sexta-feira, 17 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14890: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VII: O edifício dos CTT de Bambadinca: c. 1968/70 e 2010 ... (Fotos completadas com as de Humberto Reis, ex-fur mil op esp., CCAÇ 12, 1969/71)



Foto nº 1 > Bambadinca, c. 1968/70 > Edifício dos CTT (1)


Foto nº 2 > Bambadinca, c. 1968/70 >Edifício dos CTT (2), sito no lado direito, descendente, da rua principal da povoação... A rua, de terra batida,  vinha do quartel e seguia para o rio, o porto fluvial e a estrada de Bafatá. 


Foto nº 3 > Bambadinca, c. 1968/70 >Edifício dos CTT (3) > Outra perspetiva da rua que dividia a tabanca ao meio, e era muito movimentada (peões, animais  e viaturas; vê-se ao fundo um jipe que se dirige ao quartel que ficava num pequeno promontório)


Foto nº 4  > Guiné-Bissau, Bambadinca, 2010  > Antigo edifício dos CTT, em ruínas  (1)



Foto nº 5  > Guiné-Bissau, Bambadinca, 2010  > Antigo edifício dos CTT, em ruínas  (2) e moranças vizinhas


Foto nº 6  > Guiné-Bissau, Bambadinca, 2010  > Antigo edifício dos CTT, em ruínas  (4) e aspeto parcial da rua, agora em desuso,


Foto nº 7  > Guiné-Bissau, Bambadinca, 2010  > Antigo edifício dos CTT, em ruínas  (4)... A povoação, hoje com cerca de 8 mil habitantes, cresceu ao longo da nova estrada, alcatroada que circunda a bolanha

Fotos: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



Foto nº 8 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 > Vista aérea (1): do lado esquerdo parte (nordeste) do quartel e posto administrativo; ao centro, a tabanca; ao fundo, o rio Geba, o porto fluvial, o destacamento da intendência e o início da bolanha de Finete (na margem norte do rio); e, do lado direito, a nova estrada em construção que ligará o Xime a Bafatá, e que em Bamdinca, contornava a bolanha (que ficava a sul)


Foto nº 9 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 > Vista aérea (3): Legendas: Parte do recinto do quartel (1) e rede de arame farpado, a leste e nordeste; porta de armas,com cavalo de frisa (4); casa e loja do Rendeiro (3); edifício dos CTT (5) e fontenário (6), ambos na antiga rua principal; nova estrada, circundando a tabanca pelo lado leste/nordeste (7); ligação ao porto fluvial á esquerda e à estrada (já existente, alcatroada) de Bafatá (11); porto fluvial / cais (8); rio Geba (9); destacamento da Intendência (10).


Foto nº 10 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1970 > Vista aérea (2): Legendas: Rio Geba (1), destacamento da Intendência (2), porto fluvial / cais (3), bolanha de Finete (4), rampa de acesso ao quartel e posto administrativo (5), loga e casa do Rendeiro (6), edifício dos CTT (7), fontenário (8) .



Foto nº 11 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Entrada principal, pelo lado nordeste  (sentido Bafatá), do aquartelamento. O fontenário está sinalizado com um círculo a vermelho, ficava a uns 50 metros da casa e estabelecimento comercial do Rendeiro; do outro lado, fiacava o edifício dos CTT. Nesta rampa ia perdendo a vida o major Ribeiro, o "major elétrico", º comandante do BCAÇ 2852 (de nome completo, Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro):  o seu jipe ficou debaixo de toros de madeira que se desprenderam de uma camioneta (civil ?) que estaciuy na subida...



Foto nº 12 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Vista (parcial) da rua principal que atravessava tabanca de Bambadinca, e que dwscia do quartel até ao Rio Geba... Assinalado com um círculo a vermelho o fontenário... O edifício dos CTT não é visível, mas ficava do aldo direito...  No final da rua, do lado direito ficava a loja e o bar do Zé Maria (, comerciante branco, de quem se dizia, justa iou injustamente, que jogava com um pau de dois bicos, como qualquer comercinte numa situação de guerra).



Foto nº 13 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Vista (parcial) da tabanca de Bambadinca, com o Rio Geba ao fundo. Foto tirada do lado nordeste. Em primeiro plano, contígua ao arame farpado, a casa e o estabelecimento comercial do Rendeiro, um dos poucos comerciantes  portugueses que conhecemos na Guiné, em 1969/71. Assinalado com um círculo a vermelho o fontenário de Bambadinca, melhioramento inaugurado em 1948. Não t5enho a certeza de lá algum vez ter parado para beber água. Nem sei se no meu tempo já tinha água...

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


Jaime Machado, foto atual,
na Senhora da Hora,
Matosinhos
1. No tempo do Jaime Machado, alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968/fevereiro de 1970), bem como no meu/nosso tempo (CCAÇ 12, 1969/71), o edifício dos CTT era um edifício moderno, funcional, bastante utilizado pelo pessoal militar, e nomeadamente para se fazer chamadas telefónicas para a metrópole.

As ligações nem sempre eram fáceis, e tinham de ser pedidas de um dia para o outro. Havia CTT nas principais povoações da Guiné. No caso de Bambadinca, desconheço a data da sua instalação, mas deve ser de meados da década de 1950.

