segunda-feira, 16 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20740: Notas de leitura (1273): “A Engenharia Militar na Guiné, O Batalhão de Engenharia”, Exército, Direção de Infraestruturas, Julho de 2014 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Março de 2017:

Queridos amigos,
Tenho uma dívida de gratidão com o BENG 447 inultrapassável. Recebi, em Agosto de 1968, um quartel em escombros e outro sem o mínimo de requisitos defensivos, falo de Missirá e de Finete, no regulado do Cuor. Um dia aterrou um helicóptero e dele saiu um Capitão de Engenharia que eu conheci na viagem do Uíge, em Julho de 1968, Rui Gamito, compadeceu-se daquela extrema penúria, deu instruções à secção do BENG em Bambadinca para me fornecer forte e feio, rachas de cibe, chapas de zinco, toneladas de cimento, rolos inumeráveis de arame-farpado, tesouras corta-arame, e tudo o mais o que se sabe. Com o quartel de Missirá destruído em Março de 1969, as ajudas triplicaram e aconteceu o milagre da ressurreição. Finete passou a ter abrigos dignos desse nome e uma boa proteção de arame-farpado. Fiz amizades, de tal modo que o meu padrinho de casamento é Emílio Rosa, ao tempo Alferes Miliciano de Engenharia, e meu doador de materiais, incluindo o gerador que chegou depois de eu ter partido.
São recordações pessoais, e já não falo da proteção que deu, durante um mês a fio na construção da estrada entre Xime e Bambadinca, que vi nascer, tinha um opulente cais, hoje tragado pela incúria.
Entre as imagens que extrai do livro vem o plano da Cerca Defensiva de Bissau, mostra-se uma loja do comércio tradicional para se matar saudades.

Um abraço do
Mário




A Engenharia Militar na Guiné:
O Batalhão de Engenharia

Beja Santos

“A Engenharia Militar na Guiné, O Batalhão de Engenharia”, Exército, Direção de Infraestruturas, Julho de 2014, é apresentado como um tributo aos militares portugueses e aos guineenses que fizeram parte do Batalhão de Engenharia da Guiné.

Escreve o Tenente-General António José Maia de Mascarenhas:  

“Considero como fazendo parte do Batalhão os elementos as organizações que o antecederam e que estão na sua origem como foram a Companhia de Engenharia Mista (criada em 1963 por mobilização no Regimento de Engenharia n.º 1, sob o comando do então Capitão de Engenharia Perry da Câmara) e as secções de delegações dos Serviços de Fortificações e Obras Militares. O autor principal deste livro é o Coronel Tirocinado de Engenharia Alberto da Maia e Costa, o último Comandante do Batalhão. Como é timbre destas obras, dá-se um bosquejo histórico da Guiné, apresenta-se uma pequena monografia da Guiné na década de 70, incluindo elementos socioeconómicos e culturais. Quando eclode a subversão na Guiné, a estrutura da Arma de Engenharia compreendia na região: um órgão de Direcção, o Comando de Engenharia localizado em Bissau e os órgãos de execução, inicialmente a Companhia Mista de Engenharia n.º 447 e, posteriormente, o Batalhão de Engenharia da Guiné". 

Dentro do historial que o autor apresenta sobre a Engenharia Militar Portuguesa na Guiné, refere-se em 1961 a criação da Direcção do Serviço de Fortificações e Obras Militares, e enumeram-se os seus responsáveis incluindo os do Batalhão de Engenharia, a partir de 1964, até ao fim da presença portuguesa na Guiné-Bissau. O autor enumera os dados relevantes da organização emissões do Batalhão de Engenharia até à data da independência, dando especial relevo às realizações da Engenharia naquele teatro de operações, veja-se, a título exemplificativo: antes de eclodir a guerra, obras em Santa Luzia e Bolama, fiscalização das obras do aeródromo de Bissau, transferência do Quartel-General de Amura para um novo aquartelamento de Santa Luzia, aquartelamentos em Nova Lamego, Buba, Farim, Bafatá, quartéis de Cacheu, Fulacunda, Sedengal e Bolama, sendo estas para o futuro centro de instrução militar.

A partir da guerrilha, a Engenharia vai ser chamada a uma multiplicidade de atividades na construção de edifícios como seja a ampliação do edifício do Quartel-General, ampliação do edifício do Serviço de Telecomunicações Militares; construção de aquartelamentos, um pouco por toda a Guiné, mas também cais como o de Bambadinca, pontes, como a ponte de Maqué, a ampliação do Hospital Militar 241, asfaltagens, obras de abastecimento de água, construção de estradas, redes de arame-farpado. Foi crescendo o parque de máquinas com o seu equipamento de terraplanagem, viaturas basculantes e autotanques, era de enorme valor o parque de máquinas do Batalhão de Engenharia.


O autor destaca igualmente uma obra de grande fôlego, a Cerca Defensiva de Bissau, assim apresentada: 

“A Cerca Defensiva de Bissau foi executada envolvendo o perímetro de toda a cidade e dos arredores onde se localizavam aquartelamentos e instalações militares, para impedir o acesso aberto à cidade. Consistia num perímetro minado, entre duas fiadas de rede de arame-farpado paralelas, com várias torres de vigilância e postos de controlo, servido por caminhos de serventia para ronda pelo interior. Para a sua execução houve que realizar as seguintes atividades: planeamento, desmatação, execução de estacas de madeira e de betão, lançamento de rede, colocação de rede nas bolanhas, utilização de centrais de betonagem, estudo dos avisos e da camuflagem, colocação dos avisos nas redes, lançamento das minas, construção prévia das torres, preparação das fundações das torres, montagem das torres em terreno seco e na Bolanha, executar instalações dos postos de vigilância, eletrificação dos postos, etc.”. 

