quinta-feira, 9 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21155: Da Suécia com saudade (76): A propósito dos 'elefantes brancos' da cooperação sueca com a Guiné-Bissau: o caso do laboratório de saúde pública... (José Belo)






Bandeiras da Guiné-Bissau e da Suécia



1. Mensagem de José 
 Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:


Date: quinta, 9/07/2020 à(s) 08:31

Subject: A propósito do texto publicado na Tabanca do Centro.

O artigo lá publicado sobre a Guiné [, vd. ponto 2] é, infelizmente, mais um dos infindáveis que hoje se podem encontrar nos arquivos da imprensa sueca das últimas décadas.


Saúde Pública, Educação, Agricultura, Pescas, Transportes, Indústria Alimentar, Refrigerantes, Investimentos e outras actividades bancárias..., as conclusões das Comissões Estatais suecas que as analisaram (demasiadamente tarde!) são quase fotocópias nos seus negativismos.

Houve, nos anos sessenta e setenta, um genuíno interesse, por parte das sociedades escandinavas, em preencher os vácuos criados por seis séculos de Administração colonial.

Seria incapacidade? Seria não vontade?

A política spinolista "Por uma Guiné Melhor", surgida a contra corrente de todo o desinteresse anterior, apesar de tardia, limitada por uma situação de guerra então já bem implantada, não dispondo das muito avultadas verbas necessárias, ainda conseguiu por um curto espaço de tempo criar condições sociais únicas cujos resultados nos deixaram antever o que poderia ter sido se a política do governo colonial tivesse seguido o caminho do desenvolvimento.

"Quanto mais atrasados , educacional e socialmente, mais fáceis de governar": poderia ter sido a definição concisa da Administração Colonial. Princípios não só aplicáveis em África mas também em Portugal.

Em ambos os locais os resultados finais desta política de "Iluminismo saloio" falaram por si. 
Muito fácil, e limitativo, o apontarem-se como raízes de todos os erros (muitos e graves) os tempos pós-Abril de 74.

Mas está "bagunceira" final foi criada por uma longa e abrangente história de criminosas incompetências políticas, sendo Goa um bom exemplo das mesmas.

Alguns (!) dos "actores " deste histórico final de época em 74, fossem eles militares ou civis, mais não foram que pequenos palhaços de um vasto circo de interesses internacionais que em tudo os ultrapassava e...ultrapassou!

Apesar de todos os tão saudosistas "velhos do Restelo ", as gerações do nosso querido Portugal de hoje poderão cometer muitos erros e...certamente o fazem! Têm no entanto uma possibilidade não disponível a tantas e tão sacrificadas gerações anteriores: podem fazê-lo em LIBERDADE !

Um abraço do J. Belo.

PS - Aproveitando esta “janela” climatérica criada pelas curtíssimas semanas do Verão lapónica, vou arrancar este fim de semana, com a minha mochila e dois cães, para mais uma longa passeata (aqui chamada de “vandring”) pelos infindáveis rios, lagos e montanhas locais.

Um facto óbvio é o de não haver aqui em todas as árvores uma tomada elétrica para recarregar o telefone que (recomendavelmente!!!) deverá ser usado com prioridades bem escolhidas.

É um pequeno detalhe a acrescer ao facto de por aqui não haver nem casas nem gente, o que torna por vezes as coisas... complicadas... Enfim, é da natureza do Árctico ser “a modos que” imprevisível.

A haver alguns simpáticos “piropos” de alguns comentadores, tentarei, da minha parte e dentro destes condicionalismos, dar a sempre mui respeitosa mas devida resposta.

2. Tabanca do Centro > Quarta-feira, 8 de julho de 2020 > P1240: Desventuras dos Amigos Suecos > Elefante branco em história negra

[Reproduzido com a devida vénia...]
 

Após a independência,  a Guiné procurou obter avultados apoios económicos da Suécia para o sector da saúde. Um moderno laboratório clínico fazia parte prioritária da lista apresentada.

O Departamento Estatal Sueco para o auxílio aos países em desenvolvimento (SIDA) estava dividido entre consultores com opiniões díspares.


