quinta-feira, 20 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17606: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (44): Como se localizava, por exemplo, na Carta de Cacine 1:50.000, a posição CACINE 6 D4/78 ? (José Nico / Miguel Pessoa / António J. Pereira da Costa)



Guiné > Região de Tomvali > Carta de Cacine (1960) > Escala 1/50 mil > Pormenor: quadrante 7 (e não o 9)...


Infogravura:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)





1 Mensagem do Miguel Pessoa, ex-ten pilav, FAP, BA 12, Bissalanca, 1972/74, cor pilav ref, com data de 10 do corrente

Caros editores

O General José Nico já colaborou anteriormente com a Tabanca Grande publicando no blogue textos sobre a actuação da FAP na Guiné. Pede-me agora colaboração no sentido de esclarecer o sistema de identificação de pontos nas cartas 1/50.000 que utilizávamos na Guiné.

O facto é que os 45 anos já passados não me ajudam a reavivar a memória sobre este assunto mas, dispondo o blogue de uma alargada e diversificada panóplia de leitores, pode ser que entre eles exista alguém com a memória mais fresca que possa dar a sua colaboração sobre esta matéria. Por isso aqui fica o pedido.

Abraço.
Miguel
_______________

Texto do ten gen ref José [Francisco Fernando] Nico :
José Nico, ten pilav,
 CTIG, 1968

"(...) Trata-se do método que utilizávamos na marcação de pontos na carta 1:50.000 da Guiné. Tenho tido dificuldades em marcar os pontos que encontro nos SITREPs porque já não me lembro completamente do método que usávamos. Ando lá perto mas não tenho a certeza de nada.

Aqui vão uma série de pontos retirados dos SITREPs para exemplo:

CACINE 6 D4/78

CACINE 3 I0/57

GUILEGE 8 H1/59

GUILEGE 8 H6/63

Talvez na Tabanca Grande haja alguém que ainda se lembre deste sistema de referenciação e do que representava cada um dos algarismos ou letras. Por exemplo, estou convencido que o primeiro número a seguir à designação da carta (Por ex. CACINE 6) representa um dos nove quadrados em que a carta está dividida e que esses quadrados são contados de baixo para cima e da esquerda para a direita. Assim o quadrado 6 é o do meio no topo da carta. E o resto como é? É também de baixo para cima e da esquerda para a direita?

Por exemplo, o D no quadrado 6 encontra-se dividindo o quadrado 6 em nove quadrados iguais em que o que fica no canto esquerdo em baixo é o quadrado A. Acima deste fica o B e assim por diante. Se estou certo o quadrado D seria o que fica logo à direita do A.

E o resto como é?

É esta dúvida que te peço que vejas se consegues aclarar e até pode ser que tu te lembres ainda disto.

Abraço
J. Nico"


2. Mensagem que o nosso editor enviou, no mesmo dia, a três dezenas de membros da nossa Tabanca Grande que foram comandantes operacionais no TO da Guiné (capitães ou alferes):


Camaradas: lembrei-me de alguns de vocês que foram comandantes operacionais, infantes, fuzileiros, cavaleiros e artilheiros (mas também de outras armas e especialidades: transmissões, operações e informações, habituados a usar, no mato, em colunas logísticas ou no quartel as cartas 1/50.000 da Guiné... 

Eu sei que lá vão mais de 50 anos... mas nesta pequena amostra de grã-tabanqueiros, espero haja alguém ainda capaz de saber responder às dúvidas dos nossos camaradas da FAP, Miguel Pessoa e José Nico... Também gostava de saber para poder interpretar melhor os nossos relatórios...

Com um alfabravo,
Luís Graça

PS - As cartas 1/50.000 estão disponíveis "on line" (procurar na coluna do lado esquerdo do nosso blogue)


3. Resposta do António J. Pereira da Costa,  cor art ref , ex-alf art CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74),


Olá Camaradas

As NEP do ComChefe - que existem em depósito na DHCM - esclarecem melhor este tema.

A palavra indica o nome da folha que, normalmente está relacionado com o da povoação mais importante contida na folha.

Recordo-me de um, a título de exemplo, - MAMBONCÓ - que era uma povoação a Sul de Mansabá e que, no nosso tempo, estava abandonada. Era a aldeia dos macacos. 

Depois eram "aproveitados" os nove quadrados em que a folha estava dividida. Daí o CACINE 6. 

Tenho ideia de que os quadrados eram numerados como quem lê. 

Depois era aplicada um mica graduada onde era feita a leitura pelo sistema Abcissa/Ordenada (`à Descartes').

Creio que teoricamente era possível localizarmo-nos a menos de 50 metros.

Os fuzileiros eram muito eficazes neste sistema, sendo o imediato da força o responsável pelo fornecimento das coordenadas em caso de pedido de apoio.

Um Ab.
António J. P. C
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Guiné 61/74 - P17605: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XXIII Parte: Cap XIV - Regresso à guerra, depois de um mês no HM 241...Lembranças do "amor de perdição", a Maria do Céu, MiMê, a jovem de Lamego, que esteve quase a transformar o "ranger" em desertor...



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763 (1965/67) >  Tânia (*), Maria do Céu (**), Miriam (***)... algumas das mulheres do "Calças de Palanco", aliás, "Vagabundo", aliás  "Ranger", aliás "Mamadu"... Umas cuidavam das feridas do corpo, outras as das feridas da alma...


