embarcado [, de regresso à metrópole,]  em 27 de setembro de 1974.


Eis aqui a lista com os nomes dos Comandantes de Companhia do BCAÇ 4612/72:

CCS: Cap SGE Adelino António Gomes
1ª Comp: Cap Mil Cav João António Dias Pereira
2ª Comp: Cap Mil Cav Álvaro Almada Contreiras
3ª Comp: Cap Mil Inf João Manuel de Matos e Silva Mendonça; Cap Art José Manuel Salgado Martins; Cap Mil Inf Fernando Correia da Silva Cardoso.


2- Apesar de pertencerem às companhias operacionais, pertenceram a esse batalhão os tertuluianos Agostinho Gaspar e o Jorge Canhão, que escreveu sobre o batalhão, no blogue. Talvez eles tenham contactos. [Ambos pertenceram à 3ª C/BCAÇ 4612/72, e estiveram uma boa parte do tempo em Mansoa; mas há mais camaradas nossos que estiveram em Mansoa, nesse tempo, como por exemplo o Joaquim Mexia Alves].


3. Outro contacto possível pode ser Liga dos Cambatentes, núcleo de Viana do Vastelo:


Presidente: Joaquim da Rocha Martins
Secretário:  Manuel Meira da Silva
Tesoureiro:  José Casimiro Jácome Martins, Tenente-coronel
1º. Vogal: Luís Jorge de Araújo Gandra
2º. Vogal: José Agilberto Barreiros Branco
1º. Vogal Suplente: Manuel Martins Borlido Laranjo, Dr.
2º. Vogal Suplente: Salviano Pereira de Pinho Vitoriano, Dr. 


Morada: Rua de S. Pedro, 39 - 1.º
Localidade: 4900-538 VIANA DO CASTELO
Telefone: 258 827 705 


4 - Contactar também as Juntas de Freguesia do concelho.


5 - Porém, permito-me alertar para que, quando foi mobilizado, já devia rondar os 40 anos, ou mais, pelo que hoje deverá ter os 80, caso ainda o tenhamos entre nós. (E oxalá que sim, com um abraço para ele, se nos estiver a ler).


Desta forma, desejo bons êxitos não só ao "nosso miúdo" Armando Impôm, como ao Francisco Grosso que se interessou pelo caso. 


Um abraço. José Martins
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Nota do editor:


(*) Último poste da série >  1 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8977: Em busca de ... (175): 1.º Cabo Corneteiro Albino da CCAÇ 3326, Mampatá, 1971/72 (José Barros Rocha)

Guiné 63/74 - P9243: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (32): Havia lavadeiras e... lavadeiras: o caso das minhas duas irmãs (Cherno Baldé)

1. Comentário do Cherno Baldé ao poste P9226:

Assunto - Lavadeiras e lavadeiras...

Eu tive duas irmãs,  lavadeiras, filhas do meu tio,  com carácter e comportamentos bem diferentes.

A mais nova era muito esquisita, secreta, escorregadia, não gostava que ninguém (dos mais pequenos) lhe seguisse os passos e não dava boleia para entrar no quartel com sentinela à porta de armas. Não posso confirmar, mas entre nós, ela era suspeita de andar a fazer maquinações e prestar serviços extras aos seus patrões brancos, do tipo "lava tudo". Felizmente nada aconteceu de pior.

A mais velha e, também, mais bonita era a nossa preferida, pois nunca se aventurava dentro do quartel sem a nossa companhia e, ainda mais, levava sempre consigo, nas costas, uma criança emprestada de propósito para o momento. Quando entrava, nós também entravamos atrás dela, senão nada feito, e as sentinelas já a conheciam de sobra, não gostavam dela mas também não lhe podiam obstruir a entrada.

Seguíamos directamente para a caserna dos Furriéis. Sem cerimónias, e dentro dos quartos, a nossa missão era ficar junto da nossa protegida e gritar caso fosse necessário. Os patrões olhavam para nós com olhos de espantar crianças. As vezes, na vontade de nos afastar um pouco, havia quem nos oferecesse um pedaço de pão ou uma lata de conserva. Mas mesmo um pouco distanciados pelo engodo, ainda ouvíamos a voz inconformada da nossa irmã resistindo às apalpadelas:
- Dixa Furriel, dixa! Djubi mininu tchora!... (Deixa, Furriel, olha a criança a chorar).

