quinta-feira, 9 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19767: (In)citações (130): As Comemorações de Abril, A Memória e a História (José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679)

Com a devida vénia ao fotógrafo Alfredo Cunha


1. Por proposta de José Marcelino Martins e concordância do autor, aqui deixamos este extenso, mas interessante artigo de opinião sobre as Comemorações do 25 de Abril de autoria de José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71).

Originalmente publicado no seu facebook em 5 partes, por ser um pouco longo, optamos por publicar tudo de uma só vez aqui no Blogue.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 1

1 de Julho de 1972. De Lisboa para Bissau, um meio aéreo da FAP transportou três capitães, a saber: Jorge Golias e Matos Gomes, oficiais do QP, e José Manuel Barroso, miliciano, este com destino ao Gabinete de Informação e Comunicação do ComChefe.

Golias viria a publicar um livro, no qual afirma que os três estabeleceram uma interessante conversa sobre a condição política e militar que afectava o ultramar português. Chegados a Bissau comprometeram-se a reunir e alargar as conversas a novos camaradas, o que terá acontecido. O autor reivindica para o mencionado encontro a génese do golpe militar.
Sobre as razões apressadamente reunidas para justificação da insubordinação militar: democracia, desenvolvimento e descolonização não fez qualquer referência.

Naquela época - 1972 - a situação militar nos territórios ultramarinos podia caracterizar-se assim: controlada na Guiné e em Moçambique; dominada em Angola.

Naquele tempo, a Guiné era um pequeno território com cerca de trezentos mil habitantes, de escassos recursos e infraestruturas, onde se vivia uma economia de guerra. A política "Por Uma Guiné Melhor" parecia dar resultado e as massas apoiavam o regime. A guerra movida pelo IN era descontrolada e tanto afectava as NT como a população condicionada às minas, aos assaltos e às flagelações. Eram os portugueses que lhes prestavam o auxílio possível sempre que afectadas. Angola e Moçambique, pelo contrário, apresentavam notáveis índices de desenvolvimento e crescimento económico e social, entre 8 e 10% na costa oriental, e 20% em Angola. Eram sociedades em rápido processo de educação e modernização, tanto de equipamentos públicos como empresariais, e altamente exportadoras.

A metrópole registava índices de crescimento económico de cerca de 7%, e crescia em todos os domínios, salientando-se a melhoria dos salários, que então permitiam maior desafogo, melhoria na habitação - quando se desenvolveram grandes urbanizações em Oeiras, Amadora, Sintra, Loures, Almada, Barreiro, para só falar na cintura de Lisboa. Havia muita capacidade de absorção de mão-de-obra, nos serviços, na indústria e na função pública. Os automóveis particulares aumentavam exponencialmente, as casas para além de electrodomésticos, passavam a contar com televisão e gira-discos. O Algarve, embora mal servido de acessos, já era destino de férias de muitos nacionais. O fim-de-semana à inglesa generalizara-se, e começava o modelo americano, com folga de dois dias. Politicamente assistira-se à regularização dos esquemas da segurança-social, CGA/MSE e CNP.
O País vivia em equilíbrio económico-financeiro, com elevadas reservas em ouro e divisas, e sem dívidas ao estrangeiro.

Entretanto dava-se a revolução sexual, e a luta da mulher pela igualdade de direitos, acompanhava a luta de salário igual para trabalho igual. A mulher saía de casa e dirigia-se para o trabalho em condições idênticas às dos homens. Vulgarizava-se o uso da mini-saia, das roupas cingidas e dos generosos decotes. Na praia também era adoptado o biquini, e a mulher prosseguia o caminho da independência pela sedução. As jovens mulheres de alguns capitães também se enquadravam nesta onda, e eram frequentes as intrigas que afectavam os casais, ou os maridos mobilizados em África.

Em 1973, com o recrudescimento da guerra na Guiné, a que os poderes político e militar não deram resposta adequada, a situação sofreu perturbações. Os militares exigiam mais equipamentos e mais contingentes, a que Caetano não respondia, nem evitava esse mal-estar institucional, chegando ao ponto de propor a entrega do poder aos militares, que rejeitaram. Apesar de sobre a questão ultramarina, Espanha França e Alemanha darem apoios políticos a Portugal, e os EUA revelarem maior compreensão às teses portuguesas, o Governo mostrava-se tolhido. Outras nações, pontualmente, também se associavam com apoios.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 2

Em 26 de Dezembro de 1971 Spínola despediu-se de um contingente militar que regressou à metrópole. Discursou como habitualmente, e referiu que os "traidores" estavam na retaguarda. Não os mencionou, mas é fácil inferir que se dirigia a elementos do Governo Central. Já andava às turras, e a partir de 1973 parecia querer tudo, para combater o que antes parecia ter controlado, o IN.

Entre aquelas datas deu bastas provas de querer vir a ser Presidente da República. Desdobrava-se em entrevistas e fomentava reportagens. Parecia um senhor da guerra, um líder incontestado. No entanto, tenho dele amargas recordações, como as que deram ocasião ao assassínio de três majores, um alferes e uma praça. Foi muita e grave a ingenuidade do General. Não ficou por aí. Ambicioso, deixou-se seduzir pela ideia de invadir Conakry, o que seria natural num acto de guerra contra o IN. O auto-proposto Comandante e criador da ideia, é que não soube combater a outra ideia de promover um golpe de estado noutro país, o que não teria sido mau de todo, se não tivesse havido tantas fugas de informação que ditaram o falhanço quase total da operação invasora. Eram ambos muito ambiciosos e descuraram aspectos essenciais. Queriam a glória de engalanar a História de Portugal, mas os resultados foram fracos e poderiam ter sido piores, conforme o testemunho de um importante e destacado participante (não o cito por estar vivo). Mas o ComChefe ainda deu mais provas de desnorte, fechando, reabrindo e voltando a fechar aquartelamentos; permitindo novos aquartelamentos com a água à distância (v.g. Guilege e Bajocunda); mandando tapar as valas de protecção a Pirada com o argumento de que aquela era uma região pacífica e controlada, embora poucos dias após tenha ocorrido um milagre a favor das NT em resultado da invasão da localidade durante uma projecção de cinema.

Spínola também não foi capaz de controlar o erário, pela criação de equipas de auditoria para disciplina da quadrícula, promoção ao bem-estar físico e moral da tropa. Foi um ver se-te-avias, com os maus resultados que se adivinham, embora os relatórios, de baixo para cima, mencionassem sempre o elevado moral do pessoal. Mentira!
O General também parecia estar a jogar em dois campos: com o prestígio internacional, que o obrigava a mostrar aceitação pelo "politicamente correcto", e com a desculpa da insuficiência de meios para a defesa daquele torrão pátrio. Foi quando, com os outros comandantes-chefes, rejeitou a tomada do poder proposta por Caetano.

Com o aparecimento dos Strela - mísseis terra-ar que provocaram alguns estragos iniciais, acentuou-se o sentimento de perturbação e o desejo de muitos militares pelo abandono do território. A guerra era feita em grande parte pelos milicianos, e os capitães em geral procuravam a segurança dos aquartelamentos. Havia dignas excepções, mas eram isso mesmo excepções. Com isso, alastrava a falta de liderança sobre o pessoal, com a consequente quebra da disciplina. S.Exa. também elegia os favoritos e os trastes, por vezes com critérios de pouca compreensão e aceitação. Na transição de 73 para 74, face à acumulação de erros que pareciam dar vantagem ao IN, já o MFA levava adiantada a sua vocação de protesto, e avançava à luz-desarmada com a sua campanha de abandono dos territórios africanos.

Todos sabiam. Sabia a PIDE, os altos comandos militares e o Governo.
Ninguém, nem os mais moralistas, se empenharam na defesa de quantos se bateram pela Pátria, metropolitanos e africanos, dando do País a imagem de cobardia e traição que desqualifica os povos. Entretanto, formara-se no exterior, o Partido Socialista, que em 25 de Abril teria 20 a 30 militantes, conforme refere Rui Mateus na sua obra "Contos Proibidos".
Pouco antes, PCP e PS assinaram um pacto de cooperação contra o Governo e por um novo regime pretensamente democrático.

