sábado, 7 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16062: Convívios (740): VII Encontro de Os Ilustres TSF, ocorrido no passado dia 20 de Abril em Viseu (Hélder V. Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF)

Viseu - 20 de Abril de 2016 - VII Encontro de Os ilustres TSF

 
1. Mensagem do nosso camarada Hélder Valério de Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 6 de Maio de 2016:

Meus caros amigos e camaradas
Já faz algum tempo que não tenho tido contribuição com textos ou notícias para o Blogue, limitando-me, aqui e ali, a enviar os parabéns aos aniversariantes, e um ou outro comentário. Tem sido assim, mais ou menos como 'prova de vida', mas pouco mais.

E tem passado por aqui muita coisa.
Com interesse, e susceptível de promover comentários mais desenvolvidos ou textos complementares ou de réplica. São caso disso, por exemplo e sem ser exaustivo, os artigos do Tony Borié, do Jorge Araújo, do José Teixeira, do Francisco Baptista, do António Tavares e também do José Dinis, com os seus textos subtilmente apolegéticos dos valores do '24 de Abril', da diabolização do MFA e sobre a 'decadência nacional', no entendimento que tal ocorre fruto da 'descolonização' e como corolário dos outros dois "pecados" referidos.

Mas o que me impulsionou agora a escrever, foi outra coisa. Foi a 'morte', ou melhor, a 'vida'!
Há alguns dias, um comentário do António Graça de Abreu, verberava o tom por vezes 'lamechas', de sofrimento, (no seu entender) que alguns camaradas impregnavam nas suas recordações e que melhor do que isso seria celebrarmos a vida, a alegria de estarmos vivos e podermos usufruir disso.
Ele tem razão!
Não tanto porque os sentimentos que perpassam pela esmagadora maioria dos que estiveram em "missão de soberania", em "policiamento de fronteiras", etc., e de suas famílias, não possa ser o da lembrança dos sacrifícios, das angústias, dos sofrimentos, dos desgostos, ao invés da extrema alegria por terem podido participar na defesa da integridade do solo pátrio, mas sim porque, de facto, com o (pouco) tempo que nos vai restando é a "Vida" que devemos celebrar.

Isto tudo, em conjunto, reforçado pela notícia do falecimento desse generoso e empenhado camarada José Eduardo Alves e também ainda 'tocado' pelo falecimento do meu cunhado ('jovem' de 72 anos e que fumou muito quando isso era corrente e socialmente bem aceite...), lembrei-me de vos enviar duas manifestações de "viver a Vida" com a alegria dos reencontros e do gosto e satisfação que isso sempre proporciona e que, nestes dois casos, se referem aos 6º e 7º Encontros dos "Ilustres TSF".

Não sei dizer como, quando e quem começou a chamar "Ilustres TSF" aos jovens que depois de fazerem o 1.º Ciclo do CSM no 3.º Turno de incorporação em 1969, lhes calhou em sorte essa especialidade (TSF), tirada a partir do final de Setembro desse ano no então BT à Graça/Sapadores, em Lisboa.

Isso agora não importa, o que para o caso deve ser notado é que esse grupo foi constituído por 15 'jovens mancebos', de locais muito dispersos do País e que hoje ainda persistem em manter os laços, fortes e indestrutíveis, que então os uniu e que os motiva a procurar materializar estes Encontros.

Acontece que os problemas de saúde também vêm atormentando os seus membros. Dos 15, tanto no 6.º Encontro no ano passado, no Porto, como no 7.º Encontro, este ano recentemente ocorrido em Viseu, foram 9 os presentes. Um já faleceu (vítima de doença 'incurável'...), um outro anda travando batalhas sucessivas com uns 'bichinhos' desse tipo, outro (meu padrinho) está incapaz de se juntar a nós com problemas originados pelo "senhor alemão", outros têm outros tipos de problemas, pelo que a consciência que temos vindo a tomar de que é imprescindível manter esta chama (da amizade, do convívio) viva tem conseguido vencer obstáculos.

No Porto, o ano passado em 27 de Maio, conseguiu-se com que, ao fim de décadas, nos reencontrássemos nessa cidade. Foi bastante bom, o dia estava quente, o 'Porto turístico' lá estava para nos mostrar o que evoluiu (com os ganhos e perdas que isso acarreta). Envio duas fotos ilustrativas desse evento, uma tirada na Ribeira, com Gaia ao fundo e a outra, clássica, no restaurante, que é afinal o local onde se reúnem as memórias.

