terça-feira, 28 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11644: Quem dirigiu os destinos da Guiné (1/3): A descoberta da Guiné e de Cabo Verde; Governadores de Cabo Verde; Capitães-Mores e Governadores; Capitania-Mor do Cacheu e Capitania-Mor de Bissau (José Martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2013:

Caríssimos amigos
Em anexo podem encontrar um trabalho sobre quem dirigiu os destinos da Guiné. Inicialmente eram os Governadores de Cabo Verde e, posteriormente com a separação dos dois territórios, passaram a ser Governadores da Guiné.
O trabalho tem, em estilo de introito, uma passagem da carta de Gomos Eanes de Azurara. Depois um resumo sobre o descobrimento da Guiné e de Cabo Verde, seguida da lista dos governadores, resultante do cruzamento de várias fontes que, apesar de abreviada, tenta narrar factos ocorridos na governação de cada um deles.
Sempre que algum facto alterasse a forma de governação, é introduzido um texto sobre esse facto,datando e especificando o que se pretendia com esse facto, terminando com o Acordo de Argel, documento que estabelece o fim da dominação portuguesa naquelas paragens.
Quanto a imagens, seria o ideal colocar a gravura ou foto de cada uma das personalidades referidas, mas a tal não nos abalançamos.
Juntamos um outro anexo, em que são reproduzidas gravuras de mapas de diversas épocas, dando assim liberdade ao editor, não só de dividir o texto de forma a adapta-lo ao blogue, assim como introduzir, não só gravuras que agora enviamos, mas também a utilizar outras que ache mais oportuno para ilustrar o texto.

Como sempre, a opção de publicação, pertence aos editores.

Um abraço
Zé Martins
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"Mas, Senhor. Depois que o tive, conheci que errara em me entremeter no que bem não sabia, porque a fracos membros ligeira carga parece grande. Porém, senhor, esforçando-me com aquela vontade que aos bons servidores as coisas graves faz parecer ligeiras e boas de acabar, trabalhei-me de lhe dar fim o melhor que pude – ainda que eu vos confesso que em não o fazer não pus tamanha diligência como devera, por outras ocupações que, no prosseguimento da obra, se me recrescerem."

Extracto da “Carta [escrita em Lisboa em 23 de Fevereiro de 1453] que Gomes Eanes de Azurara, Comendador da Ordem de Cristo, escreveu ao Senhor Rei, quando lhe enviou este livro.”

In “Crónica dos Feitos da Guiné”

Mapa antigo da Guiné e Bijagós 
© Capa do livro “História da Guiné” de João Barreto


QUEM DIRIGIU OS DESTINOS DA GUINÉ

A DESCOBERTA DA GUINÉ E DE CABO VERDE

Acerca da descoberta da Guiné, dos textos consultados, apesar das datas se reportarem ao ano de 1446, encontramos duas personalidades a quem pode ser atribuída a sua descoberta:

• Álvaro [ou António] Fernandes, era sobrinho de João Gonçalves Zarco. Na expedição que partiu, sob o comando de Zarco para a África Ocidental em 1445, Fernandes teve o comando de uma caravela, tendo chegado, pelo menos, ao rio Senegal. Voltou aquelas paragens, no ano de 1446, chegando às vizinhanças de Conacri. Em 1461, perto da Serra Leoa, teve um ferimento, causado por uma seta envenenada, obrigando-o a regressar a Portugal.

• Nuno Tristão, Cavaleiro da Casa do Infante, em cuja Câmara foi criado desde menino, foi, nas palavras de Gomes Eanes de Azurara, “o primeiro fidalgo que viu terra de negros”. Chegou a cerca de 320 Kms do cabo Verde, ao rio do Ouro, onde foi morto pelos gentios, tendo esse rio passado a chamar-se Rio do Tristão. Sobre a descoberta do arquipélago de Cabo Verde, existem várias versões mas, dado tratar-se de um arquipélago, poderá haver alguma base que as sustente. No entanto qualquer das versões regista que, as ilhas, se encontravam desabitadas:

• Uma das fontes aponta para que a descoberta das ilhas tivessem começado em 1445, entre 1 e 3 de Maio, pelas ilhas de Boa Vista, Sal, Santiago e Fogo. A mesma fonte refere que, não é de desprezar a hipótese o ano de 1460, apontando a data de 1 de Maio desse ano, com a descoberta das ilhas de Maio, Santiago e Fogo, começando o seu povoamento em 1462, com casais de gentios trazidos da Guiné. Não indica quem fez a descoberta.

• Outra fonte indica que Diogo Gomes, que foi moço na Câmara do Infante D. Henrique, no ano de 1456, navegava pela costa da Guiné na busca de informações sobre o negócio do ouro, poderá no regresso ter encontrado uma ou mais ilhas do arquipélago, reclamando o feito para si e para António da Noli, não indicando as ilhas encontradas,

• Também António da Noli, provavelmente originário da cidade italiana de Noli, com treino em náutica, adquirido na Republica de Génova e exilado em Portugal, teria sido contratado como Capitão pelo Infante D. Henrique para trabalhos de exploração na costa africana. Terá descoberto algumas ilhas do arquipélago, durante essas viagens exploratórias, que estão referidas em cartas de doação datadas de 3 de Dezembro de 1460 e outra de 19 de Setembro de 1462. Foi Capitão Donatário entre 1460 e 1496 na Vila de Ribeira Grande, na Ilha de Santiago. Há fontes que referem António da Noli como António Usodimare.

• Outra fonte refere que Alvise Cadamosto, também mencionado como Alvide de Cá da Mosto ou Luís Cadamosto, acompanhado por Usodimare (António da Noli) voltou à costa de África, com a intenção de explorar a região do rio da Gâmbia. Refere a fonte consultada que Cadamosto, que capitaneava a expedição terá sido o primeiro europeu a entrar em contacto com aquelas ilhas, assim como os nomes das ilhas de Boavista e Santiago, foram por si atribuídos. Dali dirigiu-se para a costa africana, atingindo a foz do Rio Grande e o arquipélago dos Bijagós. Subiu o Rio Gâmbia para explorar o seu curso, mas dada a hostilidade do gentio, teve que retirar.

Com o início do povoamento do arquipélago de Cabo Verde, a jurisdição sobre a Guiné, passou a pertencer ao Capitão Donatário que, assim, inicia uma série de novos governadores, de nomeação régia, passando a parte continental a ser conhecida como Guiné de Cabo Verde, na dependência do governador de Cabo Verde.

Inicio dos descobrimentos em África 
© Atlas Histórico, edição em fascículos do Diário de Noticias


GOVERNADORES DE CABO VERDE

Capitães donatários

ANTÓNIO DA NOLA – Genovês, também conhecido como António Usodimare, foi um dos capitães que avistou a ilha de Santiago. Não é conhecida a data da carta de doação da capitania, que terá ocorrido por volta de 1460.

JORGE CORRÊA (DE SOUSA) – Era casado com D. Branca Aguiar, herdeira da capitania, filha de António da Nola. Nomeado por carta Régia de 8 de Abril de 1497.

BELCHIOR CORRÊA DE SOUSA – Filho do antecessor e casado com D. Isabel Botelho, não deixando descendência.

AFONSO DE ALBUQUERQUE – De 1526 a 1533, por transferência dos direitos do donatário, com assentimento real, em 27 de Outubro de 1526.

BELCHIOR CORRÊA DE SOUSA – De 1533 a 1536, readquirindo os seus antigos direitos em 22 de Dezembro de 1533. Falecendo sem filhos varões, a capitania passou para o irmão.

JOÃO CORRÊA DE SOUSA – Irmão do antecessor, filho segundo de D. Branca Aguiar, por carta de 16 de Agosto de 1536.

JORGE CORRÊA DE SOUSA – filho de João Corrêa, faleceu em 3 de Janeiro de 1564 sem deixar filhos varões, pelo que se extinguiu o privilégio da capitania.


Ouvidores gerais, acumulando as funções de capitão-mor

JORGE PIMENTEL - Foi nomeado em 20 de Março de 1550 por D, João III, ainda em vida do último donatário: Foi suspenso após um inquérito.

Dr. MANUEL DE ANDRADE – Era desembargador da Casa de Suplicação (Supremo Tribunal do Reino Português, até ao fim do século XVI), foi nomeado, em 15 de Novembro de 1555, corregedor, inspector e substituto de Jorge Pimentel. Tinha direito a uma guarda pessoal de 12 elementos, com vencimento de 15$000 reis, cada.

LUIS MARTINS DE EVANGELHO – Foi nomeado corregedor (magistrado administrativo e judicial) em 27 de Fevereiro de 1558, exercendo cumulativamente o cargo de capitão-mor, devido à suspensão do donatário Jorge Corrêa de Sousa.

BERNARDO DE ALPOIM – Licenciado em leis, foi nomeado corregedor em 17 de Julho de 1562.

Dr. MANUEL DE ANDRADE – Novamente nomeado em 1565.

ANTÓNIO VELHO TINOCO – Nomeado corregedor em 14 de Outubro de 1569, cumulativamente com o cargo de capitão-mor.

