1. O poste P23865, de 11 do corrente, deu origem a cerca de duas dezenas e meia de comentários (*).
A origem dos comentários, na maior parte de repúdio e indignação, esteve na notícia da homenagem a Amílcar Cabral, por parte do Presidente da República Portuguesa. Recorde-se aqui a notícia (lacónica) publicada na página oficial da Presidência:
Presidente da República em homenagem a Amílcar Cabral
10 de dezembro de 2022
O Presidente da República participou, na Universidade do Mindelo, em Cabo Verde, na Cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, a título póstumo, de Amílcar Cabral.
Acompanhados pelo Reitor da Universidade, instituição que comemora este ano o seu 20.º aniversário, o Presidente da República e o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, integraram o cortejo académico e foram recebidos por estudantes na entrada da Universidade.
Já no auditório Onésimo Silveira, onde decorreu a cerimónia, o Presidente da República, após ter feito o discurso de elogio académico ao homenageado, agraciou, a título póstumo, Amílcar Cabral, com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, tendo entregado as insígnias ao Presidente da Fundação Amílcar Cabral e antigo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires.
Presidente da República em homenagem a Amílcar Cabral
10 de dezembro de 2022
O Presidente da República participou, na Universidade do Mindelo, em Cabo Verde, na Cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, a título póstumo, de Amílcar Cabral.
Acompanhados pelo Reitor da Universidade, instituição que comemora este ano o seu 20.º aniversário, o Presidente da República e o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, integraram o cortejo académico e foram recebidos por estudantes na entrada da Universidade.
Já no auditório Onésimo Silveira, onde decorreu a cerimónia, o Presidente da República, após ter feito o discurso de elogio académico ao homenageado, agraciou, a título póstumo, Amílcar Cabral, com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, tendo entregado as insígnias ao Presidente da Fundação Amílcar Cabral e antigo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires.
2. Damos o devido relevo aos comentários dos nossos camaradas e leitores (**):
(i) António Graça de Abreu:
Porque há valores e dignidade, e porque deveria haver respeito pelos nossos mortos, de ambos os lados da guerra, recordo:
O chefe supremo do PAIGC chamava-se Amílcar Cabral, tão querido e dado como exemplo de grande líder africano por algumas pessoas deste blogue, Mário Beja Santos, etc.,e hoje por Marcelo Rebelo de Sousa.
Rui Semedo (PAICV) e Domingos Simões Pereira (PAIGC) não fazem nenhuma falta para a história ficar mais completa ?
Claro que o nosso Presidente, quando diz que, por uns meses, Amílcar não foi presidente, não se devia referir a Cabo Verde, porque nas colinas do Boé foi declarada a independência apenas da Guiné Bissau, em 24 de Setembro de 1973, nove meses após o seu assassinato.
11 de dezembro de 2022 às 18:44
(iv) Ramiro Jesus:
Ainda bem que as mães dos que morreram ou vieram estropiados da Guiné, já poucas cá estarão e muitas das vítimas directas também já partiram.
Como já lembrou o Graça de Abreu e eu aplaudo - pois também pisei a parada do CAOP1, que tinha o nome desses três majores cobardemente assassinados - considero esta condecoração uma traição.
Subscrevo as opiniões de Ramiro Jesus, António Graça de Abreu António Pereira Costa e António Rosinha.Estamos de luto. Já no passado recente o mesmo actor correu para os braços de Fidel, sem querer saber dos que sofreram ou morreram por acçâo dos agentes de Fidel na Guiné e em Angola, Cabinda.
11 de dezembro de 2022 às 20:26
(vi) Benjamin Bacelar:
Quando ouvi a notícia fiquei mesmo muito indignado. Para quando é que este presidente reconhece que existem Antigos Combatentes ?!
11 de dezembro de 2022 às 21:29
(vii) José Belo:
Pode-se respeitar o inimigo (!) (... sem necessidade de rebaixamentos complexados perante o mesmo). E, ao mesmo tempo ,desvalorizar o sacrifício supremo de alguns, arrastados por forças políticas que em tudo os ultrapassava.
São estas vergonhosas “valorizações” que separam os oportunismos políticos de alguns,de todos os outros que nas guerras de África participaram e….sofreram!