Como tudo correu bem e como nos apercebemos de que este tipo de Encontros nos fazem bem, nos 'rejuvenescem', decidimos logo ali não deixar passar muito tempo para que novo Encontro ocorresse e desse modo ficou aprazado que este ano de 2016 seria em Viseu.

E assim foi. Lá estivemos novamente 9, sendo que esta ano o A. Calmeiro não teve possibilidade de participar por motivo dos tratamentos que anda a fazer mas no lugar da sua falta apareceu o J. Fanha, o que muito nos alegrou.

Como seria de esperar, correu bem. Muito bem. A alegria esteve presente, o rememorar episódios passados em comum (como o caso das "bolachas de m... e de que já relatei aqui no Blogue), outros passados entre as diferentes experiências dos diversos locais por onde se esteve.

O E. Pinto que nos recebeu e organizou os momentos do Encontro surpreendeu-nos com uma visita particular e irrepetível ao "Bar de Gelo" no "Palácio do Gelo", uma visita guiada à "Cava de Viriato", outra ao Clube Viseense visitar o espaço que esse Clube dedicou ao local da estreia de "Os Tubarões" e, para 'memória futura', ainda fomos contemplados com uma garrafa de vinho do Dão rotulada especialmente para o efeito.

Como seria de esperar, a alegria foi grande, a satisfação também e, não menos importante, manteve-se e consolidou-se a amizade entre nós.

Devemos, como diz o AGAbreu, celebrar a Vida e foi o que fizemos e pretendemos continuar a fazer.

Abraços
Hélder Sousa

As fotos:

Ribeira do Porto - 27 de Maio de 2015 - Em baixo o C. Lã. De pé, da esquerda para a direita: A. Calmeiro, M. Rodrigues, E. Pinto, J. Reis, H. Sousa, M. Martins, F. Cruz, e F. Marques.

Ribeira do Porto - 27 de Maio de 2015 - A mesma equipa num Restaurante local

Viseu - 20 de Abril de 2016 - À mesa

Viseu - 20 de Abril de 2016 - No "Bar de Gelo", por ser talvez mais difícil reconhecer as personagens, temos, da esquerda para a direita. M. Martins, E. Pinto, J. Reis, H. Sousa, M. Rodrigues, C. Lã, F. Cruz, J. Fanha e F. Marques.

A Garrafa comemorativa. Um presente inestimável.
____________

Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P16058: Convívios (739): XX Encontro do pessoal da CCAÇ 2660, dia 4 de Julho de 2016 em Paredes

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meu caro Hélder, sabes da grande estima, apreço, amizade e camaradagem que tenho por ti… O que aqui escrevi, a propósito da tabanca (em construção…) de Setúbal, não foi seguramente por tomado “à letra” por ti, que és um homem inteligente e com sentido de humor: “Afinal, o nosso camarada setubalense, candidato a régulo, não quis assumir o cargo (, que está historicamente conotado, é mal visto e pior remunerado,) de régulo... Bolas, 'régulo' cheira a império, ultramar, poligamia, Estado Novo, colonialismo!”...

Tenho de emendar a mão: no caso da Tabanca de Setúbal, ainda és “só” candidato a régulo (ou se dita tabanca está em regime de instalação, ou tu andas a fazer o tirocínio), no caso da Tabanca dos Ilustres TSF és mesmo régulo, assumido e reconhecido!... E aí é que está a diferença: régulo é um atributo, um cargo, um “tacho”; líder é uma relação… Nem todo o régulo é líder e nem todo o líder é régulo…

De resto, é como sabes um velho problema que nós temos, nesta grande tabanca que é o nosso querido Portugal: são mais os chefes que os índios; quanto a líderes, são muitos os chamados e poucos os escolhidos…