Ela era, frequentemente, despedida por um e logo contratada por outro e invariavelmente eram Furriéis.


Era estranho esse comportamento das minhas irmãs, porquanto nas noites de luar, em grupos de idades,  cantariam louvando essas aventuras com os Furriéis em ritmos e letras herdadas de outras idades e de outros tempos:

"Capiton-ho Doktor-ho!
Firiel-ho pingarram-me!"


(O Capitão pode ser o chefão
mas é o Furriel que me injecta a agulha/seringa).

E não é que os Furriéis tinham mesmo jeito com as agulhas?! Dos filhos deixados na minha terra, mais da metade seriam de Furriéis.

Muito obrigado à Maria Dulcineia por esta homenagem bem merecida às lavadeiras de todos os tempos e de todos os lugares. 


Um abraço natalício a todos,
Cherno Baldé


2. Comentário de Maria Dulcinea (NI)  (*)


 Amigo Cherno Baldé

Li o seu comentário com muita atenção, aliás li todos os comentários e desde já agradeço as palavras simpáticas que todos escreveram. No entanto queria comentar as palavras do Cherno e lhe dizer que,  quando li o seu artigo no P9085 "Memórias do Chico",  e em que publica a foto da sua mãe,  eu senti uma ternura imensa por ela, pois que aquilo que você descreve é precisamente o modo de vida que admirei nas mulheres da Guiné da altura com todas as dificuldades inerentes de um país em guerra, mas em que as pessoas se adaptaram tanto à presença constante dos militares como à sua constante rotação, pois que os militares ora estavam nas localidades, oram iam embora para a Metópole ou outros locais de serviço.


Em relação às suas irmãs serem "assediadas", eu considero que é uma situação triste, mas sem querer arranjar desculpas para esses actos dos militares, reconheço que era mais uma das situações provocadas pela estúpida situação em que os nossos Homens foram,  ao serem mandados para um território desconhecido sem terem tido um mínimo de formação sobre os usos e costumes das Gentes da Guiné.

Sei que os militares que foram para Companhias Africanas tiveram alguma formação de "Acção Psicológica" antes de ingressarem nas CCAÇ Africanas. Como disse e sem querer "branquear" maus comportamentos de alguns Homens,  eu tenho a certeza que hoje a maioria carrega as suas "culpas" e que valoriza de certeza todas as mulheres da Guiné tal como tem sido aqui comentado.

Cherno Baldé,  não estou aqui a ajuizar qualquer tipo de comportamento, estou isso sim a agradecer as suas palavras e a desejar uma vez mais um Santo Natal, a si, à sua Mãe, às mulheres da Guiné e a todos os tertulianos e TERTULIANAS desta Tabanca que,  como me diz o meu marido,  são uns tipos ainda "muito malucos" mas que é tão bom ter alguém que escreva, comente, ralhe... Quer queiram ou não, estão todos ligados uns aos outros pelo mesmo "cordão umbilical" que foi a GUINÉ.

Um beijinho para todos e Bom Natal


Maria Dulcineia (Ni)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9226: Memória dos lugares (167): As nossas lavadeiras da Guiné, a nossa Amélia de Bissorã (Maria Dulcinea)

(**) Último poste da série > 23 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9085: Memórias do Chico, menino e moço (31): A minha Mãe Cadi representa a mãe africana em particular e as mães de todos nós em geral (Cherno Baldé)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9242: Blogues da nossa blogosfera (48): O sítio do Ministério da Defesa Nacional: Encerramento, pela ADFA, da evocação dos 50 anos do início da guerra colonial...


Folha do sítio do Ministério da Defesa Nacional, à data de hoje, 20 de dezembro de 2011, 19h00.


1. Destaque para a notícia sobre o encerramento, pela ADFA,  da evocação dos 50 anos do Início da Guerra Colonial... Se não fora esta cerimónia, a efeméride ("os 50 anos do início da Guerra Colonial") passaria completamente à margem do Ministério da Defesa Nacional...