Deveria ser um laboratório de elevado nível internacional? Ou antes um laboratório adaptado às realidades guineenses, capaz de funcionar com pelo menos cinco paragens de electricidade diárias e pessoal não especializado?Como o auxílio a ser prestado deveria respeitar os desejos dos recebedores... ambas as sugestões foram apresentadas ao Presidente guineense [, Luís Cabral].

Este, sem o mínimo de dúvida, decidiu-se pelo modelo de laboratório mais avançado… e de custo mais do que duplo!

Argumentou o Presidente ser este o modelo que correspondia ao seu sonho de uma Guiné desenvolvida em futuro próximo.

As realidades vieram dar razão aos críticos:
  • O funcionamento parava continuamente;
  • Os cabos eléctricos e os compressores queimavam-se regularmente;
  • O sistema de refrigeração avariava-se;
  • O fornecimento de água era irregular devido a problemas da canalização...

O laboratório passou a ser conhecido como o elefante branco…

A SIDA.desejava acabar com os apoios mas, graças aos esforços e muita dedicação dos trabalhadores do laboratório, este lá se foi arrastando até 1998.

Dá-se a guerra civil e o laboratório acaba por ser atingido por algumas granadas, iniciando-se um importante fogo.

Como pode o laboratório sobreviver a todos estes incidentes Como são hoje analisados os resultados?

Todos os apoios aos mais variados sectores da Guiné acabaram por falhar, decidindo a SIDA terminar com a cooperação económica no início dos anos 2000. (2,2 mil milhões! Tendo sido a Guiné o país que recebeu maior auxílio económico per capita).

A cooperação por parte do Instituto Sueco da Saúde Pública também terminou então. O laboratório passou a ser financiado por diversos Institutos Suecos de Investigação.

A universidade sueca de Lunde, através de um grupo de investigadores e do laboratório, tem vindo a estudar um tipo especial de HIV/Sida  que existe na Guiné, chamado de hiv-2.

Os resultados foram já apresentados em publicações científicas, tendo gerado grande interesse quanto a vir a ser criada uma vacina.

Hoje considera-se terem sido estes apoios económicos contra-produtivos para o país, o qual, deste modo, não sentiu necessidade de mobilizar os seus recursos próprios.

Ao terminarem os apoios,  criou-se um vazio económico, agora preenchido pelas avultadas verbas do tráfego internacional da droga.

Excerto da revista “OmVärlden”
Texto: Mats Sundgren

UTVECKLINGSSAMTALET
Avsnitt 7: Det svenska biståndets vita elefant
Publicerad: den 31 maj 2015 Uppdaterad: den 31 maj 2015


[Tradução / adaptação livre: José Belo; revisão / fixação de texto para efeitos de publicação no nosso blogue: LG]

____________

Nota do editor:

Último poste da série > 6 de julho de 2020
Guiné 61/74 - P21145: Da Suécia com saudade (75): Pedagogias várias para proveito do macho-ibérico: as representações sociais das... suecas, "muito dadas" (José Belo)

19 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

José, acabo de chegar do Norte... Estou na Lourinhã. Como prometido, aqui tens, "just in time", o teu texto.

Bom "vandring", e já agora faz uma croniqueta, com algumas fotos do teu telemóvel, para a tua/nossa série, "Da Suécia com Saudade"... Como vês, tens aqui muitos fãs.

Aquele abraço meio desco(n)vidado... Luís

Anónimo disse...

Joseph Belo

“Tack så jättemycket ” pela informação.(Ou seja, “muitíssimo obrigado “ )

Quem me havia de dizer que iria falar, mesmo em família, esta língua de bárbaros mais de quarenta anos!

Um abraço

J. Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A falares assim não podes ser um bom súbdito do Rei dos Suecos, Godos e Vândalos...

"Bárbaros" eram os povos do Norte que invadiram o Império Romano do Ocidente e chegaram até a este nosso jardim à beira mar planado...