Foto: © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro (inédito) "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra", da autoria de Mário Vicente [Fitas Ralhete], mais conhecido por Mário Fitas, ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. Do mesmo autor já aqui publicámos, em 2008, em dez postes, o seu fascinante livro "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp. (****)



Mário Fitas foi cofundador e é "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha, escritor, artesão, artista, além de nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, alentejano de Vila Fernando, concelho de Elvas, reformado da TAP, pai de duas filhas e avô. Foto em baixo, à direita, Tabanca da Linha, Oitavos, Guincho, Cascais, março de 2016]



Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra > XXIII Parte > Cap XIV  (pp. 81-83)

por Mário Vicente

Sinopse:

(i) faz a instrução militar em Tavira (CISMI) e Elvas (BC 8),

(ii) tira o curso de "ranger" em Lamego;

(iii) é mobilizado para a Guiné;

(iv) unidade mobilizadora: RI 1, Amadora, Oeiras. Companhia: CCÇ 763 ("Nobres na Paz e na
Guerra");

(v) parte para Bissau no T/T Timor, em 11 de fevereiro de 1965, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa.;

(vi) chegada a Bissau a 17:

(vii) partida para Cufar, no sul, na região de Tombali, em 2 de março de 1965;

(viii) experiência, inédita, com cães de guerra;

(ix) início da atividade, o primeiro prisioneiro;

(x) primeira grande operação: 15 de maio de 1965: conquista de Cufar Nalu (Op Razia):

(xi) a malta da CCAÇ 763 passa a ser conhecida por "Lassas", alcunha pejorativa dada pelo IN;

(xii) aos quatro meses a CCAÇ 763 é louvada pelo brigadeiro, comandante militar, pelo "ronco" da Op Saturno;

(xiii) chega a Cufar o "periquito" fur mil Reis, que é devidamente praxado;

(xiv) as primeiras minas, as operações Satan, Trovão e Vindima; recordações do avô materno;

(xv) "Vagabundo" passa a ser conhecido por "Mamadu"; primeira baixa mortal dos Lassas, o sold at inf Marinho: um T6 é atingido por fogo IN, na op Retormo, em setembro de 1965;

(xvi) a lavadeira Miriam, fula, uma das mulheres do srgt de milícias, quer fazer "conversa giro" com o "Vagabundo" e ter um filho dele;

(xvii) depois de umas férias (... em Bissau), Mamadu regressa a Cufar e á atividade operacional: tem em Catió, um inesperado encontro com o carismático capelão Monteiro Gama...

(xviii) Op Tesoura: dezembro de 1965, tomada de assalto a tabanca de Cadique, cujas moranças são depois destruídas com granadas incendiárias.

(xix) Cecília Supico Pinto e outras senhoras do MNF visitam Cufar no início do ano de 1966 e Mamadu é internado no HM 241 (Bissau).

(xx) um mês depois, regresso a Cufar, regresso à guerra. Põe o correio em dia. Lê e relê a carta de Maria de Deus [MiMê],  uma paixão escaldante dos tempos de "ranger" em Lamego e por quem estava quase para desertar, antes da data de embarque para a Guiné; a jovem morrerá prematuarmente, em França, aos 24 anos.




Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XXIII Parte: Cap XIV:  Regresso à guerra (1) (pp. 81-83)



XIV Regresso à Guerra [1]


Passado um mês, e aí está Mamadu, embora sem forças e mais magro que um cão, com cinquenta e cinco quilos apenas, na sua bela Cufar para entrar na má vida. Aos poucos, com os caldos de galinha de Miriam, vai recuperando e passados quin­ze dias, é dado como operacional.

Tinha correio para ler para mais de um mês, pois Maria de Deus continuava a escrever todos os dias, mandando poesias e dando sugestões pelas recebidas. Foi tempo de pôr a escrita em dia. Seus pais andavam alarmados pela não recepção de notícias, mas não lhes iria contar o que acontecera. Como o António de Salzedas, com ele tudo estava bem, tinha sido só uma distracção, coincidente com problemas de correios pela época Natalícia.

Mas, no mato há sempre a tentação do retorno a pensa­mentos anteriores. Salta da cama, vai à mala e retira uma carta daquelas que se lêem muitas vezes, e, estendendo-se novamente sobre a cama, relê:


................ 


"2 Fevereiro de 1966

"My love:

Espero encontrar-te completamente restabelecido fisicamente, e que psiquicamente te mantenhas forte.

Meu Bem!

Esperava que a tua fuga em frente se desse em breve mas, de facto, não tão rapidamente. Piamente reconheço, teres absoluta razão.

Seria neste momento ideal a metamorfose da envolvente existência dos nautas desta caravela. Mas é impossível pois, eu não posso metamorfosear-me em Tânia, nem tu em Jorge ou vi­ce-versa.

Somos a peculiar expressão da vontade de alguém supe­rior, que nos exige expiação pecaminosa, na própria existência neste vale de lágrimas. Continuo no Colégio. Há pouco, à saída da missa mati­nal, falei sobre tudo isto com a nossa Comadre. Enquanto não temos a primeira aula, vim para o quarto falar um pouco con­tigo.

Sim, não há dúvida que estás certo. A tua deserção e a concomitante minha menoridade, ir-nos-ia levantar sérios pro­blemas.

Ainda bem que a corrente em que Tânia te envolveu é inexpugnável.
Enquanto orava na missa, ia pensando em nós e cada vez mais confirmo que cometemos e estamos cometendo adultério. Mais grave! Considero incestuosa a nossa ligação. Como tu dizes, é verdade que estamos no fim da picada.

Meu bem, fomos amantes, somos e seremos eternamente amigos, mas mais que tudo isso, é real existir entre nós um rela­cionamento como irmãos.

Eu reconheço que voltaria na minha vulnerável forma de ser, a pecar de novo. Adúltera assumo, novamente adoraria abrir-te a camisa, e repousar a cabeça na almofada do teu pei­to, sentindo o teu coração bater e as tuas mãos em doce "cha­mego" acariciarem a minha cabeça.

É adorável recordar! Fragilizada, choraria de novo no teu peito. Está retida como se neste momento fosse a tua calma e suave voz, depois de me enxugares os olhos com os teus melí­fluos lábios: "MiMê! Como é? Tens o mar nos olhos? São cris­tais de sal as tuas lágrimas!?"

Como foste doce e meigo, meu irmão! Não consigo compreen­der! Como consegues homem para a guerra, transformares-te em doação total?

Meu bem, estás com o pensamento noutro local?

Não! ... Não ... tenho ciúmes de Tânia, assim como sei que não tens ciúmes de Jorge.

Só que ... Pronto! Esqueçamos, meu bem!

A vida pregou-nos esta partida, mas a culpa é totalmente minha, fui eu, reconheço-o perfeitamente, e reafirmo eu!

Pratiquei incesto em espírito! Que Deus me perdoe, por­que tu, meu querido irmão, sempre me tens perdoado. Não for­çaste nada, apenas eu me doei!