(...) 19.12.2011 - A Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) assinalou, no dia 19 de Dezembro, o Encerramento da Evocação dos 50 anos do Início da Guerra Colonial e celebrou o 3. º Aniversário da Atribuição da Ordem da Liberdade, numa Sessão Solene que teve lugar na sede desta Instituição, em Lisboa, pelas 15h30.

A cerimónia foi presidida pelo Ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco e contou com as presenças do Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Paulo Braga Lino, do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, Luís Araújo, do Presidente da Direcção Nacional da ADFA, José Arruda, e do Professor Doutor Eduardo Lourenço.

Após uma apresentação de boas vindas, conduzida por José Arruda, Eduardo Lourenço proferiu uma alocução evocativa dos 50 anos do Início da Guerra, relembrando este “momento doloroso e de complexidade”, “particularmente dramático” da história portuguesa. Dissertando sobre os conceitos de colonização, colonialismo, império e imperialismo, o ensaísta referiu-se aos acontecimentos de 1961 como “uma tragédia” que alguns “escreveram no seu corpo, até hoje”, relembrando ainda “os heróis sacrificados dessa aventura imperial”. (...)

O Ministro da Defesa Nacional, por sua vez, iniciou a sua intervenção relembrando o 6 de Setembro (dia em que recebeu em audiência a ADFA) e anunciando a sua deslocação aos Teatros de Operações das Forças Nacionais Destacadas, nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro, em solidariedade para com os militares portugueses.

Prosseguiu com uma saudação ao Professor Eduardo Lourenço, pela atribuição recente do Prémio Fernando Pessoa, e referiu-se à Guerra Colonial como “um dos conflitos mais longos do último século e que arrastou centenas de milhares de homens”. Acerca da “vergonha da guerra”, em que “vivemos mal com as razões que nos levaram para África”, Aguiar-Branco considera que é necessário fazer “a paz com a história” e que o papel da ADFA, “neste processo, tem sido essencial”.

O discurso do Ministro está aqui disponível em formato pdf.


 Eis um excerto das suas decalarações:

(...) Encerramos hoje a evocação dos 50 anos do início da  Guerra Colonial. Poucos factos foram tão relevantes na história de um país, ou de um povo, como a Guerra  Colonial.

E olhando com a distância que a história permite, os  números parecem ainda mais marcantes. Mais impressivos.  Treze anos de guerra, a meio mundo de distância. Foi um  dos conflitos mais longos do último século e que arrastou centenas de milhares de homens. Centenas de milhares de  portugueses.

A verdade é que neste nosso pacato e sereno país poucas pessoas não têm uma história de guerra.  Poucas pessoas não têm um ex-combatente nas suas  famílias. Alguém que sabe manejar uma arma.  A verdade é que este Portugal, sereno e pacato, foi um  dos países mais militarizados do Mundo. Tudo isto a menos  de uma geração de distância.

A guerra, que hoje evocamos, marcou muito mais do que  uma geração. Marcou o país que somos. Politica, social e  economicamente.  Até a própria democracia está intimamente ligada a este  conflito. E nesse sentido, somos todos muito mais filhos da Guerra Colonial do que estamos dispostos a admitir. 

 É por isso extraordinário ou não, que seja a ADFA, a organização que mais se empenhou em evocar os cinquentas anos da guerra colonial.  Não foram as Universidades por interesse sobre este  período histórico. Não foi sequer o Estado por interesse  sobre a sua própria responsabilidade. Foram os deficientes das Forças Armadas que uma vez  mais garantiram que esta página da nossa história não fosse rasgada ou votada ao esquecimento.

Com razão ou sem razão, a verdade é que temos vergonha  da guerra. Vivemos mal com as razões que nos levaram para África. Vivemos mal com o que lá se passou e consequentemente com quem por lá passou.

Percebo, por isso, este esforço da Associação dos  Deficientes das Forças Armadas. A guerra acabou há 37 anos. Mas falta a outra paz. A paz  com a história.  E o papel da ADFA, neste processo, tem sido essencial. Nesta procura da paz com a história e com a qual também se constrói a democracia.

