quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26255: Fotos à procura de... uma legenda (191): a 4ª e última foto por identificar não pode ser o reordenamento e a pista da "minha" Gadamael, em finais de 1971 (Morais da Silva, cor art ref)

 

Guiné > Região de Tombali >  s/l > finais de 1971  > Foto nº 20 (reordenamento por identificar)


Guiné > Região de Tombali >  s/l > finais de 1971  > 
Foto nº 20A (detalhe)  (reordenamento por identificar)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1971 > Vista aérea do reordenamento de Gadamel e da pista de aviação   > Foto s/n (1)


 Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1971 > Vista aérea do reordenamento de Gadamel e da pista de aviação  (detalhe)  > Foto s/n (2)


Guiné > Região de Tombali >  s/l > finais de 1971 > 
Foto nº 20B (detalhe) (reordenamento por identificar)


Guiné > Região de Tombali >  s/l > finais de 1971  > 
Foto nº 20C (detalhe) (reordenamento por identificar)


Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Carta de Bedanda (1956) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bedanda, rio Cumbijã e, a sudoeste, Cufar, Mato Farroba, Ilhéu de Infandre e Príame (Catió).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


Cor art ref
Morais da Silva

(i) cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas); 

(ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga;  adjunto do COP 6, em Mansabá; 

 (iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974; 

(iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.


1. A foto nº 20 é mesmo a última das 4 fotos aéreas do álbum do cor art ref Morais Silva (*) de que falta identificar a localização (**).
 
O fotógrafo diz que a foto nº 20 pode ter sido tirada a um reordenamento dos arredores de Catió.  

Recorde-se, mais uma vez,  que o cor art ref Morais Silva andava a "rearrumar" fotos do seu álbum da Guiné. Mas tinha umas tantas, sem legendas... E pediu-nos "ajuda"...

São vistas aéreas, tiradas de avioneta quando um dia, em finais de 1971, foi fazer uma visita de cortesia, camaradagem e amizade ao Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), cmdt da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (precocemente falecido, com o posto de maj gen ref).

Na altura, ele comandava, desde janeiro de 1971, a CCAÇ 2796, os "Gaviões", em Gafamael. A caminho de Catió tirou umas tantas fotos ("slides"), incluindo umas quatro ou cinco do quartel e reordenamento de Gadamael.

Reconstituindo o seu percurso de avioneta (DO 27 da FAP ou Cessna dos TAGP), já vimos que:

  • ele seguiu para sul, ao longo do rio Cacine;
  • sobrevoou Cacine (foto nº 30);
  • atravessou a península de Cubucaré (que é delimitada pelos rios Cacine e Cumbijã);
  •  tirou uma foto ao destacamento de Cabedu (nº 29);
  • e chegou finalmente a Catió (fotos nºs 23 e 25). (*)

Recorde-se que, na altura, em finais de 1971, o PAIGC ainda estava fortemente implantado no Cantanhez. A reocupação da península de Cubucaré começa só em 12 de deembro de 1972 (Op Grande Empresa), não havendo aqui, até então, reordenamentos feitos pela NT.

Onde terá sido, pois, tirada esta última foto (nº 20) ? Catió, Príame, ilhéu de Infandre, Mato Farroba, Cufar, na margem direita do rio Cumbijã ?

2. O Valdemar Queiroz, o Manuel Reis e o Virgílio Teixeria dizem que é Gadamael. O Luís Mourato Oliveira e o António Graça de Abreu dizem que não é Mato Farro (contrariando o palpite de Luís Graça) (*).

Comentário do cor art ref Morais Silva ao poste P26189 :


Comparem-se as fotos aéreas de Gadamael e a que não sei identificar (nº 20). Conclua-se que esta não é de Gadamael, porque:

Reordenamento de Gadamael (pista na direcção Norte-Sul)
  •  parte Norte do Reordenamento PARALELA à pista e APENAS a Oeste dest
  • quadriculado da construção na totalidade do reordenamento

  • inexistência de vegetação expressiva no interior da área construída

  •  inexistência de profusão de traçados de “pé posto” no interior

Foto ainda não Identificada

  • não há PARALELISMO COM A PISTA
  • há construção nas duas áreas laterais da pista
  • vegetação expressiva no interior
  •  profusão de traçados de pé posto

2024 M11 26, Tue 22:00:01 GMT (***)


________________

Notas do editor:



(***) Último poste da série > 4 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26229: Foto à procura de... uma legenda (190): O Portugal do Minho a Timor... O passatempo teve pouca participação, afinal não dava... "patacão".

Guiné 61/74 - P26254: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (1): João Crisóstomo (e Vilma) (Nova Iorque)




T/T Niassa, CNN,  [5 de agosto de ] 1965 - Programa do "jantar de despedida servido em honra das Forças Militares que se destinam a nossa Porvíncia da Guiné, com desejos das maiores felicidades e venturas"... Era capião de bandeira António Bénard da Costa Pereira, c.f.[ capitão-de-fragata], comandante João Figueiredo Fragoso, imediato Manuel Ribeiro Pires, chefe de máquinas Júlio Monteiro Emílio Carreira, médico Agostinho Maria Ribeiro, radiotelegrafista Fernando Aragão Freire de Andrade, capelão José Maria da Fonseca Guimarães [1923-2023] e comissário José Horácio Mantas...