GASPAR DE ANDRADE – Nomeado corregedor e capitão em 30 de Janeiro de 1578.

DIOGO DIAS MAGRO - Nomeado em 13 de Março de 1583.

Mapa da Guiné, já rectificado depois da delimitação das fronteiras 
© Gravura do livro “História da Guiné” de João Barreto.


CAPITÃES-MORES E GOVERNADORES

Autonomia dos serviços de administração geral e militar e a sua entrega a governadores de nomeação régia. Separação dos serviços judiciais.

DUARTE LOBO DA GAMA – Fidalgo da Casa Real, é nomeado em 7 de Agosto de 1587 capitão geral de todas as ilhas, podendo acumular todos os cargos de justiça e de finanças que estivessem vagos, com um ordenado de 300$000 reis.

BRAZ SOARES DE MELO – Nomeado em 25 de Março de 1591 capitão geral, mantendo o vencimento de 300$00 reis. Tomou posse na Câmara de Ribeira Grande.

AMADOR GOMES RAPOSO - Sendo corregedor na ilha de Santiago, acumulou com o cargo de capitão geral, em 1595 com a retirado de Braz Soares de Melo.

FRANCISCO LOBO DA GAMA – Foi nomeado por carta de 15 de Maio de 1596. As atribuições, do capitão geral, foram alargadas por carta régia de 7 de Maio de 1596, sendo-lhe facultado prover os cargos vagos.

FERNANDO MESQUITA DE BRITO – Com o título de capitão governador, foi nomeado em 1 de Agosto de 1600, com o ordenado de 600$000 reis, mas só chegou à ilha de Santiago em 1603.

FRANCISCO CORRÊA DA SILVA - Nomeado em 4 de Abril de 1604, tomou posse em 12 de Janeiro de 1606.

FRANCISCO MARTINS SEQUEIRA – Só tomou posse em 1611, apesar de ter sido nomeado em 10 de Janeiro de 1609. Teve diversos conflitos com o ouvidor e a câmara de Ribeira Grande. Em 1612 foi interdito aos governadores coloniais levarem os seus filhos para as colónias para que foram nomeados.

NICOLAU DE CASTILHO – Foi nomeado em 6 de Outubro de 1613 mas só veio a tomar posse em Junho do ano de 1614. Assim como o seu antecessor, foi acusado de monopolizar o comércio da Guiné, com prejuízo para os moradores do arquipélago.

D. FRANCISCO DE MOURA – Nomeado por carta de 20 de Fevereiro de 1618, tendo sido considerado um dos governadores mais honestos e patriotas que serviram a colónia.

D. FRANCISCO ROLLIM – Foi nomeado a 22 de Janeiro de 1621, tomando posse a 3 de Abril do ano seguinte, mas por cerca de cinco meses, já que faleceu e 12 de Setembro de 1622.

Frei MANUEL AFONSO DE GUERRA – Sendo Bispo de Santiago, foi eleito pela Câmara para assumir o governo interinamente. Faleceu em 8 de Março de 1624, pelo que o governo esteve entregue à Câmara de Ribeira Grande durante 32 dias.

FRANCISCO VASCONCELOS DA CUNHA – Foi nomeado, com honras de conselheiro, a 3 de Junho de 1623, tendo tomado posse a 10 de Abril do ano de 1624.

JOÃO PEREIRA CORTE-REAL – Almirante, foi nomeado em 3 de Outubro de 1626, mas só tomou posse em 1628. Foi o primeiro governador a sair do arquipélago, tendo ida à Guiné e Serra Leoa, aprisionando navios que comerciavam irregularmente, Também expulsou os holandeses que se haviam instalado na ilha de Bezeguiche na Gorêa desde 1617.

Frei CRISTOVÃO DE CABRAL – Tomou posse em 1632, mas tinha sido nomeado em 19 de Novembro de 1630. Para tentar firmar a soberania portuguesa na Costa da Guiné, mandou construir um forte na embocadura do rio de Gâmbia.

JORGE DE CASTILHO – Foi nomeado em 5 de Janeiro de 1635, tomando posse no ano seguinte.

JERÓNOMO DE CAVALCANTE E ALBUQUERQUE – Nomeado em 24 de Abril de 1638 governador e capitão-mor, toma posse no ano seguinte.

JOÃO SERRÃO DA CUNHA – Como recompensa de empréstimos efectuados à família real de Castela, ainda estávamos sob domínio dos Filipes, foi nomeado por carta de 5 de Junho de 1640, vindo a falecer em 1645. Porém, por comércio abusivo de escravos e prática de arbitrariedades, foi substituído em Julho de 1644 por Rodrigo Miranda Henriques, que renunciou e, posteriormente por António de Sousa Meneses, que não tomou posse.

Representação da Costa da Guiné. 
© Gravura do livro “As Viagens do Bispo D. Frei Vitoriano Portuense” de Avelino Teixeira da Mota.


CAPITANIA-MOR DE CACHEU

Foi só após a restauração da independência de Portugal, face aos Espanhóis da Dinastia Filipina ou de Habsburgo, que foi criada a Capitania-mor de Cacheu. Foi nomeado, em 16 de Julho de 1641 o seu primeiro capitão-mor, Gonçalo de Gamboa Ayalla, a que se seguiram mais quarenta e duas nomeações, até que Honório Pereira Barreto, tendo estudado no reino, que foi nomeado em 1852, sendo o último capitão-mor desta praça.

Bispo Frei LOURENÇO GARRO – Eleito interinamente pela Câmara de Ribeira Grande. Em Abril de 1646 foi nomeado Gonçalo Barros da Silva e autorizado a levar 80 soldados para Cabo Verde, mas exigiu 400 que, não sendo aceite, renunciou ao cargo e foi alistar-se no exército espanhol. O Bispo, eleito interinamente, veio a falecer em 1 de Novembro de 1646, pelo que o governo foi entregue, provisoriamente, à Câmara e, mais tarde a Jorge de Araújo, que governou até 1648.

GONÇALO DE GAMBÔA AYALA – Depois de antigo capitão-mor do Cacheu, foi nomeado para Cabo Verde em 12 de Junho de 1649, vindo a tomar posse a 29 de Junho de 1650, não chegando a governar quatro meses, já que faleceu em 9 de Outubro desse mesmo ano.

PEDRO SEMEDO CARDOSO – Natural do arquipélago e desfrutando de grande prestigio local, foi nomeado governador interino em 15 de Outubro de 1650.

JORGE DE MESQUITA CASTELO BRANCO – Nomeado em 26 de Agosto de 1651, tomou posse a 24 de Dezembro desse ano. A 10 de Dezembro de 1651, antes da tomada de posse, foi regulamentada a administração da província, fixando as atribuições das diversas entidades oficiais. Porém, todos os esforços do governo do rei D. João IV para acudir a situação anormal de Cabo Verde, saiu frustrada, levando a que o governador não terminasse o mandato de três anos, tendo sido substituído. A 6 de Fevereiro de 1651 foi determinado que, alternadamente e por períodos de seis meses, o governador e o bispo fossem residir para a vila da Praia, com o objectivo de desenvolver aquela vila.

PEDRO FERRAZ BARRETO – Nomeado por carta de 18 de Outubro de 1652, toma posse no dia 21 de Abril seguinte. Tal como o seu antecessor, foi acusado de monopolizar o comércio e exercer represálias sobre os particulares e sobre as entidades oficiais. Foi enviado para proceder a uma sindicância, ao governador, o Dr. António Pereira da Silva, que concluiu pela confirmação das acusações, que não obstou a ter ficado no cargo até 1658.

FRANCISCO FIGUEIRÔA – Foi nomeado em 1 de Abril de 1656 mas, como tinha interesses em Pernambuco, deixou-se ficar por lá, vindo a tomar posse só em 31 de Julho de 1658. Com a sua governação arranjou vários conflitos, em especial com a Câmara, que o acusou de desonesto e de ter acumulado uma fortuna em pouco tempo, lembrando que quando o governador chegou a Santiago apenas trazia uma trouxa de roupa.

ANTÓNIO GALVÃO – Foi nomeado em 29 de Dezembro de 1661, mas só tomou posse em 16 de Maio de 1663, com o vencimento de 600$00 reis. Foi no seu período de governação que o papel selado foi introduzido em Cabo Verde e na Guiné.
[O papel selado foi instituído no reinado de D. Afonso VI em 1660 e abolido em 1668. Reintroduzido em 1797 durou até 1804. Regressou em 1797 e foi abolido definitivamente em 1986.]

MANUEL DA COSTA PESSOA – Conselheiro e Fidalgo da Casa Real, foi nomeado em 1 de Fevereiro de 1667, tendo tomado posse em 21 de Maio seguinte.

MANUEL PACHECO DE MELO – Foi nomeado por carta de 10 de Julho de 1670, tomando posse em 15 de Maio de 1671. Durante o período que decorreu entre a nomeação e a tomada de posse, a situação de Cabo Verde era tão precária que, tendo este recebido ordens para pagar, prioritariamente, a côngrua de 1.000$000 reis aos Bispo da Diocese, o governador (que recebia 600$000 reis) assim como os outros funcionários, ficaram sem vencimento naquele ano.