Dir-se-á noutro relatório: 

“Durante 17 dias 1500 toneladas de materiais e 813 homens (trabalhando mais de 8 horas diárias) percorreram, em duas plataformas e 32 viaturas, 56 mil quilómetros, na construção de 20 torres de vigia e de uma rede de cintura minada com mais de 400 quilómetros de arame-farpado”.


O Batalhão de Engenharia teve uma intervenção fundamental no reordenamento de populações e organizações em autodefesa, o autor esmiúça este campo de atividades.

Todo este historial é igualmente acompanhado de histórias saborosas, informações sobre os geradores na Guiné testemunhos quem acompanhou obras de estrada, descreve-se a participação do Batalhão de Engenharia na "Operação Grande Empresa" iniciada em Dezembro de 1972, a construção em tempo recorde do quartel de Mansabá como centro de instrução de tropas africanas. Também se fala de situações dolorosas como a emboscada de 22 de Março de 1974, entre Piche e Nova Lamego, uma coluna militar foi atacada pelo PAIGC com grande efetivo, este documento incorpora o testemunho do Furriel Miliciano de Engenharia Pedro Manuel Santos, muito emotivo.

Há igualmente testemunhos como o de Nuno Nazareth Fernandes, que deu uma inestimável colaboração às atividades musicais do BENG 447.

Presta-se homenagem aos mortos, e em nota final Alberto da Maia e Costa manifesta o seu orgulho pelo serviço prestado pela Unidade de Engenharia de que ele foi o último comandante:

“A Guiné ficou a dispor de instalações militares adequadas e satisfatórias, como nenhum outro território português. O esforço feito relativamente ao abastecimento de água pela execução de furtos artesianos, montagem de depósitos e construção de redes foi digno de registo, por quanto a Guiné desfrutava, nos seus centros populacionais médios, já de água potável canalizada. Mas não foi só nestes aspetos que a Engenharia Militar deu a sua valiosa colaboração. Deu-a na montagem de centrais geradoras de energia elétrica e na construção das respetivas redes, na execução de redes de saneamento, na sua atuação do campo de construção de estradas, mercê de equipamento adequado, organização quase perfeita, tendo conseguido altos rendimentos de trabalho na execução de estradas de terra e asfaltadas e na de pistas de aviação. Desta forma as estradas construídas por si só ou com a colaboração das obras públicas, atingiram quilometragens apreciáveis, que serviram tanto as necessidades militares como as de fomento”.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20729: Notas de leitura (1272): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (49) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20739: O que é feito de ti, camarada ? (10): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira d' Alva, a bordo do MSC Magnifica... Estão impedidos de desembarcar, em Hobart, capital da Tasmânia, e nos restantes portos da Austrália, devido à pandemia do Coronavírus COVID 19... Estão a um mês e meio de regressar a casa.



MSC Magnifica > 16 de março de 2020 > Austrália > Hobart, capital da Tasmânia

Cortesia de Constantino Ferreira (2020)


1. Último poste  do Constantino Ferreira d'Alva, publicado na sua página do Facebook, há quatro horas. O Constantino, tal como o António Graça de Abreu (*),  segue num cruzeiro de volta ao mundo,  a bordo do MSC Magnifica (, MSC é a sigla da multinacional Mediterranean Shipping Company, com sede na Suiça)...

A frota da MSC Cruzeiros está praticamente parada devido à pandemia do Coronavírus COVID 19... O MSC Magnifica deve ser  o único navio que ainda está a operar, segundo nos informa o Constantino, devendo chegar à Europa daqui a mês e meio...

Esta volta ao mundo, que era pressuposto ser uma viagem de sonho, pra muitos dos seus passageiros,  está a tornar-se um pesadelo, devido á pandemia do Coronavírus COVID 19, ... Deve levar a bordo muitos mais portugueses, além dos nossos camaradas Constantino Ferreira d'Alva e António Graça de Abreu, e suas esposas.

A todos desejamos o melhor regresso possível a casa, com saúde e em segurança.

Facebook > Constantino Ferreira > segunda-feira, 16 de março de 2020, 1:52:

Isto foi o Diabo 👿!

Pois foi! ..... Mas não o Diabo da Tasmânia, que nós muito carinhosamente pretendíamos ir conseguir ver, na nossa visita de hoje !

Não! ..... Aqui o Diabo 👿 foi outro ! Foi o “coronavirus” que já apareceu em cinco casos na Tasmânia, que nos impediu a visita programada.


A notícia, foi-nos dada pelo Comandante no Royal Theatre esta manhã, acompanhado pelo segundo comandante, pelo médico-chefe de bordo e o director de comunicação a bordo. (Conforme fotografias que publico!)

As autoridades de fronteiras da Austrália, fecharam todos os portos, por razões de segurança pública! Foi assim, que recebemos a notícia.

No entanto, teríamos que descer a terra para a formalidade de controlo de vistos e passaportes! Uma vez que iríamos passar por mais três portos na Austrália; Sydney, Cairns e Darwin! Podendo a situação modificar-se, para melhor ou ... para pior !

Pois foi para pior, porque também já têm mais casos dentro da Austrália.

Estivemos atracados no cais, durante todo o dia, a cidade e as montanhas lá estavam à nossa frente, fomos tirando umas fotografias, ouvindo as notícias da Europa, tomando consciência da gravidade a nível Mundial, lamentando esta situação, mas sempre com alguma esperança de melhores dias !

A vida a bordo continua, não temos nenhum caso de “coronavirus”, lagarto,... lagarto,.... lagaaarto! Mantemos todas as regras e disciplina de segurança, para que isso não aconteça !

