terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9079: (Ex)citações (157): O sentido da expressão "assassinos de Mampatá" (Mário Pinto, CART 2519, 1969/71)

1. Comentário ao poste P9059, colocado por Mário Pinto (de seu nome completo, Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519, "Os morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71):

do Mário Pinto Caros camaradas:


A Cart 2519 a que eu pertencia quando se instalou em Mampatá por volta do fim de Agosto de 1969, depois da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa,  de má memória, recebeu como missão interceptar as colunas do PAIGC no corredor de Missirá que se deslocavam de Sul para norte via Nhacobá-Uane-Xitole.

Para cumprimento desta missão todos os dias um Grupo de Combate reforçado fazia emboscada no dito corredor em quanto outro Gr Comb patrulhava as imediações perto do corredor.

Neste contexto de acção foram diversas as vezes que interceptámos as colunas do PAIGC que na sua maioria era composta por carregadores civis, (população nativa controlada pelo PAIGC,) que se tornaram vítimas da guerra por força das circunstâncias do fogo aberto por nós quando caíam na zona da emboscada.

Era habitual depois da emboscada fazermos aproximação e reconhecimento ao local para recolher o material e feridos do IN se os houvesse e confrontarmo-nos com a realidade da acção.

Fomos também muitas vezes apeliados de ASSASSINOS pela Rádio Conakry, julgo que era norma o trato dado a todos nós pelo PAIGC quando tinham baixas.

Por isso acho que o termo Assassinos de Mampatá, a meu ver,  é um termo mais antigo que a CCAÇ  3326, herdou quando rendeu a minha Companhia em Mampatá.

Quanto á expressão: "Quando chegámos a Mampatá entrámos a matar, naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistámos"... 

Camaradas, lamento dizer mas não é correcto e posso confirmar pelos relatórios que tenho em meu poder.

Toda a Zona era complicada, sim, mas dominada pelas nossas forças que se movimentavam por toda a ZA causando vários desaires ao PAIGC, conforme se pode ver nos documentos e Historial da CART 2519. Agora julgo existir aqui é uma discrepância, pois como é sabido que as condições apartir do segundo semestre de 1971 tornaram-se mais duras e cresceram de intensidade por força de uma acção mais forte das tropas do PAIGC.

Posto isto...

Um abraço

Mário Pinto


PS - Em poste de 4 de Agosto de 2011, publicado no seu blogue (CART 2519 - Os Morcegos de Mampatá), o Mário Pinto informa o seguinte:

"Informo todos os Morcegos que já tenho pronto vários livros em Fotocópias do nosso Cap Jacinto Manuel Barrelas  Há Sangue na Picada. Quem o pretender deverá fazer o pedido para o meu email, pintanof@gmail.com ou pelo telm 931648953. O mesmo será enviado gratuitamente para a morada indicada pelos camaradas" .
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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 15 de Novembro de 2011 >  Guiné 63/74 - P9046: (Ex)citações (156): A recensão a Pami Na Dondo foi feita não ao livro mas à pessoa do autor (Mário Fitas)

1 comentário:

Luís Graça disse...

Meu caro Mário:

Concordo com o teu avisado e ponderado comentário...

Já agora relembro aqui a etimologia, conhecida, da palavra “assassino”, que vem de “haxxixin", “consumidor de haxixe”, em árabe.

O vocábulo entrou na nossa língua por via do italiano “assassino”. (sec. XV). Designava os membros de uma seita muçulmana, xiita ismaelita, fundada por volta de 1090 pelo persa Hasan Ibn al-Sabbah. Sob o efeito da droga, os membros da seita atacavam e matavam chefes, tantop cristãos como muçulmanos, no tempo das Cruzadas…

Que eu saiba, tanto em Mampatá como em Bambadinca não havia "haxixe"...no nosso tempo. Quando muito umas "bazucas", um "vate 69", e uma manhosa "água de Lisboa"...