Ou como oportunamente o manifesto da Associação  lembra, a ADFA é também um capitão de Abril. A sua perseverança ao serviço dos combatentes, muitas  vezes contra a própria inércia do Estado exige, todos os dias, que estes homens não sejam esquecidos. (...).

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8982: Blogues da nossa blogosfera (47): Ilha do Como, do Valentim Oliveira (CCAV 489 / BCAV 490, 1963/65)

Guiné 63/74 - P9241: Recortes de imprensa (54): No DN, declarações do Ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, na Associação dos Deficientes das Forças Armadas: Temos que fazer a paz com a História

Com a devida vénia ao DN - Diário de Notícias, transcrevemos declarações do actual Ministro da Defesa, proferidas na ADFA durante uma cerimónia evocativa dos 50 anos da Guerra Colonial.



O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, afirmou hoje que Portugal "vive mal" com o tema da Guerra Colonial e defendeu que 37 anos depois do fim do conflito é preciso "fazer a paz com a História".

Por Lusa (Ontem)

"Com razão ou sem razão, a verdade é que parece que temos vergonha da guerra. Vivemos mal com as razões que nos levaram para África, vivemos mal com o que lá se passou e consequentemente com quem por lá passou", disse Aguiar-Branco.

O ministro, que discursava numa cerimónia na Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) de evocação dos 50 anos do início da Guerra Colonial, considerou ser responsabilidade do seu ministério "fazer a paz com a História" e assegurou que irá pessoalmente "conduzir o processo" e que nos próximos quatro anos tudo fará "para que isso seja possível".

"Somos todos muito mais filhos da Guerra Colonial do que estamos dispostos a admitir", continuou, apontando a ADFA como "a organização que mais se empenhou em evocar os cinquenta anos da Guerra Colonial". Aguiar-Branco considerou que "a perseverança" desta associação "ao serviço dos combatentes, muitas vezes com a própria inércia do Estado, exige, todos os dias, que estes homens não sejam esquecidos".

O ministro da Defesa defendeu ainda que "a manutenção da isenção das taxas moderadoras e a manutenção dos subsídios aos deficientes das Forças Armadas" é "uma questão de Justiça" e que "o contrário seria sempre imoral".

Já aos jornalistas, no final da cerimónia e depois de ter sido descerrada uma placa evocativa, afirmou que a valorização do papel Forças Armadas na Guerra Colonial se faz realçando o que a instituição "significou no nascimento da nossa democracia" e reconciliando "esse período com os exemplos vivos". Aguiar-Branco reforçou que "serão sempre prioritárias as medidas que puderem ir ao encontro da reparação que estes portugueses merecem". [...]
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9159: Recortes de imprensa (53): Em, A Semana - Opinião, África no tempo das belas Signares, de Arsénio Fermino Pina (Nelson Herbert)

Guiné 63/74 - P9240: Tabanca Grande (312): João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil (1964/66)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano João Gabriel Sacôto Martins Fernandes* (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), com data de 6 de Dezembro de 2011:

Caro Luis:
Eis-me a colaborar no, em boa hora criado BLOGUE TABANCA GRANDE, (espero estar à altura do expectável); então, cá vai:

Integrada no BCAÇ 619, a minha CCAÇ 617 embarcou para a Guiné em 8 de Janeiro de 1964 no NM Quanza.

NM Quanza
As devidas vénias a Navios no Sapo

A acção da CCAÇ 617 foi a de Companhia de intervenção do Batalhão e ficou por isso sediada em Catió, tendo realizado várias operações naquele sector, nomeadamente na Ilha do Como, Cufar, Cabedu, Bedanda e Tombali. Nas várias operações, ao longo de 18 meses, teve a Companhia, a preciosa colaboração do Fula, Capitão Comando João Bacar Jaló e dos seus valorosos militares, alguns dos quais, à semelhança da tropa metropolitana, também deram a sua vida ao serviço de Portugal, incluindo o próprio Comandante João Bacar que, ainda em vida recebeu uma das mais altas condecorações portuguesas e que aqui mostro, fotografado em Lisboa na minha casa por altura de um 10 de Junho quando foi agraciado pelo Presidente da República. com a Medalha de Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito, Cruz de Guerra (2ª e 4ª classes) e mais tarde, Medalha do Ouro de Serviços Distintos, com Palma (a titulo póstumo).