Querias ser missionário, não era? Estou portanto em confissão! Segredo!

Brincadeira... não ligues, como poderia um missionário transformar-se em guerreiro? Não é? Mas é dúvida onde ainda não cheguei.

Tenho de terminar por agora. O sino tocou para as aulas. Logo continuo ...

Cá estou de novo. Agora, já noite, posso estar contigo o tempo que quiser.

Levei todo o dia a pensar nas tuas últimas cartas e vou rebatê-las com uma certa dureza. Não penses que são ciúmes, é a pura verdade. Palavra de MiMê!

Meu querido, se Tânia gostasse de ti, meu tonto, já te tinha dado um sinal! Não sejas ingénuo, meu bem. Perdes a inteligência com Tânia? Agora que temos as coisas bem defini­das e que para mim és mais que tudo um irmão, ouve o que em momento puro de loucura tenho para te dizer:

A única forma de saíres da quadratura em que estamos envolvidos, é fazeres a guerra, meu amigo! A guerra, meu irmão!

Já viste?! ...

Se morreres aí, ainda que no caixão venha um preto em substituição, por tu teres ficado feito em picado, ninguém dá por isso. E será maravilhoso! Ficas um herói. A dor do teu pobre pai será exposta ao mundo Português no Terreiro do Paço rece­bendo a Cruz de Guerra a título póstumo. Terás o nome inscri­to numa rua da tua terra na tua planície. Os teus amigos e con­terrâneos acompanhar-te-ão até à última morada, onde terás honras militares com descargas e tudo. E porque não a própria banda dos excluídos que dizes existir na Escola de Reeducação onde trabalhaste, não te acompanhará, tocando marchas fúne­bres!?

E quem sabe? A própria Tânia se vestirá de preto e esta­rá presente, depositando uma rosa branca sobre a bandeira na­cional que cobrirá o teu féretro?! ... Já viste coisa tão linda, poé­tica e sentimental?

Para ti é que seria o pior, partirias. Se morreres ... apagou-se! Meu irmão e amigo.

Desculpa a morbidez! Mas também hoje não sou eu!

Estou completamente fragilizada, extenuada! Como deves repa­rar pelos borrões na carta, estou a chorar.

Quereria fazê-lo no teu peito. Amei-te, doei-me total e incondicionalmente a ti, ho­mem transformado em ídolo.

ln this moment, I need you, my friend, my brother. Forever yours,

MiMê! 
Finalmente Maria de Deus terá compreendido!

Embora preocupado com a forma louca como escreveu tudo isto, Mamadu não teve dúvidas em que continuariam bons amigos. MiMê, quem seria Mamadu para não te perdoar, ou para te jogar a primeira pedra? São reconhecidas as tentativas de fuga às encruzilhadas tecidas, na teia da vida. Mas um ser superior traçou estes percursos. Mesmo descalços, coração sangrando, percorram-se esses destinados caminhos. O odor do corpo de Mimê, voltou como loucura às narinas do furriel. 

Regredindo, voltou aos momentos de volúpia e de total entrega entre dois seres na alvorada da vida, fez um esforço de negação, e o homem guerra, sentiu a rala barba orvalhada, por pérolas saindo dos olhos e o coração doeu. Mamadu reflectiu e teve reconhecimento perante a dádiva de tantas outras, mulheres grandes quase crianças, da obra que fizeram levando o seu alento junto daqueles jovens, homens fabricados à força e perdendo os melhores anos da sua juventude, vivendo nas mais miseráveis e terríveis situações. 

Não!... Não haverá palavras para agradecer a todas elas aquilo que levaram junto do soldado Português.

(Continua)
________________


(...) Tânia, comigo irão sempre a tua franzina figura e teus negros olhos cintilantes. A tua negação ficará eternamente cica­triz aberta, dentro do peito do cigano errático em que me trans­formei. O resto será aventura. Olhou para os amigos e lembrou-se das palavras de Niotetos: nunca mais seria a mesma pessoa. Um abraço a todos e até ao meu regresso. Esperem pelo Vagabundo, gritou, sem nenhum som lhe sair da garganta. (...)

(**) Vd. poste de 8 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16063: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - IX Parte: VI - Por Terras de Portugal: (iii) Lamego, Oeiras...

(...) Os esgotos da cidade [de Lamego] tomam-se caminhos conhecidos pela matula, em noites de percursos fantasmas, com petardos de trotil pelo meio. Aqui existe outra mulher especial na vida do ranger que consegue incutir força para a resistência. Apesar dos seus dezoito anos, Maria de Deus explica ao jovem militar a razão das coisas, mas não consegue influenciá-lo a fugir das terras para Norte. No entanto aqui começou uma louca doação. Ao aquartelamento de Cufar na Guiné chegarão, mais tarde, montes de cartas e aerogra­mas, trocar-se-ão poemas, falar-se-á da vida, da guerra e da mor­te. Haveria que fazer qualquer coisa!... A jovem incute no militar a aventura da fuga para França durante as férias. O militar prepara-se para a loucura, mas… há os velhotes e, nas terras para os lados do Norte, Tânia essa estranha força mais forte que o vento, não deixa voar o pensamento acorrentado de Vagabundo. Tão forte na guerra e tão frágil pela imagem de uma mulher que nunca será sua!... Uma mulher, que possivelmente até a sua existência já desconhece.  (...) 


(...) – Furiel!... tu é Mamadu, home balente, bó na bai na mato e cá tem medo, Miriam gosta de furiel. Eu sabo tu é branco, a mim preto! Miriam quer fazer cumbersa giro com furiel Mamadu! (...)

Guiné 61/74 - P17604: Blogpoesia (520): Não é possível conservar o tempo (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto)

Recruta no CICA 4. Foto: © Juvenal Amado


1. Em mensagem de 17 de Julho de 2017, o nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74) enviou-nos um poema de sua autoria.