JOÃO CARDOSO PISSARRO – O período de governação resume-se ao ano de 1676. Nomeado a 30 de Abril, toma posse a 30 de Junho e morre a 10 de Agosto. Depois de acesa discussão, entre o Bispo e o Ouvidor, acerca da sucessão, ficou encarregada da governação o Senado da Câmara, sob a presidência do Ouvidor.

MANUEL DA COSTA PESSOA – Conselheiro e Fidalgo da Casa Real, foi nomeado a pedido da Câmara em 15 de Março de 1678, pela segunda vez. Apesar de não ter tomado posse, manteve-se nomeado até 1683, sendo Duarte Teixeira Chaves conduzido no cargo como substituto.
[No primeiro mandato foi nomeado em 1 de Fevereiro de 1667, tendo tomado posse em 21 de Maio seguinte].

INÁCIO DA FRANÇA BARBOSA – Foi nomeado governador por carta de 10 de Outubro de 1682, tomando posse no ano seguinte.

VERISSIMO CARVALHO DA COSTA – Nomeado em 5 de Março de 1686, na sua deslocação fez uma paragem em Cacheu, onde prendeu os chefes da revolta Bebiana Vaz, chegando a Cabo Verde no mês de Maio. Apesar de doente de hemiplegia [doença que paralisia toda uma metade do corpo], fez um trabalho notável, durante dez meses, na organização da defesa de Santiago, sendo, nessa altura, aconselhado pelo cirurgião a regressar ao reino, visto na província não haver nem médico nem medicamentos. Chega a Lisboa em 4 de Março de 1688, tendo ficado a governar, interinamente, o Bispo D. Frei Vitoriano da Costa que, com a conivência do ouvidor deram relevo, em relatório enviado ao rei, puseram em causa a honestidade no cargo, o que levou a que fosse mandado deter por D. Pedro II para apuramento da verdade. A comissão de inquérito, dirigida pelo ouvidor Delgarte da Costa, concluiu que o governador estava inocente.

Bispo D. Frei VITORIANO COSTA – Também conhecido como Frei Vitoriano Portuense, era bispo da Diocese de Cabo Verde, que incluía a Guiné, ficou no cargo interinamente, após a saída do governador, em Fevereiro de 1688. Tendo sido acusado de abuso de autoridade e intromissão nos serviços de justiça, em queixa apresentada pela Câmara de Ribeira Grande e pelo ouvidor Delgarte da Costa ao rei, o Concelho Ultramarino tomou a decisão de nomear, rapidamente, um governador para Cabo Verde.

DIOGO RAMIRES ESQUIVEL – Nomeado por carta de 19 de Janeiro de 1690, toma posse no dia 28 de Fevereiro seguinte. Esta nomeação marca alterações e restrições ao desempenho das funções. O vencimento anual de 600$000 reis, passa para 940$000 reis, acrescido de 260$000 reis, destinados ao pagamento da guarda de honra, constituída por um ajudante e doze soldados. Face às denúncias feitas aos governadores anteriores, na carta de nomeação foi consignada a proibição do exercício do comércio pelos titulares deste cargo. Faleceu em 16 de Setembro de 1690, tendo a governação sido entregue à Câmara, coadjuvada pelo ouvidor.

MANUEL ANTÓNIO PINHEIRO DA CÂMARA - Foi nomeado por carta de 9 de Fevereiro de 1691, e tomou posse no ano seguinte em Maio.

Forte de Bissau em 1864. 
© Ilustração do 3º volume da Nova História Militar de Portugal.


CAPITANIA-MOR DE BISSAU

Apesar da Capitania ter sido criada por alvará de 15 de Março de 1692, fica subordinada à capitania de Cacheu, que destacava oficiais para o comando da mesma. Só em 1696 foi nomeado, pelo Governo Central, o seu primeiro capitão-mor, tendo recaído a escolha em José Pinheiro da Câmara. Houve novo capitão-mor, que ocupou o cargo até Outubro de 1707, sendo a capitania extinta em 5 de Dezembro desse ano e a fortaleza demolida. Em 1753, a 9 de Fevereiro, é iniciada a construção de nova fortaleza, em Bissau que é restabelecida em 16 de Novembro de 1753, sendo nomeado seu Capitão-mor Nicolau Pina de Araújo e guarnecida por cinquenta soldados cabo-verdianos. No ano de 1761 já a fortaleza de Bissau se encontra em ruínas, pelo que a 26 de Dezembro de 1765, por ordem do rei de Portugal D. José I, chegam àquela possessão pessoal, mantimentos e materiais para a construção de uma nova fortaleza, que corresponde à actual Fortaleza da Amura.

ANTÓNIO GOMES MENA – Conselheiro, foi nomeado em 20 de Fevereiro de 1695, tomando posse em 21 de Abril do ano seguinte e morreu em 7 de Junho desse ano. No pouco tempo que esteve no lugar, sentindo-se doente, fez um acordo com a Câmara e com o ouvidor, a fim de tomarem conta da governação, afastando, assim, a possibilidade do regresso do Bispo, D. Frei Vitoriano da Costa, à governação.

D. ANTÓNIO SALGADO - Nomeado em 4 de Novembro de 1697, tomou posse em 13 de Abril de 1698. Dado que havia incompatibilidade entre o cargo e a actividade comercial, o governador solicitou ao rei, sob o pretexto de que a Companhia de Cacheu e Cabo Verde não satisfazia as necessidades da província, que fosse autorizado a negociar directamente com a Guiné. Ainda que o Conselho Ultramarino não se tenha oposto, o rei indeferiu o pedido, o que não impediu que o governador fosse um dos mais criteriosos, pondo cuidado na defesa das ilhas, mau grado dificuldades financeiras. Em 1702, quando terminou o seu mandato e regressou a Lisboa, trazia consigo plantas de anil, que se desenvolvia na ilha de Santiago, o que acabou por resultar no fabrico de tintas em Cabo Verde.

GONÇALO DE LEMOS MASCARENHAS – Nomeado em 12 de Abril de 1702, tomou posse em 25 de Maio. Faleceu em 4 de Dezembro de 1707.

RODRIGO DE OLIVEIRA FONSECA – Antigo Capitão-mor de Bissau, foi nomeado governador-geral em 17 de Maio de 1707, tomando posse em 26 de Outubro desse ano. O alvará de 1612, que vedava ao governador a actividade comercial, particular, durante o mandato, foi revogado em 26 de Novembro de 1708. Na realidade esta alteração apenas torna legal uma actividade que já era desenvolvida. Esta incompatibilidade foi reposta em 18 de Abril de 1720.

JOSÉ PINHEIRO DA CÂMARA – Também antigo capitão-mor de Bissau, foi nomeado conselheiro e governador de Cabo Verde em 12 de Fevereiro de 1710. Até ao segundo ano da sua governação, a vila da Praia e a vila de Ribeira Grande, foram alvo de ataques de uma esquadra francesa sob o comando de Jacques Cassard, com cerca de 2000 franceses, a quem as nossas forças não conseguiram fazer frente, acabando por saquear a cidade em 12 de Maio de 1712. Com receio de um contra ataque, os franceses deixaram a cidade, não sem terem incendiado os edifícios, móveis, arquivos e o forte. O ouvidor geral Miguel de Freitas Teixeira, foi nomeado para proceder a um inquérito, daí resultando a prisão do governador José Pinheiro da Câmara. O texto consultado dá a entender que o inquérito tenha sido “imparcial”, uma vez que o ouvidor escreve ao rei, em carta de 27 de Maio que "esta diligência era tão odiosa e a terra tão acostumada a venenos, que depois de averiguada a verdade corria o perigo de vida". Duas semanas depois o ouvidor sofre morte súbita, havendo suspeita de envenenamento. Em Novembro de 1715 inquérito foi suspenso e arquivada a acusação, por determinação régia. José Pinheiro viria a ser nomeado governador de São Tomé, em 1722.

MANUEL PEREIRA CALLEIROS DE ARAÚJO - Chegou a Santiago no dia 29 de Abril, tendo sido nomeado em 27 de Março de 1715. No mesmo transporte chegou, também, Miguel de Freitas Teixeira, ouvidor nomeado para o inquérito a José Pinheiro da Câmara, que fez embarcar sob prisão o antigo governador. O governador faleceu em 20 de Junho de 1715, dias depois do ouvidor geral, e em circunstâncias idênticas.

SERAFIM TEIXEIRA SARMENTO DE SÁ – Foi nomeado em 16 de Dezembro de 1715, vindo a tomar posse em 6 de Abril seguinte. Governador pouco enérgico, permitiu, involuntariamente, a constituição de bandos armados que criaram grande instabilidade na província, em especial em Santiago, onde se praticavam actos de banditismo. Baltasar de Sousa Coutinho, nomeado para o cargo em 9 de Abril de 1719, como recompensa de serviços prestados ao reino, não chegou a tomar posse.