"Bárbaro" é uma expressão etnocêntrica: os japoneses (que se julgavam no centro do mundo, pobres coitados que não sabiam de geografia...) chamaram-nos, em 1543, "bárbaros do sul"...

Afinal, nada tínhamos de "civilizados": comíamos com as mãos e exprimíamos as nossas emoções em público, duas coisas aliás que são inaceitáveis para um sueco de hoje...

O que é que seria o português, imposto por missionários e administradores coloniais, ao felupe e ao balanta ? Se o português não fosse "bárbaro", não tínhamos "inventado" o(s) crioulo(s)...

Cuidado com os ursos... Boa viagem. Luís

Alberto Branquinho disse...

José Belo

Muito boa viagem e cuidado com os furos.
Grande abraço
Alberto Branquinho

JB disse...

Essa do “cuidado com os ursos”...
Será referência aos da Laponia ou a alguns “senhoritos” do meu querido Portugal?

Nada de provocações desnecessárias !
Porque será que uma certa “esquerdalhada “ nunca aprende?
Terá a ver com o velho provérbio do “Quanto mais me bates mais gosto de ti” ?

Um abraço do J.Belo

JB disse...

Caro Amigo Alberto Branquinho.

Espero sinceramente, (diria mesmo religiosamente !) que com essa dos “furos” não te estejas a referir às mitológicas ...suecas!
Num país em que o fanatismo feminista só tem correspondência no fanatismo nazi do Partido “Suecos Democratas” ,ingénuas(!) referências a passíveis “furos” nas suecas (e repara que escrevo furos * nas suecas* em vez de furos *das suecas*, o que seria indesculpável linguagem caserneira nestas tão sublimes trocas de opiniões) afirmações deste tipo acabam sempre quase tão mal como alguns dos jogos do meu glorioso...Benfica!

Aquele abraço do J.Belo

Cherno Baldé disse...

Caro José Belo,

Nao sei se sera o mesmo, mas julgo que sim, neste caso da-me vontade de dizer assim: Quem nos dera que todos os investimentos Suecos tivessem sido como foi ou melhor como é o nosso Laboratorio Nacional da Saude Publica (LNSP) que ainda funciona em pleno como o laboratorio de referencia na Guiné-Bissau, apesar da existencia de outros nos Centros hospitalares da capital. Desde o inicio da Pandemia da COVID-19 e até ha alguns dias, era o unico que procedia a analise das amostras desta doença no pais.

Quanto a avaliaçao muito negativa que habitualmente se faz destes investimentos, inclusive na Suécia, por ca nem todos pensam assim, pois ha quem pense que, em grande medida, os autores do golpe de estado de 1980 que derrubou o regime de Luis Cabral, precisando de pretextos e argumentos fortes para acalmar e convencer a comunidade internacional, utilizaram, principalmente, duas estratégias de ataque, a saber, primeiro, denunciar uma pretensa deriva de investimentos megalomanos que teriam resultado em elefantes brancos e, em segundo, denunciar e expor a nu os assasinatos cometidos pelo regime sobre cidadaos nacionais, designadamentre antigos soldados do exercito portugues. De resto, foi a incapacidade e a incuria dos novos governantes que deitou tudo a perder.

Para terminar, quero dizer que a grande importancia e o falatorio a volta do fluxo e refluxo de drogas na Guiné-Bissau nao é diferente do que acontece em quase todos os paises da sub-regiao e o destino e o grande Mercado e rico é a Europa que estimula este negocio da mesma forma que outrora estimulou o comercio de escravos para as plantaçoes da américa. E, tanta insisténcia em ligar o nosso pais ao negocio da droga so pode ser fruto de ma fé e a vinganca de certos circulos que nao sao e nunca foram amigos deste pais, porque a GBissau nao produz, nao consome e nao beneficia do negocio da droga pelo contrario.

Cmpts,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

1. Recorde-se uma das 10 regras de ouro do nosso blogue:


(vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo).