TEMPO

Não é possível conservá-lo,
O Tempo escorre líquido,
Corre entre nós, célere.
Hoje é espesso, ontem vibrante.
A luz filtra-se na rocha escorregadia,
Trespassa-me o peito.
Sangro húmido viscoso e quente,
Os olhos afogam-se nos rios e mar,
Aspiro a brisa que nos transporta,
Nós que navegámos contra o vento,
Escorregamos no esquecimento.
Falta-nos sempre algo mais além,
O que nos vale
é o conforto de um trago amargo.
O álcool queima-nos a garganta,
Entorpece-nos e bebemos aos idos.
Na neblina julgo ver vultos,
Fugazmente vislumbro algo indefinido,
Vejo jovens enlaçados que flutuam,
Não sabem ainda que a juventude
é um momento fugaz.
É uma pétala que se solta,
Que se esmaga entre os dedos
e solta a fragância.
Esse é o aroma do tempo que passa,
e os cemitérios são os nossos fieis depositários

Juvenal Amado
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17587: Blogpoesia (519): "A gaivota sozinha..."; "No bar do Reichelt..." e "Adoração ao sol...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17603: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (7): Págs. 61 a 69 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)


1. Continuação da publicação do livro "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º Sargento António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança, enviado ao Blogue pelo nosso camarada Alberto Nascimento (ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63).


(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17590: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (6): Págs. 52 a 60 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17602: Meu pai, meu velho, meu camarada (58): Ilha de São Vicente, Lazareto - Parte I [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]




Foto nº 1 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto []?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Eu, ao centro"


Foto nº 1 A > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Llazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: lado esquerdo.



Foto nº 1 B > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: centro. Luís Henriques está assinalado com um retângulo a amarelo.




Foto nº 1 C > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Em diligência no paiol, eu e 30 colegas. Pormenor do grupo: lado direito.




Foto nº 2 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol".


Foto nº 2 A > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte do lado esquerdo. O primeiro militar da ponta esquerda deveria ser um graduado (furriel ou sargento)



Foto nº 2 B > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte central. Luís Henriques é o segundo a contar da direita para a esquerda.



  Foto nº 2 C > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo [?] > Novembro de 1941 >  "Duas secções em diligência no paiol". Pormenor: parte central. Luís Henriques é o primeiro a contar da esquerda para a direita.

Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2012) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.




1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha]. Esteve 26 meses em Cabo Verde, no Lazareto, na Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 43, em missão de soberania; este e outros batalhões (do RI 7, RI 15 e RI 2) , num total de mais de 3300 homens, foram entretanto integrados mais tarde no RI 23]. (*)

[Foto à direita, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]


Estas e outras fotos do álbum de Cabo Verde, de Luís Henriques, foram disponibilizadas ao João B. Serra que está escrever a biografia do capitão SGE e escritor Manuel Ferreira (1917-1992) [e a montar, em Caldas da Rainha, uma exposição comemorativa do 1º centenário do seu nascimento,  a inaugurar no dia 22 de julho de 2017, seguindo depois em meados de setembro para Leiria, terra natal do escritor] (**).

Manuel Ferreira também foi expedicionário, em São Vicente na mesma altura, ou seja durante a II Guerra Mundial, com o posto de furriel miliciano, embora pertencesse a outra unidade mobilizadora, o RI 7 (Leiria) (o respetivo batalhão estava aquartelado em Chão de Alecrim).

Outros camaradas nossos, cujos pais estiveram em Cabo Verde (casos do Hélder Sousa, Augusto Silva Santos e Luís Dias), também já disponibilizaram as fotos dos seus álbuns, para esta nobre missão que é, para além da comemoração da vida e obra de Manuel Ferreira, homenagear os valorosos portugueses e cabo-verdianos desta época.

O RI 5 estava aquartelado no Lazareto, a oeste da cidade do Mindelo.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 19 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17486: Meu pai, meu velho, meu camarada (57): um roteiro da cidade do Mindelo: parte II [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]

(**) Vd. poste de 12 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17571: Agenda cultural (572): Exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso", Museu Malhoa, Caldas da Rainha. Convite para a inauguração, no próximo dia 22 de julho, sábado, às 15h00 (João B. Serra, comissário)

Guiné 61/74 - P17601: Convívios (818): A lista final dos 50 'magníficos' inscritos para o 32º almoço-convívio da Tabanca da Linha, Carcavelos, dia 20, 5ª feira (Manuel Resende)


27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > 22 de setembro de 2016 > Quatro dos 'magníficos':  da esquerda para a direita,  Juvenal Amado, Jorge Rosales, Armando Pires e  Mário Fitas.

Foto:  © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A lista final dos 50 "magníficos" inscritos para o 32º encontro da Tabanca da Linha.  



Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)

1. O régulo, o "magnífico-mor", o histórico n º 1,  o "founding father", é o veterano Jorge Rosales (Cascais), tendo como adjunto (oficial de operações, secretário, "public relations",  tesoureiro, fotojornalista...) o Manuel Resende (o histórico nº 4, que mora em São Domingos de Rana, Cascais)... 

Outros séniores vão estar presentes como é o caso do Manuel Joaquim (Agualva-Cacém, Sintra, nº 2), o Armando Pires (Miraflores, Oeiras, nº 3), o Zé Carioca (Cascais, nº 5),  o Mário Fitas (Estoril, Cascais, nº 6). E até o editor do nosso blogue, Luís Graça (a quem, por deferência, atribuiram o nº 9)... Já não aparecia há muitas luas...

De modo algum "desalinhados", mas oriundos da "margem esquerda" do Tejo,  saudamos a presença do Augusto Silva Santos (Almada, nº 25) e o Hélder Sousa (Setúbal, nº 16)... De qualquer modo, tanto Almada como Setúbal fazem parte da Área Metropolitana de Lisboa.

O resto da malta é da Grande Lisboa, propriamenmte dita ou seja,, de alguns dos seguintes concelhos de:

Amadora
Cascais
Lisboa
Loures
Mafra
Odivelas
Oeiras
Sintra
Vila Franca de Xira.

O destaque vai para os camaradas que moram na "linha de Cascais" [, expressão que designa a ligação ferroviária entre Cais do Sodré (Lisboa) e Cascais, com uma extensão de 25, 450 km: interliga 3 concelhos: Lisboa, Oeiras e Cascais] ... Mas não esquecer também a " forte representação" do concelho de Sintra (13, quantos os de Cascais, que jogam em casa)... Por "equipas" ganha a da Linha de Cascais (Oeiras e Cascais) à da linha de Sintra (Amadora e Sintra) por 22-16...Neste caso, os de Lisboa (3) não jogam, porque tanto podem pertencer a uma ou a outra.