Com o Comandante da CCAÇ 617 Marques Alexandre e João Bacar Jaló no Cahil em 1965

Tabanca do Ilhéu de Infanda

Com o Comandante João Bacar Jaló em Lisboa em 1970


2. Comentário de CV:

Caro camarada João Sacôto, não me vou repetir porque o essencial disse-te no Poste 9199* onde se dá a notícia do teu primeiro contacto.

Sendo tu um ex-combatente da primeira metade da década de 60 e daqueles que palmilharam o difícil chão do sul da Guiné logo tendo experiências diferentes dos que fizeram a guerra mais para o fim e mais para norte, depositamos em ti as maiores expectativas para nos contares como viveste aqueles tempos bem difíceis com privações de toda a ordem. Já passou muito tempo, mas sabemos que há situações que nos marcaram de tal modo que jamais as esqueceremos. Se quiseres, podes partilhá-las connosco.

A partir de hoje, contigo, somos 532 tertulianos. Cabe-me em nome dos outros 531 enviar-te um abraço de boas vindas.

Ficamos por aqui ao teu dispor, esperando as tuas fotos e textos.

Porque a época assim o exige, em nome da tertúlia desejo-te Boas Festas e um Novo Ano cheio de venturas, em contraste com as desventuras que nos prometem. Os nossos votos são extensivos à tua família e amigos mais próximos como é óbvio.

Pelos editores
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

- Foto do navio Quanza - A devida vénia a Navios no Sapo

- Crachá da CCAÇ 617 - A devida vénia ao camarada Carlos Coutinho

(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9199: O Nosso Livro de Visitas (119): João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)

Vd. último poste da série de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9198: Tabanca Grande (311): Adriano Lopes dos Santos Neto, ex-Fur Mil da CART 3521 (Piche) e CCAÇ 11 (Paunca), 1971/74

Guiné 63/74 - P9239: O nosso blogue em números (29): Opinião sobre o novo visual



1. Sondagem sobre o novo visual do blogue, que se realizou, em linha, de 7 a 12 do corrente (7 dias úteis). Responderam 121 leitores... Grosso modo, as opiniões podem reduzir-se  a três grandes grupos:

(i) Opinião muito favorável (n=48) (39.7%)

(ii) Opinião favorável (n=55) (45.4)

(iiii) Opinião desfavorável ou muito desfavorável (n=18) (14.9)




O novo visual do nosso blogue que não mudava... desde 1 de Junho de 2006!... Ou seja, desde o início da II Série, poste nº 825... Irra!, conservadores, vá lá, mas tanto, não!...

Há oito mil e tal postes atrás (este é o P9239), escrevíamos o seguinte, como desculpa para a mudança de instalações:

(...) Por razões de espaço e de tráfego, tivemos que mudar de instalações. O nosso senhorio, o Blogger.com, só nos dá 300 MB para alojar o nosso álbum de fotografias, o que é pouco para tanta gente. De facto, ao fim de um ano já estamos na casa da centena de amigos & camaradas.


O blogue passa a chamar-se simplesmente Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando continuidade ao Blogue-fora-nada. Continuará a ser o sítio (virtual) onde nos encontramos, sempre que quisermos e pudermos. É um blogue colectivo que tem por missão ajudar a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial (ou do ultramar, ou de libertação, como queiram) na Guiné, nos anos quentes de 1963 a 1974. (...)

... Feitas as contas (desde 23 de Abril de 2004), vamos a caminho de  completar em breve a quarta comissão!
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Guiné 63/74 - P9238: O meu Natal no mato (38): Mansambo, 1968: O Pai Natal não passou por lá ! (Torcato Mendonça)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo < CART 2338 (1968/69) > Fotos falantes II > Mansambo no tempo das chuvas


1. Em mensagem do dia 16 de Dezembro de 2011, o nosso camarada Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69), fala-nos do seu Natal de 1968 no mato.