Em resultado da luta dos movimentos de libertação contra o designado colonialismo português empurrados pela miopia e desinteresse ocidental para os braços da URSS, os anos decorridos, as diferentes circunstâncias que afectavam os mobilizados, e a intensificação da luta na Guiné, dariam lugar ao chamado Movimento dos Capitães, que derrubaria a ditadura do Estado Novo. Esse movimento "pacífico", sem oposição e sem objectivos políticos claros, alegadamente provocado por razões de natureza corporativa - o governo derrogara a lei relativa à progressão dos capitães milicianos, e pela derrota psicológica dos militares portugueses que levaram ao abandono dos territórios, daria lugar a um período de enorme perturbação e ruína, quer em termos materiais, quer em termos morais e anímicos, de que o País ainda sofre, com consequências impossíveis de avaliar, como tentarei mostrar numa terceira parte. A glória da miséria estava para chegar.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 3

A guerra de África que assolou os territórios portugueses a partir de 1961, ocorreu em plena "guerra fria", período dominado pela rivalidade das duas grandes potências, ambas interessadas na expansão e domínio das regiões sob as suas influências. Os EUA contavam desde a 2.ª GGM com parte ocidental da Europa, a mais desenvolvida, com algumas regiões asiáticas, a Oceânia e as américas, com excepção da pequena Cuba. Por seu lado, a Rússia dominava os países da Europa oriental sob a URSS, como se todos esses povos comungassem do mesmo entusiasmo. Ainda estendia influências noutras regiões asiáticas, e, enquanto beneficiária estratégica da Conferência de Bandung, mostrava-se a maior colaboradora dos novos países afro-asiáticos que saíram dos diferentes regimes coloniais. Acolhia e formava os jovens dos movimentos emancipalistas, que também instruía e municiava. A África era a sua principal área de influência, e território de conhecidas reservas minerais.

Em 1973 formou-se o Partido Socialista, que logo foi acolhido pela Internacional Socialista, uma organização de países de índole social-democrática, em geral desenvolvidos e instruídos. Entre eles, avultava a Suécia, onde Olof Palme mostrava toda a vontade de acabar com os regimes coloniais, e exercia grandes pressões para que os territórios naquela condição colonial, ascendessem às respectivas independências. Quer isto dizer, que um teórico esforçava-se para libertar o mundo "colonizado", sem dele mostrar ideias coerentes sobre as multidões que se propunha libertar, nem as circunstâncias em que essas regiões viviam e conviviam. Os territórios de influência anglófona, francófona, italiana e espanhola, logo consubstanciaram pelo abandono o slogan dos "novos ventos da história", que deram origem a novos países ditos progressistas, porque acolhiam-se à área de influência russa. O PS de então tinha beneficiado da generosidade de Palme, Brandt e Janitschek - 1.º Ministro austríaco, quer em meios políticos, quer em apoios financeiros, que se prolongaram por vários anos. Donde, politicamente, os socialistas portugueses não poderiam afastar-se com notoriedade, e ficavam vinculados à ideia da descolonização, sem que essa fosse ou não debatida como a melhor solução para africanos e portugueses. Por esta ocasião, cerca de metade do contingente militar que combatia os movimentos era proveniente dos recrutamentos locais, o que também poderia ter sido entendido como uma demonstração de vontade desses militares para continuarem portugueses. Condição que verifiquei mais de vinte anos depois, quando fiz deslocações ao interior da Guiné e de Moçambique, onde era abordado calorosamente por indivíduos da minha geração, que ainda se reivindicavam de portugueses, e exibiam cartões de identificação civis e militares. Portanto, os socialistas em geral, nacionais ou estrangeiros, estavam vinculados a uma ideia teórico-política sobre a descolonização, também ela representativa de interesses próprios de sobrevivência. De qualquer modo, era intolerável a intromissão desses países nas orientações internas de outros, para mais membros comuns da EFTA.

Na metrópole, entretanto, dava-se continuidade ao projecto de Sines, que pretendi consagrar a "zona do escudo" face aos eventuais boicotes externos, mas tinha virtude de desenvolver o País com vista à auto-sustentação económica. Foi um projecto muito arrojado, que ficou a meio caminho dos objectivos, e poderia ter estimulado a novos desenvolvimentos.

Entretanto, Spínola regressara à metrópole em nítido conflito com o Governo, e deixou no ar, fruto da sua ambição, a ideia de que poderia apadrinhar o movimento dos capitães.
Enquanto isso, os principais órgãos de comunicação-social davam à luz muitas notícias de sinais contrários à política prosseguida, muitas vezes com origem em fontes ou jornalistas comprometidos, que a censura não detectava ou não podia neutralizar. Também os estudantes aumentavam o banzé sobre o destino próximo da mobilização para a guerra, que efectivamente já durava em demasia. Havia, pois, uma predisposição para uma mudança, pese embora que não se sabia para quê.
A par disso, a população branca nas colónias aumentava significativamente, porque os desmobilizados tinham encontrado ali excelentes oportunidades profissionais e para organização das suas vidas. Muito longe iam os tempos coloniais, apesar da estratificação social característica de povos nos inícios do contacto com a civilização. Crescia o número dos casais mistos, e consequentemente dos filhos mulatos. Também a Administração e empresas empregavam muitos funcionários e gestores, em ambiente de grande harmonia. Dizia-se de Angola, que seria um novo Brasil.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 4

Em 1974 Caetano estava abúlico e o Governo tinha a noção de estar a prazo. Digamos que fazia a gestão corrente, desejoso de ser substituído.
"Em Maio de 73 promoveu-se na Guiné a primeira tomada de posição colectiva de grande notoriedade. Foi a propósito do chamado Congresso dos Combatentes do Ultramar, uma iniciativa de antigos oficiais milicianos, apoiada pelo Governo", que na Guiné teve resposta negativa. Em 17 de Agosto, em Bissau, o alargado grupo de capitães antes referido, reuniu para análise de um carta a enviar às altas instâncias políticas e militares. Era em tom duro, e foi amenizada em virtude de várias opiniões, o que gerou a intervenção de Golias, que disse ter sido tão suavizada, que parecia uma carta de amor, e acrescentou, que também deviam ter discutido a guerra, que só poderia ser resolvida com o fim do regime, o que se conseguiria com uma revolução. Estava dado o mote. A carta foi enviada e assinada por cerca de cinquenta oficiais, mas as autoridades não reagiram, melhor, promoveram os capitães mais antigos. Quando Bettencourt Rodrigues tomou posse, já o Movimento dos Capitães estava lançado. Conforme descreve Golias, em finais de 73, Matos Gomes regressou de férias na metrópole e carregava uma pilha de livros "Por Uma Democracia Anticapitalista", de Sottomayor Cardia, que revendeu a preço de custo. Foi esse livro que pôs muitos capitães em contacto com a política, uma espécie de manual escolar que lhes permitiu sentirem-se preparados para a revolução. Golias, ingenuamente, ainda acrescenta o estímulo da leitura de "Textos Políticos", de Cabral, e evidencia uma frase inspiradora: "os nossos povos fazem a distinção entre o governo colonial fascista e o povo de Portugal: não lutamos contra o povo português". E fez fé! Também os portugueses nunca lutaram contra o povo espanhol, guerrearam contra o exército e a cavalaria de Espanha.

Quando Spínola publicou "Portugal e o Futuro", embora estribado pelas teses caetanistas do estado federativo, suscitou grande controvérsia entre os "duros do regime", os intelectuais abertos à liberalização das relações com o ultramar, os chamados europeístas, e a imensidão de patetas que gostam de pronunciar-se sobre o que não sabem, e não têm outros interesses específicos.
Por essa ocasião, e pelo indisfarçável andar da carruagem, Kissinger referiu que a tendência comunista para alcançar o poder em Portugal, seria um castigo bastante para a leviandade dos portugueses, mas preocupado com o resto da Europa do sul, onde os comunistas tinham atingido posições relevantes, deslocou-se a Moscovo para breve conversação sobre a partilha do mundo.

Entretanto, na metrópole já o "movimento" reunia muitas dezenas de oficiais, ingénuos e desconhecedores de como se governa uma nação, pelo que trago à lembrança um episódio pífio de um batalhão que se recusara a embarcar para Guiné, e seguira fraccionado em diferentes levas. Em Fevereiro de 74, o comandante desse batalhão urdia o seu plano para capturar o ComChefe e o Estado-Maior. Note-se, porém, que na política os serviços de informação e contra-informação desempenham importantes papéis, e em Março de 74 chegou a constar o boato de um plano do PAIGC para invadir a Guiné, coisa palerma, tendo em conta que eles seriam 5 a 6 mil guerrilheiros, e só a tropa de recrutamento local, que integrava companhias, pelotões e pelotões de milícias andariam pelos 20 a 25 mil elementos, incluindo um bom número de tropa especial. Houve portanto, um trabalho de desmoralização e desqualificação em relação ao inimigo, que fez exorbitar o desespero da tropa, e o desprezo pelos portugueses de cor.
Apesar de tudo, e decorrente de passagens narradas, Portugal talvez vivesse o período histórico de maior esplendor, pois crescia económica e financeiramente, modernizava-se em equipamentos e infraestruturas, e não tinha dívida externa, salvo a que respeitou a um sindicato bancário que financiava a obra de Cahora Bassa.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 5

Em 1974 ainda não havia MFA nem Programa. Segundo Sanches Osório, o Movimento dos Capitães tinha características exclusivamente profissionais: "eram apresentadas reivindicações que assentavam nas remunerações e que afectavam o prestígio dos oficiais do quadro permanente". Nunca tive oportunidade de conhecer as razões que afectavam o prestígio desses oficiais. Talvez as intrigas familiares que surgiam no meio castrense, e de que fui testemunha.