O Juvenal Amado. que também montou definitivamente o bivaque na Reboleira, Amadora, é já um assíduo da Tabanca da Linha, com o nº 32, mas morava até há coisa de um ano, em Fátima, concelho de Ourém... Fora da Grande Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa, vem o António Alves Alves, que é do Carregado (concelho de Alenquer).

O último membro da Tabanca da Linha passa a ser o veteraníssimo Jorge Ferreira (Caxias, Oeiras, nº 167).

Quanto à origem da Magnífica Tabanca da Linha, ela remonta a meados 2009 quando o Jorge Rosales o e José Manuel Matos Dinis se reencontraram, ao fim de 40 anosm na Quinta do Paul, Ortigosa, mais exatamente em 20 de junho de 2009, por ocasião do IV Encontro Nacional da Tabanca Grande. (**)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de julho de 2017 >  Guiné 61/74 - P17578: Convívios (817): Almoço dos ex-militares da CART 564, dia 15 de Julho de 2017 em Oliveira do Hospital (Júlio Santos, ex-1.º Cabo Escriturário)


(**) Vd. poste de 7 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16060: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (9): De quantas tabancas é feita a Tabanca Grande ?... Relembrando o feliz acaso do reencontro, 40 anos depois, do Zé Manel Matos Dinis com "o senhor Rosales", na Quinta do Paul, Ortigosa, em 20 de junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional, e que esteve na origem da criação da Magnífica Tabanca da Linha...

(...) Foi talvez nesse dia, já longínquo, de 20 de junho de 2009, num sábado, tórrido, que terá nascido a Tabanca da Linha... Pois que fique, para memória futura, e como documento para a nossa "pequeno história",  este naco de prosa do Zé Dinis... Fomos recuperar este texto, servindo ao mesmo tempo para abrilhantar os festejos dos 12 anos da Tabanca Grande (...) , que é a mãe de todas as tabancas... Curiosamente temos dificuldade em encontrar uma foto com eles dois juntos, o régulo da Tabanca da Linha, o 'comandante' Jorge Rosales e o seu 'adjunto' ou 'secretário' Zé Manel Matos Dinis... Pode ser que o fotógrafo oficioso da Tabanca da Linha, o Manuel Resende, descubra uma, nos seus arquivos...

Recorde-se que o José Manuel Matos Dinis foi fur mil at inf, CCAÇ 2679 (Bajocunda, 1970/71). E que o Jorge Rosales Jorge Rosales, membro da nossa Tabanca Grande, desde junho de 2009, foi alf mil da 1ª CCaç Indígena (Porto Gole1964/66). (...)

Guiné 61/74 - P17600: Os nossos seres, saberes e lazeres (222): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 12 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Tratava-se de um sonho antigo, visitar Malta, mesmo no coração do Mediterrânio, a 90 quilómetros da Sicília, o mais pequeno dos Estados da União Europeia, com uma história fabulosa, uma cultura marcada pela presença de diferentes dominadores, caso dos árabes, que ali permaneceram mais de três séculos, de Aragão, do Reino das Duas Sicílias, foi ameaçada pelo Império Otomano, Ordem de Malta, os cavaleiros hospitalários ali fundaram fortalezas nas ilhas de Malta e Gozo que têm uma imponência esmagadora.
Por ali passou o Napoleão Bonaparte que extinguiu a Ordem de Malta, seguiram-se os britânicos até que na década de 1960 veio a independência.
Os portugueses são recordados, logo o Grão-Mestre da Ordem António Manoel de Vilhena, uma lenda maltesa e também o Marquês de Niza que se comportou heroicamente com os seus marinheiros no cerco de Napoleão, em 1798.
Vale a pena recordar.

Um abraço do
Mário


De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta:
À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (1)

Beja Santos

Depois de muito procurar um bom low-cost para Valeta, a capital da República de Malta, o viandante descobre que há um bom, bonito e barato, por aproximadamente 140 euros, taxas incluídas, sai-se da Portela até Zaventem, seis horas depois prossegue-se para Valeta e no regresso pode-se fazer uma escala demorada em Bruxelas. Era o que convinha, e conveio. Começava assim uma digressão primaveril, cedo se chegou a Zaventem, optou-se por uma nova viagem até Lovaina, a conceituada cidade universitária dentro da Flandres, chega-se rapidamente de comboio, estadia para revisitar os belos campos iluminados pelo sol primaveril. E assim se chegou a uma cidade que tem a particularidade de ter um monumento dedicado aos seus mortos na guerra, um memorial, logo à porta da gare ferroviária. Atenda-se ao belo espigão que sobe dentro de um céu azul puríssimo, e veja-se um pormenor escultórico, como é sabido a câmara do viandante não dá para arrojadas imagens. Não admira o respeito pela memória que os belgas têm pelas duas invasões alemãs, mortíferas e altamente destruidoras, como se exemplificará com a Biblioteca de Lovaina.



A caminho da biblioteca da Universidade de Lovaina depara-se este monumento dedicado a Justus Lipsius ou à portuguesa Justo Lipsio, um dos mais conceituados humanistas flamengos, o seu nome aparece hoje num dos edifícios monumentais da União Europeia.


Em Agosto de 1914, a Biblioteca de Lovaina, conhecida no mundo inteiro, foi incendiada pelo exército alemão, perderam-se 300 mil livros. Houve doadores norte-americanos e outros que contribuíram para a construção do novo edifício. O que estamos a ver é um empréstimo do estilo arquitetural do Renascimento dos Países Baixos. Em Maio de 1940, os alemães voltaram a destruir a biblioteca, perderam-se 900 mil volumes. Em 1951, a biblioteca abriu novamente aos leitores. Em 1968, novo drama, com a cisão entre a Flandres e a Valónia, criou-se a universidade francófona de Lovaina-a-Nova, repartiu-se o património.