A boa disposição também se mantém, até com algum humor, (é o meu caso!). Mas a “Volta ao Mundo”...... já não vai ser como até aqui !

Tem sido verdadeiramente uma maravilha, em todos os aspectos ! Pelo menos, esta “meia-volta”, foi um espetáculo!
Agora, temos que concluir o que falta, com a máxima segurança, procurando mesmo assim, usufrui o melhor possível!

De toda a frota da MSC-Cruzeiros, este “nosso” navio, MSC-Magnífica, é o único a navegar, toda a frota parou ! Na Europa, América, Caraíbas, China, Japão, ..... tudo parou e “encostou”!

Mas a decisão da companhia, de não nos desembarcar, foi bem acolhida, pelos cerca de três mil passageiros e tripulantes!

Assim, a decisão da MSC e do nosso comandante, é seguirmos nesta “nave”, até á Europa, onde esperamos chegar dentro de um mês e meio, com paragens para reabastecimento de combustível e alimentos.

Se a situação, entretanto melhorar, até podemos manter a esperança de ir ver o Dragão de Cômoro, como estava planeado, mas as belezas de Bali, ainda na Indonésia, ficam para outra oportunidade, assim como todos os outros portos planeados, “nesta” nossa Volta ao Mundo”!

A ver vamos! Como vai ser este mês e meio, aqui a bordo !

Na “nossa” Carreira da Índia, nos Séculos XVI, XVII  e .... XVIII, .... não tinham este conforto a bordo e, ... faziam muito mais tempo em mar alto !

Se pensarmos “assim”, isto vai ser uma festa a bordo ! A “fé”... é que nos salva! ..... Não è o pau da barca !

Até sempre!

(Com a devida vénia ao nosso camarada Constantino Ferreira, tripulante da TAP,  reformado)
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (8): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia do coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!

Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (9): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia do coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!



Oeiras >Algés > Restaurante Caravela de Ouro > Tabanca da Linha > 42º Convívio > 21 de março de 2019 > À mesa, o Constantino Ferreira d'Alva e o António Graça de Abreu. Na altura soubemos que iam os dois fazer um cruzeiro de volta ao mundo, no princípio do novo ano de 2020, com regresso em finais de abril (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O António Graça de Abreu, ex-alf mil,  CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), nosso camarada e amigo, membro da nossa Tabanca Grande de longa data, com mais de 240 referências no blogue,  cofundador, em 14/10/2010, da Magnífica Tabanca da Linha, já não nos dá notícias desde o fim do ano passado... 

O último poste que li dele, da sua autoria, na página do Facebook, é de 31 de dezembro passado. É um excerto do seu "diário secreto de Pequim" dos anos 80... Sabemos, pelo Constantino, que ele vai a bordo do MSC Magnifica, mas que não escreve para o Facebook, até porque a ligação à Net, a bordo, é lenta e cara.

Pequim, 1 de Setembro de 1981

Um dos meus grandes prazeres, nestes últimos tempos, é atravessar meia Pequim ou perder-me deliberadamente pelos milhentos atalhos e recantos dos arredores da cidade, aos comandos da minha mota, a pequena Peugeot 102 que fura com facilidade por dentro destes imensos pelotões de ciclistas que pedalam, pedalam e eu acelero, acelero levado pelo motorzinho do meu extraordinário velocípede.


No fim do ano passado, trouxe de Macau algo que, tal como a moto, é diferente de quase tudo o que os chineses possuem, um Walkman, marca Toshiba, azul, maneirinho que prendo no cinto das calças, meto a cassete, coloco os auscultadores, ligo e aí vou eu, singrando na minha Peugeot 102, por tudo quanto é avenida, rua ou caminho de terra batida, ultrapassando todos os ciclistas (as motas são raríssimas, estão ainda quase proibidas para os chineses), circundando carroças, autocarros, furando entre as gentes. 

Tenho estereofonia, som total a cantar-me aos ouvidos e toda a imensa cidade de Pequim a perpassar diante dos meus olhos. Tenho os cinco concertos para piano, de Beethoven, e que prazer a grande música na minha cabeça, ressoando em mim, atravessando Pequim. 

Tenho a batida fantástica do álbum The Wall, dos Pink Floyd, com palavras sábias do Roger Waters e do David Gilmour que bem podem ser adaptadas às realidades chinesas que me enchem os olhos e que a minha costela, meia anarca, hoje já acaricia:

We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teacher leave the kids alone,
Hey, teacher! Leave the kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall.



Nova Zelândia, Napier, 14 de março de 2020 > O Constantino Ferreira d'Alva, desembarcando do MCS Magnifica. 

Fonte: página do Facebook do nosso camarada.



2. O Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71), é um camarada do meu tempo (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12): viajámos juntos, no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969.... e penso que regressámos juntos, no T/T Uíge, em 17/3/1971. A CART 2521, mobilizada pelo GACA 2, esteve em Aldeia Formosa.

À  conversa com ele,  à mesa,  no 42º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, em 21 de março de 2019 (*), disse-me que era natural de Arganil, e trabalhara na TAP como tripulante de cabine, estando reformado há uns largos anos... Naturalmente que conhecia (e era amigo de) o José Brás e de outros amigos meus da TAP, como é o caso do Jorge Mateus... Confidenciou-me, na altura, que tinha intenção de fazer uma "cruzeiro de volta ao mundo", no princípio do ano de 2020, juntamente com o António Graça de Abreu, que acabara de conhecer num outro cruzeiro.

Eu não tinha a certeza se esses planos se tinha concretizado, e se tinham chegado a  partir juntos, no mesmo navio, até em dezembro passado começaram a surgir notícias de mai agoiro, provenientes da China... Nas a MSC manteve os seus cruzeiros para aquelas bandas...