Assinaturas: 

João Crisóstomo (alf mil, e cmdt interino, CCAÇ 1439)

José Maria da Fonseca  [ Guimarães ] 

[...] Silva, alf para  [?] 

Do programa musical, destaque-se a última peça, um tango de 1927,  "Adios Muchachos", de Júlio César Sanders, depois de uma valsa de Strauss (para dançar... com a G3).

Os últimos versos da canção não podiam ser mais sinistros aos ouvidos de quem ia ara a guerra:

(...) Adiós muchachos, compañeros de mi vida
Barra querida de aquellos tiempos.
Me toca a mi hoy emprender la retirada
Debo alejarme de mi buena muchachada.

Adiós, muchachos, ya me voy y me resigno,
Contra el destino nadie la calla.
Se terminaron para mí todas las farras.
Mi cuerpo enfermo no resiste más.



T/T Niassa, CNN > Quarta feira, 5 de agosto de 1965 > Ementa:  Creme Cardeal | Linguado à Monte Carlo | Espargos au Vinagrette |Peru à 'Niassa' | Doce: Vulcão | Fruta cristalizada | FRuta fresca: Pêssego. maçãs, Chá, Café

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo  (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




João & Vilma 
1. Mensagem do João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, com sede em Nova Iorque:


Data - quarta, 4/12/2024, 10:06
Assunto - Capelães... e viagem no "Niassa" até à Guiné


Caro Luís Graça,

Ao vasculhar no meu baú de recordações encontrei este menú do jantar de despedida no “Niassa” na véspera de chegar à Guiné.

Como sabes, a minha companhia era “madeirense" 
e o Niassa depois de zarpar de Lisboa passou pelo Funchal onde “apanhou" a CCAÇ 1439. A nossa Companhia era “individual" e o nosso capitão Amândio Pires, tinha partido de avião dias antes para preparar a nossa chegada.

Na sua ausência quem devia ir a comandar a companhia era o o alferes Freitas, madeirense, pro sinal, mas este tinha um assunto qualquer pendente e, por razões burocráticas, fui eu que fui a comandar a CCAÇ 1439 até chegarmos à Guiné.

Isto está explicado na nossa troca de comentários ao post 22051, de 30 de março 2021, onde aparecem algumas fotos e numa delas sou eu que estou a receber as despedidas do governador militar da Madeira.

Ao ver agora este "menu” senti uma "piada negra" (na altura nem reparei nisso) que no Programa Musical a última peça musical tenha sido “Adios, muchachos”… Não sei se era o mesmo programa em todas as viagens ao chegar à Guiné, mas agora olhando para trás fez-me arrepios! Não havia com certeza qualquer"segunda intenção", mas …lembrando agora o que vim a experimentar depois... foi o que senti.

Bom, lembrei-me de te enviar isto, para se um dia o assunto de capelães tornar a ser falado, talvez queiras juntar os capelães que serviram no Niassa e outros navios que nos transportaram para lá e para cá…

Não creio que muitos se tenham sequer apercebido que havia um padre capelão a bordo … mas havia.

Mas sobre capelães, pois é este o assunto que me levou a escrever este: Eu sabia que o Horácio Fernandes,  além de ter estado  na Guiné como capelão militar, esteve também como capelão num submarino. Não tenho a certeza mas creio que foi depois do serviço na Guiné.

O que me lembro bem,  foi de que nesta viagem no Niassa encontrei um padre franciscano, o padre Fonseca ( José Maria da Fonseca Guimarães,) que tinha sido meu professor de Geografia em Montariol: era o capelão do navio Niassa nessa viagem. 

Fiquei tão contente por o ver que acabei por lhe deixar um presente para que comprasse um par de patins para os alunos em Montariol, onde o meu primo, padre António Sabino,  que era na altura o guardião/superior,  tinha adaptado uma sala grande no rés do chão para jogos de hóquei em patins. Recordo-me que fiz sso porque eu queria contribuir para que os estudantes tivessem mais possibilidades de praticar desportos.

É que durante os cinco anos que estive neste colégio, por razões que a razão não conhece, nos era proibido jogar futebol. Recordando esses tempos parece-me tão absurdo que é com raiva que lembro tudo isso: os “castigos” mais ou menos sérios que incluíam ficar de joelhos ou mesmo apanhar com a “tabuada" de madeira nas mãos, quando alguém tinha tido a coragem de dar um pontapé nalguma bola de andebol ou basquetebol. 

Mas sobretudo a frustração que eu sentia (estive lá dos meus dez aos quinze anos) que me dissessem para jogar andebol mas que não podia jogar futebol. Nao sei se havia mais algum colégio com a mesma postura quanto a futebol. Não creio que houvesse , mas se houver alguém que esteve em algum colégio com a mesma mentalidade,  gostava de saber. Em Montariol, quanto a eles, era um jogo violento…

Bom, imagina que um simples menu me deu ensejo a desabafar as minhas frustrações da minha juventude! Junto a foto do menu, devidamente “assinado” pelo comandante do Niassa na página da “Ementa” . A assinatura do capelão, José Maria da Fonseca, está na primeira entre a minha e a de um outro alferes,  que não me recordo quem seja.

