domingo, 26 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13803: A propósito de paludismo... Quando dispensava de saídas difíceis e quando até atacava na metrópole (Abel Santos / António Tavares)


1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 24 de Outubro de 2014:

Amigo e camarada Carlos,
Envio-te esta pequena resenha sobre o paludismo que atacou alguns camaradas nossos no teatro operacional da Guiné, no qual também fui um dos afectados (apesar de ser consumidor da Pirimetamina), mas que até foi meu aliado nessa altura.

No longínquo ano de 1967 mês de Dezembro, estando a CART 1742, da qual eu fazia parte, posicionada em Nova Lamego no chamado quartel de baixo, no dia 14 do mês de natal de 1967 sou confrontado com uma mudança brusca de temperatura após o almoço dando baixa à enfermaria, local onde o Furriel Enfermeiro Lopes (técnico de farmácia na vida civil na cidade do Porto) me aplicou de imediato a (mezinha) injecção da ordem. Ao fim de três dias tudo tinha passado e fui dado como operacional.

Mas, como disse atrás, o paludismo foi meu aliado, já que no dia 17 o comandante da Companhia, Capitão Cohen, manda formar a tropa e escolhe metade do grupo de combate a dedo, onde o primeiro a ser escolhido fui eu, para irmos a Sinchã Jobel, na mata do Oio, conjuntamente com a CART 1690 e o Pel Mil 110, executar uma batida na região, com o fim de desalojar o IN que possuía base nesse local. Como ia dizendo, o paludismo interferiu a meu favor, manifestando a minha incapacidade através da voz do Furriel Enfermeiro Lopes.
- O Abel está com o paludismo, meu capitão
- Então que vá para a caserna. - E eu fui, pudera.

O segundo caso de paludismo aconteceu após a minha chegada a casa na primeira semana, mas tudo foi resolvido rapidamente, já que eu era portador de um contacto telefónico dos serviços de doenças tropicais e infecto-contagiosas, que na altura (1969) estava instalado em Ermesinde (Porto), que acorreram imediatamente após o telefonema, e assim ao fim de uma semana estava novamente operacional.

Espero com este relato ter contribuído para a temática sobre o paludismo.

Sem mais, um grande abraço a toda tertúlia.
Abel Santos.

Nova Lamego, Natal de 1967. Na foto, em primeiro plano: Abel Santos, Oliveira e Aníbal. De pé, atrás: O Fur Mil Enf Lopes distribuindo os célebres comprimidos preventivos do paludismo.

Foto ©: Abel Santos

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2. Mensagem do nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), com data de 25 de Outubro de 2014:

Camarigos,
Já escrevi que estive mal com o paludismo quer no CTIGuiné quer no Porto, em Agosto de 1971.
Sim, até na minha terra fui vítima do paludismo.
Terminei a comissão em 23 de Março de 1972. Em Abril de 1972 fui a uma consulta médica de especialidade na Direcção Geral de Saúde. Cumpri sempre a prescrição médica e respectivos exames auxiliares. Procedimento que me conduziu à erradicação da doença.
O meu Processo nos Serviços de Higiene Rural e Defesa Anti-Sezonática, situada em Gondomar, tinha o número 155/4/72.
Porquê em Gondomar? Talvez por ser à época uma zona rural.



Depois de ter lido no blogue bons textos sobre o tema e também com a finalidade de não me repetir é a imagem acima e o seu conteúdo que merece atenção.
(Texto escrito de acordo com a antiga ortografia)

Um abraço do
António Tavares
Foz do Douro,
Sábado 25 de Outubro de 2014
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 Nota do editor

Último poste sobre a temática do paludismo >  25 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13799: A propósito de paludismo... e da arte de bem guerrear (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

Guiné 63/74 - P13802: Memória dos lugares (276): Jugudul, abril de 2006, na casa do saudoso Manuel Simões (1941-2014) (fotos de A. Marques Lopes, Xico Allen, Inês Allen e Hugo Costa)


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >    A estrada Jugudul-Bambadinca que tanto "suor, sangue e lágrimas" custou, em 1973/74... 


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Ao centro,o dono da casa, Manuel Simões (1941-2014), tendo à sua direita o A. Marques Lopes.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o Manuel Simões (1941-2014), o Manuel Casimiro, o Manuel Costa, o Armindo Pereira e o A. Marques Lopes


 Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o Manuel Simões (1941-2014), o Saagum, o  Manuel Casimiro e  o Manuel Costa.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >   Foto de grupo, vendo-se de pé o Hugo Costa, filho do Albano Costa, e sentada a comer, no sofá, a Inês Allen, filha do Xico Allen (aqui de costas, à direita, tendo à sua esquerda o Saagum, também de costas)


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  O Manuel Simões (1941-2014) fazendo as honras ao leitão à moda de Jugudul... Em primeiro plano, o Hugo Costa (à direita), e o Armindo Pereira (à esquerda), ladeado pelo António Almeida

Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudual > Abril de 2006 >  O "senhor leitão"...