Pela consulta que fiz à sua página do Facebook, verifiquei que  o Constantino deve estar hoje no hemisfério sul, na Oceania, já na Austrália, a bordo do MSC Magnífica, depois de terem parado na Nova Zelânida. E, com ele, ficamos a saber que está... o António Graça de Abreu.

Escreveu o Constantino anteontem, às 5h45:

(...) Cá estamos a entrar na Baía de Napier! Hoje a entrada faz-se já com o luz do Sol a iluminar esta Baía, larga e profunda, com a cidade lá ao fundo, já bem visível com a luz do Sol.

Logo que atracamos ao cais dos cruzeiros, o grupo que vai na excursão de visita com recepção pela chefe indígena, de uma aldeia do povo Maori, está pronto para seguir no autocarro. (...)


(...) Assistimos a todo o cerimonial de aproximação de um povo estranho. A recepção dos indígenas era feita com aproximações e afastamentos, até que se realizava o contacto, mas com os Maoris sempre à defesa e desconfiados !

De seguida, as demonstrações guerreiras, os seus cantares e danças rituais. A demonstração num lago ou ribeira, da pesca ás enguias, como sobrevivência deste povo na sua alimentação, foi tema de uma palestra à beira do lago. A visita termina com a venda de alguns produtos de seu artesanato. (...)


(...) Ficamos com uma ideia bem formada, da vida e cultura deste povo guerreiro, que quase foi apagada pelas políticas britânicas, nos últimos duzentos anos ! Agora em tentativa de recuperação, por pessoas como a nossa guia, mas também com o apoia do Parlamento da Nova Zelândia.

Regressamos a Napier, novamente por montanhas e vales, em que pastam milhares de ovelhas e carneiros, mas nos vales e terras chãs, lá estão as plantações de kiwis e maçãs, a perder de vista.(...) Foi um dia de vistas largas, de cultura e de reflexão sobre a destruição da cultura Maori , pela Europa colonizadora do Mundo, nos séculos de descobrimentos e encobrimentos !

Embarcamos no MSC-Magnífica, e assistimos á saída lenta do navio, ao som da magnífica voz de Andrea Bocelli.(...), 
O nosso próximo encontro, será na Baía de Wellington. Já amanhã de manhã ! (...)

Por uma rápida visita ao último poste,  de ontem, às 15h. Confirmo, pela leitura, que o MCS Magnífica está a dar a volta ao mundo... e ainda falta metade do percurso (com mês e meio para voltar à Europa) , mas já com o fantasma da pandemia do coronavírus  COVID 19 na "agenda de bordo"... O Constantino, bem humiorado, bem disposto,  tem escrito uma espécie de "diário de bordo" que partilha com os seus amigos do Facebook

(...) Largámos de Wellington  [, capital da Nova Zelândia,] ao fim do dia, navegamos pelo Canal Cook rumo West, durante toda noite. Mas pela madrugada já levamos o rumo Sul, tendo a ilha a bombordo, lado esquerdo.

Pelas 3 horas da tarde, damos entrada no Fiorde Milford Sound. Um outro navio de cruzeiro, navega lentamente à nossa frente. Mas outros pequenos barcos e lanchas, passam por nós nos dois sentidos. São turistas amantes da natureza, que viajam em pequenos aviões, que aterram numa pista lá ao fundo, onde o Fiorde acaba e tem uma pequena planície antes das montanhas.

As margens apresentam algumas cascatas e, lá nos cumes das montanhas algumas têm neve outras não. Os pequenos aviões passam por cima de nós, o som com a ressonância das montanhas, multiplica-se com os ecos repetidos e multiplica-se, criando um ambiente de guerra “pacífica” !

Lá está o pequeno aeroporto, com alguns aviões estacionados, anunciando o fim do Fiorde. Inverter o rumo para a saída é uma manobra delicada, pois o navio tem mais de 300 metros e este fiorde tem pouco mais de 700 metros de largura neste local da manobra! Esta pequena localidade de apoio ao aeroporto, está absolutamente isolada por ausência de estradas, só se tem acesso a esta localidade de barco ou de avião pequeno.

Navegamos agora rumo West e, ao sairmos do fiorde, tomamos o rumo Noroeste, navegando no mar da Tasmânia, rum
o a Hobart [, a capital e a maior cidade do estado australiano da Tasmânia], a nossa próxima escala, onde chegaremos com dois dias de navegação. 

Quando lá chegarmos, é que veremos o Diabo da Tasmânia, ou será que o Coronavírus é que vai ser o nosso Diabo?!

Teremos que enfrentar os dois “bichos”, com muita calma, disciplina, saber e segurança sanitária. Consta que o coronavírus já se manifestou em cinco pessoas na cidade de Hobart. A confirmar-se estes casos, não sabemos se seremos autorizados a desembarcar!

Daqui a dois dias, saberemos a confirmação ou não, destes cinco casos de coronavirus, que aguardamos com alguma ansiedade, mas com calma e esperança, nestes próximos dias e, da Volta ao Mundo,  apenas temos metade realizada.

Aqui a bordo, não temos, felizmente, nenhum caso de coronovirus. Quando chegarmos á Tasmânia, a ver vamos que “Diabo” iremos ver. Esperamos que seja o Diabo  da Tasmânia! (...)


Há dias, a 10 de março, o Constantino tinha respondido ao Manuel Resende, régulo da Tabanca da Linha, nestes termos, tranquilizando-o sobre a saúde do pessoal a bordo e dando notícias do António Graça de Abreu:

(...) Depois, vamos ver o Diabo na Tasmânia e os cangurus na Austrália! Mesmo agora estive com o António Graça de Abreu, que está muito bem, a escrever um novo livro !... Aqui a bordo não tivemos nada de Coronavírus! (...)