A quem ler isto um grande abraço. E,  se for antes do Natal, Boas Festas e um Ano Novo tão bom quanto possível para todos.

João Crisóstomo (e Vilma),  Nova Iorque

PS - Luís, tinha aqui uma lista de quase meia centena de endereços de email, para mandar aos meus (e, alguns, da Vilma) amigos e conhecidos da Tabanca Grande, com votos de Merry Christmas and Happy New Year... Aproveuto este ensejo, para de uma só penada desejar festas felizes a todos vocês, os amigos e camaradas da Tabanca Grande... E, de acordo com a tua habitual solicitação, aproveito também para fazer  a minha "prova de vida"!

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26253: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (48): Viagem entre Canchungo e Bachil(e), em chão manjaco, 4 e 5 do corrente



Foto nº 8 e 8A >  Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Chão manjaco > 4 de dezembro de 2024, 15:49 > Ponte metálica na estrada entre Cachungo e Bachil(e)... Ainda há sinais de chuva... ("A 600 metros, ao lado da antiga ponte, inacabada, em betão, na estrada Canchungo - Bachilé - Cacheu, ao km 6, há há uma nova ponte em ferro, construída pelos portugueses", vd. foto do nosso saudoso amigo guineense, eng agr Carlos Schwarz, Pepito, 1949-2012). (*)



Foto nº 9 e 9A > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Chão manjaco > 4 de dezembro de 2024, 16:05 > Capim alto ladeando a estrada entre Cachungo (antiga Teixeira Pinto) e Bachil (no nosso tempo, dizia-se e escrevia-se Bachile) (vd. carta de Teixeira Pinto, 1953, escala 1/50 mil)

Fotro nº 10A


Foto nº 10B


Foto nº 10, 10A e 10B

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Chão manjaco > Bachil (vd. carta de Teixeira Pinto, 1953, escala 1/50 mil) > 5 de dezembro de 2024, 9:13 >  Antigo quartel das NT,  agora ocupado pela Escola de Formação  de Professores DNS - Cacheu


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Mais três fotos das viagens de 4 e 5 do corrente, entre Bissau e Cacheu (e vice-versa), partilhadas pelo  Patrício Ribeiro, nosso amigo e camarada, histórico membro da Tabanca Grande, nosso "embaixador em Bissau",  cicerone, autor da série "Bom dia desde Bissau" (**)...

Legendas:

Foto nº 8 > Ponte metálicas entre Canchungo e Bachil(e) (*)

Foto nº 9 > Estrada, com capim alto (estamos no início do tempo seco, ams ainda chove);

Foto nº 10 > Antigo quartel das NT, em Bachil(e). 

2. Comentário do editor LG:

Ficamos a saber que  "a ADPP Escola de Formação de Professores, Bachil, coopera com o Ministério do Ensino Superior e Científico na excelente formação de professores para as crianças e jovens do século XXI. 

"Para além disso, os estudantes são formados para trabalharem em áreas rurais onde existe uma elevada falta de professores. Como resultado, 243 professores formados contribuíram para uma nova geração qualificada e capaz, para a melhoria dos meios de subsistência, desenvolvimento da comunidade e o aumento das oportunidades na educação para crianças e jovens."

Enfim, um exemplo  de bom aproveitamento e melhor uso de antigas instalações das NT...

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10022: Memória dos lugares (186): Ainda sobre a "célebre ponte, em betão, inacabada", na estrada Cachungo-Cacheu, ao km 6 (Jorge Picado)

Guiné 61/74 - P26252: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (47): Viagem até Cacheu, onde dormi, passando por Cachungo e Bachile - Parte II: Ao longo da estrada no chão manjaco, encontramos à venda algumas dezenas de ratos-africanos-gigantes (em crioulo "Joquim-doido"), por jovens que os apanham, por 1.500,00 FCA. É a época do arroz quase maduro nas bolanhas, onde eles se alimentam.



Foto nº  6 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Chão manjaco  >  5 de dezembro de 2024 > Jovem vendedor de "joquim-doido",  o rato-gigante-africano (Cricetomys gambianus)


Foto nº  7 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Chão manjaco > 5 de dezembro de 2024 > Um "joquim-doido", esfolado, vendido a 1500 CFA (c. 2,3 euros).


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais duas fotos, enviadas pelo Patrício Ribeiro, que esteve em 4 e 5 do corrente, no Cacheu, fazendo o percurso Bissau - Cachungo -Bachile - Cacheu (e vice-versa) (*)... Eis como ele legendou estas duas fotos:

" Para os que não gostam de peixe... Joquimdoido. Um belo de um petisco. Ao longo da estrada na zona dos manjacos, encontramos à venda algumas dezenas de ratos, por jovens que os apanham, por  1.500,00 CFA. É a época do arroz quase maduro nas bolanhas, onde eles se alimentam."