Temos mais uma tabanca, a Tabanca dos Ilustres TSF, essa é que a novidade, e eu ainda não me tinha dado da sua existência!... E, para mais, com um elevada taxa de participação nos encontros anuais: se o nº de elegíveis era 15, e se destes 15, um já morreu e o outro está com incapacidade absoluta, restam 13… Se comparecem 9 em cada um dos dois últimos encontros (no Porto e em Viseu), a taxa de participação ronda então os 70%!... Não há unidade ou subunidade que vos bata!... Além de ilustres, são campeões!... (mas só tu és membro da Tabanca Grande, toma boa nota)... Líder (e não apenas régulo) é também aquele que sabe quem o irá suceder como líder … Já agora, ficas a saber qual significado de “leader” no inglês antigo: “aquele que vai à frente mostrando caminho”…

Um abraço fraterno. Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

ré·gu·lo
(latim regulus, -i, rei jovem, rei de um pequeno estado)
substantivo masculino

1. Pequeno ou jovem rei. = REIZETE
2. Rei de um pequeno estado.
3. Chefe ou rei de um pequeno território considerado bárbaro ou semibárbaro.
4. Chefe ou líder que tem muito poder numa região pequena.
5. [Astronomia] Estrela da constelação do Leão.
6. [Antigo] [Química] Parte que se considerava mais pura, mais fixa e mais pesada de um metal ou mineral.

"régulo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/r%C3%A9gulo [consultado em 07-05-2016].

JD disse...

Meu amigo Helder,
Também sabes da grande estima, apreço, amizade e camaradagem que te dedico e devo, porque são multiplas as tuas manifestações de cumplicidade e amizade para comigo. Por isso, aceito com facilidade as tuas referências, quando me colocas ao nível de qualquer reaccionário. Mas isto merece uma dica.
Ora bem, antes de 1974, manifestei algumas vezes o meu "anti-situacionismo", quer pela leitura assídua do jornais e revistas do reviralho; quer pelas conversas livres que mantinha com amigos; quer, ainda, pela publicação no Jagudi de uma intervenção de Pinto Leite durante a discussão da Lei de Meios para 1974, contra a guerra, subordinada ao título "Quanto Vale a Vida de um Homem?", que mereceu um reparo de um brigadeiro a mando do ComChefe.
Se isto era arriscar, então arrisquei.
Mas não acho que fosse, porque o risco maior era a assunção comunista, e eu nunca o fui. Mas tive um bom amigo em Angola que o era. Ele tinha idade para ser meu pai, e enquanto estive na mesma localidade, reunia-mo-nos na varanda de um ou outro, e falava-se de poítica. Aliás, com o Expresso dei-me conta de um razo´qvel número de interessados pela política, e naquele ambiente sabia-se tudo, vá lá, quase tudo!
Eu era de esquerda, e como dizia aquele amigo, em regime comunista não era admissível que uns trabalhassem, enquanto outros, na ronha, tanto ou mais. Eram conversas no âmbito das nossas apreciações locais antes do golpe.
Sobre o golpe estou farto de dar a minha opinião, porque as justificações do MFA não tiveram correspondência com o que aconteceu. De facto, os aderentes só tinham um objectivo comum, que era o regresso imediato às famílias. Mas houve uns que foram mais longe,e nas vésperas fizeram um programa (ver na net) assente em 3 orientações: democratizar, desenvolver e descolonizar. Será preciso fazer a revisão da matéria dada? Em síntese: desde quando, alguma vez, o povo foi chamado a debater ou a tomar verdadeiras decisões de interesse nacional? O povo vota, como quem passa cheques em branco, e depois paga pelos abusos da confiança dada, logo, o regime nunca foi democrático, pelo contrário, tem sido autocrático, e o povo fica atado de pés e mãos. Sobre o desenvolvimento, certamente que sabes da paralisação e atavismo que nos tem acontecido, de que se reflecte a insuficiência produtiva, o aumento continuado das mais elementares importações até às de luxo, do que tem resultado o sistemático arrastar e aumento dos deficites das execuções orçamentais.
Sobre a descolonização, não cabe o Blogue para incluir os crimes cometidos, desde logo sobre os militares desarmados perante acordos inânes de que o MFA lava as mãos; bem como das sevícias e violações sobre mães e filhas, e sobre os bens dos colonos, que o MFA não se cansou de criar através de incentivos ao ódio junto dos emancipalistas.
Ora, o que tenho dito, é que muitos profissionais da política, que o povo genericamente classifica de corruptos, recorrem continuadamente à mentira demagógica, e à usurpação do bem comum e do interesse público. Estes são os parâmetros por que me guio: o bem comum e o interesse público. E tu?
Fica aqui a minha reacção pública, para não deixar colar a imagem da tua brincadeira.
Um grande abraço
JD

Hélder Valério disse...