Desejamos, a estes nossos amigos e camaradas  boa continuação da viagem de volta oa mundo e bom regresso a casa!... Ficamos mais tranquilos por saber notícias deles!...

Mas quando chegarem, à Europa [, a Génova ? a Marselha ?],  deve estar a pandemia, aqui em Portugal,  no seu pico e a nossa vida feita... num pandemónio... (Esperemos que não, e que saibamos todos dizer, em voz alta, com determinação e coragem: O COVID 19 não passará!... Mesmo à custa de sangue, suor e lágrimas.)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19612: Tabanca da Linha (1): 42º convívio, Algés, 21 de março de 2019: Caras novas: o Constantino Ferreira d'Alva, nosso grã-tabanqueiro nº 711, desde 16 de fevereiro de 2016Último poste da série > 

Guiné 61/74 - P20737: Parabéns a você (1771): Joviano Teixeira, ex-Soldado At Inf da CCAÇ 4142 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Março de 2020 > Guiné 61/74 - P20731: Parabéns a você (1770): Leopoldo Correia, ex-Fur Mil Art da CART 564 (Guiné, 1963/65)

domingo, 15 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20736: Ficha de unidade (11): CCAÇ 1681 (Safim, Teixeira Pinto, Caió, Bassarel, Cacheu, Bachile e Quinhamel, 1967/69), foi comandada pelo cap inf Manuel Francisco da Silva (1933-2015) (Jorge Araújo)


Foto retirada do texto do João Rebola (1945-2018), Fur Mil da CCAÇ 2444 (Cacheu, Bissorã e Binar – 1968/1970), com o título “Guiné - O Inferno nos primeiros meses”, pdf. In:


Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); um homem das Arábias... doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; autor da série "(D)o outro lado do combate"; nosso coeditor.


 
A COMPANHIA DE CAÇADORES 1681 [CCAÇ 1681] - (1967/69) DO CAP INF MANUEL FRANCISCO DA SILVA (1933-2015)
- SUBSÍDIO HISTÓRICO -

1.   - INTRODUÇÃO
A origem da presente narrativa tem por base a informação específica obtida durante o processo de investigação, realizado recentemente, a propósito de uma foto tirada em Tomar, onde consta a figura de um capitão de infantaria com uma "Cruz de Guerra" ao peito, e publicitada nos P20680 e P20685.
Acreditamos, salvo melhor sugestão, que estaremos na presença do Cap Inf Manuel Francisco da Silva (1933-2015), que foi comandante da Companhia de Caçadores 1681, do Batalhão de Caçadores 1911, unidades formadas e mobilizadas pelo RI 15, em Tomar, e que cumpriram a sua missão ultramarina no CTIGuiné, no período de 1967/1969.
Uma vez que esta subunidade do BCAÇ 1911 não tem qualquer referência historiográfica no blogue da «Tabanca», aproveitei esta oportunidade para relatar alguns dos factos relevantes da sua actividade operacional no Sector que lhe foi atribuído - o Sector O1-A.
De acordo com o acima exposto, segue-se um subsídio histórico da CCAÇ 1681.

2.   - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1681 =
SAFIM - TEIXEIRA PINTO - CAIÓ - BASSAREL - CACHEU - BACHILE E QUINHAMEL (1967-1969)

2.1 - A MOBILIZAÇÃO PARA O CTIG

Mobilizada pelo Regimento de Infantaria 15 [RI15], de Tomar, a Companhia de Caçadores 1681 (CCAÇ 1681), a primeira de três unidades de quadrícula do Batalhão de Caçadores 1911, liderado pelo TCor Inf Álvaro Romão Duarte, embarcou em Lisboa, no Cais da Rocha, em 26 de Abril de 1967, 4.ª feira, sob o comando do Capitão Inf Manuel Francisco da Silva, seguindo viagem a bordo do N/M "UÍGE" rumo à Guiné (Bissau), onde chegou a 03 de Maio, 4.ª feira.

2.2 – SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL

● A DO BCAÇ 1911


Após a sua chegada a Bissau, o BCAÇ 1911 ficou instalado em Brá, na situação de reserva de intervenção do Comando-Chefe. As suas subunidades foram utilizadas em diversas operações, ou em situação de reforço temporário de outros Batalhões. 

Em 17Ago67, rendeu o BCAV 1905 [de 06Fev67-19Nov68, do TCor Cav Francisco José Falcão e Silva Ramos, cargo que manteve até 14Ago67, sendo substituído pelo Maj Inf Rogério Castela Jacques até 26Out67, que, por sua vez, cedeu o seu lugar ao TCor Inf Domingos André (27Out67 a 19Nov68)], assumindo a responsabilidade do Sector A1-A com sede em Teixeira Pinto, integrando as subunidades existente na área.
Nesta situação, desenvolveu intensa actividade operacional, essencialmente orientada para a neutralização do esforço inimigo para atingir as regiões de Bassarel / Calequisse e Caió e exercendo, simultaneamente, uma constante acção psicossocial junto das populações, garantindo a sua segurança e promoção socioeconómica.

