
Caros Luís, Carlos e Virgínio,
Um grande abraço.
Envio-vos o texto que há já algum tempo escrevi mas andava a adiar o seu envio.
Aceitem como uma crítica positiva ao vosso trabalho, que muito aprecio, mesmo que o considere, por vezes, parcial.
O texto é para vós. Contudo, são livres de o editarem, se assim o entenderem.
Liberto desta opressão em que andava, voltarei a tecer os comentários que entenda, sempre que a matéria o justifique, o tempo não seja impedimento ou a vontade de fazê-lo seja mais forte.
Reiterando o meu abraço para todos, sou,
BSardinha
Desabafo
Um abraço.
Tinha prometido a mim mesmo não voltar a escrever ou a fazer qualquer comentário no, ou, acerca do Blogue, mas depois de ter lido o P3923 do João Carlos Silva e dos comentários finais do Carlos Vinhal, muito embora outros textos anteriores me tivessem já levado a pensar explicar esta decisão, vejo essa necessidade acentuada depois de ter lido o P3926 do Hélder de Sousa e hoje pelo P4098 do Manuel José Ribeiro Agostinho de novo com os comentários do Carlos Vinhal.
É claro que o Blogue e em especial o “nosso comandante” me merece toda a admiração pela autoria (termo utilizado por defeito profissional) deste serviço, embora me pareça extravasado no seu âmbito de criação, com apenas alguns dos camaradas conhecidos e/ou amigos e intervenientes na mesma zona operacional. Mas quero também salientar o reconhecimento e respeito pelo trabalho desenvolvido e consideração pessoal por todos que colaboram, com destaque para os que diariamente trabalham no Blogue como o Carlos Vinhal e o Virgínio Briote.
Continuei e espero continuar a ser um fiel leitor dos trabalhos publicados no Blogue.
O facto de não ter visto publicado um ou dois textos enviados ou obtido resposta a uma ou duas questões particulares não foi razão, embora possa ter ajudado a não voltar a escrever ou comentar outros textos, sempre deixei inteira liberdade para publicarem apenas o que achassem conforme ou conveniente mesmo que assinado, já a falta de resposta me surpreendeu. Embrenhei-me neste Blogue de imediato e de uma forma tão emotiva e apaixonada que não me preocupei em primeiro ter um maior e melhor conhecimento dele. Nessa condição, dei o meu contributo com racionalidade, mas quase de um fôlego e sem pensar, três vezes, antes de o fazer.
Estava com a minha gente dizia, ou pensava, eu. Será solidariedade?
Não estou arrependido, mas, hoje... Irá eternizar-se esta minha dúvida.
Se há ou houve coisas de que discordo, não compreendo ou não percebo, outras tem havido que me possibilitaram já momentos únicos, como o reencontrar camaradas de quem nada sabia. Isso, só por si, foi excelente e só possível graças ao Blogue e a todos os que nele e para ele contribuem e se empenham. A todos o meu obrigado.
Não sendo nada mais do que eu próprio, tenho, para mim, que a verdadeira história é feita com todos os intervenientes e registos. Sempre disse não ter sido operacional, não ter sofrido ou passado o mesmo que outros, mesmo fazendo parte da tropa “macaca”, ou “fandanga” agora chamada de “bando”. Porém, isso, não me retira dos locais nem da experiência vivida, como não invalida ou impede o sentimento pela perda de camaradas/amigos, desconhecidos. Nada também me impede agora de ser ou estar solidário, palavra muito utilizada…
A verdadeira motivação para participar no Blogue foi a de manifestar a minha solidariedade, uma vez mais esta palavra, com todos os que viveram os acontecimentos mais difíceis e, desta forma, cerrar fileiras a seu lado, ombro a ombro e ajudar a evocar aqueles que, não estando já entre nós não o podem fazer, ou seja, libertarem-se, mais algum tempo, da lei da morte. Não tive motivos pessoais ou a necessidade de massajar o ego, essas oportunidades, embora efémeras, tive-as posteriormente. Não o fiz, nem quero.
Como Alentejano sou receptivo a qualquer boa anedota ou piada, não me afecta pessoalmente, mais, nem sei se alguma se me aplica, mas reconheço que a pouca aceitação das actividades ditas não operacionais, afasta a participação de outros camaradas cujo contributo poderia ser também valioso para o Blogue. Todos os filmes têm bastidores.
Entendo, eu, que cada um, na sua condição e serviço deu o seu melhor. Não quero nem procuro heróis, tantas vezes criados pelo medo… Respeito as discordâncias de opinião, mas, aos 59 anos, embora sendo dos mais novos e também dos últimos, a esta distância de tempo, ganhei a maturidade suficiente para não fazer juízos precipitados, imaginários, de ficção ou virtuais e muito menos de valor ou intenção sobre actos não vividos e sem provas como suporte e que possam causar outro tipo de sofrimento ou dúvida a quem os viveu.
A história é isso mesmo, não se apaga, embora possa, não se reescreve como queremos, embora se faça.
Nunca gostei de ser apenas um número, nem na tropa “macaca”, “fandanga” agora dita “bando” o fui, sempre entendi devermos dar algum contributo naquilo em que nos envolvemos, por isso tentei fazê-lo, não resultou, mas continuarei a ser apoiante, defensor e espectador atento e interessado, solidário, mais uma vez este termo, solidário.
