Foto nº 1
Foto nº 1A > > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 23 de julho de 19141 > Chegada do 1º batalhão expedicionário do RI 5 (Caldas da Rainha)... "Na foto [, do batelão que nos levou para terra,] estou eu com mais alguns camaradas da minha companhia. No porto do Mindelo [fotos nº 2 e 3 ] fomos entusiasticamente recebidos"]. Luís Henriques está assinalado com um rectângulo a amarelo.
Os portugueses desconhecem ou subestimam o enorme esforço militar que o país fez, na época da II Guerra Mundial, para garantir a soberania portuguesa nos territórios ultrmarinos. Cerca de 180 mil homens foram mobilizados nessa época. Em Cabo Verde chegou a temer-se a invasão dos alemães, dado o valor estratégico do arquipélago, à semelhança do arquipélago dos Açores, cobiçado pelos aliados. Quantas vezes me falava disso, o meu pai, o meu velho, o meu camarada... No Mindelo, tal como em Lisboa, havia espiões de um lado e do outro, alemães, italianos, ingleses, portugueses... E terá sido nesta época de fome, de guerra e de desgraça que se começou a desenvolver o nacionalismo cabo-verdiano que estará na origem do futuro PAIGC, fundado e liderado por Amílcar Cabral.
Foto nº 2 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Outubro de 1941 > "O belo porto de mar de São Vicente; ao centro o ilhéu que se confunde com um barco [, o ilhéu dos Pássaros]",
Foto nº 3 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Maio de 1943 > "A cidade do Mindelo e ao fundo o Monte Verde. Vê-se parte da baía da Galé". [A cidade na altura deveria ter 15 mil habitantes. O nº de expedicionários desembarcados em meados de 1941 chegou aos 3300,o que dava um rácio de 220:1000 (220 militares por mil habitantes)
Forto nº 4 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > O navio da marinha mercante "Serpa Pinto. Não há legenda no verso. Possivelmente Foto Melo. [Para mostrar aos beligerantes da II Guerra Mundial, que pertencia a um país neutral, o navio era pintado de negro, o caso, e com o nome de Portugal, bem visível, pintado a branco, tal o nome do navio. Toda as as tripulações da nossa marinha mercante, bem como da nossa frota bacalhoeira, sem esquecer a marinha de guerra, foram verdadeiros heróis, naquela época. E não poucos, bravos marinheiros e pescadores, perderam a vida, engrossando a lista de vítimas da nossa história trágico-marítima.
Embora com pavilhão de um país neutral, os nossos navios eram frequentemente intercetados tanto pelos Aliados como pelas potências do Eixo (e em especial pelos alemães, cujos submarinos "infestavam" o Atlântico...) e alguns foram atacados e afundados. Por exemplo, o barco de pesca "Exportador primeiro" foi cobardemente atacado a tiro de canhão por um submarino italiano. a sul do Cabo de São Vicente, em 1/6/1941....Ou o navio de carga e passageiros, da CCN, o "Ganda" afundado, "por engano", por um submarino alemão, ao largo da costa de Marrocos, em 22/6/1941... Estes são apenas 2 dos 11 navios, de pavilhão português, afundados durante a II Guerra Mundial.
Foi uma das glórias da nossa marinha mercante e a sua história (1914-1954) merece ser conhecida:
(...) "O N/T Serpa Pinto foi um navio de passageiros que foi operado pela Companhia Colonial de Navegação na Carreira da América do Norte (Lisboa–Nova Iorque), na "Rota do Ouro e Prata" (Lisboa–Rio de Janeiro–Buenos Aires) e na "Rota das Caraíbas" (Lisboa–Havana), entre 1940 e 1955.
"Foi o navio de passageiros que, durante a Segunda Guerra Mundial mais viagens transatlânticas realizou entre Lisboa, Nova Iorque e Rio de Janeiro, transportando refugiados da guerra em geral, e particularmente judeus em fuga do nazismo, trazendo de volta à Europa, cidadãos de origem germânica expulsos dos países americanos. Adquiriu assim popularidade, ficando conhecido pelos epítetos de 'Navio da Amizade', 'Navio Herói' e 'Navio do Destino' " (,,,)
Foto nº 5 >
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Março de 1942 > "A escola Sagres em São Vicente durante o seu cruzeiro no Atlântico"
[Atenção: este não é o navio-escola Sagres atual... Este é o antigo veleiro, de 3 mastros, Rickmer Rickmers, ao serviço da Marinha Portugues, como navio-escola Sagres, entre 1927 e 1962...Também conhecido por Sagres II. Foi substituído, em 1962, como navio-escola da Marinha Portuguesa, pelo Sagres III (antigo NE Guanabara da Marinha do Brasil). ]
Foto nº 6 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 29 de setembro de 1942 (?) > Navio inglês, não é indicado o nome no verso... "Esteve em S. Vicente no dia 29 de setembro com diplomatas. [Eu] estava no hospital quando ele cá esteve".
