quarta-feira, 7 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6687: Controvérsias (93): Nunca entendi a querela QP-Milicianos... O fim do serviço militar obrigatório foi um desastre nacional (Morais da Silva, Cor Art Ref)



Mafra > Escola Prática de Infantaria (EPI) > 1968 > Cerimónia do Juramento de Bandeira > Desfile dos novos militares, frente ao Convento de Mafra, e onde se integrava o nosso camarada e amigo Paulo Raposo, futuro Alf Mil, CCAÇ 2405 (Mansoa, Galomaro e Dulombi, 1968/70; Comandante: Cap Mil Inf José Miguel Novais Jerónimo).

Para Morais da Silva, o fim do serviço militar obrigatório foi um "desastre nacional".

Fonte: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados


1. Mensagem do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, com pedido de publicação no blogue:

(i) No Post 6621 (*)  lê-se no [ponto 4]:

“(...) 3.3. A Milicianização da Guerra

Todavia, e não obstante esta factualidade, neste mesmo período existiam nas patentes de combate (Capitães, Tenentes e Alferes), 880 Oficiais das Armas Combatentes (Infantaria, Artilharia e Cavalaria) originários da Academia Militar, entre os quais 759 Capitães.”
Estes valores são referidos como constando da Lista de Antiguidades dos Oficiais QP do Exército de 1 de Janeiro de 1974.

Acontece que este número de 759 capitães está ERRADO (excesso de 179 capitães).

O número correcto é de 580 capitães (76% do valor antes referido),  como indiquei no meu estudo, a páginas 29.

Se dúvidas houver consulte-se a Lista de Antiguidades (LA) de 1974 cuidando de analisar a LA de 1975 como sempre se deve fazer para efeitos de stock (na LA de 1974, referida a 01Jan74, há 146 oficiais referidos como capitães que a LA de 1975 indica terem sido promovidos a Major com data de 01Jan74).

(ii) Ainda do mesmo Post 6621 transcreve-se o seguinte comentário [, ponto 1]:

“Aliás, basta ver a redução drástica do número de capitães do QP que comandaram companhias de combate, acentuado a partir de 1972, conforme os quadros expostos. Onde é que eles estavam nesse período?”Vejamos:

1970: 1100 capitães no stock (pg. 29 do meu estudo)

1970: 475 companhias de combate (reforço) nos 3 TO

1974: 580 capitães no stock (pg. 29 do meu estudo)

1974: 477 companhias de combate (reforço) nos 3 TO

Nestes 2 anos o número de companhias a comandar é praticamente o mesmo mas o stock de capitães, diminuiu 47%.

“Onde é que eles estavam nesse período?” Não estavam porque, simplesmente, o que não existe não pode estar em lugar algum.


(iii) Um derradeiro esclarecimento.

Nunca entendi a querela QP-Milicianos. Considero um desastre nacional o fim do exército de conscrição (miliciano) onde a juventude aprendia a servir e dar-se conta da obrigação de defesa da terra que herdou. Milicianos foram os soldados, sargentos e oficiais que comandei e com quem partilhei a difícil tarefa que a todos coube em África. Afrontá-los seria uma desonra. Diminuí-los seria uma desonestidade.

A bem da decência concluamos que todos e cada um fizeram o melhor que puderam sem nada pedir em troca.

À minoria que deste trilho se afastou, deixemo-la entregue ao seu egoísmo e pequenez.

António Carlos Morais da Silva

Cor Art
6Jul10

[ Revisão / fixação de texto / bold a cores: L.G.]
_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 20 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6621: Controvérsias (88): A ruptura do stock de capitães do QP e a milicianização da guerra (A. Teixeira / J. Manuel Matos Dinis / Mário Pinto / Manuel Rebocho)

(**) Último poste desta série > 6 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6679: Controvérsias (92): A ficção e a guerra (Joaquim Mexia Alves)

3 comentários:

MANUELMAIA disse...