Em Fevereiro o Gen. Spínola publicou "Portugal e o Futuro". O marcelismo criou ilusões em sectores da oposição do que resultaram cisões. Era uma expectativa de primavera política, mas que esteve sempre condicionada aos duros do regime. Quer dizer, Caetano não foi capaz de provocar, não digo a ruptura, mas uma nova orientação no horizonte nacional, muito menos no que à guerra dizia respeito. Fez brandas reformas sociais, de que se destacou a regulamentação da Previdência e das relações laborais; e imprimiu algum dinamismo a projectos de industrialização e desenvolvimento. Mas os ultras do regime estavam interessados em persistir e torciam o nariz às mudanças. O livro de Spínola abordava com riqueza de argumentos o tema ultramarino, de vincada inspiração de Caetano, mas a corrosão da sua influência e a situação quente que se vivia, não lhe terá permitido apoiar o General, que por sua vez, confiava demais nos seus alegados méritos, e terá dado à estampa com o objectivo de alcandorar-se como favorito à presidência da República. Apesar de relevantes obras em curso tanto na metrópole como no ultramar, e do progresso económico e social constatados, o Governo foi incapaz de se impor, quer pela moralização do sistema, quer pela determinação dos militares em acabarem com a guerra, ainda que satisfeitas algumas exigências, se para tal fosse necessário. O azar, é que os militares já estavam decididos pela derrota consubstanciada pelo abandono de terras e gentes em África. Depois houve o episódio da apresentação da "brigada do reumático", a que faltaram os dois mais prestigiados generais, respectivamente Chefe e Vice-Chefe do EMFA. Nova e importante derrota para o regime, e impulso precioso para os capitães.

E chegou o dia, mais condizente com um filme de ficção, do que com a realidade revolucionária e perigosa que alguns militares gostam de fanfarronar.
Até o MFA pareceu apanhado de surpresa, dada a falta de confiança evidenciada pelos que ficaram a aguardar os acontecimentos, mas, principalmente, pela ausência de um Programa definitivo sobre o método e os objectivos do golpe, o que só viria a concretizar-se meses mais tarde na sequência de diversas alterações ao texto revolucionário. "As ligações políticas do Movimento dos Capitães foram realizadas pelo Maj. Melo Antunes o qual estava estreitamente ligado, através da CDE, ao Dr José Tengarrinha. Tudo leva a crer, assim, que o tom que foi dado às manifestações populares de apoio ao Movimento foi orientado pelo MDP/CDE, com conhecimento de Melo Antunes", cfr Sanches Osório.
Segundo o mesmo autor "o MFA estaria apenas unido em dois objectivos comuns: derrubar o Governo, e caminhar para o progresso e a justiça social. A forma de alcançar esse progresso e essa justiça social é que não foi analisada na altura". O MFA até ao dia D sabia que os portugueses não queriam para o ultramar uma política de terra queimada. Mas logo surgiram os adeptos do abandono imediato do ultramar, prova flagrante de que não tinham a mínima percepção, nem dos interesses envolvidos, nem das obrigações decorrentes da soberania, muito menos das condições que permitiam ao País viver com desafogo para o desenvolvimento que se registava. Apenas reproduziam "slogans" característicos da luta anti-colonial, o equivalente a terem bebido do IN a justificação para o seu acto revolucionário. Tal pobreza daria de imediato lugar a conflitos internos e à confusão no desenrolar da actividade revolucionária, tantas vezes criminosa.

Soares, líder de um mini-partido apoiado por centrais sindicais suecas e por uma fundação alemã, chegou em júbilo e apoiado por milhares ainda por converter. Cunhal chegaria a seguir, mais formal e recebido por Soares, que parecia conceder-lhe o lugar de primeiro combatente contra o velho regime. Todavia não se mostraram cooperantes na construção democrática por um estado digno e sadio. Ambos viriam a integrar o 1.º Governo Provisório, um grosseiro equívoco para um País pertencente à NATO. Depois, apesar da contenção da organização comunista que aproveitou as oportunidades, o processo terá sido condicionado pelo acordo entre Kissinguer e Brejnev sobre o destino português, estabelecido em Moscovo algum tempo antes.

Fontes:
"O Equívoco do 25 de Abril", de Sanches Osório;
"Revolução e contra-Revolução em Portugal (1974-1975)", de Armando Cerqueira;
"Contos Proibidos", de Rui Mateus;
"A Descolonização da Guiné-Bissau e o Movimento dos Capitães", de Jorge S. Golias, para além de reflexões minhas e de outras leituras
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19707: (In)citações (129): Feliz e santa Páscoa, com um abraço transatântico do nosso camarada da diáspora luso-americana José Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73)

Guiné 61/74 - P19766: (De)Caras (129): O reencontro de dois velhos amigos, na ilha de São Miguel: Arsénio Puim, ex-capelão militar, açoriano, e Lino Bicari, ex-padre missionário, italiano...


Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > O reencontro de dois amigos da Guiné: o ex-missionário italiano (e ex-guerrilheiro do PAIGC) Lino Bicari (, casado com uma portuguesa, vivendo hoje no Alentejo) e o Arsénio Puim, ex-alf mil capelão, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), expulso depois do TO da Guiné, em maio de 1971, e hoje enfermeiro reformado.

Foto (e legenda): © Arsénio Puim  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Arsénio Puim, Bambadinca, c. 1970/71
Foto: © Gualberto Magno  Passos Marques (2009).
 Todos os direitos reservados.
1. Mensagem, datada de 6 do corrente, do nosso camarada Arsénio Puim:

[ açoriano, da Ilha de São Jorge, ex-alf mil capelão; foi expulso do seu Batalhão, o BART 2917, e do CTIG em maio de 1971, apenas com um ano de comissão; no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve 2 filhos; vive na Ilha de São Miguel; está reformado; é membro da nossa Tabanca Grande; tem cerca de 40 referências no nosso blogue; é autor da série "Memórias de um  alferes capelão", de que se publicaram doze postes]


Caro Luís Graça

Envio em anexo um pequeno texto relativo a uma fotografia de dois amigos da Guiné (dos quais conheces um) que mando noutro email, para publicação no Blogue, se assim o entenderdes.

Um abraço amigo, Arsénio Puim


2. O reencontro de uma amizade originada na Guiné 

por Arsénio Puim

Na semana passada tive o prazer de receber, nesta bela ilha açoriana de São Miguel, o meu grande amigo Lino Bicari e sua esposa, que residem hoje no Alentejo. (*)

Conhecemo-nos na Guiné em 1970 – era eu capelão militar em Bambadinca e ele era padre missionário em Bafatá – numa altura em que o capelão chefe, pe. Gamboa [, Pedro Maria da Costa de Sousa Melo de Gamboa Bandeira de Melo, ] promoveu um encontro durante dois dias dos capelães da Zona Leste – Bafatá, Bambadinca, Galomaro, Nova Lamego e Piche – precisamente na Casa dos Padres Missionários Italianos de Bafatá.

Mais tarde voltei duas ou três vezes à Casa dos simpáticos missionários italianos, aproveitando sempre esta estadia para um reconfortante convívio sacerdotal e um renovar de forças no exercício da minha missão de capelão.

Desde então, há 48 anos, nunca mais nos tínhamos visto e comunicámos apenas em duas ocasiões, por email.

Na sua simplicidade, Lino Bicari é sem dúvida um homem de altos ideais humanos e dum currículo muito rico, corajoso e autêntico. Desenvolveu uma acção profunda e muito válida ao serviço do povo da Guiné (e não só) concretamente na área do ensino e educação e da saúde, quer enquanto missionário quer, depois, sob a vigência do Partido e do Governo do PAIGC. 

Uma história de vida rara!