Desnecessários rebaixamentos efectuados (em nome dos portugueses) por quem os representa instuticionamente. Políticos actuais então beneficiadas por resguardadas, e convenientes,”retaguardas” do governo da ditadura.
Traz à memória uma exclamação de personagem histórica do século passado ao referir um certo tipo de portugueses:
- Que choldra!
11 de dezembro de 2022 às 22:07
(vii) Valdemar Queiroz:
"....o primeiro dia da visita oficial a Cabo Verde, Cavaco Silva foi agraciado com o primeiro grau da Ordem 'Amilcar Cabral', uma condecoração que selou o entendimento entre os dois povos e que levou Cavaco Silva a participar nesta segunda feira nas cerimónias...."
Não sei se por razões editoriais, em julho de 2010, no nosso Blogue nem uma palavra sobre o assunto da visita de Cavaco Silva a Cabo Verde. Provavelmente em julho de 2010, a música era outra ou não era 'à la mode'.
12 de dezembro de 2022 às 00:31
Aos olhos de hoje, estivemos na Guiné combatendo contra aquele povo que lutava pela sua liberdade. O nosso PR, ao agraciar Amílcar Cabral, está, como agora é moda, a pedir desculpa e a reparar moralmente os males que infligimos a coberto do regime anterior.
Como entendo, que estas questões são levadas para a política partidária, dá sempre azo a pontos de vista, que por isso até são conforme a "música" do momento.
O exemplo que apontei, por não ter tido a mesma clave de dó, quanto a outro presidente ter ido a Cabo Verde, poderia ter feito o mesmo com Mário Soares e Jorge Sampaio, que quando foram em visita não disseram 'não me falem no Amilcar por causa daqueles majores'.
Mas porque os majores, quando todos dias Amilcar ou outros do PAIGC diziam 'mais uns colonialistas foram mortos pelos nossos valentes combatentes'? Já não falando das condecorações de Angola e Moçambique.
(...) Quanto abrires o teu armário
das surpresas imprevistas,
não desistas, não desistas.
E se encontrares dentro dele
farrapos velhos, desbotados,
desdenhados. Não desistas.
E se vires viscosa aranha
com peçonha no seu ventre,
olha pra ela de frente
que ela passa sem tocar-te.
Não desistas, não desistas.
(poema muitas vezes dito pelo meu amigo e nosso camarada Renato Monteiro)
12 de dezembro de 2022 às 18:11
- 18-06-1990: Nino Vieira em Portugal é recebido pelo 1º. Ministro Cavaco Silva
- 01-07-1996: Nino Vieira visita Portugal é oferecido um banquete com as principais figuras
do Estado
- 1999 a 2005: Nino Vieira viveu em Portugal.
Quantos portugueses teriam morrido por ataques dirigidos por Nino Vieira ou até por ele próprio?
Os tempos eram outros, calhando a clave de dó não se percebia e nem sequer havia música.
Agora só falta chamar nomes aos camaradas que vão à Guiné como cooperantes e que vão sempre abraçar antigos INs, do PAIGC, que várias vezes lhes atacaram o Quartel.
O 'homem grande' Amílcar Cabral", disse ainda o chefe de Estado, ao anunciar a entrega à família do Grande Colar da Ordem da Liberdade "em nome de Portugal". "Como esperar um dia mais para prestar uma homenagem por tanto tempo adiada?"
Assim se desonra a memória dos 1127 expedicionários Mortos em Combate nas terras da Guiné. Amparado no grande Miguel Torga repito: “Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”
(xix) Morais Silva, por mensagem de hoje, às 11:25:
Por ser leitor do blog https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com, sei que Mexia Alves é um ex-combatente (Guiné). Também eu não aceito que se condecore o Chefe Inimigo responsável pela morte de 1127 expedicionários, Mortos em Combate na Guiné, entre os quais uma dezena dos meus subordinados.
Marcelo é um populista que em cada 24 horas transforma a presidência num circo. Condecorar, em nome da República, quem destruiu/destrói a vida dos Nossos só merece o desprezo de quem combateu em África e não renega o que fez nem ensaia tardios e cobardes actos de contrição.