ANTÓNIO VIEIRA – Nomeado a 11 de Março de 1720, tomou posse a 28 de Setembro seguinte. Foi na altura desta nomeação que foi restaurada a incompatibilidade da acumulação do comércio com o cargo de governador, desta vez extensível aos oficiais do exército e da marinha, assim como a oficiais de justiça e fazenda. A lei que foi publicada em 18 de Abril, aumentava o vencimento anual do governador de 800$000 reis para 1.200$000 e mais tarde, em 1724, para 1.600$000 reis. O governador faleceu a 4 de Janeiro de 1725, depois de ter sido atingido por uma pedrada, atirada por um dos seus inimigos. A governação ficou entregue ao senado, interinamente. Foi durante a governação de António Vieira que esteve em risco a domínio da coroa sobre o arquipélago, já que o donatário da ilha de Santo Antão, o Marquês de Gouveia, vendeu a ilha aos ingleses. O governador teve uma intervenção imediata, expulsando o feitor inglês já instalado e, em Novembro de 1727, organizou uma capitania com as ilhas de Santo Antão, S. Vicente e S. Nicolau.

FRANCISCO MIGUEL DA NÓBREGA VASCONCELOS – Nomeado em 7 de Maio de 1725, toma posse em 24 de Janeiro do ano seguinte. Os conflitos com o ouvidor Bravo Botelho, além de constantes e graves, vieram a ter um epílogo muito lamentável. Em 19 de Março de 1728, mandou uma força de 500 homens cercar a residência do ouvidor para o prender. Os homens, do ouvidor, deram combate as forças do governador, da qual resultaram a morte do ouvidor, do irmão deste, de um tio e de alguns empregados. Nóbrega Vasconcelos fugiu para a Guiné, receando as consequências.

FRANCISCO DE OLIVEIRA GRANS - Nomeado a 10 de Junho de 1728, tomou posse a 23 de Dezembro desse ano. Houve, em Janeiro de 1731, uma epidemia na Ribeira Grande que, dizimando a população, agravou a decadência da cidade. Em 30 de Março de 1733, deixa o governo, entregando-o à Câmara e ao ouvidor. Na apresentação de contas, a considerarem-se correctas, constata-se que o governador era credor da província, dado não ter recebido mais de metade dos seus vencimentos, devido à situação económica e financeira da província. Esta situação só em 1734 teve uma evolução favorável, devido ao rendimento da urzela.

BENTO GOMES COELHO – Nomeado por carta de 26 de Fevereiro de 1733, toma posse a 23 de Março seguinte. Por ter sido censurado asperamente pelo Bispo D. José Santa Maria de Jesus Azevedo Leal (O.F.M.), por viver escandalosamente com uma degradada de nome Maria Moniz, viu-se forçado a mandá-la regressar a Lisboa, sob prisão.

JOSÉ DA FONSECA BARBOSA – Nomeado em 1 de Maio de 1736, só veio a tomar posse no ano imediato a 28 de Fevereiro, vindo a falecer em 7 de Agosto de 1738. O governo foi entregue ao Senado e Câmara até 1741.

JOÃO ZUZARTE DE SANTA MARIA – Foi nomeado por carta régia de 15 de Setembro de 1741, com o vencimento anual de 2.400$000, anuais. Como primeiro objectivo, da sua governação, elegeu a obtenção de rendimentos particulares, pelo que não hesitou em vender patentes de oficiais milicianos, pelo que exonerava uns para nomear outros. Foi de tal forma longe esta prática, que Cabo Verde chegou a haver milicianos com 8 e 9 anos de idade. Para pôr cobro a esta situação, foi nomeado o desembargador Custódio Correia de Matos com a incumbência de inquirir os factos, tendo chegado a Santiago em 21 de Abril de 1752, mas o governador já tinha falecido em Janeiro.

D. ANTÓNIO DE EÇA FARIA – Foi promovido a Tenente-coronel e governador em 6 de Março de 1751, tomou posse a 23 de Abril e morre em 15 de Junho desse mesmo ano. O governo é assegurado pelo Senado da Câmara.

LUIS ANTÓNIO DA CUNHA d’EÇA – Capitão de Infantaria, é nomeado em Junho de 1752. Foi durante o seu governo que, devido à fome e ao temporal de 1755, a decadência de Cabo Verde se agravou significativamente.

ANTÓNIO MARIA DE SOUSA E MENESES – É nomeado a 21 de Junho de 1756, só tomando posse no ano imediato, em 3 de Abril. Foi durante o seu mandato, no ano de 1761, que se deu a erupção do vulcão da ilha do Fogo.

MARCELINO PEREIRA DE ÁVILA – Sendo Alferes de Granadeiros, é promovido a Tenente-coronel e nomeado governador em 5 de Março de 1761. Toma posse do cargo em 11 de Outubro e morre a 3 de Novembro desse ano. A governação é assumida pelo Senado da Câmara.

(Continua)
____________

Guiné 63/74 - P11643: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (59): Respostas (nºs 130/131/132): Albano Gomes (CART 2339, Fá Mandinga, Mansambo, 1968/69): João Nunes ( CCAÇ 4544, Cafal Balanta e Bolama, 1973/74); e Joaquim Sequeira (BENG 447, Bissau, 1965/67)


Mais respostas aos nosso questionário e mais três "provas de vida"... Obrigado, camaradas!

Resposta nº 130 >

 Albano Gomes [, ex- 1.º Cabo Op
Cripto, CART 2339, Fá Mandinga, Mansambo,
Bambadinca, 1968/1969; reside em :Chaves]


(1) Quando é que descobriste o blogue ?

Já há mais de 6 anos.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

Por intermédio do Carlos Marques dos Santos.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? 

Sim,  mas não me recordo [, 28 de dezembro de 2007].

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

Semanalmente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ? 

Já enviei algumas coisas.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ? Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? Ao Blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

Do Blogue gosto de tudo um pouco, dá para reviver.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? Não há nada que não goste.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) Por vezes, mas não sempre.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

  O reviver de toda uma época das nossas vidas.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ? Não,

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? Sem duvida.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Apenas dar os parabéns a todos vocês que são formidáveis.



Resposta nº 131 > 


João Nunes [, ex-fur mil, CCAÇ 4544/73, Cafal Balanta e Bolama, 1973/74]


1. [Descobri o blogue] no ano passado

2. Informação de um camarada (António Antunes, Alferes)

3.Sim,  [sou membro da Tabanca Grande], desde Janeiro 2013

4. [Visito o blogue] semanalmente.

5. Já mandei [material], não tenho mais.

6. Não, [não conheço a página do Facebook,] mas vou procurar.

7. Como não conhecia, só vou ao blogue.

8. Está ótimo, desejo sempre encontrar camaradas da minha companhia.

9. Gosto de tudo

10. Não

11. Uma forma de reviver os tempos da Guiné

12. Não

13. Gostaria muito mas não posso prometer.

14. Sem dúvida [que o blogue tem condições para continuar].

15.Gostaria apenas que os encontros não fossem só no norte do país , pois para nós,  açorianos , é mais fácil na capital ou nas ilhas.


Resposta nº 132 >

Joaquim [Nunes] Sequeira [, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447, Bissau, 1965/67]


(1) Quando é que descobriste o blogue ? Em 2005.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

Através do camarada Francisco [Xico] Allen.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? 

Desde o final de 2012. [8 de março de 2013]

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

Quase diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Já mandei mas pouco, ando a praticar no PC.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Sim, de vez em quando vou lá dar uma vista de olhos.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? Quase a mesma coisa

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ? Gosto dos dois.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? Gosto dos dois.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Algumas vezes é lento mas não deixa de aparecer.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no
Facebook ?

Para mim é como ler o jornal, há sempre noticias que nos dizem respeito.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Não, espero ir este ano.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Este ano irei certamente,  se Deus quiser lá nos encontraremos.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Acho que sim, parar é morrer.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. Aproveito para marcar lugar também para a minha Mulher Mariete Sequeira.

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de maio de 2013 >  Guiné 63/74 - P11636: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (58): Respostas (nºs 127/128/129): Carlos Fortunato (CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71); António Carvalho (CART 6250, Mampatá, 1972/74); e Braima Djaura (CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74)

(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue?
(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?
(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje para ti? E a nossa página no Facebook?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Quem não respondeu (e, portanto, não fez a "prova de vida"...), ainda vai a tempo. O blogue agradece.

Responder por email para: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (...)

Guiné 63/74 - P11642: Agenda cultural (276): Lançamento do livro "Guiné-Bissau: As minhas memórias de Gabu, 1973/74", do nosso camarada José Saúde, em Monte Real, dia 8 de junho, no âmbito do VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande. Prefácio de Luis Graça




Capa e contracapa do livro do José Saúde, que vai ser lanaçdo no dia 8 de Junho de 2013

1. Aproveitando a realização do VIII Encontro Nacional da nossa Tabanca Grande, em Monte Real, 8 de junho, o nosso camarada e tabanqueiro José Saúde vai lançar a sua 5ª obra, Guiné-Bissau: As minhas memórias de Gabu, 1973/74. Segundo o autor, "é uma narrativa de um furriel miliciano ranger que cruzou a guerra com a paz". O prefácio é do Luís Graça. O liovro já está na gráfica. A editora é de Beja - CCA Cooperativa Cultural Alentejana. A gráfica é a BejaGráfica, "sendo que não posso, por enquanto, precisar os locais de venda".