Não me parece que alguém, aos 20 anos de idade escolhesse a Guiné para passar férias se não fosse por imposição, para não dizer obrigado, mesmo sendo administrativo, salvo com a devida vénia e, mesmo assim escrevo, apenas alguns, oficiais superiores do Q.P., por motivo de vencimento... Fui mobilizado passados mais de 14 meses de serviço que, somado aos 24 meses e 20 dias de Guiné, dá mais de 39 meses de tropa “macaca”, “fandanga” ou do dito “bando”. Há, esquecia-me, um dos chefes desse “bando” e responsável, se os havia, da pelo nome de Almeida Bruno.
§ - Único - Não sabendo ter a suavidade nas palavras como as do camarigo Mexia Alves, vejo-me obrigado a lembrar esse senhor que eu estive incorporado numa organização chamada Exército Português, de que ele era profissional, se os havia ou há ainda, à qual ele designa de “bando”…???
Depois de ter este texto escrito e em banho-maria há já algum tempo, constato verdadeiras situações de solidariedade e reencontro de camaradas e vejo-me obrigado a fazer as adaptações necessárias para o seu envio. Se não houvesse outras razões, estas, só por si, justificavam o Blogue. Mas porque a consideração para o seu criador e e editores além de todos os restantes colaboradores justificava fazê-lo, esta a explicação do andar afastado, outros há que vão continuar inibidos em se juntarem a este espaço de convívio.
Com um verdadeiro abraço de amizade e solidariedade do tamanho da vossa compreensão e aceitação de cada um.
BSardinha
Arroja, 09 de Fevereiro de 2009
Comentário de CV
Para que não fiquem dúvidas quanto à nossa imparcialidade, publicamos esta mensagem/crítica do nosso camarada Belarmino Sardinha, embora entristecidos por não compreenderem o nosso esforço diário para manter o Blogue actual.
Como devem saber, temos vida para além do Blogue. Adoecemos como as pessoas, temos problemas familiares, temos um sem número de assuntos pessoais a tratar durante o dia e, à noite, ainda estragamos a vista em frente ao monitor tentando, e não conseguindo, pôr esta escrita em dia, muitas vezes em detrimento da outra.
Recebemos este tipo de crítica, mas não as aceitamos. Aceitávamos, isso sim, mais um editor para nos ajudar. Há por aí alguém disposto a ajudar-nos? O nosso Blogue atingiu um ponto tal que é preciso quase o dia todo para trabalhar nele. Acreditem que 4 horas diárias não são suficientes.
Há postes que demoram por vezes cerca de uma hora a editar, porque alguns camaradas escrevem menos bem e temos que corrigir os textos.
Quase nenhuma foto é publicada sem ser editada por nós, quanto ao seu tamanho, se está acastanhada, eu trato de a pôr com aspecto de novo, corrigir as cores que se vão adulterando com o tempo e recuperar fotos tão estragadinhas que quando publicadas nem parecem as originais.
Há que fazer links para facilitar a procura a quem nos lê.
Há que andar a pesquisar no histórico em busca de coisas e pessoas já esquecidas.
Há um sem número de procedimentos a seguir.
É tanta e tão variada a correspondência que é muito fácil esquecer alguma mensagem. Em vez de criticarem, porque não mandarem um alerta pela demora ou reenviar o trabalho, fazendo menção do facto? Sentíamos-nos mais compreendidos.
Confesso, por vezes esqueço-me de ir ver a caixa de correio do Luís e como sabem, cada página do Gmail comporta 50 linhas, 50 mensagens. Se estou um ou dois dias sem lá ir, as mensagens mais antigas ficam escondidas, logo poderão esquecer.
Sugiro que enviem os vossos trabalhos simultaneamente para o Luís e para mim. É uma segurança de que um de nós a verá a tempo e horas.
Para além da correspondência relativa a textos para publicação, chegam-nos imensas mensagens a solicitar informações diversas, às quais respondemos.
Além disso, alguns camaradas ainda persistem em utilizar os nossos endereços de trabalho (Gmail) para mensagens com criancinhas queimadas, desaparecidas ou a precisarem de sangue que se encontra em qualquer drogaria, etc, etc.
Já fomos tudo, só faltava agora sermos parciais.
Como devem calcular não ganho à comissão e não publico mais ou menos trabalhos deste ou daquele, de acordo com eventuais luvas.
Se temos determinado assunto em discussão e chegam por exemplo 5 mensagens no mesmo dia, sobre ele, acham que os devemos publicar de enfiada? No meu critério, não.
Se aparece algo que tem a ver com algum acontecimento em dias muito próximos, não terá prioridade de publicação?
De cada vez que se apresenta um camarada novo, além do poste de apresentação, é preciso fazer um registo com os seus dados, abrir novo contacto nos dois Gmail e enquadrá-los nos respectivo Grupos de endereços para envio de mensagens colectivas, actualizar a lista que enviamos periodicamente aos camaradas, acrescentá-lo na página do Blogue, etc. Nada pode falhar.
Camaradas, só lhe pedimos tolerância. É difícil?
Estou de corpo e alma neste Blogue, por consideração a vós todos e em especial ao Luís Graça. Como diria a outra, até que a voz me doa.
Vosso camarigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4170: Blogoterapia (99): Joaquim Gomes, mais um Comando africano barbaramente assassinado (Magalhães Ribeiro)