(**) Último poste da série > 4 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12675: Direito à indignação (9): A (des)propósito do livro "Guerra Colonial: uma história por contar"...que esteve na origem da criação do Museu da Guerra Colonial, em Vila Nova de Famalicão (Beja Santos / Carlos Vinhal / José Manuel M. Dinis / José Martins / A. Eduardo Ferreira / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Alberto Branquinho / C. Martins)
(i) António Graça de Abreu:
Porque há valores e dignidade, e porque deveria haver respeito pelos nossos mortos, de ambos os lados da guerra, recordo:
O chefe supremo do PAIGC chamava-se Amílcar Cabral, tão querido e dado como exemplo de grande líder africano por algumas pessoas deste blogue, Mário Beja Santos, etc.,e hoje por Marcelo Rebelo de Sousa.
O meu comentários ao post 21000, a 23 de Maio de 2020, sobre o cobarde assassinato dos três majores e do alferes do meu CAOP 1, em 1970, que foram desarmados ao encontro dos guerrilheiros, numa missão de paz, mortos a tiro, os corpos retalhados à catanada, leio, nos documentos do PAIGC:
Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, em 11 e 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral. Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai [Indjai], Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai. Secretário: Vasco Cabral.
Amílcar Cabral – "Este acto foi um acto de grande consciência política e um acto de independência. Foi um acto de grande acção e de capacidade dos nossos camaradas do Norte. É a primeira vez que numa luta de libertação nacional se mata assim três majores, três oficiais superiores que, nas condições da nossa luta, equivale à morte de generais." (...)
Que nos valha Marcelo Rebelo de Sousa.
11 de dezembro de 2022 às 16:26
(ii) António J. P. Costa:
Qual vai ser a reacção de uma associação de ex-combatentes perante um atitude destas?
Seja ela qualquer for, gostava de saber em que se fundamenta.
11 de dezembro de 2022 às 18:10
(iii) Antº Rosinha:
"...Cerimónia na qual participaram os chefes de Estado de Cabo Verde e de Portugal, José Maria Neves e Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC) e ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires".
Umaro Sissoco Embaló, actual presidente da Pátria de Amílcar Cabral, não foi convidado?
Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, em 11 e 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral. Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai [Indjai], Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai. Secretário: Vasco Cabral.
Amílcar Cabral – "Este acto foi um acto de grande consciência política e um acto de independência. Foi um acto de grande acção e de capacidade dos nossos camaradas do Norte. É a primeira vez que numa luta de libertação nacional se mata assim três majores, três oficiais superiores que, nas condições da nossa luta, equivale à morte de generais." (...)
Que nos valha Marcelo Rebelo de Sousa.
11 de dezembro de 2022 às 16:26
(ii) António J. P. Costa:
Qual vai ser a reacção de uma associação de ex-combatentes perante um atitude destas?
Seja ela qualquer for, gostava de saber em que se fundamenta.
11 de dezembro de 2022 às 18:10
(iii) Antº Rosinha:
"...Cerimónia na qual participaram os chefes de Estado de Cabo Verde e de Portugal, José Maria Neves e Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC) e ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires".
Umaro Sissoco Embaló, actual presidente da Pátria de Amílcar Cabral, não foi convidado?
Rui Semedo (PAICV) e Domingos Simões Pereira (PAIGC) não fazem nenhuma falta para a história ficar mais completa ?
Claro que o nosso Presidente, quando diz que, por uns meses, Amílcar não foi presidente, não se devia referir a Cabo Verde, porque nas colinas do Boé foi declarada a independência apenas da Guiné Bissau, em 24 de Setembro de 1973, nove meses após o seu assassinato.
11 de dezembro de 2022 às 18:44
(iv) Ramiro Jesus:
Ainda bem que as mães dos que morreram ou vieram estropiados da Guiné, já poucas cá estarão e muitas das vítimas directas também já partiram.
Como já lembrou o Graça de Abreu e eu aplaudo - pois também pisei a parada do CAOP1, que tinha o nome desses três majores cobardemente assassinados - considero esta condecoração uma traição.
Tenho até a impressão de que, se cá estivesse, até o progenitor do nosso Comandante-Chefe sentiria vergonha ou, pelo menos, algum incómodo com esta atitude.
Enquanto sofrermos de tantos complexos ninguém respeitável nos respeitará! (..:)
11 de dezembro de 2022 às 18:52
11 de dezembro de 2022 às 18:52
(v) Carlos Gaspar:
Vivemos tempos em que vale tudo, ou seja já nada, vale nada.A não ser ficar na fotografia, mesmo que se fique mal perante a história.