O preço é de 10 euros.. Depois de “Glórias do passado", volumes I e II (livros que relatam a evolução do futebol na AF Beja ao longo do Séc. XX),  “AVC na primeira pessooa" e “O trilho”, este é o 5º livro do autor. Publica.se a seguir o texto que ele nos mandou hoje:


2.  Uma viagem pelas recordações guineenses

por José Saúde

Levou, logicamente, o seu tempo. Contudo, a força interior que permanece incólume no meu ego é superior a eventuais adversidades que teimam, a espaços, atormentar o meu normal quotidiano que por vezes não se apresenta fácil. Confesso que, amiúde, sinto o cheiro de uma nostalgia enorme que teima em dar-me forças para seguir a realidade num caminho sempre imaginado e jamais terminado. Estou cá e grito bem alto com um timbre de voz acalorado: PRESENTE!

O tempo, porém, fez o favor de me carimbar com um famigerado AVC quando o meu BI sinalizava 55 risonhas primaveras. É verdade que a maldita doença, que leva quase 7 anos (madrugada do dia 27 de julho de 2006), tentou arrastar-me desta vida terrena, mas fui mais forte, dei-lhe a volta e consegui redescobrir capacidades, talvez escondidas, que fortaleceram outras substancialmente por mim já conhecidas mas armazenadas no baú da saudade. Ficou a certeza de que nunca joguei “a toalha ao chão” e acreditei, incessantemente, num amanhã melhor.

Na tela do meu passado existem fatores que determinam a minha enorme vontade para um caminhar seguro neste cosmos terrestre. Militarmente falando, porque é disso que exatamente se trata, fui e serei eternamente um RANGER que prestei a minha comissão (13 meses) na Guiné. A Revolução dos Cravos – 25 abril de 1974 – antecipou o meu (nosso) regresso a terras lusitanas.

Na Guiné cruzei a guerra com a paz. Assisti a momentos dolorosos. Vivi tempos inesquecíveis. Tempos em que o conflito da guerrilha traçava horizontes deveras nebulosos. Momentos de uma permanente incerteza. Todavia, no palanque da guerra outros motivos me sussurravam aos ouvidos e me alertavam, também, para os fatores humanos visivelmente por mim observados.

Compreendi, afinal, que para além dos sons infernais emitidos pelos convencionais armamentos utilizados no palco da guerrilha, razões houve, e foram muitas, que não caíram definitivamente no limbo das trevas. Em meu entender a análise sucinta feita, e falo na primeira pessoa, levou-me a concluir que as imagens constatadas eram, apenas, montras onde o conflito no terreno camuflava, julgo, outros contratempos.

Neste contexto, procurei trazer à narrativa temáticas que nos foram comuns, mas raramente colocadas à estampa, sabendo-se, no entanto, que a nossa vivência guineense foi literalmente real. Fomos militares que cumprimos o serviço militar obrigatório numa terra distante onde o temor da guerra traçou destinos, alguns fatais, para jovens em plena idade de afirmação.

Mais: nesta obra relato estilos de gentes que sabiam viver na fronteira do imprevisto e de nativos já habituados ao sistema. Pessoas, simples, que coabitavam “encaixados” entre as duas frentes da guerrilha.

Subscrevo, igualmente, os tempos de paz. Momentos alguns difíceis, outros de plena felicidade.

O nosso camarada Luís Graça, autor do prefácio de “Guiné-Bissau, as minhas memórias de Gabu, 1973/74”, diz a determinada altura o seguinte: “O autor não poderia fazer melhor síntese ao dizer que são 'histórias que nos conduzem a uma viagem onde a Guerra se cruzou com a Paz'. Tudo poderia começar pela clássica frase 'Menino e moço, abalei da casa dos meus pais, que a Pátria me chama'… Aldeia Nova de S. Bento, Beja, Tavira, Lamego, Bissau, Nova Lamego… São memórias de pessoas e de lugares, que correm o risco de desaparecer no limbo do esquecimento.” (in Prefácio, Luís Graça, Fundador e editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné).

A apresentação oficial da obra está agendada para o dia 8 de junho – no decorrer do almoço em Monte Real – onde marcarei presença. Um abraço camaradas deste alentejano de gema,

José Saúde,  Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

3. Prefácio
por Luís Graça

A guerra colonial (1961/75) terá sido possivelmente o acontecimento mais marcante da sociedade portuguesa do Séc. XX. Foi-o, pelo menos, para a nossa geração, a minha e a do José Saúde.

O seu desfecho levou não só à restauração da democracia em Portugal, com o 25 de Abril de 1974, mas também ao desmantelamento do nosso velho império colonial e ao nascimento de novos estados lusófonos, a começar pela Guiné-Bissau, mais de cento e cinquenta anos depois da independência do Brasil (em 1822).

Em contrapartida, não creio que Portugal tenha feito ainda o balanço (global) de uma guerra que, contrariamente a outras (por ex., invasões napoleónicas e guerras civis no Séc XIX) se passou a muitos milhares de quilómetros de distância da Pátria, na África tropical. Portugal nunca fez o luto da guerra colonial (ou está agora fazê-lo, lenta, tardia e patologicamente).

Cinquenta anos do seu início (em 1961, em Angola), tem vindo a aumentar o interesse pela guerra colonial (ou guerra do ultramar, como se queira): veja-se a literatura memorialística, a produção ficcional e poética, a animação bloguística, a investigação historiográfica e científica, a comunicação social, escrita e falada, etc.

É neste contexto que podemos situar este livro de memórias do José Saúde, o testemunho privilegiado de um português e militar que soube fazer tanto a guerra como a paz… Foi Furriel Miliciano de Operações Especiais (Ranger) na CCS – Companhia de Comandos e Serviços do BART– Batalhão de Artilharia nº 6523 (Guiné, Região de Gabu, Nova Lamego, Agosto de 1973/Setembro de 1974)… Na realidade não chegou a cumprir os esperados 21 meses de comissão militar, porquanto nove depois da sua chegada começou a desenhar-se, a partir de Abril de 1974, a tão ansiada solução política para aquele conflito armado que opunha as autoridades portugueses ao PAIGC, mas que também tinha muitos outros stakeholders, dada o seu contexto geoestratégico e os interesses em jogo.

Não é de jogos de guerra de que aqui se fala, nem sequer de grandes batalhas, mas de simples memórias… De que é que trata, afinal, este livro de 170 páginas ? O autor não poderia fazer melhor síntese ao dizer que são “histórias que nos conduzem a uma viagem onde a Guerra se cruzou com a Paz”. E justamente numa região da Guiné, o leste, o Gabu, o chão fula, onde se tinha verificado uma escala da guerra, desde pelo menos o meu tempo (Bambadinca, 1969/71).

Tudo poderia começar pela clássica frase “Menino e moço, abalei da casa dos meus pais, que a Pátria me chama”… Aldeia Nova de S. Bento, Beja, Tavira, Lamego, Bissau, Nova Lamego… São memórias de pessoas e de lugares, que correm o risco de desaparecer no limbo do esquecimento: a evocação da primeira viagem de LDG (, Lancha de Desembarque Grande), Rio Geba acima, de Bissau ao Xime, com o fantasma do inimigo em Ponta Varela, antes da chegada ao destino; a bela e acolhedora cidadezinha colonial, que dava pelo nome de Bafatá, a capital do leste; os periquitos e os seus rituais de iniciação e adaptação (ao clima, à guerra, às duras condições de vida nos quartéis e destacamentos); as colunas de reabastecimentos até a Bafatá, onde se ia buscar o pão para a boca e as bazucas (garrafas de 0,6 l de cerveja) do nosso contentamento… mas também a necessário provisão de caixões para os mortos; o privilégio de se ter um rádio que nos traz notícias do outro lado do mundo; o batismo de fogo; os dias de folga da guerra, em que o camuflado se trocava pela roupa civil; as tardes passadas nas tabancas, aprendendo com a sabedoria dos mais velhos, e deliciando-se com a alegria e a inocência dos mais novos, as encantadoras mas desprotegidas crianças da Guiné; o conhecimento, mesmo que superficial, de usos e costumes ancestrais como o batuque, o fanado, o trabalho no campo, a família, o patriarcado, a condição da mulher, entre os fulas; a ternura para com a “menina do Gabu”, loira e de olhos azuis, filha do vento, de amores em tempo de guerra… [, Foto à esquerda].