Foto nº 7 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > " No dia 11 de Abril [de 1942] chegaram estes dois barcos hospitais italianos ao porto de S. Vicente para irem fazer troca de prisioneiros e doentes com os ingleses. 1942"
Foto nº 8 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "
No dia 23 de dezembro [de 1942]
os barcos hospitais italianos Vulcania e Saturnia em São Vicente pela 2ª vez",
Durante a II Guerra Mundial, a Itália viu afundar-se 12 dos 18 navios-hospitais. Na realidade, estes dois não eram navios hospitais mas 4 dos navios transatlânticos (incluindo o Duilio e o Giulio Cesare que, com mais 2 petroleiros, Arcole e Taigete, conseguiram, numa operação cohecida, resgatar e repatriar cerca de 28 mil pessoas, entre crianças, mulheres e homens, da África Oriental, sob a égide da Cruz Vermelha Internacional em três viagens de circumnavegação do continente africamo, entre 2 de abril de 1942 e agosto de 1943. O Duilio e o Guilo Cesare serão afundados no bombardeamento aéreo dos Aliados na baía de Muggia em julho de 1944, Num total de 25 mil tripulantes inscritos, a Marinha Mercante italianam na II Guerra Mundial, perdeu cerca de 1/3 (7164).
Foto nº 9 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Navio hospital italano "Duilio" [No verso, pode ler-se a legenda, muito sumida: "Hospital de diplomatas (sic) italiano que esteve em São Vicente em 1/6/194 (?). Foto Melo"...
[Segundo a imaginação, algo delirante, dos nossos expedicionários, 3300 acantonados num apequena ilha de 15 mil habitantes, os passageiros, que não terão desembarcado, travavam uma luta atroz contra a falta de álcool a bordo... Constava-se que, à falta de bebibas no bar, bebiam álcool puro!...Recordo-me do meu pai contar esta história... O navio de passageiros "Duilio" tinha 23 636 toneladas, foi afundado em julho de 1944]
Foto nº 10 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Junho de 1942 > "Paquete Colonial que tantas as vezes esteve em S. Vicente". Possivelmente Foto Melo.
Foto nº 11 > Ilha da Madeira > Funchal > s/d > "O Paquete Mouzinho. Oferecido pelo meu amigo [e conterrâneo, da Lourinhã] José B[oaventura] Lourenço [Horta] no dia em que o fui visitar ao Hospital em São Vicente. 26 de Julho de 1942." É provável que o José Boaventura Horta tivesse adquirido a foto a bordo. E, se não erro, o amigo do meu pai, meu conterrâneo e meu vizinho (no tempo em que vivi na Lourinhã, menino e moço) era da arma de artilharia (6ª Bateria Antiaérea do Grupo de Artilharia Contra Aeronaves).
[O "Colonial" e o "Mouzinho" eram paquetes gémeos, adquiridos pela Companhia Colonial de Navegação (CCN) no final da década de 1920. Faziam a carreira de África. Foi no T/T "Mouzinho que o 1º cabo inf Luís Henriques e outros expedicionários do RI 5, das Caldas da Rainha, rumaram para Cabo Verde, em julho de 1941]
Foto nº 12 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Novenmbro de 1941. "(Ao fundo, navio italiano) Para as refeições [ilegível] nos juntávamos todos os 30 [do pelotão]". [Ao lado esquerdo, um grupo de miúdos, à espera dos restos...]
Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2014) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, no Lazareto, entre junho de 1941 e setembro de 1943, em missão de soberania; este e outros batalhões foram entretanto integrados RI 23].
[Foto `*a esquerda, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]
Estas e outras foram gentilmente cedidas ao prof João B. Serra, da Escola Superior de Arte e Design
das Caldas da Rainha /Instituto Politécnico de Leiria, a quem a Câmara Municipal de Leiria incumbiu de organizar uma exposição comemorativa do 1º centenário do escritor
Manuel Ferreira (1917-1992), que também foi expedicionário em São Vicente, neste período, com o posto de furriel miliciano, mais tarde cap SGE e professor universitário. O autor de "Hora di Bai" (1958) era natural da Gândara dos Olivais, Leiria, onde tenho amigos e familiares que o conheceram em vida. Morreu em Linda a Velha, Oeiras. Era casado com uma mindelense.
Recorde-se aqui, também mais uma vez, o excelente trabalho do nosso colaborador permanente José Martins (com raízes familiares em Leiria) sobre o nosso dispositivo militar em Cabo Verde durante a II Guerra Mundial (**).
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 >
Guiné 61/74 - P17064: Meu pai, meu velho, meu camarada (53): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte V: Restos de espólio: o orgulho de ter pertencido ao Onze... E mais duas fotos de Pedra de Lume
(**) Vd. poste de 20 de agosto de 2012 >
Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)