Caros amigos e camaradas

Preciso de acrescentar algo.

Em primeiro lugar devo dizer que o meu camarada de Curso TSF (e da Guiné...) António Eusébio Calmeiro, de Tinalhas, já faleceu.
Ocorreu, segundo indicações que recolhi hoje quando me deram essa triste notícia, em Oiã, num Encontro do "Agrupamento de Transmissões da Guiné" (para o qual fui incentivado a participar pelos também "tabanqueiros" Álvaro Vasconcelos e Manuel Dias Pinheiro), na noite de sábado para domingo passados.
O Calmeiro já há uns anos que vinha lutando com metástases que lhe apareceram "aqui e ali" e que, dizia, se iam combatendo e curando (químio, rádio, etc.) e foi connosco, como se vê na 1ª foto, ao Porto o ano passado e embora revelasse algum cansaço quando se esforçava, andou perfeitamente bem, com boa disposição e 'aguentando' os passeios que demos. Este ano, nas vésperas de ir a Viseu, contactei-o na esperança de que estivesse bem (na última vez que tínhamos falado, em Janeiro ou Fevereiro, salvo erro, disse-me "as coisas" tinham voltado a aparecer mas que ia continuar o combate). Nessa altura disse-me que não podia ir a Viseu pois tinha tratamento nesse dia, que tinha ficado aborrecido na última vez que tinha ido a Santa Maria pois lhe disseram "que não havia mais nada a fazer" e que por isso resolveu ir ao "Champalimaud" e lá lhe fizeram outro tipo de tratamento, que parecia resultar mas que lhe "estava a dar cabo do estômago". Segundo consegui recolher a informação dada pela sobrinha, foi que ao fim da tarde do dia 30 de Abril se sentiu mal, chamaram a ambulância, deitou sangue pela boca, levaram-no para o hospital e pouco depois da meia-noite receberam a informação de que tinha falecido.

Hélder Valério disse...

Seguidamente vou tentar esclarecer alguns pontos relativamente aos outros comentários.

Começo por tranquilizar o Luís que em nenhum momento "tomei à letra" a questão do "régulo da Tabanca de Setúbal". Aliás, até tenho brincado um pouco com as 'bicadelas' que a propósito disso o Miguel Pessoa vai dando. A verdade é que não deveria avançar com tal tarefa sozinho, ainda não estou reformado, não disponho de liberdade de tempo e essas coisas dão imenso trabalho.
Já 'pensei' no assunto mas 'fazer' é que não..... há umas ideias no ar, há sugestões para ser de modo a aproveitar a época da sardinha, há a questão do calor, há o problema de se arranjar um local que dê para estacionar, há sugestões para ser em Setembro ou Outubro.... enfim...
Mas alguma coisa se há-de fazer!

Quanto a uma possível "Tabanca dos Ilustres TSF" não está mal esgalhado, não senhor. Mas aí é justo que se diga que nem todos estiveram na Guiné. Dos 15 dois ficaram por cá (os dois que há época eram casados e que se aplicaram bem nas matérias e que nós, os outros, também ajudaram a manterem-se no topo da classificação), 2 foram para Moçambique, 4 para Angola e 7 para a Guiné. E aqui entram alguns "pequenos pormenores".... É que desses 7 o Luís Dutra, já faleceu, o António Calmeiro também agora, o Nélson Batalha está incapaz com problemas de alzheimer, o José Fanha também teve uns 'ameaços de Parkqualquercoisa', o Manuel Martinho diz que tem 'preguiça de escrever' e assim, dos "camaradas da Guiné" restam eu e o Eduardo, que dedica as suas energias em 'reviver' "Os Tubarões" e as "Coisas de Viseu".


Agora para o meu prezado amigo Zé Dinis....
Foi um gosto "ouvir-te".... sempre se fica a conhecer mais coisas...
E por isso fizeste bem em explanar a tua "reacção pública, para não deixar colar a imagem da tua brincadeira".
Há umas 'coisinhas' com que concordo, outras que não... mas isso fica para as nossas "trocas de mimos", se não te importas.

Abraços
Hélder Sousa