Natal de 68


O primeiro ano de Comissão estava quase desgastado.
O Natal de 68 aproximava-se. Todos sentiam e tentavam afastar a nostalgia, as saudades da família e dos amigos a intrometer-se demasiado e perigosamente no seu quotidiano.


A 23 [de dezembro de 1968] fizeram, parte deles, mais uma Operação a Biro/Galoiel. Uns tiros trocados sem vontade, a fuga do IN e regressaram depois da destruição dos objectivos.


No dia seguinte os olhares trocavam-se de forma diferente. A tristeza não podia interferir na segurança e todos o sabiam. Necessário era a redobrada atenção nestes dias, ditos de Festa mas diferentes ali.


Natal. A noite de Natal a nada a dizer que o era, salvo um jantar com bacalhau liofilizado, uma conversa mais animada, uma tristeza mais contida.


Por segurança, por falta de instalações adequadas não se podiam juntar todos. Distribuíam-se então pelos oito abrigos/caserna, oito casamatas meio enterradas, meio levantadas onde todos viviam.


Rostos duros, secos, a atenção ali e o pensamento a, de quando em vez, dali sair para o seu País, as suas Terras, a família, os amigos e demais entes queridos que, certamente em sentido inverso para eles enviavam seus pensamentos.


Ali estavam eles naquele aquartelamento perdido no meio do nada. Mansambo,  que eles tornaram um lugar habitável para fazerem a guerra. Para mais nada aquilo servia.
Comiam e bebiam, uns em silêncio, outros falando e disfarçando o que sentiam. De quando em vez um levantava-se e ia ter com um camarada seu conterrâneo ou apanhar ar e, talvez, nessa curta viagem, olhasse o céu estrelado e enviasse abraços e um beijo para os entes queridos. Talvez os entes queridos o mesmo fizessem e essas manifestações de carinho e amor, no meio do oceano ou do deserto que os separavam, enlaçavam-se e uma lágrima caía então. Como seria bom as deles já terem secado.


Eram jovens, muito jovens e muito mais do que cem e ali estavam em sereno convívio nesta nova família. Tentavam sorrir e sentirem um pouco, só um pouco que era noite de Natal.


Só que o Pai Natal não passou por lá.


Mansambo Natal/68



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo < CART 2338 (1968/69) > Fotos falantes II > "Rei, Rodrigues e Sousa e seus Rapazes"…

2. Adenda do autor:

Uma breve legenda nas Fotos:



(i) podem ver-se as óptimas condições de vida naquele aquartelamento;

(ii) se fosse hoje certamente seria visitado por Alta Individualidade;

(iii) os graduados do 2º Grupo da Cart 2339 - o alferes e os três furriéis: um furriel foi para os Comandos e substituído; o outro ficou, a partir da Lança Afiada Afiada [, Março de 1969], em Bissau, a tirar estilhaços; fFicou só o Fur Rei, na ultima foto com os seus rapazes;  gente óptima, uma saudade e o melhor para eles;

(iv) o alferes era uma Besta;  suficientemente deformado nesse tempo para, pelo Natal, se ter limitado a enviar um pensamento para o seu País e ter voltado ao trabalho (Seria assim? Creio que sim. Conheci-o).


Certo, certo é que estes Militares sentiram negativamente, a maioria deles, o terem ali passado esse Natal.

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados
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Notas de CV:


(*) Vd. poste de 8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9011: Memória dos lugares (161): O cais do Xime e a solidão do Rio Geba... (Torcato Mendonça)


Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9233: O meu Natal no mato (37): Canchungo, CAOP1, Natal de 1972, com visita a correr do gen Spínola: “Info Vexa Sexa segue na mexa” (António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P9237: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (47): O fugitivo

1. Mensagem do nosso camarada Luís Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 16 de Dezembro de 2011:

Amigo Carlos Vinhal
Cá vai um apontamento de “Viagem…” mais uma vez vivido na primeira pessoa e que traduz em certas situações o despoletar de comportamentos humanos por vezes potencialmente perigosos.
Como já sabes, publicarás se achares com um mínimo de interesse.