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Na hora do café e digestivos, da direita para a esquerda,, o Manuel Casimiro, o Manuel Costa, o Armindo Pereira e o A. Marques Lopes.


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o  António Almeida, o Armindo Pereira,  o Manuel Costa, o Manuel Simões e o Manuel Casimiro 


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  Da direita para a esquerda, o António Almeida, o Manuel Casimiro e  o Manuel Costa


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >   A única mulher do grupo, com o seu recente penteado africano, feito em Bissau: a Inês Allen


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 > A Inês Allen


Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 >  A Inês Allen e o António Almeida .

Fotos: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]

1. Jugudul, abril de 2006, uma paragem na casa do Manuel Simões (1941-2014). Fotos, recentemente chegados ao nosso blogyue, enviadas pelo A. Marqies Lopes, grã-tabanqueiro da primeira hora. e tiradas a a várias mãos:  A. Marques Lopes, Inês Allen, Hugo Costa e Xico Allen... 

Esta foi a primeira vez viagem que o A. Marques Lopes fez à Guiné-Bissau, por terra, de jipe, Já lá tinha estado em 1998. 

É uma viagem memorável,  que está bem documentada na nossa I Série:  "Do Porto a Bissau"  foram publicados 26 postes, o último dos quais é relativo a este  almoço de leitão oferecido pelo saudoso Manuel Simões, nascido em Bolama, em 1941 e recentemente falecido, na sua casa, em Jugudul.  O Hugo Costa fez também, por sua conta, uma notável reportagem fotográfica, já publicada no blogue.

Verificamos agora que estes sete magníficos do Porto não estão todos na lista de A a Z dos membros da Tabanca Grande ou nem sequer têm uma simples marcador no nosso blogue (caso do Armindo Pereira e do Manuel Casimiro). . É uma injustiça que temos de reparar...

O Manuel Simões (1941-2014) era amigo do Xico Allen, que integra o grupo de sete companheiros que saíram do Porto e onde se incluíam, além dos já mencionados, o Armindo Pereira, esteve em Jumbembem (a norte de Farim, região do Oio, e já era repetente nestas idas à Guiné, acompanhando  o Xico Allen), o Manuel Casimiro (o mais gordinho e bem disposto) e o Manuel Costa (o mais novo e calvo, primo do Albano Costa, que  esteve em Canjambari, a oeste de Farim, na região do Oio, e em Chugué, a norte de Bedanda, na região de Quínara)

Ao grupo iria juntar-se, vindos de avião, o António de Almeida e o José Clímaco Saagum, ambos pertencentes à CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69).


2. Recordo que o organizador desta viagem, em abril de 2006,  foi o Xico Allen [ex-1.º cabo at inf,  CCAÇ 3566, Os Metralhas, Empada, 1972/74]. Levou o jipe, que lá ficaria para futuras viagens. O grupo regressaria depois de avião.

O Xico Allen, nosso grã-tabanqueiro desde 2006, foi um dos primeiros de nós, ex-combatentes,  a voltar à Guiné, depois da independência. E nos últimos anos chegou mesmo a lá viver. De acordo com as memórias da Zélia Allen, também nossa tabanqueira, o casal Allen visitou a Guiné do pós-guerra, em abril de 1992 (eles os dois, mais um outro casal, o Artur Ribeiro e a esposa). Voltaram em 1994 lá voltaram, desta vez foram 3 casais e conseguiram ir a Empada, onde o Xico tinha feito a sua comissão.

Uma terceira viagem foi em 1996 e uma quarta em 1998. Temos vários fotos dessa viagem, em que o Xico (e a Zélia) foram inclusive a Madina do Boé. Depois disso, o Xico passou a lá ir regularmente.

Por sua vez,o Albano Costa, pai do Hugo, tinha lá estado em novembro de 2000 (, incluindo o Armindo Pereira,  o Manuel Casimiro, o Manuel Costa e mais uma vez o Xico Allen). Foi a sua primeira e única vez. Fotógrafo profissional, fez uma excelente cobertura fotográfica da viagem, ele e o filho, Hugo Costa, percorrendo a Guiné de lés a lés, incluindo uma ida a Guidaje, onde ele fizera a sua comissão. (Foi 1º cabo at inf, CCAÇ 4150, Guidaje, Bigene, Binta, 1973/74).