Vivemos tempos em que vale tudo, ou seja já nada, vale nada.A não ser ficar na fotografia, mesmo que se fique mal perante a história.
Subscrevo as opiniões de Ramiro Jesus, António Graça de Abreu António Pereira Costa e António Rosinha.Estamos de luto. Já no passado recente o mesmo actor correu para os braços de Fidel, sem querer saber dos que sofreram ou morreram por acçâo dos agentes de Fidel na Guiné e em Angola, Cabinda.
11 de dezembro de 2022 às 20:26
(vi) Benjamin Bacelar:
Quando ouvi a notícia fiquei mesmo muito indignado. Para quando é que este presidente reconhece que existem Antigos Combatentes ?!
11 de dezembro de 2022 às 21:29
(vii) José Belo:
Pode-se respeitar o inimigo (!) (... sem necessidade de rebaixamentos complexados perante o mesmo). E, ao mesmo tempo ,desvalorizar o sacrifício supremo de alguns, arrastados por forças políticas que em tudo os ultrapassava.
São estas vergonhosas “valorizações” que separam os oportunismos políticos de alguns,de todos os outros que nas guerras de África participaram e….sofreram!
Desnecessários rebaixamentos efectuados (em nome dos portugueses) por quem os representa instuticionamente. Políticos actuais então beneficiadas por resguardadas, e convenientes,”retaguardas” do governo da ditadura.
Traz à memória uma exclamação de personagem histórica do século passado ao referir um certo tipo de portugueses:
- Que choldra!
11 de dezembro de 2022 às 22:07
(vii) Valdemar Queiroz:
"....o primeiro dia da visita oficial a Cabo Verde, Cavaco Silva foi agraciado com o primeiro grau da Ordem 'Amilcar Cabral', uma condecoração que selou o entendimento entre os dois povos e que levou Cavaco Silva a participar nesta segunda feira nas cerimónias...."
Não sei se por razões editoriais, em julho de 2010, no nosso Blogue nem uma palavra sobre o assunto da visita de Cavaco Silva a Cabo Verde. Provavelmente em julho de 2010, a música era outra ou não era 'à la mode'.
12 de dezembro de 2022 às 00:31
(viii) Eduardo Estrela:
Pois..... Deve ter sido isso, Valdemar!... Questões do âmbito editorial.
12 de dezembro de 2022 às 07:39
(ix)António J. P. Costa:
Peço desculpa por ter pedido uma reacção deste blog/associação de ex-combatentes perante a atitude do presidente Marcelo. De mais me valeria ter ficado calado...
De qualquer modo gostava de saber se o blog toma uma atitude e qual, sendo certo que lhe deveria ser chamada a atenção para a acção do "Homem Grande" da qual resultaram 9.000 mortos e um número elevado de pessoas a quem falta um bocado do corpo (ou do espírito) e com os quais ele se cruza(?) quando vai à pastelaria tomar a meia de leite antes de anunciar que se vai candidatar ao 2.º mandato. E até pode ser que alterem a constituição e ele faça um 3.º mandato...
12 de dezembro de 2022 às 09:43
(x) Carlos Vinhal:
Camarada Valdemar Queiroz: Na minha opinião, uma coisa é o Prof. Cavaco Silva ter sido, durante uma visita oficial a Cabo Verde, agraciado com da Ordem (cabo-verdiana) Amílcar Cabral, outra, bem mais grave pelo menos para nós Antigos Combatentes, é o Prof Marcelo Rebelo de Sousa ter-se deslocado a Cabo Verde para agraciar postumamente Amílcar Cabral com a Ordem (portuguesa) da Liberdade.
Pois..... Deve ter sido isso, Valdemar!... Questões do âmbito editorial.
12 de dezembro de 2022 às 07:39
(ix)António J. P. Costa:
Peço desculpa por ter pedido uma reacção deste blog/associação de ex-combatentes perante a atitude do presidente Marcelo. De mais me valeria ter ficado calado...
De qualquer modo gostava de saber se o blog toma uma atitude e qual, sendo certo que lhe deveria ser chamada a atenção para a acção do "Homem Grande" da qual resultaram 9.000 mortos e um número elevado de pessoas a quem falta um bocado do corpo (ou do espírito) e com os quais ele se cruza(?) quando vai à pastelaria tomar a meia de leite antes de anunciar que se vai candidatar ao 2.º mandato. E até pode ser que alterem a constituição e ele faça um 3.º mandato...