Aproveito para desejar a todos um BOM NATAL
Um Abraço
Luís Faria


Viagem à volta das minhas memórias (47)

O fugitivo

Se bem me recordo, poucas para não dizer raríssimas, foram as vezes em que estive escalado para serviço do dia, durante a minha passagem pela Guiné. Talvez pela antiguidade ou por a actividade operacional não o permitir. Já não sei!

Uma dessas excepções aconteceu em Bula onde estive de Sargento de Dia ou da Guarda. Creio que de Dia, já também não recordo, o que não tem importância alguma hoje mas poderia ter tido à época, deixando de ser recordação de uma passagem hoje chistosa, para mim e talvez para quem se possa recordar dela.

Nessas funções chega-se a hora do jantar e dirijo-me para o refeitório dos Praças, exercendo uma das minhas atribuições. A noite é escura, o refeitório está cheio com o Pessoal do Batalhão e vou cirandando por lá! A janta decorria com a algazarra normal e em ordem até que de repente se ouve, vindo do exterior próximo mergulhado na noite, algo do género: ”O fdp do turra fugiu…”

O sossego acabou. Havia na verdade um (pelo menos) prisioneiro turra na cadeia e ao que se ouviu tinha tido o desplante e arte de se pirar da “pildra” mesmo ali quase ao lado!

Alguns Rapazes saem a terreno em penumbra e ao avistarem um vulto começam-se a ouvir os incentivos do género “está ali… é ele, vai p´ro arame… agarra que ele foge… apanha o cabrão…”,  fazendo com que esses alguns se transforme de imediato numa mole de seguidores que em atropelo abandonam o refeitório para o lado pouco iluminado adjacente, sem dar tempo a nada.

Toda aquela massa humana, incendiada por estes apelos corre no escuro atrás do vulto avistado, que com algum avanço começou a parecer voar.

Saio do refeitório para o lado da parada, talvez para procurar informação do que se estava a passar, também já não recordo. Recordo isso sim, de momentos depois ver o perseguido logo seguido do maralhal a sair das sombras por detrás do dormitório (?) em direcção ao local onde eu estava. Saquei a pistola e grito-lhe ordem de parar, apostado em o deter antes que ele fugisse ou o maralhal lhe deitasse a mão.

O homem ofegante pára à minha beira, a rapaziada também e à luz constata-se o erro que poderia ter trazido consequências graves e irreversíveis. Não era senão um Soldado (?) ou Milícia (?)!!

Alguém tinha avistado uma silhueta na escuridão a sair das imediações da prisão e julgando ser o “turra” gritou o alerta. Por sua vez a silhueta ao ouvir e ao ver o maralhal começar a ir na sua direcção, em vez de parar, assustou-se e deu às de “viladiogo” ganhando asas nos pés e na certa “borrado de medo “(imaginem!), só parando à minha ordem e junto a mim.

Ainda bem que esta passagem pode ser recordada hoje com certa piada, por mim ou por outros que nela tenham sido actores, ou até por quem consiga imaginar a cena e o cagaço que deve ter apanhado o “fujão”. Talvez até, quem sabe, ele venha a ler isto e nos possa contar de viva voz o que sentiu!

Luís Faria
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9147: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (46): A velhice em Bula

Guiné 63/74 - P9236: Parabéns a você (356): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 e CCAÇ 11 (Guiné, 1972/74)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9230: Parabéns a você (355): Humberto Reis, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Guiné 1969/71 e João Melo, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAV 8351/72, Guiné, 1972/74

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9235: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (2): Miniautocarro civil detona mina anticarro em Encheia



1. Em mensagem do dia 16 de Dezembro de 2011 o nosso camarada Carlos Rios (ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66), enviou-nos o segundo fragmento da sua passagem pela tropa.




FRAGMENTOS DA MINHA PASSAGEM PELA TROPA (2)

MINIAUTOCARRO CIVIL DETONA MINA ANTICARRO EM ENCHEIA

Algum tempo após estes graves incidentes, fui confrontado com o reactivar de uma realidade já sublimada pelo tempo e que me reactivou os sentidos de terror, pequenez e impotência ao enfrentar um inimigo invisível e tremendo: as minas.