Sem esquecer outros temas incontornáveis como o comércio do sexo num país em guerra e num chão que era dos fulas, nossos aliados; a fonte do Alecrim ou a “aldeia da roupa branca” (neste caso, verde e castanha); a mascote, o benjamim da Companhia, como o havia em quase todas as companhias, o djubi que era protegido e acarinhado pelos tugas… Sem esquecer, obviamente, o primeiro e único Natal passado no mato, o Natal de 1973…

Mas onde se fala ainda de notícias de deserção (o amigo, ranger, caboverdiano que se pira para o PAIGC); a rotina da actividade operacional (incluindo a segurança à pista de aviação de Nova Lamego); a terrível experiência da sede e a importância vital da água; as alegrias da mesa e do convívio, à volta de um cabrito assado no forno; a continuação da militarização dos fulas, com a formação de novas companhias de milícias; as alegrias e as expetativas do 25 de Abril de 1974 (vividas em plenas férias, no Alentejo, ainda só com nove meses de Guiné); o regresso ao Gabu em Maio de 1974; os primeiros contactos com o inimigo de ontem; as tardes de domingo, as futeboladas, a alegria de ir visitar, desarmado, os camaradas de Madina Mandinga em tempo de paz ainda precária (mas já sem o temor das minas e das emboscadas)… E, por fim, a transferência de soberania (na noite de 3 para 4 de Setembro de 1974, “um momento inesquecível”), a despedida, o regresso a casa, o segundo regresso ao Gabu, 25 anos depois, através de fotos de 1999, a catarse vivida com “lágrimas (…) de saudade e de ternura”…

O José Saúde, desportista e jornalista, é também o exemplo de um grande lutador, de um grande sobrevivente e de um grande comunicador. Bastaria ler a sua história de vida e o seu livro “AVC  –Acidente Vascular Cerebral na Primeira Pessoa” (Estarreja: Mel Editores, 2009, 162 pp.).

Com o seu 5º livro, agora dado à estampa, ele não vem (nem precisa de) provar nada a si próprio nem aos outros: vem apenas confessar que viveu, que viveu momentos difíceis mas também bonitos e solidários no seu Gabu, na sua Guiné, naquela terra verde e vermelha, por cuja sorte o seu bom coração, de alentejano e português, ainda continua a bater.

Luís Graça

Fundador e editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11625: Agenda cultural (275): O livro "Guiné - Terra que aprendemos a amar", de Manuel Maia foi lançado no passado dia 22 de Maio em Monte Real (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P11641: Tabanca Grande (400): Almiro da Silva Gonçalves, ex-Soldado TRMS de Inf do Pel Mort 4580 (Bambadinca, 1973/74)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Vista (parcial) da tabanca de Bambadinca, com o Rio Geba ao fundo, e a saída para leste (no sentido de Bafatá)...
Foto: © Benjamim Durães (2010). Direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Almiro da Silva Gonçalves, ex-Soldado de Transmissões de Infantaria do Pel Mort 4580, Bambadinca, 1973/74, com data de 25 de Maio de 2013:

Caro Camarada Carlos Vinhal
É com muito gosto que pretendo fazer parte da vossa (nossa) tertúlia.

Sou Almiro da Silva Gonçalves e fui antigo combatente na Guiné.
Fiz a recruta no RI7 em Leiria apresentando-me a 17 de Julho de 72.
Tirei a especialidade de Transmissões de Infantaria no BC5 em Campolide e fui para a Guiné em Março de 73 no Pel Mort 4580 no paquete Uíge.

Chegado a Bissau e passados alguns dias fui para Bafatá ficando adido à CCS do BCAÇ 3884.

Estive destacado em Bambadinca em rendição do José Araújo Garcia Saraiva.

Andei por Contubuel, Sare-Bacar, Buruntuma, Piche, Canquelifá e cheguei a ir ao Saltinho. Andei praticamente por toda a zona Leste.

Regressei da Guiné a 31 de Agosto de 74

Tenho algumas histórias vividas na Guiné que entretanto te enviarei.

Quanto ao encontro no dia 8 de Junho em Monte Real é com muita mágoa que não posso estar presente pela simples razão que vou ao encontro do BCaç 3884 em Viseu e logo no dia seguinte dia 9. Mas futuramente espero estar presente. Sou capaz de ir dar-te uma palavrinha no dia 8 pois eu vivo muito perto de Monte Real.

Sem mais por agora, os meus cordiais cumprimentos.
Almiro da Silva Gonçalves


2. Comentário do editor

Caro Almiro Gonçalves, bem-vindo a esta família de ex-combatentes, que nesta página convivem e contam as suas memórias. És mais um camarada que vem engrossar a fileira dos Transmissões deste Blogue.

Ficamos a saber um pouco do teu passado militar, mas não percebi se saíste da tua Unidade originária, Pel Mort 4580, quando foste para Bambadinca, passando à situação de rendição individual. O teu Pelotão continuou em Bafatá adido ao BCAÇ 3884 e só tu é que foste destacado? Regressaste à Metrópole com o teu pelotão? Depois explica melhor.

Quando quiseres e puderes manda-nos então um pouco das tuas memórias, assim como as tuas fotos para publicarmos.

Se precisares de alguma ajuda ou esclarecimento quanto ao modo de nos enviares o teu expediente, não hesites em nos escrever. Deves mandares a tua correspondência para a caixa do correio do Blogue (luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com) e para um dos co-editores, eu ou o Eduardo Magalhães.

Depois disto, resta-me enviar-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.
O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11633: Tabanca Grande (399): António P. Almeida (ex- sold apt cav, Pel Rec Fox 8870/72, Cufar, 1972/74): natural de Castelo de Paiva, é o tabanqueiro nº 618

Guiné 63/74 - P11640: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (12): Tese de doutoramento em estudos africanos, em curso, sob a orientação do professor e nosso tabanqueiro Eduardo Costa Dias (ISCTE): Lúcia Bayan quer entrevistar camaradas que estiveram no chão felupe e em especial em Suzana



Guiné > Região do Cacheu > Susana > Junho de 1972 > Dia de ronco... dia da morte do comandante do PAIGC, Malan Djata, cuja cabeça foi cortada por elementos da população, felupe, após a sua captura na sequência de um ataque falhado ao aquartelamento de Susana. Segundo esclarecimento, dado pelo Luís Fonseca  "naqueles momentos foi de todo impossível determinar o 'autor' da decapitação". Foi tudo num ápice: um graduado da CCAV 3366 que assistiu à cena não pode fazer para evitar a mutilação (ritual) do cadáver de um inimigo.
Foto (e legenda): © Luiz Fonseca (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Lúcia Bayan, com data de 21 do corrente:

De: Lúcia Bayan
Data: terça-feira, 21 de Maio de 2013,  19:28
Assunto: Pedido de ajuda

Caro Senhor,

Encontro-me a fazer o doutoramento em Estudos Africanos, do ISCTE, sendo orientada pelo prof. Costa Dias. O meu trabalho incide sobre a sociedade felupe. Estou a dar continuidade a um projecto iniciado com o meu mestrado, também em Estudos Africanos no ISCTE e também orientado pelo prof. Costa Dias. Regressei há cerca de um mês da minha terceira ida ao terreno e pretendo regressar no início do próximo ano.

Considero que neste momento já tenho conhecimentos razoáveis desta sociedade, para o que muito contribuiu algumas informações retiradas do seu blogue. No entanto, tenho ainda muitas dúvidas sobre o passado recente deste povo, pelo que gostaria muito de conversar com colegas seus que tenham estado no quartel de Suzana.

Apelo pois para a sua boa vontade para me proporcionar contacto(s) com alguns seus colegas que tenham estado colocados neste quartel e que estejam dispostos em partilhar comigo os seus conhecimentos.

Grata pela atenção, fico à espera ansiosamente da sua resposta.

Os melhores cumprimentos,

Lúcia Bayan
Tel.: 96 135 31 30

2. Comentário de L.G.:

O Prof Eduardo Costa Dias é um velho amigo e companheiro de lides académicas. É, além disso, um grande amigo do povo da Guiné-Bissau e um conhecer profundo dos seus usos e costumes, da sua grande riqueza e diversidade culturais. Honra-nos com a sua presença na Tabanca Grande. Por outro lado, o nosso blogue é (e quer continuar a ser) uma fonte de informação e conhecimento (*) não só para os portugueses como para os guineenses e demais comunidades lusófonas. O pedido de Lúcia Bayan vai ter, por certo, resposta por parte dos nossos generosos e solidários tabanqueiros que passaram pelo chão felupe. Entre eles cito, por ordem
alfabética, e correndo o risco de omitir mais alguém:

(i) Delfim Rodrigues [,ex-1.º cabo aux enf, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]: reside em Coimbra; trabalha (ou trabalhava, não sei se está reformado) em estudos de mercado, na recolha de dados / trabalho de campo;

(ii) Luiz Fonseca [, ex-fur mil trms, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]; reside em Vila Nova de Gaia; é um estudioso da sociedade felupe tendo publicado diversos postes na série Cusa di nos terra, sob o subtítulo Suzana, chão felupe, que listamos abaixo (**)

(iii) [Manuel] Domingos Santos [, ex-fur mil, CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69]; está reformado; não temos informação sobre o local de residência;

(iv) Raul [Manuel Bivar de ] Azevedo [, ex.cap mil, 2ª CART / BART 6522, Susana, 1972/74]

(...) Nasceu em 1943, em Faro, é engenheiro electrotécnico (IST), reformado da EDP desde 2008. Ainda há dias nos escreveu dizendo: (...) Prometo enviar memórias de Susana com muito gosto, aliás já tinha feito essa promessa,mas não tive oportunidade.Teria muito interesse em contactar com a doutoranda [Lúcia Bayana] pois poder-lhe -ia ser útil e para mim era um reviver de memórias inesquecíveis. (...)