Em 07Mai68, o BCAÇ 1911 foi rendido no sector de Teixeira Pinto pelo BCAÇ 2845 [de 06Mai68-03Abr70, do TCor Inf Martiniano Moreno Gonçalves] e recolheu seguidamente a Bissau. Em 24Jun68, rendendo o BCAÇ 2834 [de 15Jan68-23Nov69, do TCor Inf Carlos Barroso Hipólito] assumiu a responsabilidade do Sector de Bissau, com sede em Bissau e engobando os subsectores de Brá (Bissau), Nhacra e Quinhamel, com vista a garantir a segurança e protecção das instalações e das populações da área, tendo passado em 10Jul68 à dependência do CmdAgr 2952, por criação da respectiva zona de Bissau e depois do COMBIS. Em 31Mai69, foi rendido no sector de Bissau pelo BCAÇ 2884 [de 02Mai68-26Fev71, do TCor Inf José Bonito Perfeito], a fim de efectuar o embarque de regresso (p91).  



Mapa da região de Teixeira Pinto (Sector O1-A) por onde circulou o contingente da CCAÇ 1681 durante a sua comissão ultramarina no CTIG (1967-1969)





● A DA CCAÇ 1681


A CCAÇ 1681 ficou colocada em Bissau, tendo efectuado uma instrução de adaptação operacional de duas semanas [de 24Mai a 06Jun66] na região de Safim, ficando, seguidamente, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe. 

Nesta situação, e por um período de três semanas [de 20Jun a 12Jul67], foi atribuída em reforço do BCAV 1905, para acções de patrulhamento, reconhecimento e batida nas regiões de Blequisse, Bachile e Pichilal. Seguiu-se, depois, o reforço do BCAÇ 1887, por um novo período de três semanas [de 25Jul a 13Ago67], para operações nas regiões de Biribão e Ponta Pinto.

Em 17Ago67, foi integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão [BCAÇ 1911], como subunidade de intervenção e reserva do Sector O1-A, estacionado em Teixeira Pinto, com um Gr Comb em Caió, sendo utilizada em acções de patrulhamento, batidas e emboscadas na região do rio Costa (Pelundo) e destacando um Gr Comb para Bassarel, a partir de 22Set67. De referir que foi nesse rio que, cinco dias após a sua chegada, a CCAÇ 1681 tem a primeira baixa, por afogamento do soldado José Marques Afonso, natural da freguesia de Mata Mourisca, Pombal.

Em 11Out67, rendendo a CCAV 1649 [de 06Fev67-19Nov68, do Cap Mil Cav João de Medeiros Constâncio], assumiu a responsabilidade do subsector de Cacheu, com um Gr Comb destacado em Bachile, então integrada no dispositivo do seu batalhão e depois do BCAÇ 2845. 

Em 07Dez68, saiu do subsector de Cacheu, após ser rendida pela [Madeirense] CCAÇ 2446 [de 15Nov68-01Out70, do Cap Mil Inf Manuel Ferreira de Carvalho], seguindo para o subsector de Quinhamel, onde substituiu a CCAÇ 2435 [de 28Out68-01Out70, do Cap Inf José António Rodrigues de Carvalho], voltando novamente à dependência do seu batalhão. Em 11Mai69, foi substituída pela CCAV 1749 [de 25Jul67-07Jun69, do Cap Mil Art Germano da Silva Domingos] recolhendo seguidamente a Bissau a fim de aguardar embarque de regresso (p92).

Como "memorial" particular da CCAÇ 1681, no Cacheu, o camarada João Rebola (1945-2018) deixou-nos um testemunho da presença da unidade que precedeu a sua CCAÇ 2444 (1968/1970), pousando ao lado da placa aí existente.     

Foto retirada do texto do João Rebola, Fur Mil da CCAÇ 2444 (Cacheu, Bissorã e Binar – 1968/1970), com o título "Guiné - O Inferno nos primeiros meses", pdf. In:

● RECONHECIMENTO DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1681

Corolário da intensa e bem-sucedida actividade operacional da CCAÇ 1681, foi o seu Cmdt – Cap Manuel Francisco da Silva – elogiado pelos seus superiores hierárquicos, sendo-lhe atribuído um louvor do qual originou a condecoração com a medalha militar de Cruz de Guerra de 4.ª classe.

Como prova testemunhal, reproduzimos o conteúdo de ambos (louvor e condecoração).  



Na busca de mais elementos relacionados com a actividade operacional desenvolvida pela CCAÇ 1681, nomeadamente sobre as sete "operações" salientadas no texto do louvor acima: «Bota Janota», «Amedronta», «Almoster», «Alandroal», «Amesterdão», «Jacaré Raivoso» e «Hotel Portugal», nada foi encontrado, com excepção da primeira.

Na bibliografia "oficial" (CECA; 6.º Volume; p154) consta que a «Operação Bota Janota» foi realizada nos dias 25 e 26 de Janeiro de 1968, 5.ª e 6.ª feira, com o objectivo de detectar e destruir instalações e elementos In efectuando uma batida na mata de Pichilal (Sector O1-A). Participaram nesta missão as seguintes forças: CCAÇ 1681, 1 GC/CCAÇ 1682, CCAÇ 1683, PSap do BCAÇ 1911, GC "Os Templários", PCAÇ 58, PMil 129 e PMil 130, com APAR.

No decorrer da operação, as NT destruíram um acampamento abandonado recentemente, constituído por dez casas (de mato) e um posto de sentinela, localizado a nordeste de Catunco; apreenderam carregadores e cartuchos de armas ligeiras, livros, discos de propaganda, documentos e material diverso.

No regresso ao Cacheu, a CCAÇ 1681 foi emboscada por duas vezes, sofrendo quatro mortos, nove feridos e um desaparecido.

Procurando identificar os nomes dos quatro militares mortos, como é referido no relatório, com cruzamento a outras fontes "oficiais" (CECA; 8.º Volume; Livro 1; p329), nada foi encontrado. A data da "baixa" mais próxima às da operação supra é de 30Jan68 e reporta a um elemento da CCAÇ 1684, facto ocorrido a 3,5 kms do aquartelamento de Susana, na margem direita do rio Sancatuto.