O Xico Allen, injustamente, não aparece, aqui, de frente nestas fotos de Jugudul... (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série >  14 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13735: Memória dos lugares (275): Jumbembem, ao tempo da CCAÇ 2548, 1969/71 (Carlos Silva)

sábado, 25 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13801: Agenda cultural (346): Lançamento do livro "Quatro Rios e um Destino", de Fernando de Jesus Sousa, dia 30 de Outubro de 2014, pelas 14h30, no Auditório Jorge Maurício, Associação dos Deficientes das Forças Armadas em Lisboa

1. CONVITE PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO "QUATRO RIOS E UM DESTINO", DE AUTORIA DO NOSSO CAMARADA FERNANDO DE JESUS SOUSA, EX-1.º CABO DA CCAÇ 6, BEDANDA, 1970/71, DIA 30 DE OUTUBRO DE 2014, ÀS 14H30,  NO AUDITÓRIO JORGE MAURÍCIO, ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES DAS FORÇAS ARMADAS, AV. PADRE CRUZ, EDIFÍCIO ADFA, LISBOA


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13789: Agenda cultural (345): Doclisboa'14: hoje, no Cinema Ideal (Rua do Loreto, Lisboa), o documentário oficial sobre os campos nazis, encomendado em abril de 1945, esquecido durante anos e só agora recuperado na sua versão integral... "Nunca os meus olhos viram nada assim" (António Araújo, historiador)

Guiné 63/74 - P13800: Bom ou mau tempo na bolanha (72): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (12) (Tony Borié)

Septuagésimo primeiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Relato do décimo segundo dia de viagem

Foi dos dias mais pacatos, céu azul, bom tempo, só vendo paisagem e sem qualquer sobressalto, o clima polar, a latitude 66° 33’, tinha ficado lá no norte.

No hotel pertencente à tal rede, na cidade Wasilla, que por acaso é a cidade onde vive uma personagem bastante popular, a senhora Sarah Palin, que já foi governadora do estado do Alaska, cuja foto correu mundo. Muitas senhoras a copiaram, com uns óculos de estilo e uma cara simpática, que até o Partido Republicano a nomeou para concorrer às eleições para vice-presidente dos USA. Aqui, continuavam a gostar de nós, pois além de nos fazerem sempre um preço de amigos, serviram-nos um pequeno almoço que era quase um jantar.



Rumo ao sul, já a manhã ia um pouco alta, a cidade de Anchorage, era já ali, parámos na entrada junto da placa que dava as boas-vindas à cidade, tirámos fotos, fomos ver o “Ship Creek”, que é um rio do Alasca que brota das “Montanhas Chugach” em Cook Inlet, ali no porto de Anchorage, na foz do Ship Creek, que deu o seu nome "Knik Anchorage", à cidade de Anchorage que foi crescendo nas suas proximidades, já por lá havia alguns pescadores, todavia disseram-nos que o salmão ainda não tinha subido.


A cidade de Anchorage mostrava bem a presença russa, no centro-sul do Alasca, no século dezanove, quando em 1867 o secretário de estado William Seward intermediou um acordo para a compra do Alasca, ao endividado Império Russo por US$ 7,2 milhões, algo como dois centavos de dólar por acre. O negócio foi muito criticado por políticos e pela população em geral, como a "loucura de Seward", pois ia comprar a "caixa gelada de Seward" e "Walrussia". Todavia em 1888 foi descoberto ouro no “Turnagain Arm”, na região da enseada de “Cook”.


Em 1912, o Alasca tornou-se um território dos USA e Anchorage, ao contrário de todas as outras cidades grandes no Alasca ao sul da Faixa de Brooks, não era nem pesqueira nem um campo de mineração. A área de dezenas de quilómetros de Anchorage é estéril de minerais metálicos economicamente importantes e, não havia, naquele tempo, frota de pesca operando fora de Anchorage.

Foi estabelecida em 1914 como um porto de construção de caminhos-de-ferro para o “Alaska Railroad’, que foi construído entre 1915 e 1923, sendo na área de “Ship Creek Landing” onde se localizava o quartel principal dos caminhos-de-ferro, que rapidamente se tornou uma cidade de tendas. Depois disso, a cidade sofreu uma grande transformação com o desenvolvimento do caminho de ferro, com a chegada de bases militares e, mais tarde, com o tráfrgo no Aeroporto Internacional Ted Stevens, sendo a cidade de Anchorage, incorporada no ano de 1920.

Em 1964, ano em que chegámos à província da Guiné, com aquela farda amarela, servindo a “Muito Digna e Orgulhosa Pátria Amada”, como me dizia o professor Silvério, nos anos cinquenta, no segundo andar da escola fria do Adro, em Águeda, aquela cidade foi atingida pelo Terramoto de “Good Friday” (Semana Santa), ou “Grande Terremoto do Alasca”, com uma magnitude de 9.2, que matou 115 pessoas e provocou um prejuízo de 1.8 bilhões de dólares. O terramoto durou cerca de 5 minutos, e as construções que não cederam nos primeiros tremores, ruíram com os movimentos incessantes. Foi o segundo maior sismo da história mundial e a reconstrução dominou a cidade em meados dos anos 60.