12 de dezembro de 2022 às 09:43
(x) Carlos Vinhal:
Camarada Valdemar Queiroz: Na minha opinião, uma coisa é o Prof. Cavaco Silva ter sido, durante uma visita oficial a Cabo Verde, agraciado com da Ordem (cabo-verdiana) Amílcar Cabral, outra, bem mais grave pelo menos para nós Antigos Combatentes, é o Prof Marcelo Rebelo de Sousa ter-se deslocado a Cabo Verde para agraciar postumamente Amílcar Cabral com a Ordem (portuguesa) da Liberdade.
Aos olhos de hoje, estivemos na Guiné combatendo contra aquele povo que lutava pela sua liberdade. O nosso PR, ao agraciar Amílcar Cabral, está, como agora é moda, a pedir desculpa e a reparar moralmente os males que infligimos a coberto do regime anterior.
No meio disto tudo, qual foi então e qual é agora a nossa posição, enquanto Antigos Combatentes? O que fomos ontem e o que somos hoje? É isto que devemos discutir no Blogue e não andarmos aos "tiros" uns aos outros.
12 de dezembro de 2022 às 11:40
(xi) Eduardo Estrela:
Longe de mim qualquer ideia de alfinetar quem, com tanto esforço dedicação e entrega, tem contribuido ao longo de todos estes anos para a memória colectiva de Portugal, deixando um legado extraordinário para as gerações futuras.
12 de dezembro de 2022 às 11:40
(xi) Eduardo Estrela:
Longe de mim qualquer ideia de alfinetar quem, com tanto esforço dedicação e entrega, tem contribuido ao longo de todos estes anos para a memória colectiva de Portugal, deixando um legado extraordinário para as gerações futuras.
Quando fiz menção a questões editoriais, foi no sentido de dizer que há assuntos que muito provavelmente não deveriam ser abordados no blogue, em respeito aos princípios que o norteiam de não se discutir religião política e clubite desportiva.
Penitencio-me por eventuais mal entendidos e apresento aos camaradas Luís Graça e Carlos Vinhal as minhas desculpas, extensivas ao resto dos intervenientes no blogue.
12 de dezembro de 2022 às 11:46
(xii) Manuel Luís Lomba:
Com ou sem contradições - e contraditórios - a história não se reescreve! Amílcar Cabral nasceu e morreu português, logo foi um libertador português, merecedor da condecoração da Ordem da Liberdade: Libertou Portugal da Guiné....
O libertador de Cabo Verde não foi Amílcar Cabral - foi o MFA! Na libertação de Cabo Verde, o PAIGC nunca deu um tiro, nunca fez um prisioneiro: O MFA deu tiros e fez prisioneiros...
12 de dezembro de 2022 às 12:39
(xiii) Abilio Duarte:
(...) Não estou de acordo, com o que o Presidente Marcelo fez...ponto. Não é desta maneira, que se branqueia tanto sofrimento.
(xii) Manuel Luís Lomba:
Com ou sem contradições - e contraditórios - a história não se reescreve! Amílcar Cabral nasceu e morreu português, logo foi um libertador português, merecedor da condecoração da Ordem da Liberdade: Libertou Portugal da Guiné....
O libertador de Cabo Verde não foi Amílcar Cabral - foi o MFA! Na libertação de Cabo Verde, o PAIGC nunca deu um tiro, nunca fez um prisioneiro: O MFA deu tiros e fez prisioneiros...
12 de dezembro de 2022 às 12:39
(xiii) Abilio Duarte:
(...) Não estou de acordo, com o que o Presidente Marcelo fez...ponto. Não é desta maneira, que se branqueia tanto sofrimento.
12 de dezembro de 2022 às 16:50
(xiv) Valdemar Silva:
Meu caro Carlos Vinhal, no que eu me fui meter. Na verdade, e atiro-me pró chão, esqueci-me de escrever o que escrevi, por forma a não deixar dúvidas quanto ao não querer referir a tua intenção ou do Luís Graça na publicação deste poste. Note-se, quanto à intenção, de trazer à nossa Tabanca o tema 'vejam o que o Marcelo foi fazer'.