Joaquim-doido é o nome comum, na Guiné-Bissau, 
O rato-gigante-africano.
Pode atingir um 1 metro
de comprimento (só metade é a cauda),
e pesar 1 a 1,4 kg.
Vive em colónias e é omnívoro.
Fonte: Adapt. de Animalia.pt 
 (com devida vénia...)

do Cricetomys gambianus,  uma espécie de roedor da família Nesomyidae.... Está grafado nos nossos dicionários como "rato-gigante-africano":
 
(...) ZOOLOGIA (Cricetomys gambianus) mamífero roedor, endémico das regiões da África Central a sul do Sara, pode atingir perto de um metro de comprimento (incluindo a cauda, longa) e tem pelagem curta de coloração castanha ou cinzenta, com aros escuros em redor dos olhos e ventre branco. (...)

Fonte: Porto Editora – rato-gigante-africano no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-10 05:54:27]. Disponível em  https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/rato-gigante-africano

Para saber mais, ver aqui entrada na Wikipédia, em inglês: "Gambian pouched rat"... 

É um animal que também pode ser útil aos humanos, tendo já sido treinado, na Tanzânia, para detetar a tuberculose, e no Cambooja para detetar minas terrestres, implantadas nas guerras civis de 1975/98.  
E também é criado e vendido como "pet", animal de estimação!

2. Patrício, convenhamos, é um petisco caro, para o nível de vida da Guiné-Bissau. 1500 CFA são 2,287 euros....É produto gourmet... Mas um bicho daqueles, alimentado a arroz da bolanha (mas também de outros vegetais, como os frutos das palameiras, e ainda insetos, caranguejos, caracóis, etc.), , é uma grande fonte de proteina... E deve ser uma delícia, bem temperado e cozinhado... Ou será grelhado ? E aquelas patinhas também se comem ? 

Depois do "macaco-cão", temos mais esta iguaria... que não havia no nosso tempo, pelo menos no chão fula. 

 Não vale a pena torcer o nariz de repugnância (nem muito menos vomitar). Os ocidentais detestam o rato, a ratazana e outros roedores, que associam, e bem, aos vetores de transmissão da peste e outras doenças, vindas em geral do Oriente... 

Mas não sejamos tão etnocêntricos. Durante a II Guerra Mundial e no pós-guerra, o rato, a ratazana, etc., matou a fome a muita e boa gente... 

E a gente, caro leitor, sabe lá o que é que já comeu, no passado, do cão ao gato, dois mamíferos, tal como o rato, que fazem parte dos nossos tabus alimentares. Como o porco, para os nossos queridos camaradas fulas e mandingas, que eram muçulmanos.

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Guiné 61/74 - P26251: Parabéns a você (2335): Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700 / BCAÇ 2912 (Dulombi, 1970/72) e Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12 (Bissalanca, 1967/69)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 5 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26233: Parabéns a você (2334): Manuel Carvalho, ex-Fur Mil API da CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete e Quinhamel, 1968/70)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26250: Os 50 Anos do 25 de Abril (31): O "virar da página" da revista católica "Flama", cujo diretor era o António dos Reis, bispo de Mardassuma e capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975) - Parte I






Edição nº 1366, Ano XXXI, 10 de maio de 1974 | 
Preço avulso: 10$00 | Angola; 17$50 | Moçambique: 20$00


Excerto da capa da Flama, Edição nº 1367, Ano XXXI, 17 de maio d 1974 | 
Preço avulso: 10$00 | Angola; 17$50 | Moçambique: 20$00


1. Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (*) são também os 100 anos de nascimento de  homens que marcaram a história de Portugal (como Mário Soares, 1924 - 2017) ou a Guiné-Bissau e Cabo Verde (como Amílcar Cabral, 1924 -1973).

Não nos compete, a nós, individualmente, dizer quem fica ou não na História. Nem muito menos é essa a missão do nosso blogue. Não somos hstoriadores.  

Em todo o caso, devemos cobrir, sobretudo com os testemunhos, os escritos e as fotos, dos antigos combatentes, todo o período que abarca a guerra colonial (de 1961 a 1974, e que vai até para lá do 25 de Abril: até 1975 ainda hão de morrer, infelizmente, camaradas nossos, nos três teatros de operações).

De qualquer modo, o português Mário Soares, então exilado (tal como Álvaro Cunhal) foi capa de revista,  no  semanário "Flama", na sua cobertura noticiosa (tardia) dos acontecimentos que marcaram o fim do regime do Estado Novo e do princípio do fim da guerra do ultramar / guerra colonial. Foram dois líderes (vocábulo que não estava ainda grafado nos nossos dicionários, em 1974  usava-se
 o anglicismo "leaders"...) que marcaram fortemente a cena política do pós-25 de abril.

Tínhamos prometido voltar a essa edição (histórica) da "Flama"
 (1937-1983) (**),  que começou por ser um quinzenário, órgão oficial da JEC-Juventude Escolar Católica, nos primeiros anos, e que soube conquistar um espaço, talvez único, no segmento dos semanários, no final dos anos 60 e princípiso de 70.  Era uma revista que alguns de nós cebiam e liam na Guiné, juntamente com outras revistas como  a "Vida Mundial" e o "Século Ilustrado",  a brasileira "Cruzeiro", a francesa "Paris-Match" ou a norte-americana "Play Boy", a par dos jornais diários, de Lisboa e Porto, e pouco mais... (Alguns, mais politizados,  assinavam a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"...).