A Igreja de S. Pedro é um belíssimo espécime do gótico brabanção, elegante na disposição do espaço, belas colunas, um teto sóbrio numa boa equação de cumprimento e altura, o templo estava em obras, sobretudo no altar e na zona da abside, o viandante centrou-se numa escultura fabulosa, num pormenor do teto e noutro do luxuriante púlpito, trata-se de um conjunto escultórico de incalculável valor.
É preciso regressar ao aeroporto.
Chega-se a Valeta ao fim do dia, encontrou-se acolhimento no bairro de Paula, seguramente alusivo a S. Paulo, que por aqui andou, segundo o Ato dos Apóstolos, três meses, fruto de um naufrágio, daqui seguiu para Roma, onde foi martirizado. Na manhã seguinte, começou a descoberta de Valeta, património mundial da humanidade. Onde a aviação alemã destruiu uma casa de cultura está hoje o edifício do Parlamento de Malta, obra do arquiteto Renzo Piano. É um deslumbramento.


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17570: Os nossos seres, saberes e lazeres (221): Poço Corga, Mosteiro e o meu jardim perfumado (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17599: Parabéns a você (1289): Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e da CART 2732 (Guiné, 1970/72) e João Santos, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 (Guiné, 1968/70)


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Nota do editor

Último poste da série de 17 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17589: Parabéns a você (1288): Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 3492 (Guiné, 1971/74) e José Manuel Pechorro, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 19 (Guiné, 1971/73)

terça-feira, 18 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17598: Estórias do Zé Teixeira (45): O Valente, um homenzarrão, com um coração tão grande quanto o seu físico (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Levantamento de mina antipessoal. Foto: © António Inverno (2010).


1. Em mensagem do dia 13 de Julho de 2017, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos mais uma das suas estórias com dois protagonistas, o Jorge e o Valente, com sortes diferentes na guerra e na paz.


ESTÓRIAS DO ZÉ TEIXEIRA

45 - O Valente

Mina! - Gritou. - Mina!
Ouve-se quase em simultâneo.

Os picadores aninham e aguardam. O resto do pessoal da coluna, uns deitam-se na berma da estrada em construção, outros, baixam-se expectantes. Numa fração de segundos, o inimigo abre fogo cerrado sobre a frente da coluna. Estava acoitado na mata esperando que uma A.P. que tinha colocado no terreno, um pouco mais atrás bem dissimulada, junto a um tronco de palmeira na berma da estrada, desse sinal de vida. Era junto a ela que iam passar os soldados de proteção à coluna. Seria o momento mais oportuno para abrir as hostilidades, dada a confusão que provocaria. O Inimigo sabia que esta mina facilmente escaparia ao apertado controlo dos picadores pelo local onde fora colocada, no topo do tronco ali perdido, desde que fora arrancado à terra para dar lugar à estrada. Esta maldita esperava silenciosa, enquanto o matraquear das armas e os rebentamentos das granadas se faziam sentir. Os “picadores” como que voaram por cima do campo de minas e estatelaram-se na berma. Tiveram sorte.

De repente fez-se silêncio. Aquele silêncio angustiante para o enfermeiro que aguarda temerosamente ser chamado para acudir aos feridos. Basta um eco de dor e lá vai ele em passo ligeiro, na sua missão de salva vidas, sem olhar a riscos. É o sangue que o chama. É o seu sangue que o impele. Não pensa, corre. Age de forma um tanto inconsciente. Sabe que pode salvar uma vida, duas... esquece a sua própria vida.

Não. Não havia feridos. Apenas silêncios e ouvidos atentos. Olhares cruzados assustavam os medos, enquanto o furriel sapador iniciava o seu trabalho de localização e levantamento das assassinas, ali espalhadas no terreno e eram sete.

Um pouco à frente, nota-se a terra remexida. Centram-se aí os olhares, enquanto se espera a ordem do sapador para avançar. Que será? Talvez um cemitério. Quatro cruzes artesanais estavam bem à vista em plena estrada, por onde se tinha passado no regresso do dia anterior. Não era um cemitério, não. Era um simulacro de cemitério com uma mensagem – Branco vai embora se não queres que te aconteça isto!

O tempo passa lentamente, irritantemente. Nada sucede. Apenas o silêncio daqueles olhos focados no sapador que nunca mais acaba de desenterrar a morte escondida. Era um homem calmo e sereno, nervos de aço, olhar de águia, dedos de sensibilidade extrema. Tinha o seu destino na ponta dos dedos. Lentamente, seguramente, uma a uma... queria vencer mais esta batalha com a morte. É então que o Jorge se levanta do seu lugar e palmilha o troco da palmeira, chegando-se um pouco à frente para ver melhor. Não havia perigo. O inimigo afastara-se. As minas estavam no meio da estrada, bem localizadas...

Mas aquela, oculta mesmo no topo da palmeira mantinha-se silenciosamente expectante. Arreganhou os dentes quando o Jorge a pisou fazendo estremecer os corações dos homens, tanto quanto a terra que a acolheu. Pum!!!!!!!

O Jorge foi atirado para o meio da estrada deixando uma perna pelo caminho. Não gritou. Apenas ficou atónito a olhar para si, todo sujo de pó, sem saber o que lhe aconteceu. O sangue, esse escorria pela perna fora e perdia-se na terra remexida de fresco.

Corre enfermeiro que a uma vida está em perigo! Estava ele tão bem recostado no tronco de uma árvore à espera que o tempo passasse, de olho atento ao sapador.
- Só me faltava esta. - Comentou o enfermeiro e aproximou-se do ferido.

O Jorge, no meio da estrada, agora sim, a gemer de dor, não da perna, mas na alma, ao verificar que algo lhe faltava para ser o Jorge. Veio-lhe à mente, ainda confusa, a imagem da Catarina, a noiva a quem prometera fidelidade. Eram uns românticos que o afastamento da guerra não conseguia vencer. Escrevia-lhe todos os dias e recebia “toneladas” de aerogramas no dia do correio. Agora, já não era o seu Jorge. A guerra apossara-se dele de forma inglória. Ela não ia aceitar um Jorge estropiado. Para quê viver. E o Jorge chorou de mágoa.