Encontrando-me com alguns camaradas, de entre os quais estava o meu amigo J.M. Bastos, na esplanada do clube os Balantas, vestido eu à civil, (ainda me lembro da vestimenta - de calções de caqui e uma camisa de seda multicolorida, ao bom estilo africano, e uns mocassins), estava pinoca o saloio, quando ouvimos um grande rebentamento para os lados de Encheia. De imediato corremos ao quartel. Tal como estava, pus o cinturão em que tinha sempre para além das cartucheiras, quatro granadas, pegando na G3, material que sempre mantinha pendurado à cabeceira da cama, pedindo ainda a entrega de um dilagrama, e montados os diversos pelotões em viaturas, dirigimo-nos para a estrada de Encheia.

O quadro com que nos deparámos foi aterrador. Sendo aquela picada, junto da qual haviam diversas tabancas consideradas “controladas”, uma carrinha (mini-autocarro) vinha com alguma frequência de Bissau até junto da cambança para Encheia, transportando população e toda uma parafernalha de utensílios para a localidade e para as já referidas tabancas. Nesta viagem e a pouco menos de 500 metros do local onde habitualmente parava, pisou uma mina, que explodindo desfez literalmente a viatura, espalhando pelas redondezas mortos e feridos, um horror incomensurável, de tal maneira que o Zé Manuel Bastos e o seu Grupo tiveram que recolher para cima de um Unimog, corpos e pedaços dos mesmos chegando em alguns casos a haver membros decepados e esquartejados, de tal modo que não se sabia a quem pertenciam. Uma vez feito este pungente e dramático trabalho, lá seguiu o calmo e sensível J.M. Bastos e o seu Grupo com a macabra carga, sanguinolenta a tal ponto que escorria para o chão, sozinhos no Unimog para Bissau, vindo ainda já dentro da cidade a ser mandado parar pala PM. O desenlace foi um imberbe e sobranceiro alferes ficar tremelicando e sem voz na beira da Avenid , acabando o Bastos a sua missão.

Paradas as viaturas e tendo entretanto o meu Grupo intervindo por ali nas tabancas e arredores, enquanto outro grupo procedia à picagem da estrada, a população fugiu em massa para uma pequena mata pegada com uma bolanha onde cultivavam arroz, sendo que ainda fomos fustigados de longe ao que reagimos de imediato saltando eu para dentro da bolanha e disparando o dilagrama para dentro da mata, o que provocou um absoluto silêncio mantendo-me no mesmo local donde só saí (lá ficaram os meus queridos mocassins) quando a população, creio que se terá julgado entre dois fogos, começou a caminhar no nosso sentido. Na frente um encorpado gentio vestia uma camisola onde no peito era bem visível o emblema da Mocidade Portuguesa. Entretanto o pessoal que procedia à picagem do resto do troço viria a encontrar poucos metros depois de onde tínhamos parado outra mina que desmontaram e levantaram.

O contacto com esta atroz tragédia, demolidora do mais forte controlo de um ser humano, os diversos acontecimentos sub-sequentes incluindo a visão do elemento com a camisola referida fizeram despoletar em mim uma crise de nervos que me fez dizer e praticar todos os desmandos possíveis e que só no dia seguinte, já praticamente recuperado, a guerra continuava e eu era tido como preponderante no meu Grupo, vim a saber.

Mandei com a arma fora… desatando em completa convulsão a gritar “podia ser o meu irmão” maldita guerra, etc, etc..
Valeu-me o perspicaz e desembaraçado Rui, que pegando em mim ordenou a um condutor que me conduzisse de imediato ao Quartel o que ele acatou de bom grado mas clamando eu ainda que queria levar a mina.

E lá foi aquela boa alma sozinho ao volante de um camião Mercedes, com um maluquinho sentado ao seu lado com uma mina de cinco quilos de trotil ao colo. Chegados ao Quartel o meu bom amigo Carolino,(infelizmente já falecido, na sua terra - Marinha Grande), já de seringa em riste injectou-me uma mistela que só me deixou acordar no dia seguinte, tornando-se assunto motivo de conversas dichotes e conselhos assizados que puseram tudo no lugar.
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 11 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9179: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (1): Saída para o mato em noite de tempestade