(xiv) Valdemar Silva:
Meu caro Carlos Vinhal, no que eu me fui meter. Na verdade, e atiro-me pró chão, esqueci-me de escrever o que escrevi, por forma a não deixar dúvidas quanto ao não querer referir a tua intenção ou do Luís Graça na publicação deste poste. Note-se, quanto à intenção, de trazer à nossa Tabanca o tema 'vejam o que o Marcelo foi fazer'.
Como entendo, que estas questões são levadas para a política partidária, dá sempre azo a pontos de vista, que por isso até são conforme a "música" do momento.
Com certeza todos sabemos quem foi Amilcar Cabral, ele e todos os do PAIGC, que nos atacaram quando estivemos na guerra longe da nossa terra.(e podia desenvolver sobre os culpados de ter havido uma guerra mais de dez anos).
O exemplo que apontei, por não ter tido a mesma clave de dó, quanto a outro presidente ter ido a Cabo Verde, poderia ter feito o mesmo com Mário Soares e Jorge Sampaio, que quando foram em visita não disseram 'não me falem no Amilcar por causa daqueles majores'.
Mas porque os majores, quando todos dias Amilcar ou outros do PAIGC diziam 'mais uns colonialistas foram mortos pelos nossos valentes combatentes'? Já não falando das condecorações de Angola e Moçambique.
Por ser 'à la mode', provavelmente estará ou estarão a ser contactadas as Assembleias Municipais, respectivas, para picaram as placas toponímicas de Amilcar Cabral, em ruas ou praças de várias localidades do país. Quanto ao resto, meu caro Carlos Vinhal, a enaltecer a tua dedicação:
(...) Quanto abrires o teu armário
das surpresas imprevistas,
não desistas, não desistas.
E se encontrares dentro dele
farrapos velhos, desbotados,
desdenhados. Não desistas.
E se vires viscosa aranha
com peçonha no seu ventre,
olha pra ela de frente
que ela passa sem tocar-te.
Não desistas, não desistas.
(poema muitas vezes dito pelo meu amigo e nosso camarada Renato Monteiro)
12 de dezembro de 2022 às 18:11
(xv) António J. P. Costa:
O blog é, suponho eu, uma associação de ex-combatentes. Já foi perguntado aos ex-combatentes afinal o que queriam. A resposta foi simples e complexa ao mesmo tempo: Respeito.
Depois vieram aquelas "benesses" de que todos desfrutamos e que aceitamos sem contestar.
Mas isto a que se assistiu passou das marcas. Não é necessário fazer grandes esforços de memória. Basta recordar os que morreram ou ficaram com um bocado do corpo (ou do espírito) a menos por se terem agrupado connosco sob o mesmo número de unidade militar. Não é sequer necessário procurar as mortes ou os ferimentos mais "relevantes" e que não esqueceremos. Sabemos que os dolorosos factos ocorreram e é isso que é suficiente para se tornar imoral a atribuição de condecoração da Ordem da Liberdade ao Chefe do Inimigo, pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa e com um discurso verdadeiramente inaceitável em que as "frases bombásticas" e laudatórias atingem a ofensa.
Depois vieram aquelas "benesses" de que todos desfrutamos e que aceitamos sem contestar.
Mas isto a que se assistiu passou das marcas. Não é necessário fazer grandes esforços de memória. Basta recordar os que morreram ou ficaram com um bocado do corpo (ou do espírito) a menos por se terem agrupado connosco sob o mesmo número de unidade militar. Não é sequer necessário procurar as mortes ou os ferimentos mais "relevantes" e que não esqueceremos. Sabemos que os dolorosos factos ocorreram e é isso que é suficiente para se tornar imoral a atribuição de condecoração da Ordem da Liberdade ao Chefe do Inimigo, pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa e com um discurso verdadeiramente inaceitável em que as "frases bombásticas" e laudatórias atingem a ofensa.
Já disse que perdi a guerra, mas temos de concordar que o presidente do meu pais (democraticamente eleito), vir a público louvar o chefe dos inimigos é uma desconsideração é um desrespeito para com todos os que deram o seu esforço durante onze anos na guerra da Guiné.(...)