Pelo exposto se conclui que os dados apresentados no "desenrolar da acção" contém imprecisões, nomeadamente em relação a "baixas" da CCAÇ 1681 [NT], como se prova no quadro que elaborámos para esse efeito.

● BAIXAS DA CCAÇ 1681 DURANTE A SUA COMISSÃO (1967/1969)

Da leitura do quadro abaixo, verifica-se que a CCAÇ 1681 registou seis baixas durante a sua comissão (1967/1969), sendo três por "acidente" e três em "combate".



Estas seis mortes aconteceram durante a permanência da unidade no Cacheu, tendo a primeira ocorrido em 22Ago67, cinco dias após a sua chegada, com um náufrago no rio Costa (Pelundo), junto à Ponte "Alferes Nunes". 
A segunda ocorrência, de que resultaram duas "baixas", foi consequência de uma emboscada sofrida pelas NT, em 04Out67, no itinerário Catora-Có, 200 mts depois de Barril. 
A quarta baixa verificou-se passados dez dias da ocorrência anterior, em 10Out67, por efeito de uma nova emboscada, agora em Capó, no itinerário entre Cacheu e Bachile. 
A quinta baixa resultou de um acidente ocorrido durante a noite do dia 09Fev68, no abrigo onde o militar dormia, provocado pelo fogo do combustível de uma lanterna. 
A sexta e última baixa aconteceu em 28Abr68, em novo acidente, este de viação, junto à porta de armas do Depósito de Adidos da Guiné, em Bissau.
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Fontes Consultadas:

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo VI; Cruz de Guerra (1970-1971); Lisboa; (1994); pp157-158. 
  
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2015); p154.

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002); pp91-92.

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp276-284-290-331-349.

Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
27Fev2020
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Nota do editor:

Último poste da série >  16 de maio de  2018 > Guiné 61/74 - P18639: Fichas de unidades (10): A composição de um Conselho Administrativo de um batalhão de reforço (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

Guiné 61/74 - P20735: Blogpoesia (665): "Não é à vergastada", "De cangalhas" e "Passos em falso", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


Não é à vergastada

Não é à vergastada que a Natureza resolve os problemas ou dá suas lições.
Sabe trabalhar na sombra como ninguém.
Para que tudo dê certo e esta magna viagem de cruzeiro chegue a bom porto.
Seu método é a discrição.
Para não alarmar.
Como capitão do navio está atenta ao que se passa a bordo.
Sabe como usar sua autoridade.

Desta vez, quando viu que a população se desenfreou com a avareza do poder e do dinheiro.
Escravizando de mil formas, os fracos e os pobres.
Criando guetos como nazis, escorraçando as gentes de suas terras natais para lhes sugar o volfrâmio do petróleo ou da matéria prima para bem do mal.
Soltou um enxame de bichinhos minúsculos por esse mundo infernalizado e paralisou tudo.
Atravancou as fábricas e os escritórios; paralisou comboios, navios e aviões; desertificou as megas-praças da barafunda anónima das cidades cosmopolitas.
Atiçou aos hospitais o fogo da incapacidade para acudir os acossados.

Pôs toda a gente a pensar que, afinal, a vaidade, a ganância que engalanava as nossas vidas, tudo era basófia e vã riqueza…

Mafra, 15 de Março de 2020, 8h21m
Jlmg

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De cangalhas

Bastou uma pequena lufada de bichinhos minúsculos.
Parece um tornado.
A terra tremeu.
Pobres e ricos.
Fortes e fracos,
Defendem a vida,
Com unhas e dentes,
Se agarram ao chão.

Cerraram as escolas.
Hospitais e clínicas,
Num gesto humano,
Dão-se as mãos.
Vêem-se aflitos,
Sem mãos a medir.

O dinheiro nos bancos
Fica gelado,
Não tem quem o trate.

Os figurões do dinheiro,
Com medo da morte,
Gemendo aflitos,
Tudo açambarcam.

Só os que dormem na rua,
Habituados a tudo,
Ao frio e à chuva,
Continuam alheios
Ao vírus da morte,
Como se estivessem em casa.

Mafra, 13 de Março de 2020
16h52m
Jlmg

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Passos em falso

Há passadas na marcha que nos estatelam no chão.
Faz falta um apoio,
Pequeno que seja,
Dum forte ou dum fraco.
Se ganha o equilíbrio e a firmeza também.

Quem só olha para o ar.
Não vê o buraco.
E é tarde, quando dá conta.

Não ver o futuro,
Só olhar o presente,
Põe em causa o caminho
Que nos leva ao fim.

Distrair a mente, fantasiando o presente, dá cabo de tudo.
Só resta o passado
Que foi e não volta.

Bar “Castelão” em Mafra, 13 de Março de 2020
9h27m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20715: Blogpoesia (664) : No Dia Internacional da Mulher: "Como todos os meus passos levam a ti..." (JUvenal Amado)

Guiné 61/74 - P20734: (In)citações (145): "Gosto da Guiné - Bissau e Tenho Orgulho de o Dizer": vídeo do Zeca Romão, de Vila Real de Stº António, Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto) e CCAÇ 16 (Bachile, 1971/73)


Vídeo de Zeca Romão (2015) > 4' 16'' (cerca de 6500 subscrições)

Alojado no You Tube > Romão José (520 subscritores)

Legenda: "Video dedicado a todos os meus amigos guineenses. Estive na Guiné Bissau de Setembro de 1971 a Outubro de 1973 e durante esses meses aprendi a gostar desse povo maravilhoso,  em especial os Manjacos, em cujo 'chão' permaneci mais tempo."