A "Flama" era então já uma das revistas mais antigas no panorama da imprensa escrita portugues, chegando a ter uma tiragem de 30 mil exemplares. 

 Já demos destaque ao seu nº 1000 (edição de 5 de maio de 1967). Era uma raridade ver, na imprensa portuguesa da época, o aparecimento de fotos, com algum dramatismo, de militares portugueses em pleno teatro de operações da Guiné, já então o mais duro das "três frentes" (**).

Nesse número especial (que,  num total de 116 páginas, dedicava 16 ao cinquentenário  de Fátima, na véspera da visita do Papa Paulo VI), era um "privilégio" ter 2 páginas com enfoque, essencialmente fotojornalístico, na guerra da Guiné (mesmo que as fotos fossem de... fotocines do exército!).

Enfim, era a "reportagem possível" de uma revista, respeitável, e até "arejada", originalmente ligada à Igreja Católica, mas que soube conquistar outras franjas do púbico leito. Para além dos assinantes, tinha uma boa fonte de receita na publicidade (muita dela já virada, nos anos 60/70, para um "público feminino" com poder de compra, com maior escolaridade e em ascensão social, ocupando no mercado de trabalho os lugres deixados vagos pelos homens chamados para a guerra).

Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como  "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"...

E hoje é considerada um marco importante na história do jornalismo português,  um marco nomeadamente do jornalismo feito por mulheres e para as mulheres. Talvez mesmo uma escola. Por ela passaram mulheres, jornalistas e escritoras, como Maria Teresa Horta, Regina Louro, Edite Soeiro...mas também j0rnalistas de referência como o Afonso Cautela, o Cáceres Monteiro, o Joaquim Letria, o Cesário Borga, e outr0s.

Foi diretor (e muito influente) do semanário, entre 1964 e 1976, o dr. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), nomeado em 1966 bispo auxiliar de Lisboa, sob o título de bispo de Madarsuma, e depois com as funções de capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975)... Alguns capelões mais contestatários chamavam-lhe, nas costas, o "bispo de Merdassuma"... Mas teve a coragem de ir dizer missa, ao ar livre,  a Gandembel em 1968!

Foi também o António  dos Reis, enquanto diretor da "Flama", quem  "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente com a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto" um "conselho de redação")... Eis a seguir um excerto do que ele escreveu na edição de 10 de maio de 1974, duas semanas depois do 25 de Abril:


 Edição nº 1366, Ano XXXI, 10 de maio de 1974  (excerto, pág. 3)


 Edição nº 1367, Ano XXXI, 17 de maio d 1974  (excerto, pág. 3)


Em próximo poste selecionaremos algumas fotos da separata da "Flama", sobre o 25 de Abril. Cortesia da Hemeroteca Digital / Câmara Municipal de Lisboa, que conseguiu "salvar" 3 edições históricas da revista, desse ano de 1974 (as de 3, 10 e 17 de maio).

Guiné 61/74 - P26249: Notas de leitura (1753): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,
Reiterando a muita admiração por quem coordenou este impressionante repositório de testemunhos e acervo fotográfico, convém recordar que a presente obra vem na sequência de uma anterior intitulada História das "Boinas Negras", focada na comissão da CCAV 2482, edição de 2018, as restantes unidades do batalhão bateram o pé e apresentam-se agora em A Guiné Que Conhecemos, ficamos pois com a fotografia um tanto detalhada do setor 1 da região do Quínara ao tempo da presença do BCAV 2867, com falcões, cavaleiros e dragões, e os boinas negras voltam ao palco. Para todos aqueles que ainda não possuem história da sua unidade, está aqui uma boa matriz, é preciso encontrar um coordenador que saiba trombetear colaborações, testemunhos, imagens, lembranças espúrias, é dessa conjugação de esforços e trabalho de equipa que se põe mais um tijolo do nosso relicário do dever de memória.

Um abraço do
Mário



A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (3)

Mário Beja Santos

O livro Histórias dos “Boinas Negras”, referente à comissão da CCAV 2482 foi o rastilho de pólvora para que as restantes unidades do BCAV 2867 se pusessem em movimento. Conforme refere o coordenador, Jorge Martins Barbosa, antigos combatentes dos “Falcões” da CCS, dos “Cavaleiros de Nova Sintra” da CCAV 2483 e dos “Dragões de Jabadá”, da CCAV 2484 aderiram com os seus testemunhos, assim surgiu este extenso documento que é um misto de história e de literatura memorial.