Continuámos visitando a cidade, mas nunca parando, pois com uma caravana atrelada ao Jeep, dentro da cidade era difícil o estacionamento e, pelas informações que tínhamos, existe por aqui algum crime, talvez não seja verdadeiramente crime, é a falta de ocupação dos naturais, por tal motivo não era muito recomendável estacionar, pelo menos nas áreas circundantes da cidade, pois podia-se ver grupos de pessoas, em especial na área da foz do “Ship Creek”, sem qualquer ocupação, dando a entender que viviam por ali, talvez na esperança de alguma oportunidade para enriquecer o seu miserável património.

Mas deixemos esses pormenores, o que os nossos companheiros devem querer saber é o que os nossos olhos viram, em outras palavras, viajar connosco e isso é o que vamos fazer.
Sempre rumo ao sul, seguindo na estrada número 1, o tempo estava bom, o céu azul, com um cenário que podia ser pintado, pois as montanhas de “Chugach” estavam de um lado e a linha do caminho de ferro, quase sobre a água da baía de “Turnagain Arm”, do outro.


Umas horas depois éramos passageiros de um barco que navegava por um pequeno lago, onde uma simpática rapariga, com feições de esquimó, nos explicava alguns pormenores do “Portage Glacier”, que é uma massa de gelo, compactada e cristalizada, que desce da montanha, caindo sobre o lago, na área de “Chugach National Forest”, entre montanhas. A neve que o compõe anda por lá há milhares de anos, tem aproximadamente 14 milhas, (23 quilómetros) de comprimento e está conectado a mais cinco “glacieres”, que se escondem também por entre montanhas.


Quando erguíamos os olhos, avistávamos neve e gelo. À nossa frente a paisagem era de floresta, com árvores verdes a circundarem a estrada que passava por muitos ribeiros e lagos. Agora era rumo ao sul, entrando na província do Kenai, onde existe uma área em que se viaja por mais de 100 milhas sem estações de serviço, mas a estrada é de alcatrão, em muito bom estado.


Continuando sempre na estrada número 1, chamada também “Sterling Highway”, podemos avistar, do outro lado do “Cook Inlet”, onde a baía já é bastante larga, algumas montanhas cobertas de neve com o cume a fumegar, sinal de que são vulcões adormecidos.


Saindo da estrada, aqui e ali, para apreciar a paisagem, passando por algumas pontes, muitas são mesmo obras de arte, vendo pequenas embarcações descarregando e limpando peixe. "Águias de colarinho branco”, aproximavam-se enquanto se limpava o peixe.


Assim, fomos seguindo até à cidade Homer onde, antes de procurar um parque de campismo, vendo um cenário de mar e montanha, logo à saída de Cook Inlet, em Kachemak Bay, existe um complexo de 7 vivendas, casas em madeira de troncos, com dois andares, simples, com todas as facilidades incluídas, a parte de trás tem um pequena área coberta, com cadeiras, onde se pode presenciar um cenário de mar e montanha mais lindo e completo, que em toda a nossa vida, que já é um pouco longa, vimos. São alugadas ao dia ou à semana e, como já eram quase onze horas da noite, embora ainda fosse dia, por curiosidade, perguntámos qual o preço do seu aluguer, a pessoa responsável, uma senhora, sorrindo, com aquele sorriso gaiato de esquimó, nos disse que ainda tinha uma vaga, dado ao adiantado da hora nos fazia um preço especial, para aquela noite, que era maior do que uma normal família, talvez com dois filhos, podia gastar para viver razoavelmente durante duas ou três semanas.

Dormimos próximo, num parque de campismo do estado, cozinhando a nossa refeição, ocupando um espaço com uma vista privilegiada, quase igual à das casas, em troncos em madeira, por apenas $10.00, que colocámos num apropriado envelope, oferecendo de ajuda, para a manutenção do parque.

Neste dia, esquecendo o miserável dia anterior, pois por aqui, já é “sul do Alaska”, percorremos apenas 297 milhas, num cenário de floresta, montanhas, glaciares, lagos, alguns ribeiros, mar, zonas piscatórias, alguns animais e aves selvagens, o céu quase sempre azul, com o preço da gasolina variando entre $4.22 e $4.37 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13754: Bom ou mau tempo na bolanha (70): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (11) (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P13799: A propósito de paludismo... e da arte de bem guerrear (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), com data de 23 de Outubro de 2014:


Meus caros:
Para matar saudades, estou a anexar o meu contributo para o tema em epígrafe.