O enfermeiro chegou num ápice. Viu o Jorge no meio da estrada, mesmo ao lado das minas que o sapador teimava em levantar. O Jorge, as minas e o enfermeiro travaram um diálogo surdo.
- Vou buscá-lo, arrastá-lo para a berma?! Não haverá mais minas?! Trato-o mesmo ali?! - Interrogava-se o enfermeiro enquanto abria a bolsa e procurava o material de apoio. E o Jorge gemia. Gemia na alma e no corpo dorido, esfacelado...

Foi então que o Valente, um homenzarrão, com um coração tão grande quanto o seu físico, agarrou no enfermeiro pelo braço e disse com voz de comando.
- Vamos buscá-lo!
E foram. E trouxeram-no para a berma.

Este Valente, já não está entre nós, a morte apossou-se dele há menos de um ano.
O Jorge casou com a Catarina e ainda hoje são um casal feliz.

José Teixeira
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16914: Estórias do Zé Teixeira (44): A “puta” passa o seu tempo à sombra do cajueiro, junto à porta do Comando (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Guiné 61/74 - P17597: Agenda cultural (575): Leiria, Biblioteca Municipal, sarau literário, comemorativo dos 100 anos do nascimento do capitão e escritor Manuel Ferreira (1917-1992)


O convite chegou-nos pela mão do nosso camarada, amigo e colaborador permanente, com raízes familiares em Leiria, o José Marcelino Martins. Faz anos cem anos que nasceu o capitão e escritor Manuel Ferreira (1917-1992) (*) , autor de "Morna" (1948), "Hora di Bai" (1962) (**).


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Notas  do editor:


(**) Vd. poste de 12 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17571: Agenda cultural (572): Exposição "Manuel Ferreira, capitão de longo curso", Museu Malhoa, Caldas da Rainha. Convite para a inauguração, no próximo dia 22 de julho, sábado, às 15h00 (João B. Serra, comissário)

Guiné 61/74 - P17596: Historiografia da presença portuguesa em África (81): Quem foi Abdul Injai, companheiro de armas do capitão Teixeira Pinto, nas 'campanhas de pacificação' de 1913-1915, e por ele promovido a Tenente de 2.ª linha, régulo do Oio e do Cuor?... Herói ou vilão? Mercenário ou nacionalista? Aliado ou inimigo? Cabo de guerra ou bandido?


Foto de Abdul Injai em 1915, herói do Oio, no auge da sua glória. 


1. O nome do "lendário" e "controverso" Abdul Injai, "companheiro de armas" do capitão Teixeira Pinto (1913-1915), tem aparecido aqui, amiudadas vezes, nos últimos tempos, a propósito quer da divulgação do livro "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º sargento reformado António dos Anjos (edição de autor, impresso na Tipografia Académica, Bragança, 1937), quer da publicação das notas de leitura do livro do nosso grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva , “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926” (Porto, Caminhos Romanos, 2016).

Afinal, quem foi Abdul Injai (ou Indjai ou Njai), nascido no que é hoje o território do Senegal, de etnia uolofe,  muçulmana (, etnia maioritária do Senegal atual)? Herói ou vilão? Mercenário ou nacionalista?  Aliado ou inimigo?  Cabo de guerra ou bandido? Alguns guineenses não hesitam em pô-lo hoje  na galeria dos seus  heróis, nacionalistas, ao lado dos "combatentes da liberdade da pátria".

Sabe-se que em 25 de novembro de 1914, Abdul Injai, já régulo, foi nomeado tenente das forças de 2.ª linha "por ter dado sempre sobejas provas de sua dedicação ao Governo e manifestado a mais heróica valentia", como "chefe indígena", nomeadamente na campanha do Oio, sob o comando do capitão Teixeira Pinto.

Cinco anos depois, ele cai em desgraça, por alegadamente ter usado e abusado do poder como régulo do Oio e do Cuor. Em 8 de julho de 1919, foi declarado o estado de sítio nas regiões de Bissorã e Farim, em virtude de Abdul Injai se recusar a acatar as ordens do Governo. Um mês depois, a 16 de agosto, é preso em Farim, depois de se entregar às forças do Governo.

Acaba por ser destituído dos seus cargos e deportado para a Madeira, por 10 anos, mas morre em Cabo Verde. Faltam-nos também pormenores sobre esta parte final da vida do Abdul Injai.
Aqui ficam alguns excertos, recolhidos tanto no nosso blogue como noutras fontes da WEB. Os títulos e a fixação de texto são da responsabilidade do nosso editor LG. (*****)


(i) Abdul Injai, o maior herói-vilão da Guiné Portuguesa

por Mário Beja Santos (*)

Nenhuma outra figura guineense do período colonial se revelou tão paradoxal, suscitou tanta paixão nas admirações e ódios, sobretudo no chamado período da «pacificação», que se estende até 1936.

Os relatos são muito contraditórios, é patente a falta de objectividade das diferentes fontes de exaltação e detracção. Abdul Injai era um djalôfo ( oriundo do Senegal, não da Gâmbia, como às vezes se lê), trabalhou como criado em Bissau e aparece em 1913 ao lado de Teixeira Pinto, na campanha do Oio, onde se distingue pela sua incontestável bravura. Acompanha Teixeira Pinto em novas surtidas, sobretudo em Bissau e arredores, é reconhecido como herói, à semelhança de Mamadu Sissé.

O prémio foi a sua nomeação para régulo do Oio e do Cuor, nesta última região terá tido um comportamento bárbaro, deu provas de saqueador e chefe de bando que praticava roubos abomináveis. Depois, começou a ser contestado no Oio pelas arbitrariedades, desafiou as autoridades de Bolama, o governador mandou uma coluna militar, em 1919, veio preso, foi desterrado primeiro para Cabo Verde, veio a morrer na Madeira.

O seu nome é referido como de combatente destemido que se corrompeu seduzido pelo oiro, por se ter posto à frente de rapinantes. Ele que garantira morrer a combater foi capturado e deixou-se levar como um qualquer preso de delito comum.

Lânsana Soncó, o almani de Missirá, foi a primeira pessoa que me falou da sua lenda. Prometo estudar melhor tão contraditória e paradoxal figura. (...)