Vou pôr a nossa doutorando em contacto com estes camaradas que, por certo, irão responder amavelmente às suas perguntas sobre os felupes. Boa sorte à Lúcia Bayan. Um Alfa Bravo (ABraço) para o Costa Dias. Kasumai, para todos/as. LG

PS - Lúcia: Aqui tem 4 contactos. Faça bom uso deles. Transmita as nossas saudações ao seu orientador. E dê-nos notícias de Susana e dos nossos amigos felupes!... Por outro lado, a nossa Tabanca Grande está aberta para si, se a quiser integrar como "amiga da Guiné". Custo de ingresso: 1 foto + 1 história. Kasumai. Luis Graça
_______________

(**) Alguns dos postes do Luiz Fonseca sobre a sociedade felupe:

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11639: Convívios (526): 15º Convívio da CCAV 2748 (Francisco Palma)


1. O nosso Camarada Francisco Palma (ex-Sol Condutor Auto da CCAV 2748/BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72) mandou-nos a seguinte mensagem:

15º Convívio da CCAV 2748



Estimados  Camaradas / Tabanqueiros / Bloqueiros, 

Em 25/05/2013, a CCAV 2748 do BCAV 2922 realizou, com 85 presenças, grande alegria, amizade e camaradagem o  seu 15º Convívio, no Restaurante O Cortiço, na Tornada - Caldas da Rainha.

É inexplicável a sensação de mais um reencontro de Camaradas Combatentes de Canquelifá - Leste da Guiné 1970-72.

Tantas relembranças e Histórias/Estórias recontadadas de factos vividos e que nos parece aconteceram ONTEM, mas que, na realidade, já se passaram 41 anos do regresso daquele TO.

Na qualidade de organizador sinto-me honrado e sem conseguir explicar em palavras o que sentimos. 


BEM HAJAM AOS QUE COMPARECEREM BEM COMO AOS QUE POR QUALQUER MOTIVO NÃO CONSEGUIREM LÁ ESTAR. 








Francisco Palma
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P11638: Blogpoesia (341): Ainda o paludismo... (Manuel Maia)

1. Ainda a propósito do paludismo*, o nosso camarada Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum NagaCafal Balanta e Cafine, 1972/74) enviou-nos mais estas bem dispostas quadras:


Diz Martins, no seu saber,
d´Hipócrates juramentado,
que o sem Fosfato irá ter
problemas se for picado...

Quanto à "pilinha" do dito,
depende do animal...
Se vires um grande mosquito,
"minorca" é o seu "material"...

Pesados tem "solanáceos",
para não dizer tomates...
Uns pretos, outros rosáceos,
provindos de outros combates...

Um dia, quase noitinha,
e depois de muita luta,
dissequei, qual "fervurinha",
um desses filhos de puta...

À falta de bisturi,
usei a faca de mato,
num frasco o dito meti,
com as bolas por ornato...

Lacrando o frasco escrevi,
com letra estilizada,...
A sacana que está aqui
era meio amaricada...

Nem sei se fêmea se macho,
teve sim um fim precoce,
com pila, fêmea não acho,
picava como se o fosse...

Algures arranjei um nicho,
e em cova funda enterrei
o frasco contendo o bicho,
ou "bicha" como contei...

Grande "ronco" o funeral,
com gente vinda de fora,
três dias festa foi tal
a que fiz naquela hora...

Perguntas se voltaria
ao Cantanhez que bendigo,
digo que assim morreria
mais descansado, amigo...

Ao camarigo, dr. C. Martins*, ao Henrique Cerqueira, também furriel do meu batalhão, ao José Colaço, ao Luís Faria, ao Carlos Vinhal que posta mesmo "fora d`horas e a ti Luís para quem vai a última quadra ( resposta ao que formularas). 

Para todos vós um grande abraço.
Manuel Maia
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 18 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11590: Blogpoesia (339): À custa duns "largos jarros" / e pastilhas LM, / cerveja, whisky e cigarros, / paludismo não se teme... (Manuel Maia)

Último poste da série de 26 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11632. Blogpoesia (340): O milagre das cerejeiras (J. L. Mendes Gomes)

Guiné 63/74 - P11637: Notas de leitura (486): "Memórias da Guiné", por Fernando Magro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Fevereiro de 2013:

Queridos amigos,
Temos aqui o relato de um capitão miliciano, é um texto sereno e límpido, nada a esconder pelo transtorno causado quando aos 33 anos foi chamado para um curso de capitães.
Tem boas lembranças do trabalho-chave que desenvolveu: os reordenamentos, além de chefiar um serviço no BENG 447 onde, diz com orgulho, nunca houve reclamações das unidades do mato.
Teve uma comissão sem sobressaltos, teve a família ao pé, ajudou inclusivamente um irmão, deu pareceres técnicos à Tecnil, e foi professor.
Nada de heroísmos, só boas lembranças.

Um abraço do
Mário


Memórias da Guiné, por Fernando Magro

Beja Santos

“Este livro é simplesmente um retrato da mobilização de um oficial miliciano na disponibilidade que, por via da sua formação técnica, acabou, fardado militar, por exercer a sua atividade ao longo de dois anos, ajudando a construir casas para os guinéus, participando na realização de infraestruturas rodoviárias e ensinando na Escola Comercial e Industrial de Bissau”. Temos aqui um capitão miliciano à frente de serviços do BENG 447, a acompanhar os reordenamentos e a viver com a serenidade possível em Bissau, acompanhado pela sua família, um texto cheio de boa vontade: “Memórias da Guiné”, por Fernando Magro, Edições Polvo, 2005.

À volta de 1968, o autor descobre que estão a ser mobilizados antigos oficiais milicianos para, depois de um curso em Mafra, irem como capitães à frente de companhias. Fernando Valente tinha regressado à vida civil em 1960 como Alferes miliciano e promovido na disponibilidade a tenente. Casou, nasceu-lhe o filho, lançou-se na vida profissional como engenheiro técnico, e não foi inesperadamente que recebeu o aviso para seguir para Mafra, em 1969. Contava 33 anos de idade, o curso de Mafra não foi fácil para ele, o que ele escreve lembrou-me a experiência que eu próprio vivi: “Esse curso terminou com quatro dias na Serra do Montejunto, onde dormia ao relento, debaixo de pinheiros e me alimentei a rações de combate. Um dos exercícios foi o assalto a uma aldeia completamente abandonada no cimo da serra. Esta aldeia foi tomada por soldados que comandávamos. Nela estavam abrigados outros soldados da Escola Prática de Infantaria, fazendo de inimigos, que nos receberam com grande rebentamentos a que nós respondemos”. Sobreveio-lhe uma cólica renal, se bem que mobilizado num batalhão que estava a ser formado em Chaves, fez exames, descobriu-se hepatite e uma deficiência congénita das vértebras. Passou para a rendição individual e foi parar à Guiné, tendo sido colocado nos Serviços de Reordenamentos Populacionais, na dependência do Comando-Chefe.

Aproveita a circunstância para no seu relato fazer considerações sobre o Império Colonial Português, os povos da Guiné e até o valor estratégico da Guiné, o historial dos movimentos de sublevação e a vida no clube de oficiais, em Santa Luzia. Em Junho chegaram a mulher e o filho, foram viver para uma pequena moradia situada na Avenida Arnaldo Schulz. Recorda o seu impedido de nome Moba, a lavadeira, Inácia e o cão, o Perna Longa. Não esqueceu a estima e consideração que mantém com o general Carlos Azeredo, ambos trabalharam nos reordenamentos. E fala sobre a sua profissão.