Um abraço tão grande e forte como a estima e a consideração que me mereceis.
Mário Migueis


A PROPÓSITO DE PALUDISMO
por Mário Migueis da Silva 

[, membro da Tabanca Grande, desde 16/4/2009: recorde-se o seu BI:  (i) Furriel Miliciano
com a especialidade de Reconhecimento e Informação, esteve na CCS/QG (Bissau),  em em diligência na CCS/BART 2917 (Bambadinca, Novembro 70-Janeiro 71),  CCaç 2701 e CCaç 3890 / Saltinho (Março 71 a Outubro 72)]

Tendo decidido que, a partir de agora, vou fazer um pequeno esforço para tentar ultrapassar tão rapidamente quanto possível as mil e uma entradas da feraz caneta do nosso distinto tabanqueiro Mário Beja Santos, nem sempre beneficiária dos meus encómios, mas nem por isso desmerecedora – ela, a caneta – da minha vénia a tanto engenho e farto saber, vou, desde já, aproveitar o ensejo do tema apresentado pelo nosso não menos estimado Rui Vieira Coelho - que, por sinal, foi médico em Galomaro, sede dos dois últimos batalhões em que estive em diligência – para partilhar uma pequena amostra do que foi a minha luta incessante contra o famigerado paludismo, ainda hoje responsável por milhões de baixas neste “mundo do Senhor”.

O encontro de apresentação, ou seja, a primeira manifestação do dito deu-se, por alturas de Março de 1971, em Bissau, onde me encontrava em formação na Repartição de Informações do Comando-Chefe, onde estava colocado. Começou com uns arrepios e, daí a nada, estava com uma temperatura diabólica, o que me levou a uma consulta médica na Amura, à qual se seguiu uma outra na enfermaria do QG, que era a minha unidade, em virtude de os meus camaradas de quarto no “Palácio das Confusões” terem ficado alarmados com a evolução – para pior – do meu estado de saúde. Mas, não havia razões para tanto susto: com a terapêutica da ordem, decorridos cerca de oito dias, pouco mais que pele e osso, e agarradinho às paredes ou a um ombro amigo para não me estatelar no chão, tal era a fraqueza das minhas pobres canetas, lá consegui chegar ao Clube Militar de Sargentos, que, providencialmente, era ali mesmo ao pé, para uma primeira refeição após o já inesperado ressurgimento.

A umas bolachinhas com Fanta natural, seguiram-se umas sandes com umas coca-colas e, finalmente, uns camarões de fazer queimar a beiça, acompanhados de umas cervejas fresquinhas e retemperadoras. Tinha, assim, levado de vencida este nosso primeiro embate, e o que achei de mais curioso, em termos de sintomatologia, foi, de permeio com as terríveis dores de cabeça, corpo dolorido, febre altíssima, falta de apetite, vómitos e mal-estar geral, a sensação de que cada fio do meu cabelo estava implantado numa chaga.

Dito isto, passemos, desde já, à quarta ou quinta experiência, que não haveria papel que chegasse nem paciência que vos sobrasse para tanto relato, se eu me perdesse agora, por aqui, a contar tudo, tim-tim por tim-tim.

Estava eu no Saltinho, e tinha terminado há muito pouco tempo o período de sobreposição das duas companhias de caçadores minhas anfitriãs: a “2701”, dos “velhinhos” do capitão Carlos Clemente, e a “3490”, do capitão miliciano Dário Lourenço, com quem eu ficara, de castigo – mentira!...

Ao entardecer de mais um dia de muito sol e boa disposição, fui tomar o meu habitual banho numa das piscinas naturais do Corubal, a pouco mais de cinquenta metros do arame da nossa posição militar. Lá de cima da rocha mais alta, que eu não fazia aquilo por menos, mergulho como uma bala nas águas mornas e suaves do pacato rio, e, emergindo com a potência de mais que muitos cavalos-vapor, dou meia dúzia de braçadas até à margem. É aí que, acto imediato, e embora fizesse ainda bastante calor, sinto aqueles arrepios – sempre eles! – que me fizeram encolher, apanhar a toalha e regressar “a casa”, a rogar pragas à minha pouca sorte: não havia dúvidas nenhumas, aí estava o paludismo, uma vez mais!...


Uma bela imagem do Rio Corubal, no Saltinho. 

Foto retirada da página Encore de L'audace do nosso camarada Paulo Santiago, com a devida vénia


Já a bater o dente, fui directo ao Henrique Custódio, furriel (miliciano) enfermeiro, a quem não dei hipóteses de paninhos quentes:
- Dá-me já uma dessas injecções de cavalo, que esta merda não vai com comprimidos nem afins!....