CAMARADAS,
PORTUGAL É HOJE UM PAÍS SUI- GÉNERIS ONDE AS FORÇAS ARMADAS TÊM NO ACTIVO MAIS SARGENTOS E OFICIAIS QUE PRAÇAS.

CREIO BEM,SEM NECESSITAR DE RECORRER A NENHUMA ESTATÍSTICA, POR MAIS REBUSCADA QUE SEJA,QUE ESTE CASO SERÁ ALVO DE RISO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO PELO ABSURDO QUE REPRESENTA...

DIZER-SE QUE O FIM DO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO FOI UM DESASTRE NACIONAL,PARECE-ME IGUALMENTE ABSURDO POIS UM PAÍS QUE NÃO ESTÁ EM GUERRA( JÁ NADA HÁ PARA DEFENDER...)NEM SEQUER CARECE DE FORÇAS ARMADAS...
PRETENDER PROLONGAR AD-ETERNUM COM AS MORDOMIAS DE QUE O PESSOAL DO Q.P. SEMPRE FOI DETENTOR,
COM CRIADOS PAGOS PELO OUTROS(ERÁRIO),FAZENDO-OS SENTIR-SE GENTE IMPORTANTE PARA ALIMENTAREM UM EGO ENORME,FOI "CHÃO QUE DEU UVAS"...
"A JUVENTUDE APRENDIA A SERVIR E A DAR-SE CONTA DA DEFESA DA TERRA QUE HERDOU"...
O PROBLEMA É QUE A JUVENTUDE APRENDEU A SERVIR SEM SE SERVIR COISA QUE O PESSOAL DO QUADRO NÃO FEZ PORQUE APENAS SE SERVIU SEM SERVIR,E NO ACTO SOLENE DE DEFENDER A TERRA HERDADA,DE FORMA VERGONHOSA E VIL ABANDONARAM À SUA SORTE QUEM OS SERVIU( CASOS DOS MILITARES,MILICIAS E ATÉ FAXINAS AFRICANOS...)CONDENANDO-OS AO FUZILAMENTO COMO É SABIDO.
NÃO FORAM OS MILICIAANOS A TER ESSE COMPORTAMENTO,SALVO CASOS PONTUAIS DE ALGUNS DESERTORES E TRAIDORES COMO O POETA ALEGRE,A QUEM ESTE PAÍS DE GENTE AMORFA E DESMEMORIZADA PERMITE O ENXOVALHO DE UMA CANDIDATURA AO LUGAR CIMEIRO DO ESTADO...

SERIA INTELECTUALMENTE DESONESTO ACEITAR QUE TODOS FIZERAM O MELHOR QUE PUDERAM,SEM PEDIR NADA EM TROCA...
OS MILICIANOS SOLDADOS E CABOS FIZERAM-NO,E NADA,RIGOROSAMENTE NADA, TIVERAM EM TROCA PARA ALÉM DA NOÇÃO DE OBRIGATORIEDADE CUMPRIDA;OS FURRIEIS MILICIANOS,ALFERES MILICIANOS E CAPITÃES MILICIANOS RECEBIAM UM VENCIMENTO QUE DE FORMA ALGUMA PODERIA SER CONSIDERADO PAGAMENTO PELO ESFORÇO E PERIGO SOFRIDOS,ENQUANTO OS SENHORES DO Q.P.AUFERIAM VENCIMENTOS ELEVADOS FACE ÀQUILO QUE PRODUZIAM E ESFORÇO QUE NÃO TINHAM...

"A MINORIA QUE DESTE TRILHO SE AFASTOU,DEIXEMO-LA ENTREGUE AO SEU EGOÍSMO E PEQUENEZ"...