Mando uma fotografia do reencontro destes dois «jovens», ambos com 83 anos de idade, que, se assim o entenderem, poderão publicar no Blogue. (**)

Arsénio Puim
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19116: Notas de leitura (1111): Salvatore Cammilleri, missionário siciliano do PIME, expulso da Guiné em 1973 por ordem de Spínola, autor de "A identidade cultural dos balantas" (Lisboa, 2010, tr. do italiano: Lino Bicari e Maria Fernanda Dâmaso) - Parte I (Luís Graça)

(...) Lino Bicari é um ex-padre, italiano, missionário do PIME que no início dos anos 70 descobriu outra vocação, levado pelo romantismo revolucionário de Che Guevara e Camilo Torres (também ele ex-padre). Nascido em 1936, aos 23 anos, Lino Bicaria aderiu à guerrilha do PAIGC e é o único estrangeiro que tem o estatuto de combatente da liberdade da Pátria. Viveu 23 anos na Guiné-Bissau. Radicou-se em Lisboa em 1990. Dele disse o jornalista João Paulo Guerra, no jornal Público, de 24 de setembro de 1990:

(...) Não é um homem desiludido, mas um homem amargo quer hoje, à margem da Igreja e do Estado da Guiné-Bissau, continua, no entanto, a afirmar-se religioso e militante do PAIGC." (...)

 Fui saber mais, socorrendo-se da entrevista com ele, feita pelo João Paulo Guerra ("Crónica dos feitos da Guiné: A última missão do padre Lino").

(...) "O padre Lino Bicari chegou à Guiné em Maio de 1967. Tinha 31 anos, um curso teológico e formação em medicina tropical, em psicopedagogia e didáctica e etnologia. De passagem por Lisboa, meteu na bagagem curso rápidos de língua portuguesa e administração colonial e, como todos os missionários destinados às colónias portuguesas, assinou compromissos renunciando aos seus direitos como cidadão italiano e submetendo-se às leis e tribunais portugueses, à Concordata, ao Acordo e ao Estatuto missionários.

Na Guiné vivia-se o quarto ano de guerra e Lino Bicari foi colocado em Bafatá, a cidade natal de Amílcar Cabral. A guerra, para ele como para os outros missionários, significava ouvir tiros Ao longe e viver num centro populacional sob controlo militar, de onde só podia ausentar-se à luz do dia.

(..) Foi em Itália, onde se deslocou em 1972 no âmbito de um programa de apoio ao Terceiro Mundo, que o padre Lino Bicari conheceu José Turpin, dirigente do PAIGC e, por seu intermédio, trocou correspondência com Amílcar Cabral. Quando tomou a decisão da sua vida, resolvendo trabalhar com o PAIGC, a Secretaria de Estado do Vaticano sentiu-se embaraçada. Não disse que sim, nem que não, e acabou por consentir, pedindo-lhe apenas que, formalmente, se desligasse do [Pontifício] Instituto para as Missões Estrangeiras [PIME]

(...) "No final de 1973, proclamado já o Estado da Guiné-Bissau [, em 24 de setembro de 1973,], Lino Bicari entrou de novo no território. Mas, dessa vez, não levava o visto de Lisboa nem as guias de marcha do colonialismo missionário. Entrou através da fronteira com a Guiné-Conakry, numa ambulância da Cruz Vermelha e foi instalado pelo PAIGC na região de Boé, a sul de Madina, como responsável pelo Hospital Regional. 'Não era uma base de guerrilha mas uma zona totalmente libertada, defendida por forças armadas locais e, dada a sua configuração geográfica, de difícil acesso às tropas portuguesas', recorda Bicari." (...).

(**) Último poste da série > 17 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19687: (De)Caras (104): Capitão de Infantaria Francisco Meireles, cmdt da CCAÇ 508, morto em Ponta Varela, Xime, em 3/6/1965 - V ( e última) Parte (Jorge Araújo)

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19765: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): Mais camaradas e amigos/as que nos honram com a sua presença em Monte Real no dia 25, sábado: António Sampaio e Maria Clara (Matosinhos); António Joaquim Alves e Maria Celeste (Alenquer); Carlos Pinheiro (Torres Novas); Jorge Araújo e Maria João (Almada); Jorge Pinto e Ana (Sintra); Juvenal Amado (Amadora); Manuel Joaquim e José Manuel S. Cunté (Lisboa); e Paulo Santiago (Águeda)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Três veteraníssimos destas lides: da esquerda para a direita, o Tó Zé (Pereira da Costa, que este abo vai apresentar o seu livro "A minha guerra a petróleo"), o Paulo Santiago e o J. Casimiro Carvalho (o "herói de Gadamael" que a Nação nunca condecorou, e régulo da Tabanca da Maia; não está inscrito para o XIV Encontro Nacional).




Leiria > Monte Real > V Encontro Nacional da Tabanca Gande > 26 de junho de 2010 > A  prof Maria João Figueiras, dourorada em piscologia clínica (2000), esposa do camarada e co editor Jorge Araújo. Na foto, está a folhear o livro autobiográfico do nosso saudoso Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015). Este foi o  primeiro encontro que se realizou no Palace Hotel Monte Real, sendo os anteriores na Ortigiosa (2009 e 2008), em Pombal (2008) e na Ameira, Montemor-o-Novo (2006). A  doutora Maria João já tem, por direito próprio, lugar num das moranças, à sua escolha, da Tabanca Grande. Vou propôr a sua admissão...



Leiria > Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 >   Jorge Pinto e Luís Graça, dois amigos e camaradas do Oeste estremenho: o Jorge, de Alcobaça, o Luís, da Lourinhã..

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Lu+is Graça & Camaradas da GUiné]


1. Estes (e estas) são mais alguns dos 89 camaradas e amigos/as da Guiné que já se inscreveram, antecipadamente, para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 25 de maio (*)...

Merecem o devido destaque neste poste, com uma pequena nota biográfica... E merecem também as nossas palmas... Pode ser que com o seu exemplo motivem os indecisos. De qualquer modo, é importante que nos conheçamos melhor uns aos outros. Outros nomes se seguirão nos próximos dias...


António [João] Sampaio e Maria Clara - Leça
da Palmeira / Matosinhos

[ex-alf mil na CCAÇ 15 e cap mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:é viznho do Carlos Vinhal; tem vindo, ele e a esposa, regulamente aos nossos encontros desde 2009; tem cerca de 10 referências no nosso blogue]



António Joaquim Alves e Maria Celeste - Carregado / Alenquer

[natural da Malveira, Mafra, a viver no Carregado, Alenquer; ex-sold at cav, CCAV 8351, "Os Tigres de Cumbijã", destacado no COMBIS, Bissau, 1972/74; é membro recente da Tabanca Grande: senta-se à sombra do nosso poilão no lugar n.º 767; é membro também da Magnifica Tabanca da Linha]


Carlos Pinheiro - Torres Novas


[ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70; conheceu Bissau como poucos de nós, já que lá viveu 25 meses: colocado no QG, nas horas também dava uma ajuda no estabelecimento do seu parente, Costa Pinheiro, estabelecido em Bissau desde os princípios dos anos 50; a casa Costa Pinheiro era uma das boas casas comerciais de Bissau. Achamos oportuno revisitar a cidade de Bissau dos anos de 1968/70 ; está reformado como bancário; tem cerca de 60 referências no nosso blogue]



Jorge Araújo e Maria João - Almada

[ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; autor, entre outras, da série "(D)o outro lado do combate". Mora em Almada, é casado com a  Maria João, doutorada em psicologia;  coeditor do nosso blogue a partir de março de 2018; tem já cerca de 215 referências no nosso blogue]

Jorge Pinto e Ana - Sintra

[ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)]; um alcobacence a viver na Grande Lisboa; tem mais de 30 referências no nosso blogue; é professor do ensino secundário reformado; é frequentador dos convívios quer da Tabanca da Linha quer da Tabanca Grande]

Juvenal Amado - Amadora



[tem mais de 250 referências no nosso blogue;  ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", Lisboa, Chiado Editora, 2017] 



Manuel Joaquim e José Manuel Sarrico Cunté - Lisboa

[o Manel Djaquim tem uma centena de referências no nosso blogue; ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67;  é um dos fundadores da ONGD Ajuda Amiga; é o padrinho do Zé Manel, aliás, do menino Adilan, que ele trouxe da Guiné: a propósito, já fez 58 (!) anos em janeiro passado; na foto acima, ele está no meio com os padrinhos, o Manel Djaquim e a Deonilde Silva, na sua festa dos 50 anos, em 2011...] 


Paulo Santiago - Aguada de Cima 
/ Águeda

[, ex-alf mil at inf, ex-cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho e Bambadinca, 1970/72; membro sénior da Tabanca Grande; tem 160 referências no nosso blogue; não costuma falhar os nossos enconstros anuais; formou-se na Escola de Regentes Agrícolas, de Coimbra; apaixonado pelo râguebi; está reformado]


2. Em relação ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, continuamos a receber inscrições até sexta-feira, dia 10... Depois, só caso a caso...