(ii) Operações de polícia na área do comando militar de Bissorã e circunscrição civil de Farim em 1919

por José Martins(**)

Circunscrição de Farim – região do Comando Militar de Bissorã: Declaração do estado de sítio em Julho de 1919, em virtude de Abdul Injai, régulo de Oio, se ter declarado em aberta rebelião, depois de três anos de abusos de autoridade, situação que o governo desculpou, face aos significativos serviços prestados, pelo mesmo, a Portugal nos muitos combates que travou na Guiné, demonstrando uma valentia e lealdade ímpares

Pelos seus serviços a Portugal e à Guiné, foi promovido a Tenente de 2ª Linha, foi-lhe dado o regulado do Oio e, sendo chefe incontestado pela sua gente, foi um grande auxiliar do Capitão Teixeira Pinto e Tenente Sousa Guerra que, apoiado pelas suas gentes, auxiliou muito o governo da província a pacificar aquelas terras.

A causa próxima do estabelecimento do estado de sítio tem as suas origens em Abril de 1916, altura em que o régulo Abdul Injai começou, com prepotência, a aplicar multas aos chefes da povoações limítrofes das suas, fazendo exigências várias, entre as quais, trabalhar nas sua terras sem direito a qualquer pagamento.

Tendo em conta a sua “folha de bons serviços”, foi sendo aconselhado a alterar a sua posição, não só em relação à administração mas também em relação aos povos seus vizinhos. Estes avisos e/ou conselhos não só não surtiram efeito como agravaram a situação, o que levou Abdul Injai, em Abril de 1919, a atacar com a sua gente a povoação de Solinto-Tiligi e, em 29 de Maio do ano de 1919, apoderou-se das espingardas que a administração havia distribuído às populações do Cuor.

Como condição para proceder à devolução das armas, exigia uma indemnização de 40 contos, além da percentagem de 10% do imposto de palhota cobrado em Mansoa, Oio, Costa de Baixo e Bissau.
A aceitação destas condições colocaria, o governo da província, em situação de subalternidade, levaram à constituição de uma coluna de polícia que, em 3 de Agosto de 1919, entrou em combate com as forças revoltosos, tendo aprisionado Abdul Injai e os seus mais directos colaboradores, que foram desterrados para Cabo Verde.

Abdul Injai viria a falecer pouco tempo depois, terminando assim a vida de um aventureiro que prestou relevantes serviços à Guiné, mas também lhe criou grandes problemas, obrigando à adopção de medidas extremas para contrariar a sua atitude.

Nesta operação perdeu a vida o Alferes Afonso Figueira e 9 dos seus soldados.

Condensação de: José Marcelino Martins (**)


(iii) Abdul Injai, um herói guineense, ao lado de Amílcar Cabral  
por Fernando Jorge Pereira Teixeira (***)


(...) Temos até de acreditar, se preciso for, que o nosso povo é mais do que é. Temos que acreditar que é esse é o mesmo povo que gerou Abdul Injai, Unfali Soncó, Mussá Moló, Bacampolo-Có, Okinka Pampa, Honório Barreto, Amílcar Cabral, Domingos Ramos, Osvaldo Vieira, Simão Mendes, José Carlos Shwarz e tantos outros, poderá sublimar-se e superar a si próprio; e quem sabe se das dores dos morticínios, da guerra, dos golpes, e sofrimentos sem fim, não brotara do seio do povo Guineense uma nova plêiade de heróis. (...)


(iv) Abdul Injai, a conquista portuguesa e o levante de 1919 na Guiné-Bissau : manifestação pública de um discurso oculto

por Michelle Sost dos Santos (****)


(...) O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as relações estabelecidas entre Abdul Injai - régulo das regiões do Cuor e Oio na Guiné - e os representantes portugueses dentro do contexto imperialista do início do século XX. Apesar de estarem em contato com os povos da Guiné desde o século XV, os portugueses não tinham domínio efetivo sobre a região. No entanto, a partir das transformações no sistema econômico ocidental e a sua necessidade de expansão, o continente africano foi invadido por uma onda imperialista, que resultou na disputa entre os países europeus sobre os seus territórios. Dessa forma, Portugal viu-se obrigado a efetivar seu domínio sobre a região da Guiné. No entanto, é impossível falar de dominação, sem falar de resistência, e é esse o objetivo principal desse trabalho. As ofensivas portuguesas foram ferozmente combatidas pelos diferentes povos da Guiné, o que retardou por quase um século a implantação do sistema colonial nessa região.

O caso de Abdul Injai não se enquadra nesses modelos tradicionais de resistência, e por isso, faremos distinção entre dois momentos em sua atuação: no primeiro, enquanto chefe de um exército de mercenários e agindo em prol de seus interesses, ele estabelece aliança com as forças portuguesas. Através do discurso público de combate aos povos locais, ele afirma seu poder na região e garante suas nomeações de régulo do Cuor e do Oio. No entanto, a condição de régulo não estava de acordo com o poder que Abdul almejava, pois conotava submissão à administração colonial portuguesa. Dessa forma, o seu segundo momento de atuação que é o levante de 1919, além de ser uma resistência armada evidente ao sistema colonial, é a confirmação de que as suas ações anteriores não visavam à afirmação do domínio português na região, mas, provavelmente, a afirmação de seu próprio poder. (...)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de outubro de  2008 >  Guiné 63/74 - P3320: Historiografia da presença portuguesa em África (8): Abdul Indjai, herói e vilão (Beja Santos)

(**) Vd. poste de 1 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11177: Para que a memória não se perca (4): Histórias da dobragem do século XIX para o século XX (José Martins)

(***) Vd texto de Fernando Jorge Pereira Teixeira: refflexões de um nacionaçista: parte I: o nosso desígnio como povo. In: Projeto Guiné-Bissau Contributo

(****) Vd. Santos, Michele Sost dos - Abdul Injai, a conquista portuguesa e o levante de 1919 na Guiné-Bissau : manifestação pública de um discurso oculto. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Curso de História: Licenciatura. [Consult em 18 de julho de 2017]. Disponível em http://hdl.handle.net/10183/149538

(*****) Último poste da série > 15 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17585: Historiografia da presença portuguesa em África (80): Uma peça de ourivesaria a exaltar o paternalismo colonialista (Mário Beja Santos)