Não tenho qualquer rebuço em manifestar o meu profundo apreço pela lavra a que se entregou o coordenador Jorge Martins Barbosa, já impulsionador da História dos “Boinas Negras”, esta centrada na comissão da CCAV 2482, as outras unidades do BCAV 2867 não quiseram ficar de fora, e por isso aqui têm desfilado os “Falcões da CCS”, os “Cavaleiros de Nova Sintra”, demos seguidamente a palavra aos “Dragões de Jabadá” e vamos finalizar com os “Boinas Negras”, versão retocada e aumentada. Cuidadoso, Jorge Martins Barbosa entende contextualizar um pouco a história da Guiné. Aproveito a oportunidade para observar que com frequência fala-se da guerra da Guiné-Bissau, o que é um erro tremendo, a Guiné-Bissau é o nome de um Estado proclamado unilateralmente pelo PAIGC em setembro de 1973, logo reconhecido por largas centenas de países, mas a colónia ou província chamava-se Guiné portuguesa, foi aqui que combatemos, dela saímos em outubro de 1974 e na capital entraram dirigentes e militares do PAIGC, então na República da Guiné-Bissau.

É impressionante as colaborações que o autor agregou de todas estas unidades militares, bom seria que ele viesse aderir à nossa confraria e permitisse, bem como todos os seus camaradas de batalhão que um número impressionante de imagens aqui ficasse depositado.

Que significado têm as boinas negras? Este nome de guerra aparecia associado à cor negra do agasalho de cabeça reservado pelo regulamento para os militares de arma de cavalaria. Foram para a Guiné todos de boina castanha e por despacho do governador, de 28 de maio de 1970, foram autorizados a fardar com boina negra no teatro de operações da Guiné. De março a junho passaram em Tite (com exceção de um pelotão que foi para a intervenção em Nova Lamego), população predominantemente Balanta, mas não faltavam outras etnias, havia conivências inescapáveis entre gente à sombra da bandeira portuguesa e a guerrilha, e dá-se um exemplo: “Um dos chefes da base IN de Gã Formoso – de seu nome Vicente – era irmão da mulher de Djamil, comerciante na povoação de Tite, e recebia da irmão com alguma frequência uns macitos de tabaco Malboro e sabonetes Lux. Isto foi afiançado com orgulho, por Vicente, a António Júlio Rosa, quando este ex-alferes miliciano de artilharia (falecido em meados de 2020) passou, cativo, a norte de Fulacunda, de onde depois desceu, saindo pela fronteira junto a Guileje, a caminho de Kindia, na Guiné-Conacri, por ter sido aprisionado em Bissássema na madrugada de 3 de fevereiro de 1968.”

Também se conta o que o pelotão andou a fazer por Nova Lamego, com intervenções em Cabuca e Canjadude, é interessante como o autor põe em comparação relatórios portugueses com documentação subscrita por Amílcar Cabral, estabelecendo diretrizes para intensificar a guerrilha na região Leste. Não são esquecidas as edificações quer em Tite quer em Fulacunda, esta foi a segunda etapa dos “Boinas Negras”, o acervo de imagens é de um muitíssimo interesse, e de novo são invocados documentos do PAIGC referentes a esta região do Quínara, está aqui um bom suporte de trabalho para investigadores do futuro.

O relato acolhe episódio e testemunhos de militares, desde operações e segurança a aquartelamentos, situações passadas em patrulhamentos e escoltas, é lembrado que os “Boinas Negras” foram rendidos pelos “Capicuas” da CART 2772, também desta unidade se recolhe um depoimento de Armando Oliveira que tem voltado à Guiné para oferecer solidariedade. Aspeto curioso é o acervo fotográfico relacionado com Fulacunda das diferentes unidades que por ali passaram e imagens da povoação bem como de Tite até à atualidade.

E a obra finaliza com o elenco de convívios realizados com imensa regularidade desde 1996, o ponto culminante é o testemunho do coronel José Ferreira Durão sobre as atividades dos “Boinas Negras”, é uma peça tocante onde não se esquece o jornal publicado semanalmente, e sem falhar; bem como o testemunho do coronel Joaquim Correia Bernardo sobre os “Cavaleiros de Nova Sintra” e para encerrar o coronel Henrique de Carvalho Morais sobre os “Boinas Negras”.

Um belo trabalho, um acervo fotográfico com grande significado, um esforço coletivo que é um exemplo para muita gente.

Imagem de Tite do tempo do BART 1914 (1967-69), retirada do respetivo blogue, com a devida vénia
Fulacunda, imagem dos “Capicuas” (CART 2772), com a devida vénia
Tite, 19 de janeiro de 1973, o que restou da fuselagem do foguetão presentado pelo IN. Imagem de Joaquim Pereira da Silva do BART 6520/72, com a devida vénia
Chéché, Gabu, na atualidade, imagem retirada da página Society for the Promotion of Guinea Bissau, com a devida vénia
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Notas do editor

Vd. post anterior de 2 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26226: Notas de leitura (1751): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (2) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 6 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26240: Notas de leitura (1752): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, até ao virar do século (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26248: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (46): Viagem até Cacheu, onde dormi, passando por Bachile - Parte I: porto de pesca da vila de Cacheu

Foto nº  1 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 de dezembro de 2024 > Vista da cidade a partir do porto

Foto nº  2 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 de dezembro de 2024 >  Canoas nhomincas, com pinturas originais, no porto de manutenção, na margem esquerda do rio Cacheu