Não passara ainda meia hora, deitava eu contas à minha triste sina de paciente dos pântanos compulsivo, quando chegam, em passo de corrida, dois elementos da população de Madina Bucô, a darem conta de que, nas imediações da sua tabanca, a cerca de oito quilómetros de distância do Saltinho, tinham sido detectados “turras” – eh, pá!... -, em preparativos para um ataque pela calada da noite.

Em resposta – pois claro! -, prepara-se para avançar o pelotão de intervenção, que, com os seus homens já instalados em três “burrinhos”, aguarda a ordem de “siiiiga!...”. É quando o furriel enfermeiro, que estava sentado ao lado do Elói, outro furriel miliciano de elevado gabarito, salta do pequeno camião e se dirige a mim, perguntando-me com um espanto de espantar:
- Como é, não vens connosco, meu sacana?!...
- Sacana?!... Sacana és tu, meu malandro do caraças!... Então, acabaste de me dar a puta da injecção para o paludismo e queres que vá convosco prá rambóia?!... Desta vez, ides ter que passar sem mim.



Guiné> Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > CART 3490 > Saltinho, 1972, época das chuvas

Foto: © Mário Migueis (2009). Todos os direitos reservados


E, assim foi. Daquela feita, consideradas as condições de periclitante saúde, não fui, armado em rambo, para a coboiada. E, afinal, até nem fui preciso para nada, porque, felizmente, não houve ataque nenhum aos nossos amigos fulas e o Henrique Custódio, de quem já me tornara um bom amigo, pôde, na madrugada do dia seguinte, regressar são e salvo, para poder acompanhar convenientemente os efeitos do “soro cavalar” administrado.

Mas, entretanto… Entretanto, pouco faltaria para a meia-noite no quartel do Saltinho – e penso que em Madina Bucô também -, estava eu no gabinete do comandante da companhia, que funcionava simultaneamente como sala de informações. Só, sentado à secretária, cabeça caída sobre o tampo alagado com os suores de gelo que me faziam tremer de frio e morrer de calor, aguardava a morte.

Assim, com a febre a atacar-me impiedosamente, fui surpreendido por aqueles estampidos secos, que nada tinham de familiares. “Devo estar com alucinações!”, pensei. Só que, ao primeiro estalo, seguiu-se, segundos depois, uma surda explosão que me pareceu bastante mais distante. Mas, não pestanejei sequer, até porque estava com os olhos bem colados às pálpebras, coitaditas, mais mortas que vivas. Já ao terceiro – alto lá!, que, pelos vistos, a coisa era para durar - soergui ligeiramente a cabeça e passei a mão direita pela testa ensopada e pegajosa. E ia a coisa já no quarto ou quinto – palavra de honra que não contei! -, quando tive a percepção de que cessara o ruído – tom, tom, tom - do enorme gerador, acomodado no outro lado da parada.

Com um esforço pouco menos que titânico, consigo levantar duas ou três pestanas da vista melhor colocada e reparo que a lâmpada do tecto se extinguira e que a grande ventoinha de estimação dava os últimos suspiros. É, então, que me atrevo, aos tropeços e às apalpadelas, a fazer os dois metros que me separam da porta, para espreitar, a tentar perceber o que se passa. Não foi preciso muito tempo para isso, pois a explicação estava ali, diante dos meus olhos vermelhos e cansados: dos lados de Aldeia Formosa, a meio caminho dos dez quilómetros em linha recta que separavam os dois aquartelamentos - por aí -, partiam, em direcção a norte, projecteis tracejantes – luminosos, pois, - com uma trajectória curva de longo alcance, tendo eu estimado que os impactos se estariam a verificar a cerca de 20 quilómetros de distância a norte da zona de lançamento.

Comigo de novo todo encolhido, cabeça em fogo sobre o tampo da secretária, eis que irrompem na escuridão da sala, mansa e quieta, a pobrezita, que não fazia mal a ninguém, três ou quatro tigres de Mampa…, quer-se dizer, três ou quatro tigres da Malásia, que, de lanterna em punho, se vêm colocar desrespeitosamente de costas para mim. Aos saltos de nervosismo, ganas, enfim, de entrar em acção, “dá cá a lanterna, passa-me essa merda”, apontam o foco de luz para a tela plastificada que cobre completamente toda a parede de cinco por três.
 - É dali, é dali!..., - exclama o alferes Rainha, que substituía o capitão Dário, ausente em Bissau ou coisa assim.
- É mais abaixo, Rainha! – agora, o alferes Armandino, com a sua voz roufenha e aparentemente mais calma, apontando para o número 44, envolto por um circulo a vermelhão, na carta de tiro do morteiro de maior alcance de que dispúnhamos na unidade.
- Não, não, Armandino, o tiro sai mais a sul! – insiste o Rainha, brandindo a lanterna, impaciente.
- Tás enganado, Rainha, mas pronto, faz lá como tu quiseres – concede, por fim, o Armandino, a ajeitar o quico e a puxar o cinto das calças para cima, preparando-se já para sair com os restantes invasores, rumo ao espaldão do “10.7”.
- Amanda-se prós dois, pronto!... Fogo pró trinta e pró quarenta e quatro!... - resolve o Rainha, que, para além de mais velho, tem todo o aspecto e os tiques de ser o mais belicoso.