O Beja Santos, que lá voltou a Bambadinca, também em 2010, recorda o nome da empregada dos CTT, a Dona Leontina ("uma gentil senhora com quem se apalavrava o dia e a hora para telefonar para Lisboa"). Presumo que a senhora fosse caboverdiana, tal como a professora,a  Dona Violante, e o chefe de posto (de quem não me lembro o nome).

Contrariamente à capela, à escola  e ao posto administrativo, o edifício dos CTT  ficava fora do recinto do quartel de Bambadinca (fotos nºs 8, 9, 10)... Mais exatamente,  ficava no lado direito da rua principal que, descendo do quartel, atravessava a tabanca de Bambadinca, dando acesso do lado esquerdo ao porto fluvial (e destacamento da Intendência) e do lado direito à  estrada (alcatroada) para Bafatá... O edifício dos CTT ficava do lado oposto da casa e loja do Rendeiro (, comerciante, branco, da Murtosa)... Mais à frente, também do lado esquerdo ficava o fontenário (foto nº 10). [Vd. também aqui fotos do fontenário, construído em 1948].

No nosso tempo (CCAÇ 12, julho 69/mar 71), Bambadinca nunca foi atacada... Desde o último ataque (28/5/1969), melhorou o dispositivo de segurança. E a presença de uma companhia de intervenção, de pessoal fula, mantinha o PAIGC à distância...

Em janeiro de 1974, o edifício dos CTT é objeto de arremesso de uma  granada de mão,  defensiva, de origem chinesa,,, mas sem consequências de maior... Foi mais exatamente no dia 18/1/1974, às 20h45. O efeito foi mais psicológico.  Após buscas pelas NT, foram encontradas mais duas granadas, do mesmo tipo, chinesas, que não rebentaram ou que provavelmente foram arremessadas com cavilha de segurança, por algum aprendiz de guerrilheiro...

Tudo indicava que havia, por esta altura, uma célula ativa do PAIGC na localidade de Bambadinca... Essa hipótese já sido levantada pelo comando do BART 3873 quando em novembnro de 1972,  a PIDE/DGS [, de Bafatá,] efetuara uma prisão, de um elemento ligado à comunidade caboverdiana, prisão essa que foi seguida de distribuíção de planfletos denunciando a atuação da polícia política. Tanto para o PAIGC como para as NT, Bambadinca era uma posição estratégica, porta de entrada para o leste (mas também para o sul), económica. demográfica e militarmente muito relevante.

Em 2010, o Jaime Machado voltou a Bambadinca (, tal como o Beja Santos em 2010, e  eu, em 2008). A antiga rua principal, outrora animada e ladeada de casas de habitação e de comércio de estilo colonial (foto nº 2), era agora uma desolação (fotos nºs 4, 5, 6 e 7)... O edifício dos CTT estava em ruínas. O Humberto Reis, em 1997, também por lá passara, e já era uma ruína... A Bambadinca que nós conhecêramos, já não existia... (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série >  11 de julho 2015 > Guiné 63/74 - P14864: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VI: Mulheres e bajudas (III)

2 comentários:

Luís Graça disse...

Não temos notícias do coronel inf reformado Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro, que foi segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), a partir de Setembro de 1969, altura em que substituiu o major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares... A sua sobrevivência do acidente com o jipe é um caso notável de coragem física, tenacidade e resiliência...

A última vez que o vi foi no lançamento de um dos livros do Beja Santos, "Diário da Guiné", II volume, se não erro... Recordá-lo-emos como um homem muito enérgico, hiperactivo, que falava pelos cotovelos, e que era conhecido, entre as NT, como o "Major Eléctrico"... (Comos e v~e, toda a gente tinha alcunahs na guerra, desde o com-chefe ao soldado mais básico...).

Foi ele que deu o nome de guerra, "Tigre de Missirá", ao Beja Santos. Tinham um bom relacionamento os dois.

Mário Beja Santos disse...

Queridos amigos, Meu excelso Jaime Machado, há imagens que ainda hoje me perturbam, e muito, estremeço quando vejo o chão afogueado da rampa de Bambadinca (que hoje praticamente não existe) e o edifício dos CTT, de onde telefonava para Lisboa, era o cabo dos trabalhos. O coronel Ângelo da Cunha Ribeiro está velhote mas recomenda-se. Foi um amigo inesquecível. Na malfadada noite de 16 de Outubro de 1969 ajudou-me a serenar e pôs em movimento a coluna que veio em auxílio dos meus moribundos e feridos graves, é dívida impagável. Como diz o Luís, o acidente de que ele foi vítima na rampa de Bambadinca, aquele jipe frágil de toldo levou com uma tonelada de rachas de cibe, foi o cabo dos trabalhos tirá-lo daquele cárcere, chegou com 17 fraturas ao HM 241. Foi aí que se passou o famoso episódio da visita das senhoras da Cruz Vermelha, com a Sr.ª D.ª Maria Helena Spínola à frente. Perguntou-lhe o que estava a precisar, o então major Cunha Ribeiro pediu-lhe a Enciclopédia Britânica, era um sonho que vinha desde a adolescência... Só ele! Um abraço do Mário