Foto nº  3 > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 de dezembro de 2024 >   Porto de pesca, na margem esquerda do rio Cacheu (1)


 Foto nº  4  > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 de dezembro de 2024 >   Porto de pesca, na margem esquerda do rio Cacheu (2)


Foto nº  5A> Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu >  4 de dezembro de 2024 >   Barbo, com 26.4 kg pescado no rio Cacheu (1)
 

Foto nº  5 e 5A > Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Cacheu > Barbo, com 26.4 kg pescado no rio Cacheu (2)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Patrício Ribeiro (nosso "embaixador em Bissau", colaborador permanente, com o pelouro de ambiente, geografia e economia da Guiné-Bissau; português, natural de Águeda, da colheita de 1947, é o mais "africanista" de todos nós; criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola (1969/72), a viver na Guiné-Bissau desde 1984, fundador, sócio-gerente e ex-director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande desde 6/1/2006; tem 173 referências no blogue).


Data - sábado, 7/12/2024, 19:27

 Assunto -  De Bissau ao Cacheu, passando pelo Bachile

Luís,

Este foi mais um dos meus passeios esta semana, entre Bissau e Cacheu, passando por Canchungo e Bachile, e  dormindo em Cacheu.

Envio algumas (15) das fotos que tirei com o meu telemóvel.

Como a internet tão fraca, não sei quando as vais receber.

Abraço, Patrício
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P26247: Ser solidário (276): A Associação Anghilau ("criança", em língua felupe), fundada pelos irmãos mais novos, Manuel, Miguel e Duarte, do cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, 1970), tem nova página na Net



CAMPANHA DE DIVULGAÇÃO

A Associação Anghilau já tem um novo site web que vos convido a visitar e a divulgar pelos vossos conhecidos e amigos!


Para se aceder ao site através do domínio:

Atenção: Não utilizar a cedilha no C nem o til no A

Peço que descubram, comentem e partilhem!

Manuel Rei Vilar

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Susana > 18 de fevereiro de 2020 > 

Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai, presidente da direção da Associação Anghilau, membro da nossa Tabanca Grande desde 13 de julho de 2020, é o primeiro da esquerda, tendo a seu lado os seus manos Miguel e Duarte; o seu irmão, mais velho, Luis Rei Vilar, cap cav, comandante da CCAV 2538 / BCAV 2876 (Susana, 1969/71), foi morto em combate em 18/2/1970, no decurso da Op Selva Viva.


Foto (e legenda): © Manuel Rei Vilar (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo Manuel Rei Vilar   (foto à esquerda),  com data de ontem, 8 de dezembro, 15:20, dando-nos a conhecer o novo sítio da Associação Anghilau, com pedido de divulgação.

Ele é o líder do projeto Kassumai, e presidente desta associação (que em língua felupe quer dizer "criança"). 

O novo sítio da Associação Anghilau vem em 3 línguas (português, francês e inglês).

Para o leitor saber mais sobre esta fabulosa história de amor fraterno, de resgate da memória e de solidariedade para com o povo de Susana, carregue nestes links:

Quem somos | Funcionamento | RealizaçõesCanção sem LágrimasA Cabeleireira Felupe e a Mãe do Capitão | Arquivos | Órgãos Sociais |

Parabéns, Manuel, Miguel e Duarte e demais sócios e amigos da Associação Anghilau. Vamos analisar o vosso sítio na Net, com mais tempo e vagar.

E para saber mais sobre o nosso camarada Luís Filipe Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, 1970), ver aqui no novo sítio, nomeadamente fotos de quando ele era mais novo.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26209: Ser solidário (275): Quatro anos como médico cooperante (1980-1984), em Fulacunda e em Bissau (Henk Eggens, neerlandês, consultor internacional em saúde pública, reformado, a viver em Santa Comba Dão)

domingo, 8 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 – P26246: Armamento (12): Apresentação do livro "G3 - A Grande Arma Nacional" (Luís Dias)

1. Mensagem do nosso camarada Luís Dias (ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74):

Apresentação do livro "G3 A GRANDE ARMA NACIONAL"

Camaradas,

Estive ontem presente no lançamento deste livro e escrevi um pequeno texto sobre o evento. Se achares de interesse e útil para colocares no "Luís Graça & Camaradas da Guiné", estás à vontade. Grande abraço. Luís Dias

Ontem, por convite do autor, tive o grato prazer de assistir no Palácio dos Marqueses do Lavradio, no Campo de Santa Clara, em Lisboa, ao lançamento do livro, “G3 A GRANDE ARMA NACIONAL”, de Pedro Manuel Monteiro, editado pela “Conta Corrente”, onde dei um pequeno contributo sobre as diferenças em combate entre a HK G3A3 e as Kalashnikov, nos modelos AK-47, AKM e outros modelos das mesmas fabricados por países do Bloco Leste e pela China, que apoiavam na Guiné o PAIGC, que se enfrentavam no meu tempo de combatente na Guiné (1971-1974).

Na presidência da mesa encontrava-se o Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, o Tenente-General, Paulo Emanuel Maia Pereira. Na assistência diversos oficiais generais, oficiais superiores, quer ainda no activo, quer na reforma e muitos civis, entre eles, antigos funcionários do extinto INDEP.