Percebo a indignação do nosso irmãozinho Cherno Baldé... Infelizmente a Guiné-Bissau, desde os casos (mediáticos) do Bubo Na Tchuto e António Indjai, tem uma "má imagem" na imprensa internacional... Para os bons filhos da Guiné-Bissau, como o Cherno Baldé, é doloroso ler e reler as inúmeras referências ao "Estado falhado", "narco-Estado", etc.


2. Cherno, no poste em questão, a frase: "Ao terminarem os apoios [da Suécia], criou-se um vazio económico, agora preenchido pelas avultadas verbas do tráfego internacional da droga", não é do José Belo, é do Mats Sundgren (, que não é senhor qualquer...),

Por outro lado, e como homem da saúde pública, aplaudo-te justamente por defenderes o laboratório nacional de saúde pública da tua/nossa Guiné-Bissau. Não conheço o laboratório, mas os seus profissionais estão, por certo, a fazer o melhor que sabem e podem, neste momento difícil de luta contra a pandemia de COVID-19.

Mantenhas, irmãozinho. Luís

JB disse...

Meu Caro Cherno .

Lá diz o velho provérbio “Quem não sente não é filho de boa gente”.
Como guineense a reação a este tipo de artigos é compreensível e digna.
São textos que tenho encontrado e vindo a apresentar,não com o fim de “achincalhar “ a Guiné mas antes para demonstrar que muitos dos idealismos escandinavos acabam por dar razão a um outro provérbio que diz: De boas intenções está o inferno cheio!

Notícias,informações,opiniões,de quem localmente (!)as observa,quando contrapostas com “verdades” vindas do exterior deixam-nos muitas vezes perplexos.
Muitas “verdades” mudam rapidamente de acordo com os novos governos ou ideologias do momento.
Os sistemas sociais acabam por acompanhar sempre estas “ verdades flutuantes”.
Amizades verdadeiras nas relações internacionais?

E na busca das verdades possíveis não se pode esquecer que muitos dos que participam ,ou acompanham este blogue ,são amigos sinceros dos guineenses que aprenderam a conhecer, não em condições ideais ,mas em contactos muito próximos criados por situações extremas.

Um bom exemplo de verdades “convenientes” criadas desde o exterior tem como protagonistas Portugal e a Suécia em 1975.
Com uma fortíssima imagem internacional de idealismo progressista no seu contínuo apoio às lutas dos povos mais desfavorecidos,o dirigente do Partido Social Democrata sueco ,e então Primeiro Ministro Olof Palme,deu uma muito divulgada conferência de imprensa na qual aconselhou vivamente os suecos a não irem passar férias em Portugal por não existirem as mínimas condições de segurança pessoal nos centros de turismo,entre outros no Algarve.
Depois deste “conselho” público as agências de viagem também foram “aconselhas “ a não organizar viagens turísticas com destino a Portugal.
Concorde-se ou não com o que se passou em Portugal em 74/75 será difícil de se aceitar como verdade a não existência de segurança pessoal quanto aos turistas do Algarve de então.
E lá caímos nas “verdades “ vindas de fora,nas “verdades” vistas de dentro,nas “verdades”ideológico-partidárias.

Quanto às considerações do Amigo Cherno quanto às influências do tráfego da droga (e suas consequências) na sociedade guineense permito-me discordar.
Não unicamente baseado em documentação escandinava mas em muitíssimo vasta documentação norte-americana por mim consultada durante alguns anos com fins profissionais.

Um abraço do J.Belo

Cherno Baldé disse...

Caro José Belo,

Os países pequenos, pior ainda se são pobres, sempre acabam pagando a culpa dos grandes, e tanto mais se são ricos e poderosos. Veja só o caso de Portugal nessa história da pandemia !!????...

E eu, que sou pessimista, tenho quase certeza que o pior vai sobrar para os paises africanos que vão pagar por crimes, aliás, crises que não provocaram. O nosso mundo funciona assim.