SOU UM DOS MUITOS MILHARES,ESTOU CERTO, QUE TAL COMO A "FORMIGA DO ZECA",IA EM SENTIDO CONTRÁRIO...,E NÃO ME SINTO EGOÍSTA,ANTES PELO CONTRÁRIO...
QUANTO À PEQUENEZ,BEM,SERÁ MELHOR NÃO DIRIMIRMOS A ESTATUTURA QUE PODE SER INTELECTUAL,MORAL,OU DIRIGIDA EM NOUTROS SENTIDOS ONDE POR CERTO TERÍAMOS "PANO PARA MANGAS" EM DISCUSSÕES,ACADÉMICAS,CLARO, MAIS OU MENOS ACALORADAS...



NÃO PODERIA DE FORMA ALGUMA CALAR CÁ DENTRO ALGUMAS DAS INSINUAÇÕES AQUI PRODUZIDAS PELA PENA DO CORONEL MORAIS DA SILVA.

COM OS MELHORES CUMPRIMENTOS,
MANUEL MAIA

Unknown disse...

Ao Sr. Coronel Morais da Silva.
Provàvelmente estará em melhores condições do que muitos de nós, para compreender a guerrilha QP-Milicianos.
Mesmo com postos iguais, a descriminação sentia-se. Como diz o Manuel Maia, uns serviram sem se servirem; outros serviram-se sem servirem.
Mesmo quando estavamos no mesmo barco (leia-se zonas de operação) os galões e divisas do Q.P refulgiam muito mais do que as outras. Já não falando em comparação de quem as não tinha.
Por compromissos actuais, somos obrigados a ter forças armadas. Infeliz ou felizmente. Não sei. Quem está de fora "racha lenha". Mas gostava de ver publicada a lista das nossas forças armadas actuais, de cima para baixo. Os lugares que ocupam e os serviços que realmente produzem. A bem da Pátria amada.Como eu a amei e amo. Embora não saiba o que fui fazer a África pela honra e em nome dela. Nunca me explicaram. Mas vi lá muitas explicações em $$$$$$.

Anónimo disse...

A Minha Opinião
Como o Sr Coronel Morais da Silva disse, também nunca compreendi essa polémica resultante da publicação dos famosos decretos.Os oficiais do QP queixavam-se nas suas exposições que eram ultrapassados na carreira e que iriam aparecer oficiais oriundos de milicianos sem preparação intelectual, o que desprestigiava as Forças Armadas.
Quanto a serem ultrapassados, muito honestamente não percebo como pois os oriundos de milicianos com a mesma antiguidade de Tenente seriam sempre colocados à esquerda dos oficiais do QP. Quanto à competência intelectual como é que se pode considerar que 2 anos e meio na AM, no caso das Armas, se adquire mais competência intelectual do que nos bancos das escolas civis incluindo Universidades em muitos casos.
E quanto ao contributo operacional também estamos conversados. Basta ver nos TO a percentagem dos operacionais do QPs e MIl, e as condecorações etc por feitos em combate. Não quero com isto esquecer e muito menos ofender muitos bravos e excepcionais oficiais do QP nomeadamente das tropas especiais sobejamente conhecidos.
Curiosamente dizem os chamados militares de Abril que foi isso que constituiu o rastilho para o 25 de ABRIL.Se assim fosse o 25 de Abril teria acontecido baseado na mentira oportunista.
Todos os milicianos sentiram ser relegados e por vezes tratados com desprezo pelos oficiais do QP, salvo honrosas excepções.
Essa polémica ainda hoje está activa. Ainda hoje se discute nas Caldas quem fez e quem foi o que no 16 de Março de 1974. Inicialmente conotado como spinolista,leia-se oficiais oriundos de milicianos simpatizantes do Sr Gen Spínola, hoje já deixou de o ser porque se têm promovido recentes comemorações do dito golpe falhado, dizem para "repor a verdade".
Já no 25 de Abril imperaram os oficiais do QP e tiveram a oportunidade de demonstrar principalmente durante o famoso PREC a sua enorme competência. Mas mais uma vez não podemos meter todos no mesmo saco.

Notas: Fui Alf MIl da 2782, Bat 2927 Bissorã (70 - 72. Estive nas Caldas em 74 depois do regresso da Guiné: sobral_1@sapo.pt