Guiné> Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > CART 3490 > Saltinho, s/d. c. 1971/72... O Miguéis (, aqui conhecido por Silva,) sentado no "tigre" qye encimava o monumentos aos mortos da CCAÇ 2406 (Olossato e Saltinho, 1968/70), companhia do meu tempo e que era conhecida como os "tigres do Saltinho" (fizemos operações juntos) (LG)

Foto: © Mário Migueis (2009). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

Não aguentei mais tanta impetuosidade, tanta vontade de fazer ronco:
- Fogo o caralho!... – resmunguei com quanta força me permitia a debilidade da minha carcaça em brasa. “Ó, cum caraças!”, só não se atiraram ao chão, porque começaram a tropeçar uns nos outros, em direcção à porta por onde antes entraram de rompante e dispostos a pôr tudo a ferro e fogo.

A áspera caralhada, assim disparada do escuro, à falsa fé sem ninguém contar, tivera o efeito de uma granada que nos cai aos pés. O Armandino foi o primeiro a reagir e, apanhando a lanterna ainda acesa que o Rainha deixara cair com o susto, vira-a para mim e consegue titubear:
- Ai é você?!...
- Pôrra, Migueis, que susto do caraças!... Você não está a ouvir os rebentamentos?!... – esganiça o Rainha, mais magro e descorado ainda do que em tempos de paz.
- É claro que estou, mas isso não é nada connosco!...
- Mas deve ser com o quartel de Buba, ou coisa assim!... – justificava-se e tentava impor-se o comandante em exercício, perante o saber de experiência feita do furriel de informações.
- Qual Buba, qual quê!... Alguém pediu fogo de apoio?!... – perguntei, agora com a cabeça fora da carapaça, e a procurar levantar-me da cadeira, onde estava literalmente colado.
- P´ra já, não, mas…
- Ai, não?... Então, deixem-se estar mas é quietos, senão os gajos viram-se p´ra cá e ainda nos rebentam com a puta da ponte!

Estava escrito que ainda não era daquela que os indómitos periquitos haviam de fazer o gosto ao dedo, e eu, logo que me recompus, e na sequência da mensagem que o SIM oportunamente fizera seguir para o Comando-Chefe, elaborei o relatório de informações respectivo, onde, nos “Ensinamentos Colhidos”, que, normalmente, ultimavam o texto, omiti, por incúria, o que de mais importante se extraíra de tão alvoroçada experiência: “O paludismo pode funcionar como agente dissuasor do gasto excessivo de munições, que tantos sacrifícios custam ao erário do nosso depauperado povo”.

Dias mais tarde, chegar-nos-iam notícias recortadas provenientes da República da Guiné, dando conta de que o PAIGC tinha recebido recentemente alguns carros de combate (tanques) da União Soviética, os quais haviam chegado a Conakry por via marítima e depois seguido para Kandiafara, principal base logística do IN, onde se mantinham. Os carros de combate – referiam ainda as mesmas fontes - tinham sido, entretanto, testados junto à linha de fronteira, para os lados do Saltinho, ou seja, acrescentei eu, tinham utilizado abusivamente a nossa carreira de tiro, sabedores que eram, porventura, de que eu, o maior da cantareira, estava a braços com as febres dos pauis.

In “A Arte de Bem Guerrear”, autoria cá do rapaz, a publicar brevemente

Esposende, 22/10/2014

Um abraço muito amigo,
Mário Migueis

Guiné 63/74 - P13798: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (9): o 'making of' do livrinho (Parte II)

Capa



B. O CADERNO DE POESIAS «POILÃO» (*) (Continuação)

por Albano Mendes de Matos


[ Albano Mendes de Matos, ten cor art ref, que esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, como tenente, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo] [, foto à direita, como 2º srgt].


Procurei o Valdemar Rocha (Unidade de Transmissões), Armando Lopes (GA 7), Joaquim Lopes (QG-CTIG) e o Carlos Ramos, que logo concordaram com a ideia e os dois primeiros entregaram-me poemas. O Valdemar entregou-me, também, poemas do Jales de Oliveira.