Música: "Vou levar-te comigo"[letra e música: Duo Ouro Negro] . Interpretação:  "Cantar de amigos" (Sara, Carla, Cátia, Henrique e Emílio) [Grupo de Vila Real de Santo António, fundado em 1993]



1. Cortesia do nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande, José [Quintino Travassos] Romão, de Vila Real de Santo António. Tem  15 referências no nosso blogue. 

O camarada José Romão  foi Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73) [, foto atual, à direita]

A partir de fotos a cores do seu álbum da Guiné, e como a música de fundo a canção do Duo Ouro Negro "Vou levar-te comigo", o Zeca Romão percorre alguns dos sítios  por onde andou e que lhe ficaram gravados como "memórias inesquecíveis":

Bachile,  Churobrique, Bissau (a avenida marginal, o Pidjiguiti, a Amura, o Pelicano, a velha Bissau colonial, o Grande Hotel, a Catedral,  etc.), Bolama (, a antiga capital da província), Cacheu (, a fortaleza, o edifício da administração...), Canchungo (, o cine Canchungo, a avenida principal)...

Parabéns, camarada. Gosto particularmente do título (original) que escolheste para o teu vídeo... Um Oscar Bravo, em nome de todos nós.



Guiné > Região do Cacheu > Carta de Teixeira Pinto (1961) (Escala 1/ 50 mil) > Pormenor: posição relativa de Churobrique e Bachile a norte de Teixeira Pinto, do lado direito da estrada que seguia para o Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de fevereiro de  2020 > Guiné 61/74 - P20663: (In)citações (144): um Oscar Bravo (OBrigado) a todos/as, família, conterrâneos/as, amigos/as e camaradas que fizeram da sessão de lançamento do meu último livro, em 8 de fevereiro último, na Casa do Alentejo, uma tarde memorável que tão depressa não vou esquecer (José Saúde)

sábado, 14 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20733: Os nossos seres, saberes e lazeres (381): Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Agosto de 2019:

Queridos amigos,
Por mim, não sentiria qualquer desfastio em dar-vos novas imagens de Tavira, com os seus poços fenícios, as belas peças islâmicas, o que resta do bairro Almóada, os vestígios do gótico e do manuelino, as belas igrejas, conventos e capelas, num total de catorze, segundo um folheto dado no Turismo. Mas preferiu-se outra errância por este sotavento algarvio, começa-se por Vila Real, há uma neta que quer ondas e água morninha, impossível fugir das multidões, seja na ilha de Tavira, Cabanas, Cacela ou Manta Rota, ninguém sonha, em pleno agosto, ter mais de metro e meio de areal por sua conta, o que é altamente acessível é mesmo passear à beira-mar, mesmo que, fenómeno raro, o oceano vai expelindo a todo o instante algas às toneladas. Vicissitudes de banhista, é o preço de passar férias em locais da maior convergência da sociedade de massas.

Um abraço do
Mário


Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (1)

Beja Santos

Viajar em Agosto por qualquer ponto do Algarve significa deambular entre multidões, escolher um ponto do areal e dez minutos depois estar despudoradamente cercado de gente de diferentes proveniências nacionais. Mas tinha que acontecer, houvera um convite irrecusável, estacionar uns dias numa urbanização perto de Tavira, a neta clamava por ondas, a filha clamava por descanso, reivindicações a ter em conta. Depois de uma viagem sem engarrafamentos, atinado com o local da estância, feitos os arrumos e compras elementares, avança-se para a praia, jogada a moeda ao ar, pensa-se iniciar as férias na ilha de Tavira. E daí estas duas surpreendentes imagens, não houve inundações, nem tsunami, o que se vê são banhistas com a trouxa às costas ou no braço, nada de gastar dinheiro na embarcação a motor que faz o trânsito entre a areia e terra firme.


O coletivo começou novo dia a revisitar Vila Real de Santo António, tudo surpreende, por muitas vezes que lá se passe, para o viandante é o permanente deleite das dimensões da praça que recorda a reconstrução depois do terramoto, a traça pombalina, de uma geometria perfeita, atenda-se ao agradecimento ao Senhor Dom José I, questão de protocolo, quem deu ordem foi Sebastião José. A igreja, diga-se em abono da verdade, não é uma dessas joias inesquecíveis, mas não se pode obliterar os cuidados na manutenção e o pleno equilíbrio do seu altar-mor.





Viandante e comitiva entram na Câmara Municipal, conheceu um gravíssimo incêndio, quase tudo reduzido a cinzas. A reconstrução é tocante, aproveitou-se o que ficou, o teto é lindíssimo, o mesmo quer dizer que se sugere a quem por lá passe que não deixe de se avistar com esta intervenção talentosa no edifício autárquico.




Outro local inescapável é percorrer a beira-rio, marcada por um tempo áureo de negócios de fronteira, muito comércio por grosso e atacado, um bom hotel. Impressiona a escultura de João Cutileiro dedicada a Sebastião de José, é uma peça-maior da sua obra, salvo melhor opinião.



E aqui se suspende a digressão mostrando algum estadão de outrora que chegou ao momento presente. Vila Real de Santo António continua a ter uma enorme afluência por direito próprio e pelos turistas nacionais e internacionais, ali perto está Monte Gordo, Praia Verde e Alagoa/Altura, uns quilómetros adiante a bela Cacela Velha, e quem sobe tem Castro Marim, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, barragens não faltam, e há panoramas inexcedíveis em Alcoutim. Viandante e comitiva sentem-se felizes, caminham pouco mais, têm outros alvos neste sotavento para atingir.



(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20709: Os nossos seres, saberes e lazeres (380): A Bélgica a cores que guardo no coração, e para sempre (8) (Mário Beja Santos)