Preços (**)

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : 35.00€ /pessoa  | Criança até aos 12 anos – 18.00€

Alojamento no hotel (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído:  Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€

Inscrições:

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email: carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220
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Vd. também:

7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19757: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Felizmente, estou vivo; infelizmente, não poderei ir a Monte Real, no dia 25... De qualquer modo, aqui deixo as minhas saudações a todos os participantes (Antero Lopes, Alcides Silva, Anselmo Reis, António Duarte, António Murta, António Ramalho, António Santos, Carlos Baptista, Durval Faria, Eduardo Santos)


6 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19748: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): tínhamos 83 inscrições até domingo à noite, dia 5... Mais alguns camaradas que vão estar em Monte Real, no dia 25: Agostinho Gaspar (Leiria); Armando Pires (Oeiras), Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã); Lucinda Aranha (Torres Vedras), Luís Paulino (Lisboa); Mário Magalhães (Lisboa)


3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19740: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (9): mais 4 camaradas que vão estar connosco em Monte Real, em 25 de maio próximo: António Estácio, Hélder Sousa, Maria Arminda Santos, Rui Guerra Ribeiro...

1 de maio de 2019 >Guiné 61/74 - P19735: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (7): A três semanas da nossa festa anual, em Monte Real, 25 de maio, temos 70 inscritos; destacamos hoje alguns "veteranos" e alguns "periquitos"... Mas amanhã há mais...

Guiné 61/74 - P19764: Tabanca Grande (477): Carlos Soares, ex-fur mil inf, CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68); mora nas Caldas da Rainha; e passa a sentar-se à sombra do poilão mais famoso da Net, sob o nº 788.



Foto nº 1


Foto nº 2 > Furriéis da CCAÇ 1585, a bordo do navio T/T


Foto nº 3 >  Pessoal da CCAÇ 1585, a caminho no rio Cacheum, a caminho de Farim, ou no regresso, para Quinhamel


Foto nº 4 > Postal de Natal, possivelmente de 1966


Foto nº 5 > O cap Cravidão, numa operação, é o primeiro da esquerda, em segundo plano


Foto nº 6 > Parada cap Cravidão, em Farim


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 1585 (1966/68) > Fotos diversas do Carlos Soares, enviadas sem legenda... A Parada Cap Gravidão, morto em combate em 4/6/1967


Fotos (e legendas): © Carlos Soares (2019(. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de 2 do corrente, do Carlos Soares, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68), e novo membro da Tabanca Grande, com o nº 788:

Amigo Luis Graça junto lhe envio algumas fotos para publicação no seu Blogue,

Quanto ao assunto acerca da Operação Cacau, a transcrição que consta do Blogue é exatamente igual, pois deve ter sido retirado do livro, que é a cópia fiel do livro oficial,enviado ao Ministério do Exército para arquivo.

Há algum tempo mandei fazer alguns exemplares para distribuir aos meus Camaradas , e foi concerteza, a partir dai ,alguém compilou os textos que para alguns teria interesse.

Se achar que tem interesse para o blogue, eu enviar-lhe-ei um a titulo de empréstimo, para poder compilar. Estou à disposição para nos encontrarmos em qualquer local, e conversarmos.

Aproveito para lhe enviar o folheto do nosso próximo convivio, o qual agradecia que o publicitasse no seu blogue. (*)

De momento sem outro assunto envio-lhe um enorme abraço.

Vou preparando novas fotos.

Agradeço que me inscreva e que a partir de agora passe a fazer parte da Tabanca Grande de Luis Graça. (**)

2. Comentário de LG:

Caro Carlos: já falámos ao telefone, e eu fiquei a perceber que és lisboeta, vives nas Caldas da Rainha há mais de 40 anos, e és um dos dinamizadores dos convívios anuais da vossa companhia, a CCAÇ 1585, cujo primeiro comandante foi o tenente e depois capitão de infantaria José Jerónimo da Silva Cravidão, morto em combate no dia em que fazia 25 anos e em que fora promovido a capitão (Op Cacau). Tu não participaste nessa operação, estavas em Bissau, mas mencionaste o nome do alf mil João Agostinho João, que mora hoje na Anadia, e que seria um dos alferes da confinaça do capitão.  Foi temporariamente o comandante da companhia, depois da morte do cap Cravidão. Outra testemunha da morte do cap inf Cravidão foi o vosso fur mil enf António Nicolau Pereira, que vive na Covilhão

Outro alferes que mencionaste, na conversa ao telefone, foi o Filipe José Ribeiro, saiu para ir comandar os "Roncos de Farim", com os 1ºs cabos  Marcelino da Mata e o Cherno Sissé como braços direitos, a comandar cada um a sua secção. Terá sido condecorado com uma cruz de guerra, voltando à CCAÇ 1585, no regresso à metrópole.

 Haveremos, por certo, de falar com mais tempo e vagar. Para já senta-te à sombra do poilão da Tabanca Grande, sob o nº 788. És o primeiro representante da tua companhia na Tabanca Grande. Também já convidei, em tempos, a viúva do cap Cravidão (1942-1967) para se juntar a nós.  Vou um dias destes falar-te ao telefone.

Segundo as nossas regras de convívio, tratamo-nos por tu, como camaradas de armas que fomos. E neste blogue partilhamos memórias (e afectos) à volta da Guiné, onde fizemos a nossa comissão de serviço militar, em tempo de guerra, no período de 1961 a 1974.  Podes consultar as nossas regras editorias  aqui. Falamos de tudo o que diz respeito à Guiné e ao nosso tempo de meninos e moços. Só não falamos de política, religião e futebol.

Aguardo mais memórias tuas. Tens o nosso endereço de email. Vai dando notícias, Ficas desde já apresentado aos camaradas e amigos da Guiné. Somos quase 800, dois batalhões. Sê vindo e fica por cá ainda muitos anos. Bom convíviio, no dia 18, em Buarcos (*). Dá um abraço nosso aos teus camaradas todos e fala-lhes do nosso blogue e do nosso XIV Encontro Nacional, em 25 de maio, em Monte Real, para o qual estão todos convidados.

PS - O teu nome, Carlos Soares, passa a figurar, a partir de agora, na lista alffabética dos membros da Tabanca Grande, constante da coluna (estática) do lado esquerdo.
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Guiné 61/74 - P19763: Antropologia (30): Valentim Fernandes e o seu monumento literário “Descrição da Costa Ocidental de África, 1506-1510” (2) (Mário Beja Santos)

Excerto do manuscrito de Valentim Fernandes extraído do blogue Quadrivium


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Novembro de 2016:
Queridos amigos,
O viajante Valentim Fernandes legou-nos uma narrativa que é um documento histórico, trata-se de um manuscrito que abarca o Senegal, a região correspondente à Guiné Portuguesa, a Serra Leoa, e muito mais. É meu propósito fazer uma compilação para onde convirjam nomes maiores da literatura de viagens, isto a propósito da Guiné: Zurara, Donelha, Cadamosto, Duarte Pacheco Pereira, Valentim Fernandes, e os que se seguem. É uma tremenda lacuna não se oferecer ao leitor contemporâneo uma sequência de olhares, descrições e panoramas que deem uma melhor compreensão às mentalidades destes homens da idade moderna, um fio condutor que gere mais chaves explicativas para o conhecimento da Guiné e dos guineenses.

Um abraço do
Mário


Valentim Fernandes e o seu monumento literário 
“Descrição da Costa Ocidental de África, 1506-1510” (2)

Beja Santos

Em 1951, o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicava uma obra fundamental da literatura de viagens quinhentista de autoria de Valentim Fernandes, também conhecido por Valentino de Morávia, era natural da Alemanha, tipógrafo de profissão, veio para Portugal nos últimos anos do século XV e trabalhou associado a outro impressor, também alemão, Nicolau de Saxónia. Três importantes estudiosos apresentavam o documento: Théodore Monod, Avelino Teixeira da Mota e Raymond Mauny. Tratava-se de um acontecimento, ir repescar um manuscrito conservado na Biblioteca de Munique e que tem a originalidade histórica de referir o Senegal, o litoral da futura Guiné Portuguesa, as ilhas de Cabo Verde, S. Tomé e Ano Bom. É uma escrita cheia de vivacidade, onde se descrevem plantas e animais, costumes indígenas, ritos religiosos e onde se regista com clareza o conhecimento exato e profundo que os portugueses já tinham da costa da Guiné, do Senegal e da Serra Leoa. Valentim Fernandes escreveu no seu próprio punho o documento, desenhou as cartas que Conrad Peutinger compilou em volume, hoje na biblioteca de Munique.