Planeei «POILÃO». Sem jeito para desenho, rascunhei, a esferográfica, o esboço de um poilão (árvore típica da Guiné) estilizado, que tenho, porque quase todos os rascunhos foram perdidos quando vinham, da Guiné, num caixote que foi arrombado no cais de Santa Apolónia e pilhadas algumas coisas. Os poemas de «POILÃO» salvaram-se porque os touxe numa pasta.

De 2 comissões em Angola, trouxe muitos apontamentos e fotos que me serviram para publicar o caderno de contos «O Jangadeiro», o livro «Meninos da Mucanda» e diversas publicações em jornais e revistas, além de um livro «Por Angola – Etnografia e Guerra», que está a ser teminado.

 


Esboço, feito a esferográfica, para capa de «POILÃO» e paginação, de Albano Mendes de Matos.


Uma noite, ao sair de um café, com Valdemar Rocha, onde nos encontrámos para falar do «POILÃO», encontrei o Aguinaldo de Almeida, caboverdiano, funcionário do BNU e dirigente do Clube Desportivo e Cultural do Pessoal do BNU, que conhecia da UDIB, União Desportiva Internacional de Bissau.

É aqui que entra o Aguinaldo, nas aventuras de «POILÃO» Contei-lhe que estava a organizar o caderno, com poemas de militares, e que seria interessante incluir alguns guineenses e caboverdianos. Achou a ideia interessante. Como eu não conhecia pessoalmente os «poetas» locais, pedi ao Aguinaldo para falar com alguns e pedir-lhes originais, se tivessem interesse em colaborar. Depois, o Aguinaldo apresentou-me alguns no Clube Desportivo e Cultural do BNU. E assim surgiram os poemas.

Foi numa ida para o Clube do BNU que vi o Pascoal D’Artagnan, filho de um italiano e de uma mulher Balanta, subgrupo mansoanca daquela etnia, que só conhecia de nome. Pareceu-me muito tímido.

Entreguei os originais ao Aguinaldo para ler, que devolveu. Escrevi um prefácio, para «POILÃO», cujo original também se perdeu no Cais de Santa Apolónia.

Num econtro com o Aguinaldo e o Valdemar Rocha, eu propus que não fosse incluído o meu prefácio em «POILÃO», e que o Aguinaldo devia de fazer uma introdução, como aconteceu. Eu dactilografei o caderno em «stencil», dei o papel, imprimi e agrafei a capa, com a ajuda de colegas militares. O Grupo Desportivo e Cultural do BNU ofereceu a capa para «POILÃO».

Um alferes miliciano da Unidade de Tarnsmissões desenhou a capa para «POILÃO» a pedido de Valdemar Rocha.

O segundo caderno seria um trabalho meu, com o título de «BATUQUE», já preparado, que foi publicado mais tarde em edição artesanal restrita [Oeiras. 1987]. O terceiro seria com poemas de Pascoal D’Artagnan.

Eu propus o seguinte;

- Que seria o Grupo Desportivo e Cultural do Banco Nacional Ultramarino a publicar «POILÃO».  O dinheiro obtido com a venda de «POILÃO» seria doado à Leprosaria da Cumura.

«POILÃO» foi apresentado após distribuição de prémios de uns Jogos Florais, na Associação Comercial da Guiné, organizados pelo Grupo Desportivo e Cultural do Pessoal do Banco Nacional Ultramarino, e posto à venda sem preço. Os preços oscilaram entre 20$00 e 100$00. Cerca de 300 exemplares foram vendidos num dia e 400 exemplares, uma segunda edição, também num só dia.

Não foram publicados mais cadernos de poesias, porque eu vim de férias, aconteceu a revolta das Caldas da Rainha ], 16 de Março,] e, a seguir, o 25 de Abril. Estava tudo em ebulição.

Agostinho de Azevedo, chefe de redacção de «Voz da Guiné», refere a publicação de «POILÃO» no jornal de 28-02-1974.






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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de outubro de  DE 2014 > Guiné 63/74 - P13796: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (8): Respondo a algumas perguntas: (i) o poeta Pascoal D' Artagnan, que era filho de mãe balanta e pai italiano; e (ii) o 'making of' do livrinho (Parte I)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13797: Nova tentativa para a construção de um Monumentos aos Combatentes, em Odivelas (José Marcelino Martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 22 de Outubro de 2014:

Boa noite
Nova tentativa para a construção de um Monumentos aos Combatentes, em Odivelas.
O texto já foi enviado à Junta de Freguesia e à Liga dos Combatentes, sem resposta até ao momento.
Que ao menos sirva de incentivo a outras autarquias.
Abraço
Zé Martins