13 de dezembro de 2022 às 13:01
13 de dezembro de 2022 às 13:01
(xvi) Valdemar Queiroz:
Isto é tudo muito bonito, como diria o outro. E acrescentava:
Isto é tudo muito bonito, como diria o outro. E acrescentava:
- 18-06-1990: Nino Vieira em Portugal é recebido pelo 1º. Ministro Cavaco Silva
- 01-07-1996: Nino Vieira visita Portugal é oferecido um banquete com as principais figuras
do Estado
- 1999 a 2005: Nino Vieira viveu em Portugal.
Quantos portugueses teriam morrido por ataques dirigidos por Nino Vieira ou até por ele próprio?
Os tempos eram outros, calhando a clave de dó não se percebia e nem sequer havia música.
Agora só falta chamar nomes aos camaradas que vão à Guiné como cooperantes e que vão sempre abraçar antigos INs, do PAIGC, que várias vezes lhes atacaram o Quartel.
(xvii) Carlos Vinhal
Caríssimo Valdemar Queiroz: Em 18/06/1990, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, foi recebido pelo Primeiro-Ministro de Portugal, Prof Cavaco Silva e pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares. Em 01/07/1996, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, esteve em visita oficial a Portugal. Entre 1999 a 2005, Nino Vieira esteve a viver em Vila Nova de Gaia na qualidade de refugiado da Guiné-Bissau.
Caríssimo Valdemar Queiroz: Em 18/06/1990, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, foi recebido pelo Primeiro-Ministro de Portugal, Prof Cavaco Silva e pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares. Em 01/07/1996, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, esteve em visita oficial a Portugal. Entre 1999 a 2005, Nino Vieira esteve a viver em Vila Nova de Gaia na qualidade de refugiado da Guiné-Bissau.
Em Dezembro de 2022, o nosso Presidente desloca-se expressamente a Cabo Verde para condecorar, postumamente, com a Ordem da Liberdade, o fundador do PAIGC, Amílcar Cabral, a quem esta condecoração não aquenta nem arrefenta. Qual terá sido o motivo desta distinção? Por que não foi explicada? Acho até que se fez um silêncio ensurdecedor em volta desta viagem relâmpago e do seu motivo principal.
14 de dezembro de 2022 às 19:51
14 de dezembro de 2022 às 19:51
3. Acrescente-se mais dois comentários que nos chegaram por email ou Formulário de Contacto do Blogger:
(xviii) António Carlos Morais Silva (através do Formulário de Contacto do Blogger, em 17/12/2022, 22:47):
O 'homem grande' Amílcar Cabral", disse ainda o chefe de Estado, ao anunciar a entrega à família do Grande Colar da Ordem da Liberdade "em nome de Portugal". "Como esperar um dia mais para prestar uma homenagem por tanto tempo adiada?"
Assim se desonra a memória dos 1127 expedicionários Mortos em Combate nas terras da Guiné. Amparado no grande Miguel Torga repito: “Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”
(xix) Morais Silva, por mensagem de hoje, às 11:25:
Por ser leitor do blog https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com, sei que Mexia Alves é um ex-combatente (Guiné). Também eu não aceito que se condecore o Chefe Inimigo responsável pela morte de 1127 expedicionários, Mortos em Combate na Guiné, entre os quais uma dezena dos meus subordinados.
Marcelo é um populista que em cada 24 horas transforma a presidência num circo. Condecorar, em nome da República, quem destruiu/destrói a vida dos Nossos só merece o desprezo de quem combateu em África e não renega o que fez nem ensaia tardios e cobardes actos de contrição.
_____________
Notas do editor:
(*) Vd- poste de 11 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23865: Efemérides (378): No 20.º aniversário da Universidade do Mindelo, Amílcar Cabral recebe o Doutoramento Honoris Causa e é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa
Notas do editor:
(*) Vd- poste de 11 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23865: Efemérides (378): No 20.º aniversário da Universidade do Mindelo, Amílcar Cabral recebe o Doutoramento Honoris Causa e é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa
(**) Último poste da série > 4 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12675: Direito à indignação (9): A (des)propósito do livro "Guerra Colonial: uma história por contar"...que esteve na origem da criação do Museu da Guerra Colonial, em Vila Nova de Famalicão (Beja Santos / Carlos Vinhal / José Manuel M. Dinis / José Martins / A. Eduardo Ferreira / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Alberto Branquinho / C. Martins)