“Tratava-se de um serviço dirigido por militares destinado essencialmente às populações civis. Tinham em vista proceder ao agrupamento de diversas tabancas com o fim de constituir aldeamentos onde fosse rentável dotá-los com algumas infraestruturas como elas, postos sanitários, fontanários, cercados para gado e mesquitas. Além disso, tinha-se também em vista, com a execução do reordenamento, a defesa e o controlo da população”. Detalha as aquisições de material e faz mesmo contas: para, por exemplo, 60 casas T2, havia necessidade de adquirir 11700 ripas, 780 kg de pregos nº 15, 600 kg de pregos nº 7, 480 kg de pregos zincados, 420 anilhas de chumbo 5/8” e 8520 chapas de zinco. Refere as construções em adobe e a armação da cobertura com rachas de cibe. Ilustra também o relacionamento entre o BENG 447 e as unidades militares, sendo que as obras eram geridas e supervisionadas pelo pessoal da unidade militar da área: “Geralmente era nomeado um alferes, um furriel e dois cabos (um carpinteiro e outro pedreiro nas suas vidas civis) para fazerem um estágio de alguns dias no BENG 447. Essa equipa, depois de ficar devidamente elucidada sobre o modo de construção das casas, regressava às suas unidades e ficava responsável pela execução das tarefas”. O local dos reordenamentos era escolhido pelo pessoal do Comando-Chefe e naturalmente tinha em linha de conta os terrenos agricultáveis à volta e a defesa das populações era obrigatoriamente viabilizada. Fernando Valente deslocou-se de helicóptero ou de DO aos diferentes locais onde havia reordenamentos e enumera-os: Catió, Cufar, Cacine, Binta, Farim, Bafatá, Bambadinca (Nhabijões), Nova Lamego e Buruntuma. Tinha um horário de trabalho entre as 9 e as 17 horas. Aceitou dar uma ajuda à Tecnil, passava pela obra pelas 8 da manhã e mesmo durante a hora de almoço. E depois aceitou ser professor de Matemática e de Desenho Geral na Escola Comercial e Industrial de Bissau durante dois anos. Na área militar passou a ser conhecido como “Capitão caça-níqueis” devido, claro está, às atividades e rendimentos que auferia. Conta minuciosamente a operação Mar Verde e transcreve, ponto por ponto, o relato do ataque a Conacri feito pelo tenente Januário, o desertor dos Comandos Africanos, que acabará por ser fuzilado, bem como os seus homens. Descreve lazeres, como viagens a Bubaque e bailes na Associação Comercial e Industrial, os produtos expostos na Feira de Amostras de 1971.

Fernando de Pinho Valente tinha muitos irmãos, todos os seis foram chamados a prestar serviço militar obrigatório, o seu irmão mais novo era cabo auxiliar de enfermeiro, pertencia à CART 3493, estava colocado em Mansambo. O irmão terá adormecido durante uma operação e quando acordou encontrou-se sozinho, felizmente que descobriu um trilho, foi por ali fora, lá encontrou gente da sua companhia. Fernando Valente meteu uma cunha ao diretor do hospital, conseguiu uma troca com um cabo enfermeiro apanhado a roubar bens de militares feridos ou doentes. Foi assim que se fez a troca, o irmão Álvaro foi transferido para o hospital militar.

Fernando Pinto Valente levou uma comissão militar sem grandes percalços, a mulher dava explicações em casa e era professora na escola preparatória. Lembra os tornados, os gafanhotos e os grilos. Em Julho de 1972 a comissão findou. E faz o balanço: “Para trás tinham ficado dois anos de algum sofrimento e angústia que nos era ocasionada pela ausência da família e dos amigos, pela insegurança em que vivíamos no dia-a-dia, devido à guerra… Mal chegámos a Viseu também não deixámos de recordar com saudade as amizades novas que fizemos na Guiné, os jantares festivos no BENG, as festas no clube de oficiais, os golfinhos que saltavam em águas límpidas do arquipélago de Bijagós”. Anos mais tarde, numa feira de motonáutica e de equipamentos de campismo encontrou um guinéu que se apresentou esfusiante como seu aluno, assim: “O senhor foi meu professor em Bissau. Como estou contente por voltar a vê-lo! Nós em Bissau gostávamos muito do professor e da sua família. Professor, deixe-me abraçá-lo”.

É um relato singelo, sem mágoas e sem jactâncias. Um deve e haver frontal, com as lembranças de casas que ainda hoje dão bem-estar a muitos guineenses. No termo da viagem que fiz à Guiné, visitei os Nhabijões, queria ver o local onde morreu o soldado Soares, cuja memória preservo, queria ver um local que visitei tantas vezes, em patrulhamentos de rotina, e a caminho de Samba Silate, à procura de canoas próprias para a cambança dos guerrilheiros. E percebo a boa lembrança que o capitão Valente guarda dessas obras dentro dos reordenamentos.
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11618: Notas de leitura (485): Tarrafo, segunda edição fac-similada, por Armor Pires Mota (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11636: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (58): Respostas (nºs 127/128/129): Carlos Fortunato (CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71); António Carvalho (CART 6250, Mampatá, 1972/74); e Braima Djaura (CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74)

Resposta nº 127 > 
Carlos Fortunato [, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71; fundador da página da CCAÇ 13, Os Leões Negros; fundador e sócio nº 1 da ONGD Ajuda Amiga, cujo lema "Unidos no Passado, Unidos no Presente]:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

O blogue é que me descobriu, foi logo no inicio, quando da sua criação.

2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

Luis Graça enviou-me um e-mail, pois tinha visitado o site da CCAÇ 13.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

Desde o inicio. [meados de 2005]

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

Mensalmente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Sim, tenho material para enviar, é tudo uma questão de tempo para o preparar.

(6/7/8/9) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Nunca fui ao Facebook, não consigo ter tempo.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

O Blogue é um registo do passado que penso ser importante, tem imensa informação. Sobre a missão e os objectivos que o Blogue tem seguido, os mesmos parecem-me correctos, nada tenho a acrecsentar.Como refri anteriormente nunca fui ao Facebook.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Fui ao primeiro encontro.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Não,

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Sim.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Considero o Blogue um trabalho extraordinário, que permitiu fazer uma recolha de dados e fotos sobre a gueerra na Guiné, que merece uma palavra de elevado reconhecimento por todos os portugueses, pois enriqueceu a sua história.

Quero salientar que apesar de estar focadaa no passado, não deixou de lado a palavra solidariedade, pensando no presente e no futuro, deixando uma porta sempre aberta para estas acções.

Quanto a sugestões para melhoria, apenas referia que existem ferramentas gratuitas na net que permitem, fazer estes inquéritos.

Resposta nº 128 > 
António Carvalho  [, ex-fur mil enf, CART 6250,
Mampatá, 1972/74]

1) Descobri o blogue em 2008

2) Descobri o blogue  por informação do Zé Manel,  da Régua, meu camarada e grande amigo da Cart 6250.

3) Sou membro da Tabanca Grande desde 2008 [, 13 de setembro de 2008].

4) Visito o blogue quase todos os dias, à noite.

5) Mando pouco material porque tenho poucas fotos e já não tenho mais histórias para contar.

6) Não sou subscritor do facebook e não frequento este serviço...é areia demais para a minha cabeça.e o tempo não me dá para tudo...

7) Só vou ao blogue.

8) Do blogue prefiro os relatos na primeira pessoa, as considerações que cada um faz sobre a guerra e a sociedade guineense.

9) Não gosto que se esconda a realidade nem que se analisem os acontecimentos à luz de uma visão eurocêntrica ou etnocêntrica.

10) Não tenho razão de queixa quanto ao acesso ao blogue.

11) O blogue resitua-me diariamente nos mosquitos, no calor, nos rebentamentos, no sangue e nas lágrimas.

12) Sim, uma vez.

13) Não penso ir ao encontro nacional. O governo tem-me prejudicado, a mim e à minha família.

14)  Sim, o blogue continua a ser um grande ponto de encontro.

15) Sinto uma grande gratidão ao Luís e aos outros colaboradores na gestão deste tão importante areópago dos combatentes da Guiné

Resposta nº 129 >  

Braima Djaló [,  ex-sold cond auto, CCaç 19, Guidaje, 1972/74]

Conheci o Blogue e através de um Amigo e Camarada, que também me incentivou inscrever no nosso  Blogue, em Dezembro 2010 (1/2).

A coisa vem sendo difícil, aceitação inicialmente pelo editor camarada e amigo Luís Graças, que até pediu me desculpas por não reunir condições. pormenor a que dei pouca importâncias. Hoje sou membro, muito amigo dos todos Editores mais concretamente de Luís e Vinhal, aos quais agradeço imenso sua atenção (3)

Gosto muito de ver e ler quase tudo que vem no Bloog e na Facebook, embora haja alguns comentários inadequados. Entendo que isso, são normais, tendo em conta o nosso Blogue existem muitos passados ou apanhados, tal como o meu próprio caso.

Dado as dificuldades financeiras nunca participei nos encontros, condição que me deixa sempre triste infelizmente (12/13)

Quanto aquentar, ou ter garra, julgo hoje um dia, tudo custa, quero isso dizer que trabalho dos editores, em termos de tempos disponibilizados uso de instrumentos e não só (14).

Da minha parte, estou totalmente satisfeito com trabalhos desenvolvidos, pelo Camaradas Editores, muito útil, pois, por outro lado gostava de ter uma participação mais activa, mas mas devido as limitações diversas (por ex.,, ler muito tempo e escrever),  mas sou muito atento ao Blogue. Consulto  sempre (4),  novidades e comentários alguns dos quais são dos meus conhecimentos para responder. (6/7/8).

Por agora termino julgando responder algumas questões que podem não ser todo essencial.
Meus melhores cumprimentos e abraços.

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Nota do editor;

Último poste da série > 26 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11631: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (57): Respostas nºs 125/126): Idálio Reis (CCAÇ 2317, Gandembel e Ponte Balana, 1968/69); e Alberto Nascimento (CCAÇ 83, Piche, Buruntuma, Bambadinca, 1961/63)