Dando continuação a esta espantosa narrativa, importa recordar que Valentim Fernandes é um viajante profundamente atento aquilo que hoje, em termos disciplinares, abarca a antropologia, a etnologia e a etnografia. A viagem em plena Terra dos Negros leva-o a observar e a pedir explicações sobre a justiça dos Mandingas. E faz um largo comentário que se inicia do seguinte modo: "Qualquer malefício que algum negro fizer ou furto de se seja acusado, corta-lhe o rei a cabeça e manda-lhe tomar toda a sua fazenda e toda a sua geração, assim que por causa do malfeitor ficam todos os seus parentes destruídos”. E anota o que interessa comprar na região: “As coisas que destas terras trazem são papagaios verdes, ouro, porém pouco, escravos e escravas, panos de algodão, coiros”. Está igualmente atento a usos e costumes, aos modos de comunicação quando os nativos se encontram: “Costume entre eles é assim dos grandes como dos pequenos que quando um se acha com o outro depois de muito tempos se não virem como cá nos abraçamos eles se põem em joelhos e os cotovelos em terra e com as mãos cobrem os olhos, e dão com os cotovelos no chão muitas vezes, e depois de no chão com um cotovelo e com o outro alça terra e a lança trás de si ou em cima de si”. Valentim Fernandes terá o todo pela parte, certamente que lhe deram a saber que os Mandingas eram mais que preponderantes, praticamente senhores absolutos da região: “Esta geração de Mandingas é a maior geração de uma língua que não há outra tão grande em toda a Guiné”. E apreciou algo que ainda hoje é visível desta zona da África Ocidental: “As mulheres desta terra e em toda a Guiné roçam e cavam e semeiam e mantêm o marido e fiam algodão e fazem muitos panos de algodão assim para se vestirem como para vender”. E chega o momento de apresentar a fauna: “Alifantes há em Mandinga muitos e por isso são grandes monteiros que os matam com arpões postos numa haste de lança e os arremessam. Búfalos há muitos e bravos. Onças muitas. Gatos muitos, com rabos longos e de desvairadas feições e maneiras de cores. Corças muitas. Gazelas ruivas em grandes manadas. Lebres há muitas. Coelhos nenhuns. Vacas poucas e pequenas. Há porcos monteses”. Interessa-se também pela fauna marítima: “Lagartos e muitos grandes são de 30 pés em lombo e quando homens ou mulheres ou vacas vêm para o rio estes lagartos os matam e comem-nos.
Os guinéus matam os lagartos desta maneira. Os pescadores quando vêem o lagarto dormir em terra estando eles em almadias (canoas) espantam-no e o lagarto espantado vai a correr para a água e se mete no fundo na lama e o pescador onde vê bulir para cima a água sabe que ali jaz o lagarto e introduz numa haste comprida, arpão de ferro longo e põe-lhe uma boia na haste com cordel, e logo vai fugindo ao lagarto e se torna a meter debaixo do fundo. Então o segue o pescador e lhe assenta o arpão. E assim tantas vezes até que o cansa e o mata”. E descreve finalmente os frutos e demais alimentos: frutos que parecem maçãs, coco, limões, trigo, feijões brancos, cera e mel.

Estamos agora no Cabo Santa Maria, ponta do rio Cantor. Fala dos Barbacins, Jolofos, Mandingas e Tucurães. Prossegue a viagem pelo rio Casamansa que ele apresenta assim: “É um rio de muito resgate. E vão os navios por este rio acima até 18 léguas e ali é o reino de Casamansa. Neste reino há muita gente misturada de todas as gerações como Mandingas, Felupes e Balangas. Os moradores deste reino são tecelões e fazem panos de muitas maneiras e cores. O rei é de geração Mandinga e se chama Casamansa”.

Nos termos deste livro, a que acaba a narrativa do Rio Senegal ao Cabo Roxo, feita pelos dois investigadores Théodore Monod e Raymond Mauny. A descrição seguinte “Do Cabo Roxo ao Cabo de Monte” é da responsabilidade de Avelino Teixeira da Mota.
Chegámos ao que é hoje a Guiné Portuguesa, e Valentim Fernandes escreve: “Rio de São Domingos é um rio em que entram navios por ele acima 60 léguas. Por aqui vêm os navios das ilhas do Cabo Verde para fazer o resgate do seu algodão para panos assim como em Casamansa”.

Sempre atento aos costumes e modos de viver, observa: “Têm costume nesta terra que de 8 em 8 dias se faz uma feira a qual quando em uma semana se faz em terça-feira outra semana se faz em segunda. Vem a esta feira gente de 15 a 20 léguas em derredor”. Faz uma larga referência aos Banhuns e dá conta do que está perto de S. Domingos: "em frente deste esteiro deste rio de São Domingos contra a banda do Sul está uma terra que se chama Caticheo (Cacheu) e tem rei sobre si. Tem também feira e vão à feira dos Banhuns e os Banhuns a estes”.

A viagem prossegue, chegam ao canal de Geba: “Rio Grande chama-se assim por ser muito grande e de grande largura e há na boca dele 8 ou 10 léguas e é rio de grande força de água e de grandes correntes". Descreve os negros do rio Grande e a viagem continua pelos Bijagós, daqui partem para a Serra Leoa.

Devemos a Valentim Fernandes uma correnteza espantosa de observações, é um grande pioneiro da literatura das viagens, aguçado pela curiosidade e certamente interessado em trazer um reportório informativo que lhe desse notoriedade.

Mapa da África Ocidental retirado com a devida vénia do site SA History
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Nota do editor

Poste anterior de 1 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19734: Antropologia (29): Valentim Fernandes e o seu monumento literário “Descrição da Costa Ocidental de África, 1506-1510” (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19762: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Lembrete: sexta-feira, dia 10, é o último dia de inscrições para Monte Real, 25 de maio (sábado)... Entretanto recordamos aqui os nomes dos "históricos" do I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 2006


Montemor-o-Novo > Ameira > 14 de Outubro de 2006 >  I Encontro Nacional da Tabanca Grande > O grupo de "tertulianos" (, foi assim que nos começámos a tratar, os membros da "tertúloia da Guiné"...),  fotografados, por volta da 13h, antes do almoço no Restaurante Café do Monte, na Herdade da Ameira. Ainda não tinham chegado todos...


Montemor-o-Novo > Ameira > As nossas belas e solidárias companheiras... Infelizmente, não tiveram o tempo de antena que mereciam... Atrás delas, reconhece-se o Fernando Chapouto e o pira de Mansoa (o nosso ranger Magalhães Ribeiro)...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Para memória futura, aqui fica a lista (sujeita ainda, ao fim destes anos todos,  a ratificação por parte do  Carlos Marques Santos, o organizador do encontro...) dos presentes na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2016 (*).  Nem todos/ascouberam nas fotografias e começamos por pedir desculpa se falhamos o nome de alguém):

António Baia (Amadora) (pertencia à Intendência);
António Pimentel (Porto / Figueira da Foz):
António Santos e esposa (Caneças / Loures);
Aires Ferreira (região centro);

Carlos Fortunato e esposa (Lisboa);
Carlos Marques dos Santos e esposa (Coimbra);
Carlos Oliveira Santos (Coimbra) (fur mil, CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72);
Carlos Vinhal e esposa (Matosinhos);

David Guimarães e esposa (Espinho);

Fernando Calado (Lisboa);
Fernando Chapouto e esposa (Bobadela / Loures);
Fernando Franco e esposa (Venda Nova / Amadora);

Hernâni Figueiredo (Ovar);
Humberto Reis e esposa (Alfragide / Amadora);

Jorge Cabral (Lisboa);
José Bastos (região norte);
José Casimiro Carvalho (Maia);
José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa / Montemor-o-Novo);
José Martins e esposa (Lisboa);

Luís Graça e esposa (Alfragide/Amadora);

Manuel Lema Santos e esposa (Massamá / Sintra);
Manuel Oliveira Pereira e esposa (Lisboa);
Martins Julião e esposa (Oliveira de Azeméis ?);

Neves, empresário em Bissau (de que só sabemos o apelido...)

Paulo Raposo (Ameira / Montemor-o-Novo);
Paulo Santiago (Águeda) ;
Pedro Lauret (Lisboa);

Raul Albino (Lisboa);
Rui Felício (Lisboa);

Sampedro (ex-capitão, do  BCAÇ 3884 , Bafatá, Contuboel, Geba e Fajonquito, 1972/74)
Sérgio Pereira e esposa (Lisboa);

Tino (ou Constantino) Neves e esposa (Laranjeiro / Almada);

Vitor Junqueira e filha (Pombal);
Victor David e esposa (Coimbra);
Virgínio Briote e esposa (Lisboa).


