Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Carta de Buruntuma (escala 1/50 000)> 1957 > Detalhe > A estrada, a vermelho, que se vê no mapa, atarvessava todo o leste, desde o Xime, Bambadinca, Bafatá, até Nova Lamego, Piche e Buruntuma (na fronteira com a República da Guiné-Bissau). O aquartelamento (e povoação) de Buruntuma foi ocupado pelo PAIGC em 5 de julho de 1974.
1. Escreveu Luís Graça em comentário ao poste P9499:
(...) "O caso de Buruntuma merece um poste com destaque para a destemperada atuação do comandante da Frente Leste, o antigo futebolista Bobo Keita (ou Queta), de que já aqui falámos diversas vezes, a propósito do livro de Norberto Tavares de Carvalho ("De campo em campo: conversas com comandante Bobo Keita", edição de autor, 2011).
"O Bobo Keita tinha feito parte da delegação do PAIGC, na 1ª ronda de negociações de paz, em Argel... Depois de Argel, regressou à Frente Leste. E deve-lhe ter subido à cabeça a mania do protagonismo...
"Aqui, no leste, foi claramente 'mais papista que o Papa'", passando a perna à direção política do PAIGC. Foi ele quem teve a iniciativa de (i) colocar barragens para controlos dos nossos veículos militares, nas estradas do leste, (ii) forçar a desocupação do quartel de Buruntuma... para além de (iii) ter resolvido, através do terror (3 fuzilamentos e diversas prisões), um conflito em Paunca com mílicias (ou não seriam antes os militares da CCAÇ 11 ?)...
"Ele próprio reconheceu, antes de morrer, na altura em que foi entrevistado para o livro, que a chantagem feita aos tugas de Buruntuma era mero bluff, que não era sua intenção atacar nenhum quartel...
"A verdade é que este homem podia ter originado uma tragédia de consequências imprevisíveis e incalculáveis... A sua atitude de fanfarrão obrigou à intervenção pessoal do Fabião e do Juvêncio Gomes (delegado do PAIGC em Bissau)...
"Veja-se o seu depoimento nas pp. 222 e segs."
2. Disse o cor cav Carlos Matos Gomes:
(...) "Pois. Porque Buruntuma era o pior sítio da Guiné. Aliás, quando lá esteve o general Schultz, Buruntuma era o 'cu de judas' da Guiné. É no vértice superior direito do [mapa] e era, de facto, um buraco infecto onde os soldados deviam pedir aos inimigos para os mandarem embora. [Apartes sobre Buruntuma e a sua localização] ".
[In: Arquivo de História Social. [Em Linha] ICS -Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2011. Estudos Gerais da Arrábida: A descolonização portuguesa: Painel dedicado à Guiné (29 de Agosto de 1995). Depoimentos do General Mateus da Silva, Coronel Matos Gomes, José Manuel Barroso e Coronel Florindo Morais. [Consultado em 18 de fevereiro de 2012]. Disponível em http://www.ahs-descolonizacao.ics.ul.pt/docs/guine_1995_08_29.pdf ]
Não sei, nunca lá estive. Mas ouvi dizer, ouvi contar histórias... Eu estava na outra ponta da zona leste. E como a Guiné era pequena, 36 mil quilómetros quadrados, 8 mil de água, 28 mil de terra!... (Ou não era assim tão pequena quanto isso ?!). Não, nunca fui a Buruntuma.
Procurei na Net. Encontrei, no nosso blogue, o nosso camarada Luís Guerreiro, ex-Fur Mil, emigrado no Canadá, que andou um mês por terras de Buruntuma com o seu Pel Caç Nat 65, "Os Leões Negros", no 1º trimestre de 1970... E de Buruntuma tenho aqui uma foto dele, junto à capela, ao pau da bandeira e aos monumentos das companhias que por lá passaram... É pena que seja em formato pequeno, e portanto tenha fraquíssima resolução...
Na Net, e num blogue de família, encontrámos duas fotos de 1973: são de um camarada que vive no Porto, Manuel Cortez Lopes. Espero que ele, e o editor do blogue, não levem a mal a reprodução das imagens... É por uma boa causa. E, por outro lado, talvez alguém se lembre deste camarada, que pertence à família Cortez..
Manuel Cortez Lopes, Buruntuma, 14 de Junho de 1973 ("ao fundo, a República da Guiné Conakri")
[In: Blogue Família Cortez > 15 de fevereiro de 2011 > Manel, 1973. Reproduzido com a devida vénia...]
Quem também passou por Buruntuma, mas nos primórdios da guerra, em 1962, foi o nosso camarada Alberto Nascimento. É um dos velhinhos do nosso blogue, ainda do tempo da Mauser e do caqui amarelo...
Que estas imagens, e estas referências, despertem ao menos a curiosidade e a vontade de mais camaradas, enriquecendo o nosso arquivo de memórias sobre este topónimo... Buruntuma era mesmo no "cu de Judas" ? (LG)
Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Buruntuma > CCAÇ 84 > Fevereiro ou Março de 1962 > "Na zona dos Bucurés, a malta da companhia, com a G3"Foto (e legenda(: © Alberto Nascimento (2008). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:
Último poste da série > 8 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9459: Memória dos lugares (175): Gadamael em 1969 (Luís Guerreiro)