No discurso do Tenente-General, houve um momento em que foi referida a presença e foi aplaudido de pé, uma pessoa por quem tenho grande admiração, o Coronel Tirocinado Comando, Raúl Folques que, no meu tempo de Guiné, foi o Comandante do Batalhão de Comandos, cargo onde substituiu o então Major Almeida Bruno e que, como se sabe, fez parte da 1ª companhia de comandos formada em Angola e que é um dos heróis de Portugal.

Nos anos da Guerra de África a espingarda automática HK G3 (também designada de espingarda de batalha, devido ao calibre potente que utilizava - 7,62x51mmNATO - e no formato convencional), terá passado pelas mãos de perto de um milhão de portugueses e foi a arma que Portugal escolheu, a partir de 1961, para enfrentar os movimentos independentistas nas províncias ultramarinas, iniciando-se em Portugal a sua produção, sob licença da Alemanha (então RFA), em 1962, e a sua atribuição oficial às forças armadas a partir de 1963. 

Foi esta espingarda, encimada no cano por um cravo, que se revelou um símbolo da Revolução de 25 de Abril de 1974, para toda a gente.

Após o fim da guerra em África, esta arma continuou a ser importante nas missões atribuídas às nossas forças armadas pela ONU ou no âmbito da UE, em diversas partes do mundo (Timor, Letónia, Roménia, República Centro-Africana, Moçambique, Guiné-Bissau, Somália, Mali, Afeganistão, Alemanha, Polónia e Kosovo).

As fábricas FMBP e INDEP terão produzido 442 197 G3, entre 1963 e 1988, segundo Relatórios de Contas destas fábricas referidos no livro em apreço e que serviu no nosso país por cerca de 60 anos, estando a ser substituída no Exército pela FN SCAR, modelo L e H e na Armada pela HK416. A G3, em conjunto com o mosquete “Brown Bess” de 1808, é arma recebida em maior quantidade pelo Exército Português, bem como uma das que é usada há mais tempo. 

A G3, era e é uma excepcional arma de guerra, com um projéctil poderoso – o 7,62x51mmNATO, que depois de ter sido trocado pelo calibre 5,56mmNATO, está novamente a ser recuperado, para novas gerações de espingardas de batalha e que tinha um som característico e forte que dava confiança a quem a usava. 

A G3 necessitava de alguns cuidados na limpeza (cabeça da culatra), mas em geral trabalhava bem, mesmo nas condições adversas em que foram utilizadas em África. Tinha o senão de ser uma arma grande e pesada para o tipo de guerra de guerrilha que enfrentávamos, mas também tinha um alcance útil superior às armas do inimigo e era também mais estável e precisa no tiro que as armas adversárias. 

O seu depósito de munições tinha uma capacidade inferior ao da kalashnikov mas, por outro lado, tinha um perfil mais baixo, evitando que o utilizador se elevasse demasiado, quando na posição de deitado, diminuindo significativamente a silhueta e, ao contrário da kalashnikov que possuía um carregador curvo e comprido, não tinha necessidade de se torcer para introduzir um novo carregador na arma. Também o comutador do tiro era mais simples de utilizar do que da arma preferencial rival e era silencioso, ao contrário do da AK-47 e AKM que faziam ruídos de clic, na movimentação para tiro a tiro e para fogo de rajada, o que no mato podia fazer a diferença.

O mecanismo operativo da espingarda automática HK-G3, apresentado em 1959 na então RFA é originário e semelhante ao da StG45 (Mauser) alemã, de 1945 e da CETME espanhola de 1952. O seu funcionamento é por inércia, actuando os gases sobre a superfície interna do invólucro e a culatra retarda a sua abertura (“Roller-delayed blowback”) pela acção conjunta dos roletes de travamento (alojados na cabeça da culatra), da massa da culatra e da mola recuperadora. O percutor está alojado no interior do bloco da culatra, dando-se a percussão pela pancada do cão (existente ao nível do gatilho) sobre a cauda do percutor. A alimentação é garantida pela mola do depósito (carregador). O extractor de garra, situado na cabeça da culatra, efectua a extracção da cápsula detonada no movimento de abertura da culatra e a ejecção dá-se quando a base da mesma encontra (ao nível do punho), um ejector de alavanca. Após o consumo das munições do depósito, a culatra não fica retida à retaguarda, como na FN FAL.

No tempo da Guerra de África, era conhecido o “amor” entre o combatente e a sua G3, apelidando-a, de “namorada”, a “minha querida”, a “minha amada” ou também por algum nome feminino de alguma mulher pela qual estivessem encantados. De facto, a maior parte dos militares dormiam com ela sempre ao lado, fosse no mato ou no quartel. Outros, fotografavam a arma e colocavam os dizeres “devo-te a vida”.

Luís Dias
ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872
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Nota do editor

Último poste da série > 
12 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21534: Armamento (11): Material apreendido ao PAIGC em 1972 e 1973, em Galomaro e Dulombi (Luís Dias, ex-alf mil, CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro, 1971/74)