2. Em relação ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, continuamos a receber inscrições até sexta-feira, dia 10 (**)


Preços:

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : 35.00€ /pessoa
Criança até aos 12 anos – 18.00€

Alojamento no hotel (****) com pequeno-almoço incluído:
Single: 50,00€  | Duplo: 60,00€

Inscrições

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email: carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  5 de outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2006 : foi bonita a festa, pá!... A próxima será em Pombal (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19757: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Felizmente, estou vivo; infelizmente, não poderei ir a Monte Real, no dia 25... De qualquer modo, aqui deixo as minhas saudações a todos os participantes (Antero Lopes, Alcides Silva, Anselmo Reis, António Duarte, António Murta, António Ramalho, António Santos, Carlos Baptista, Durval Faria, Eduardo Santos)

Vd. também 12 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19492: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 25 de Maio de 2019 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)

Guiné 61/74 - P19761: Estórias avulsas (95): O meu atribulado começo de comissão: eu, alguns homens e três viaturas carregadas de géneros alimentícios, desembarcados no Xime, e deixados para trás, com destino ao Saltinho (Martins Julião, ex-alf mil, CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > 3 de março de 2008 > A margem direita do Rio Corubal vista da antiga ponte Craveiro Lopes. Nesta margem, e sobranceira ao rio e à ponte, ficava o aquartelamento do Saltinho, a cerca de 75 km do Xime.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [€dição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 2 de maio de 2019, do Martins Julião (ex-alf mil, CCAÇ 2701, Saltinho,  1970/72), membro da nossa Tabanca Grande desde 23 de julho de 2006 (*), e  um dos "históricos" do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo (**), mas de quem, espantosamente, não temos nenhuma foto, à civil ou à militar...

Caro camarada Luis,

Ainda estou vivo por enquanto, mas com alguns problemas de saúde e outros que me têm mantido afastado dos convívios anuais.


Sou o ex-alferes Martins Julião da antiga Caç 2701 - Saltinho (1970/72). 
Aqui te envio uma memória desses tempos.

Um enorme abraço par ti e para todos os camaradas do Blogue. 

Martins Julião


2. UMA ESQUECIDA MEMÓRIA SUBITAMENTE LEMBRADA (***)

por Martins Julião

O calor era o da Guiné: quente, abafado, húmido, pegajoso e quase irrespirável, para os soldados acabados de chegar.

A navegação entre Bissau e o Xime, escondia para todos o que se poderia passar; apenas sabíamos que íamos a caminho do nosso destino operacional: Saltinho.

Estávamos nos primeiros dias do distante mês de Maio de 1970.

Na LDG (Lancha de Desembarque Grande) da nossa Armada , apenas a popa era “habitável”.

O castelo da popa, onde se situava a ponte de comando da LDG, era ornado, perto das amuradas, por duas Bosfords de 40mm. O resto era um fundo chato, largo e cheio de tudo um pouco e de homens, no maior dos amontoados: viaturas, géneros alimentares e outros, munições, outras tralhas e muitas centenas de homens armados de espingarda G3, quatro cartucheiras de munições e cantil.

Tínhamos pois saído de Bissau, após as sete horas da manhã, com a maré enchente e chegámos, cerca do meio dia ao Xime. A LDG seria a Montante ou a Bombarda, mas a memória já não me permite ser preciso, neste particular.

A nossa chegada foi festiva pois a artilharia do Xime estrondava os ares com a sua voz estridente e pesada, o que nos deu a entender que estávamos a chegar a uma das portas de entrada da guerra.

A nossa companhia, a CCaç 2701, desembarcou e de forma organizada aprontou-se para embarcar na coluna militar que nos levaria ao nosso destino.

A coluna era composta por um enorme número de viaturas, a maioria militar mas, também algumas civis, acompanhadas por uma escolta militar de cavalaria oriunda de Bafatá, comandada por um capitão.

Eu era, para meu azar, o Alferes mais velho e, portanto, tinha formalmente o comando, uma vez que o nosso capitão tinha ficado retido em Bissau num briefing com o nosso General Spínola, Comandante- Chefe.

Quando todos tinham tomado acento nas viaturas eis que sou abordado por dois cabos da Manutenção Militar que me estendem uns papeis, pedindo que os assinasse. Logicamente, perguntei-lhes de que se tratava ao que me informaram que, ainda dentro da LDG, se encontrava a primeira tranche de víveres para o nosso isolamento.

Espanto dos espantos!

Primeiro não fora informado desses géneros com destino ao Saltinho, depois nem sabia que teríamos de ficar isolados cerca de 4 meses, em virtude das chuvas e do estado intransitável em que ficariam as famosas “picadas”.

Tomei, de imediato, uma decisão que os meus já 17 meses de permanência no Exercito me aconselhavam : nada assinarei aqui no Xime.

Os rapazes da Manutenção Militar iriam seguir na coluna acompanhando a carga. A companhia iria proceder à sua descarga da LDG e carregaria na coluna e a conferência final seria no destino, onde então se assinariam os papeis.

Os cabos tentaram reagir a esta decisão, mas sem possibilidades de fuga e ordenei aos graduados, que mais perto de mim se encontravam, para mobilizarem uma “força” de “estivadores”, que teriam de alombar às costas o equivalente a carga para, pelo menos, três viaturas pesadas.

 Imaginem a hora de calor máximo, rapazes acabados de chegar a esta torreira e a violência do trabalho a efectuar, em correria sem nexo, uma vez que o comandante da LDG berrava que iria perder o momento da partida óptima, face à mudança da maré e o comandante da escolta berrava furibundo que tinha de dar ordem de partida à coluna.

Chamei o meu furriel vagomestre, que quando se apercebe da situação e do que pode resultar, simplesmente roda sobre os calcanhares e cai desamparado no chão, desmaiado.

Decidi nomear um novo vagomestre e um furriel operacional que ajudava nesta confusa manobra, ofereceu-se para coordenar esta operação logística. Naquele momento, deixou de ser operacional e passou à intendência da companhia, embora interinamente.

A operação muito penosa e necessariamente demorada, levou o capitão de cavalaria, comandante da escolta, a perder o norte. Para além de bater com um chicote num graduado da companhia ( furriel Santos) e me ter ameaçado com todo o tipo de arrazoados indignos de um oficial que deveria ter percebido ou deveria ter tido o bom senso de conhecer melhor a situação anómala e imprevista que se desenrolava à sua frente, preferiu ignorar atirar com todo o tipo de culpas para cima do Alferes “piriquito”.

Então, para meu espanto o senhor capitão de cavalaria dá ordem de avançar a coluna, sem termos tido tempo de finalizar a operação de “estiva”.

Ficamos sós no cais do Xime, eu alguns graduados de enorme sentido de dever e responsabilidade e os meus magníficos e esgotados rapazes , cheios de sede, uma sede que leva à loucura. Terminada a tarefa, pusemo-nos a caminho, na esteira da coluna que há muito tinha partido, sem qualquer escolta de acompanhamento.

As três ou quatro viaturas em que seguíamos estavam carregadas até cima e os homens amontoados por cima da carga, em situação de enorme perigo, quer porque não tinham estabilidade , quer porque não estavam em posição de saltar das viaturas se houvesse um ataque. Iam bebendo Coca-Cola e Fanta ferventes o que os deixava ainda com mais cede e, mais tarde, com problemas intestinais.

Ao longo do percurso fomos encontrando as forças de segurança apeadas que protegiam a passagem da coluna, emboscadas ao longo da picada, e que iam regressando às suas bases.

A noite aproximava-se e a nossa pequena coluna alcançou o Xitole, pernoitando aí, sabendo então que a coluna principal já estava no Saltinho.

Dormimos junto dos camiões para que não tivéssemos maiores desvios dos bens que transportávamos.

De manhã, bem cedo, seguimos para o Saltinho onde chegamos sem mais sobressaltos.

O Alferes, algum tempo depois foi contemplado com dois Autos de Averiguações, um vindo da Manutenção Militar, acusando-me de abuso e de “rapto” de dois cabos daquele serviço, outro resultante de uma queixa do valoroso capitão de cavalaria.

Mais tarde, mas isso é outra história recebeu um terceiro Auto, este dos Reordenamentos e dum Major, completamente parvo, que me acusava de não ter sabido construir correctamente uma escola, cuja cobertura voou com o primeiro tornado na região. Segundo sua Excelência,  o Manual de Construção era tão claro que qualquer soldado saberia como proceder, quanto mais um Alferes.

Um começo de comissão na Guiné promissor…

Martins Julião
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  23 de julho de  2006 > Guiné 63/74 - P981: Tabanca Grande: Martins Julião, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72

(...) "Só há pouco tempo conheci este espaço de encontro. O Paulo Santiago (Pel Caç Nat 53, Saltinho), foi o camarada responsável pela minha apresentação aos camaradas de tertúlia.Chamo-me Martins Julião, fui Alferes Miliciano de Infantaria da CCAÇ 2701 (Saltinho, Abril de 1970/Abril de 72).Hoje sou um pequeno empresário e gerente de uma unidade industrial, após mais de 20 anos como professor do Ensino Secundário" (...).

terça-feira, 7 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19760: Memórias de Gabú (José Saúde) (83): Os “milagres” do quarteleiro da minha companhia. A metamorfose do vinho batizado com água.