Quanto ao eventual benefício que a GBissau pode ter tido no negócio da droga, gostaria de saber porque, de facto, eu que aqui vivo há muitos anos, não vislumbrei em nenhum momento, nem nas pessoas que continuam sujas e miseráveis nem nas infraestruturas e habitações cada vez mais degradadas. Uma vez, uma jovem francesa, em visita de trabalha a Bissau desabafou comigo mostrando a sua decepção por não ter visto nada que mostrava ou justificava o fluxo dos milhões de dólares do lucrativo negócio das drogas pelo que o país era conhecido. Respondi que, talvez devesse olhar melhor para a cidade de onde tinha vindo, porque nós nunca vimos nada a não ser do que escrevem nos jornais portugueses do Público e outros de género.

Da minha parte e para finalizar, só espero e desejo que faças uma óptima viagem e desfrutes da paz de espirito que só o ar dos trópicos pode permitir e na companhia das tuas renas. Eu tenho a certeza que, estejas onde estiveres, tu fazes parte dos bons amigos da Guiné.

Um grande abraço,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Errata: Escrevi "ar dos trópicos" onde queria dizer "ar da região polar". Talvez porque gosto mais do sol tropical e suporto mal a sua falta. Durante os 5 anos da minha estadia na Ucrânia, sofria muito durante o inverno.

Cherno AB

JB disse...

Caro Cherno

Grato pelas palavras amigas.

Escreveu o poeta Ruy Belo (não meu familiar) : “O meu país são todos os amigos que conquisto e perco a cada instante “.

Um abraço do J.Belo

Antº Rosinha disse...

Coitados dos países quando precisam que os ajudem.

Mas no caso da Guiné, desde o início os dirigentes encasquetaram a ideia, que nem precisavam de nada que o tuga fez ou deixou por lá, porque "os nossos amigos vão-nos ajudar".

Se em Caboverde as ajudas naquele país quase impossível funcionaram aparentemente bem, porque na Guiné com Luís Cabral, e outros dirigentes a maioria de raíz "berdiana", a coisa foi um desastre?

Mas Caboverde é a excepção a confirmar a regra.

Porque as ajudas internacionais a maioria são sem sentido para a realidade dos países como a Guiné e até Portugal.

As ajudas chegam a ser cínicas.

Umas vezes pecam por excesso, outras por escassas.

As ajudas vistas pelos dirigentes são assim: O dinheiro está aí, vamos gastá-lo...já! depois logo se vê o resultado.

Trabalhei, colaborei, fiz de conta, na Guiné, em projectos de financiamentos suecos, arabes, holandeses, portugueses (CEE), das duas chinas, italianos, Americanos (USAID) e mais não sei, 13 anos.

Trabalhei, fiscalizei, fiz de conta em túneis e viadutos na Madeira, 66% financiamento da UE, regabofe 5 anos, 2 anos para a EXPO 98, a maioria 66% UE, mas que regabofe, e tal como Luís Cabral, o sentimento dos nossos era igual e continuou com o s estádios de futebol e diziam os nossos grandes quando aparecia um "saudosista" a questionar: "Cala-te, o tempo da miséria acabou"!

Ninguem ajuda ninguém! Nós é que temos de nos ajudar a nós próprios.

Quando está tudo errado como foi a colonização e por fim a descolonização em África, as ajudas europeias não adiantam nada, a solução tem que ser de dentro.

Um dia posso falar da "corrupção" que modestamente apreciei e me passou à frente do nariz e caladinho!

Lá e cá!

Cumprimentos





Cherno Baldé disse...

Caro Rosinha,

Ainda estudante, visitei Portugal em 1988 numa longa viagem de comboio desde Moscovo, atravessando países e fronteiras. Em Portugal sei que passamos por Entroncamento e desembocamos na Sta Apolónia. Em 1993 voltei de novo a partir da GBissau e o país que reencontrei estava muito diferente, as estradas, edificações, a gama de veiculos, tudo, até as pessoas pareciam um pouco mais altas. Realmente os tempos já eram outros.

Pronto, falou o mais velho e com que sabedoria. Obrigado A. Rosinha.

Cherno Baldé

JB disse...

“Ninguém ajuda ninguém. Nós é que temos que nos ajudar a nós próprios “


A querer-se definir com precisão ( e não menos...Experiências!) o que é a realidade encontrada,seja onde for, por um exilado,emigrado, refugiado,retornado,aventureiro,curioso,,a regra básica da sobrevivência está espelhada nesta frase de António Rosinha.

Aplicável às obscuras lutas individuais de tantos, como às de países com...”necessidades”.


Um abraço do J.Belo

Manuel Luís Lomba disse...

Enquanto amigo de portugueses "especiais", como Mário Soares e a sua malta (Sá Carneiro preferiu a Snu), Olof Palm foi mais que adversário, foi inimigo de Portugal. Talvez por mágoa atávica dos suecos - digo eu.
No alvorecer da fundação da Nacionalidade, os suecos ou vikings (tanto vale o diabo como a mãe dele) começaram a desembarcar nas praias da minha região, entre as fozes do Ave e do Cávado, vinham pelas mulheres, pelo vinho e para assaltar e delapidar castelos e mosteiros. Esses bárbaros assaltaram Braga, mas não chegaram a assaltar Guimarães, porque a nossa trisavó e sua condessa Mumadona se fortaleceu, com castelo, igreja e muralhas.
Descendente de celtas, gregos, fenícios,cartagineses, gregos, romanos, alanos, suevos, godos, visigodos, mouros, etc., a malta recusou mais ADN´s e começou a tramá-los: a pintura de preto fazia-lhes notar as suas embarcações, escondiam as mulheres, franqueavam-lhes vinho e liquidavam-nos à paulada, com eles, cambaleantes,as procuravam. No referido ao feminino, evidências residuais, bem visíveis entre as Caxinas e Esposende: avantajadas, aloiradas, com sardas e de olhos azuis...
Os suecos ou vikings arrogam-se a primeiros a vadiar as costas do Canadá, etc., com os seus barcos negros, etc, mas os louros foram para os portugueses e suas esbeltas caravelas, os fidalgos Corte-Real,um "labrador" dos Açores de nome João Fernandes e um meu conterrâneo e mestre-pedreiro, de nome Pêro de Barcelos.
No século XVIII, com o conceito (ou preconceito) do "colonialismo" ainda longe de germinar na América,os suecos começaram a vadear as costas da Guiné, a entrar na disputa de escravos, negócio altamente rentável, para a exportação para o seu grande mercado, criado pela sua colonização económica. Então o rei de Bissau mandou emissários ao rei D. José: se não fizeres aqui uma fortaleza, perdemos o mercado. Foi por isso que nasceu o forte de S. José da Amura, que será o meu (nosso) primeiro quartel na Guerra da Guiné.
E se esse forte inibiu a Suécia de transaccionar escravos da futura GBissau, as "coroas suecas" muito estimularam o PAIGC a infernizar-nos a vida.
Terão sustentado a sua libertação de Portugal, mas também terão constituído um dos factores da demora na libertação do seu Povo.
Sou recorrente em referir o insuspeito testemunho de Luís Cabral, pag. 322 do livro "Crónica da Libertação". A sua colheita de "coroas suecas" foi tão próspera, que na viagem de regresso via Zurique, Amílcar Cabral comprou 6 relógios "Rolex", para presentear o Conselho de Guerra ou os 6 magníficos do PAIGC: o próprio, Aristides Pereira, Osvaldo Silva, Francisco Mendes, Nino Vieira e Pedro Pires - os mesmos que se dedicaram 2 anos a infernizar-nos a vida, que poderia ter decorrido tão feliz, no belo chão guineense.
J. Belo: aqui, em Barcelos os termómetros registam 36º! E muito me apraz saber que só te puseste ao fresco para a Suécia depois de teres servido na Guiné.
Abr.
Manuel Luís Lomba




eles,

JB disse...

Interessante ,e quase diria, “levíssima “ maneira de analisar “historicamente” os multifacetados Vikings.
Os Vikings dos ataques às costas atlânticas e mediterrâneas eram originários das áreas geográficas da Dinamarca e actual Noruega.
Os Vikings originários da área geográfica que hoje constitui o reino da Suécia,então não existente como entidade política,faziam prioritariamente as suas razias nas costas do Mar Báltico,ou navegando os grandes rios europeus rumo ao Mar Negro.
Etnicamente as mesmas gentes,mas itenerarios distintos,assim como método de actuação.
Nalgumas costas do Báltico ,e principalmente nas rotas fluviais europeias até ao Mar Negro e Turquia,os intercâmbios comerciais eram mais lucrativos do que as violentas razias.

Gostei francamente da frase “puseste ao fresco para a Suécia”.
Tem algo de verdade literal nos 40 graus negativos dos Invernos... mas ... pouco mais!
Depois de ter servido (com orgulho) na Guiné, tive ainda durante a minha vida militar(não tão curta como isso) as oportunidades de ter estado mobilizado para comandar um Esquadrão do Regimento de Cavalaria de Santa Margarida para Angola,e de ter feito parte de posterior lista de embarque para Timor.
Em ambos os casos de “malas feitas” para os embarques,cancelados quase nos últimos minutos pelos responsáveis militares de então.
Terão preferido manter-me na “bagunceira “ das golpeadas dos anos 74/75 ( e foram muitas!) ....que sabe um ingénuo como eu?

Como certamente todos os portugueses ,sentiria orgulho em o descobrimento do continente norte-americano ter sido efectuado por navegadores portugueses.
Mas infelizmente o “julga-se”,”diz-se”,”pensa-se “ quando não cabalmente documentado...não chega.
Por outro lado, as fantásticas e heróicas viagens de descobrimento que realmente (!) fizemos são mais do que suficientes para sentirmos profundo orgulho na nossa História.

Sempre ao dispor quanto às sagas Vikings da Escandinávia;detalhes (incríveis ) quanto às golpeadas dos anos de 74/75 no nosso querido Portugal;tarimba profissional nos States;criação de renas já bem dentro do Círculo Polar Arctico, (não menos as dificuldades técnicas quanto às castrações dos machos com temperaturas de dezenas de graus negativos!),e análises sexo-pedagógicas das mitológicas....suecas.

Um abraço
J.Belo

JB disse...

E,numa das sempre importantíssimas Adendas Culturais por mim sempre apresentadas aos Amigos e Camaradas deste blogue,levanto a seguinte pergunta existencial:

Quantos dos apreciadores de petiscos típicos locais terão alguma vez tido a oportunidade de saborear uma sopa (!) de testiculos de rena?
Não os testiculos de carneiro ( ou seria porco?) bem grelhados na nossa Lusitânia,ou os testiculos de bode, mal grelhados na Guiné , mas sopa!?
Sopa enriquecida com cogumelos,pedaços de gordura fumada com alguma febra,e um tipo de tubérculos não existentes mais a Sul com um característico sabor a nabo um pouco amargo.
Quase se poderia dizer que faz parte de cerimônia iniciativa de um certo tipo de jovens criadores destas “alimárias “.
Infelizmente não constava das ementas dos restaurantes finos do Estoril e Cascais da minha juventude.
Teria certamente tido grande êxito entra as ......”Madamias”!

E,um final abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Luís Lomba
Eu de Artilharia (RAP3), em Julho/Agosto/Setembro 1968 (quando da 'queda da cadeira'), estive destacado a dar instrução a recrutas do contingente geral de Infantaria (RI10), em Aveiro.
Reparei haver muita gente alta e as raparigas/mulheres serem altas, loiras e bonitas.
Em toda a região, desde Ovar até Aveiro, existem mais equipas de basquetebol que noutra região do país. É comum dizer-se que toda aquela gente é descendente dos vikings noruegueses e islandeses, e era frequente ouvir piropos às altas, loiras e bonitas passantes 'olá bela mulher' mas com uma característica palavra islandesa.
Agora é só ir ver a tradução.
Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

p.s. parece que não foram apenas os 'Rolex', também foram canetas 'Parker' e isqueiros 'Dupont' em ouro, mas não eram usados no mato por causa dos reflexos do sol e da lua.