1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.

As minhas memórias de Gabu 


Os “milagres” do quarteleiro da minha companhia


A metamorfose do vinho batizado com água


As histórias avulsas de guerra na Guiné que habitualmente trago à estampa no nosso blogue, sendo aliás comuns aos camaradas que viveram semelhantes situações, remetem-nos para pequenas narrações do passado mas que ainda mexem com as nossas memórias.

É certo que esta temática não tropeça na filosófica destreza da guerrilha, trata-se, sim, de uma outra peleja travada entre o silêncio de quatro paredes onde a mão do homem se encarregava em trabalhar minuciosamente o material comestível e bebível que havia chegado ao aquartelamento.

Numa manhã calorenta, como era costume numa Guiné sempre a “ferver”, e na condição de sargento dia, predispôs-me a visitar o soldado, cujo nome não recordo, que era tão-só o nosso quarteleiro que em conjunto com o vagomestre, de entre outros comparsas, administrava as “encomendas” que entretanto haviam chegado ao seu novo poiso africano.

Entrei na dita arrecadação, disse bom-dia e passei de imediato à conversa amigável com o quarteleiro que, em princípio, quase recusou a minha passagem ao interior de uma casa contínua onde estava depositava a maioria de todo o material que reabastecia a cantina dos soldados para a feitura do respetivo rancho.

Do que me fora dado observar constatei que o quarteleiro, já feito com essas andanças, lá foi desafiando algumas das teias que envolviam o seu silencioso trabalho mas sob as rígidas orientações superiores.

Ignobilmente confessou-se, em surdina, que a regra passava por desmultiplicarem-se alguns dos conteúdos, sobretudo aqueles cuja feitura original se antevia favorável a uma possível alteração. Logo, subentendi que a eventual marosca estava permanentemente em aberto.

Não vou precisar a quantidade de material propício à prática de tais “milagres”. Não interessa ao tema exposto. É passado e sem sanções a aplicar. Os “milagres” que se faziam tinham, pensa-se, outros evidentes resultados mas estes palpáveis. O bolo seria alegadamente repartido sob o tampo de uma mesa a que só tinham lugar os fiéis apóstolos da ordem que comungavam os restos sobrantes em absoluta comunhão.

Estes esquemas que roçavam a eventual filantropia restritamente individual, mas por outro lado distribuída por quem tinha o poder das coisas, apresentava-se como um bom pé de meia na contabilidade dos volúveis aventureiros onde o deve e o haver se apresentava literalmente emparelhado para que os números finais batessem certos, sendo as contas exequíveis modelos, género à merceeiro, onde o papel pardo era então transformado em folhas de “excel”.

Um dos “milagres” feitos pelo quarteleiro era a metamorfose do vinho batizado com água. Recordo, perfeitamente, como ele transformava o precioso líquidos dos deuses em vinho aguado.

O bom do homem tinha um alguidar em inox limitando-se em abrir as pipas recém chegadas mas copiosamente sob um minucioso comando de mãos e de visão. Quando o liquido chegava normalmente a meio o atinado rapaz fechava o pipo, sendo que o outro meio era “recalcado” com água vinda da Fonte da Várzea do Cabo, uma nascente onde o pessoal se reabastecia e que se situava na estrada que ligava, e liga, Gabu a Piche.

Claro que os soldados tinham sido sonegados em beber um vinho que de original pouco tinha. Mas, ao que dava para entender, a malta bebia, comia, divertia-se, sendo que os mais vivaços, reconhecendo a maldade feita, lá mandava umas “bocas” ao rapaz que, entretanto, se refastelava na sua abençoada “mansão” saboreando a refeição e bebendo vinho de primeira qualidade.

O cálculo final dos custos monetários, individual e/ou coletivo, eram contas de outros rosários. Tudo, ou quase de tudo, resvalava para dados contabilísticos que “engordavam” carteiras alheias. O bom do mancebo limitava-se a comer e beber do bom e do melhor. Ou não fosse ele o autêntico fiel de um armazém onde tudo era contabilizado ao pormenor.

Mais uma pequena história de Gabu retida na mente deste vosso velho camarada que lá vai fazendo das tripas coração visando, estritamente, o relatar de factos que ainda me enchem por completo a alma.


Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:

Guiné 61/74 - P19759: Agenda cultural (681): Lançamento do livro "SOPHIA de Mello Breyner Andresen", de Isabel Nery: FNAC, Colombo, Lisboa, 9 de maio, 18h30 (A Esfera dos Livros)


 

Capa do "Livro Sexto", de Sophia (Lisboa, Morais, 1962)... Um dos mais belos livros da poesia portuguesa do séc. XX. Levei-o comigo, na minha bagagem, no "Niassa", em 24 de maio de 1969. Um dos meus livros de cabeceira em Contuboel (jun/jul 69) e em Bambadinca (jul 69 / mar 71). Ajudou-.me a manter a minha sanidade... mental no TO da Guiné. É, além disso, uma dos meus poetas preferidos, a par de Álvaro de Campos / Fernando Pessoa, Alexandre O'Neill e Ruy Belo. (LG)


Exílio

Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia 
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner Andresen, 
"Livro Sexto" (1962)


1. Mensagem de Cláudia Silveira, da editora A Esfera dos Livros:

Data: segunda, 6/05/2019 à(s) 16:37
Assunto : SOPHIA de Mello Breyner Andresen, de Isabel Nery

Olá!

SOPHIA é sinónimo de figura maior da literatura portuguesa, de poesia luminosa e despojada, de contos infantis que continuam a marcar gerações, mas também de poeta que pendurou palavras na ponta das espingardas para chamar «velho abutre» ao ditador; que usou de pontaria certeira enquanto deputada na Assembleia Constituinte, onde lembrou que só haveria liberdade se houvesse justiça e que um país mais justo passava por um Portugal mais culto; que teve a coragem de dizer adeus às armas quando constatou que, depois do 25 de Abril, a poesia esteve na rua, mas rapidamente voltou para dentro de casa.

No ano em que se assinala o centenário do seu nascimento, a jornalista Isabel Nery percorre lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia de Mello Breyner Andresen. Porque não é possível escrever a sua biografia sem visitar o Porto, a Grécia, Lagos, a Travessa das Mónicas na Graça, ou mesmo a pequena ilha de Föhr, no mar do Norte, de onde Jan Andresen, bisavô da poeta, era originário. Ou entrevistar quem com ela privou, o que resultou na recolha de 60 testemunhos: do pescador José Muchacho que levava Sophia a visitar as grutas em Lagos, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política, família, tradutores e investigadores. Porque não é possível escrever a sua biografia sem ler os relatórios dos interrogatórios a que foi sujeita na sede da PIDE, sem compreender o contexto histórico em que viveu ou as suas relações familiares.

A biografia que faltava sobre a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões. A única mulher escritora com honras de Panteão Nacional, a quem muitos gostavam de ter visto atribuído o Prémio Nobel.

   

Isabel Nery é jornalista, ensaísta e investigadora em Jornalismo Literário, Isabel Nery é autora de várias obras de não-ficção, entre elas o livro de reportagem As Prisioneiras e o ensaio Chorei de Véspera, ambos adaptados para curtas-metragens pela realizadora Margarida Madeira. 

Com Sophia de Mello Breyner Andresen, estreia-se agora no género Biografia. A curiosidade pelo outro levou-a a estudar na Alemanha ainda adolescente, e mais tarde em Espanha e nos EUA. A mesma curiosidade levou-a até ao jornalismo, amor à primeira vista, depois da licenciatura em Relações Internacionais e do mestrado em Comunicação. 

Enquanto jornalista passou pela televisão, diários e semanários, tendo trabalhado quinze anos na revista VISÃO. Atualmente é também vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas. O trabalho de Isabel Nery foi já distinguido com vários prémios, entre eles o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas, o Prémio Jornalismo pela Tolerância, o Prémio Paridade Mulheres e Homens na Comunicação Social, e o Prémio Jornalismo e Integração, da UNESCO.


Cláudia Silveira | Comunicação | A Esfera dos Livros

esferadoslivros.pt

R. Professor Reinaldo dos Santos nº 42 R/C
1500-507 Lisboa
Tel. 21 340 40 64 | Tlm: 925 487 990
claudia.silveira@esferalivros.com
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Nota do editor:

Último poste da série > 3  de maio de  2019 > Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar.