sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21230: Casos: a verdade sobre... (11): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte III


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (1963/65) > 1964 > Uma pausa nos trabalhos ciclópicos de construção do famoso "Forte Apache"

Um dos piores lugares do inferno verde e vermelho que foi, para muitos de nós, a Guiné... Foto do álbum do José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (*)

Foto (e legenda): © José Colaço (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Seleção de comentários ao poste P21222 (**) - Parte III (***)

(xv) Hélder Sousa

Comecemos pelo princípio.

O Carlos Pinheiro fez bem em trazer para aqui esta questão que teve então a relevância que lhe foi dada pelo artigo do "Público". E fez bem, não só a avaliar pela quantidade (e qualidade) de comentários já existentes, alguns colocados de forma "apaixonada", mas principalmente por, a partir dele, se poder escrever mais alguma coisa sobre o tema.

Várias coisas entrelaçadas aparecem por aqui. Por um lado é costume haver lamúrias sobre o desprezo, o esquecimento, o mal-tratamento com que a questão das "guerras africanas" e principalmente os seus protagonistas são tratados e/ou ignorados. Por outro, sempre que aparece qualquer coisa (atenção! não estou a dizer que seja boa ou má) que pode servir para aumentar, ampliar ou dar maior visibilidade ao debate, costumam vir as observações de que "querem destruir a nossa imagem", "deturpam tudo", etc.
Muitas vezes os comentários (os mais indignados) partem da leitura de títulos (já de si concebidos para chamariz) bombásticos, a puxar para a polémica por causa das audiências e "shares"...

E uma coisa será a entrevista de uma pessoa e outra a tese escrita pela equipa que a produziu e não são as mesmas pessoas.

Num primeiro impulso rejeitei a ideia/tese em si mesma e nos "considerandos" que li nos resumos. Mas será pouco, deverei ter que ler mais.

Claro que, obviamente, não conheci o que se passava ou passou em Angola e/ou em Moçambique, pois não estive lá. E mesmo que tivesse estado como se pode "conhecer" tudo, quando uma pessoa individualmente estaria em apenas alguns, poucos, locais? Teria certamente uma visão muitíssimo limitada e seria desonesto fazer generalizações. Se por acaso visse algum consumo de droga (e parece que o foco é na "liamba") era abusivo dizer que todo o TO consumia. Se por acaso não tivesse visto nada, também não poderia dizer mais nada a não que "onde estive, não vi" e não fazer generalizações.

No meu caso particular, em que estive na Guiné, sabemos todos que não havia "liamba" e, como tal, não havia o seu consumo. Por extensão, os nossos militares não a consumiriam como forma de se alienarem, fosse para "ganhar coragem", fosse "para esquecer", fosse lá para que raio fosse. A ausência de "liamba" (que parece ser o foco) na Guiné é referida no artigo, ou pelo menos, no resumo que li. Portanto, de forma geral, não temos com que nos preocupar com "enxovalhos" desse tipo.

Mas a insinuação de que tais processos "aditivos" (como modernamente se referem a esses casos) era para a superação psicológica é muito "forçada" para não dizer desonesta e com pouca inspiração, parecendo aparecer na senda do que se disse, escreveu e viu, com os militares americanos no Vietnam.

Sobre a "cola", na forma de "noz de cola" já foi por aqui falado bastante. Também quis experimentar mas não "pegou". Sabor amargo.

Aquando da estadia em Piche havia um estabelecimento comercial (digamos assim...) onde para além de venda de artigos vários também serviam refeições (normalmente "frangos") e bebidas entre as quais o café.

O proprietário, sr. Tufico, costumava perguntar, quando lhe pedia café, "com bolinha ou sem bolinha?". Disseram-me para pedir "com bolinha" pois aquilo era bom, saboroso e "animador". Claro que experimentei mas nunca senti qualquer efeito especial a não ser ter ficado com a ideia que aquilo que ele colocava no café (as tais "bolinhas") eram pequenas sementes de anis. Pelo menos era esse o sabor que memorizei.

Não posso jurar que em alguns locais, em Bissau, pessoal mais abastado (lá está, o consumo das "drogas" não poderia ser assim, generalizado, ao militar comum, com poucos recursos), com mais acesso a "modernices", com maior integração em "certos ambientes", não pudesse fazer outro tipo de experiências mas, obviamente sendo humanamente impossível falar por todos os locais do interior, é minha forte convicção de que o "acesso a drogas" não foi utilizado e muito menos para os "objectivos" propalados.

Quanto ao consumo de álcool.... entendido aqui como "bebidas alcoólicas em geral"... Ao lermos (no resumo, insisto) uma pequena frase "mortal", a qual pelo seu tom dá logo a entender a tendência/conclusão do que se pretende, de que "a adoção de padrões de consumo intensivo de bebidas alcoólicas que a logística militar distribuía pelos quartéis" revela ignorância dos ambientes e um grande desfasamento dos costumes da época, apreciados à luz dos conceitos e preconceitos actuais.

Não resulta seriedade quando se apreciam e/ou valorizam comportamentos passados há 50 anos, quando se os avaliam com os "olhos de hoje". A frase insinua que o "consumo de álcool" era incentivado e estimulado pela hierarquia militar, através da logística militar. Por extensão pode-se concluir que isso era propositado e objectivamente para "embebedar" os militares.

Vamos lá a ver, "bebidas alcoólicas" vão desde o vinho às aguardentes, passando pela cerveja e também bebidas espirituosas. O vinho, convém lembrar, para além dos seus efeitos benéficos para a saúde, agora tão defendidos em artigos mais ou menos científicos, era uma situação bem aceite na nossa sociedade de então, mesmo para além daquele velho slogan de que "beber vinho é dar de comer a 1 milhão de portugueses". Os militares no interior pediam e bebiam vinho à refeição nas messes, não para ganharem "coragem para as missões".

A cerveja não era distribuída insidiosamente pela "logística militar" mas sim fortemente exigida pelos militares no mato. No regresso aos aquartelamentos, após as missões, encontravam de facto conforto numas "bejecas" bem fresquinhas. E isso era recompensador.

As outras bebidas mais "finas", principalmente os wiskies foram, realmente, oportunidade de "descoberta" para a generalidade dos nossos militares oriundos de zonas menos citadinas do nosso Portugal mas, lá está, mais uma vez como forma de "ascensão social" e não para "ganhar coragem".

Hoje por hoje há imensos cursos de antropologia, de sociologia, teses de mestrado, disto e daquilo e, como é natural e acho bem, embora com descoberta tardia, o(s) tema(s) das "guerras africanas" podem estar na ordem do dia.

Não deve haver "condenação" por esse facto. É muito melhor que se debrucem sobre esses tempos do que se continue a ignorá-los. É claro, também, quem nos tempos de feroz concorrência que os académicos e também os livreiros vão vivendo, parece ser uma atracção fatal a procura de "temas fracturantes", ou apresentados de forma polémica. Mas para isso devemos ter a serenidade necessária (e a firmeza) para desmontar o que for preciso e dar o desconto ao que tiver menos importância.

Em resumo:

O título da entrevista é bombástico/provocador. Não conheço (não li) essa entrevista nem a tese a que se refere. Do que me apercebi dos resumos há algumas "falhas" que se podem perfeitamente corrigir.
O problema é "onde", "como" e "quem", pois o jornal tem a audiência que terá e nós aqui "falamos" uns com os outros.

Tenho como posição que é melhor falarem e abordarem as questões que nos dizem respeito, mesmo com falhas e/ou erros do que manterem a ignorância e ostracismo habitual.

Hélder Sousa
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9360: Operação Tridente, Ilha do Como, 1964: Terminada a operação, a luta e a labuta no Cachil continuam (CCAÇ 557): Parte II (José Colaço)

(**) Vd poste de 4 de agosto de 2020 > Guiné 51/74 - P21222: Recortes de imprensa (112): entrevista ao antropólogo Vasco Gil Calado sobre droga e álcool na guerra colonial, "Público", 2 de agosto de 2020 (Carlos Pinheiro)

(***) Vd. os dois últimos postes da série:

31 comentários:

Alberto Branquinho disse...

HELDER

Dizes no RESUMO, a concluir:
"Não conheço (não li) essa entrevista nem a tese a que se refere".
Com todo o respeito que me tens merecido e como és "colaborador permanente" (do blogue ou dos editores), venho dizer-te:

1º.- Uma tese é trabalho de uma só pessoa (neste caso um DOUTORANDO, que, na sequência da sua defesa, é já DOUTOR) e que é acompanhado, na sua elaboração e defesa frente ao júri, por um orientador;
2º.- Se não leste a tese (portanto, o que dela consta), não devias ter escrito este teu texto. (Continuamos no diz-que-disse, que talvez tenha dito, que disse que disseram, que disse que parece que teria dito... "ad infinitum").

E, como já estou farto de lamúrias, de queixinhas e de raivas sem irem à "mouche", ENCERRO A MINHA LOJA - não direi mais nada nem a título de resposta.

Abraço
Alberto Branquinho

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Doutor Alberto Branquinhio, ilustre jurista da nossa Tabanca Grande:

A vida é uma estopada: ler proessos judicionais, de milhares de folhas, trabalhos de alunos, dissertações de mestrado, teses de doutoramento, artigos científicos, etc., etc., é a vida de muita boa gente, tua, minha e de tantos outros...

É verdade, toda a gente tem opinião sobre o tema "escaldante" do "álcool & drogas" em tempo de guerra (mas podíamos ser mais completos: "álcool, drogas, sexo & rock & roll)...

Parece que, como de costume, poucos leram a "mensagem", atirando-se logo ao "mensageiro"...

Mas ainda bem que temos novos "contributos" para este dossiê... Emm todo o caso, é um princípio elementar de honestidade intelectual reconhecermos, enquanto ex-combatentes, que: (i) não sabemos tudo sobre a guerra colonial; e (ii) não temos o monopólio do discurso sobre a guerra colonial...

Interessante, apesar de tudo, é pdermos estar aqui, neste nosso blogue, a falar de coisas com mais de meio século, passadas a milhares de quilómetros da nossa casa e da nossa terra...

Um abraço (também "limpinho"), para ti e para o Hélder (, conceituado engenheiro da Tabanca Grande). Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já em tempos o Hélder nos tinha falado deste comerciante libanês, de Piche, "Tufico" (provável aportugueamentio de do nome Taaufick, Taaufik ou Taufik ( que quer dizer, "Boa Ventura", em árabe)...

As tais sementinhas de anis, no café, lá teriam as suas propriedades "salutogénicas"...

Escreveu o Hélder algures num comentário a um poste de 2014,s e não erro, e agora não posso localizar:


(...) Em Piche havia um libanês, cujo nome vou escrever 'Tufico', mas não sei se era mesmo assim ou estou a ir atrás do som que me (nos) soava.

Tinha, mesmo ao lado das instalações da "ferrugem", do lado de fora, um "estabelecimento comercial", daqueles que vendem tudo, com um "bar/restaurante" associado.

Comi lá uma ou duas vezes, para variar da ementa da messe, mas havia quem jurasse que os frangos que servia eram bem grandinhos para a generalidade do que se via. Juravam mesmo que podiam ser 'jagudis'.

Do que eu era cliente, normalmente depois do jantar, era "café com bolinha". Saía do aquartelamento, passava pela tabanca para tentar "sentir" a tranquilidade ou a ansiedade para essa noite, ia lá beber o tal café 'aromatizado' e depois regressava.

Portanto, é de registar que em Piche havia também um libanês, Tufico de seu nome (alegadamente) que tinha 'comércio e restauração'.

Hélder S."

... Oh!, Hélder, essa dos "jagudis" passarem por "frangos" em Piche!.. O que o desgraçado do "tuga" teve que engolir... Porra, naquele tempo, na Guiné, nem sequer havia a ASAE... Como é que é que se pode garantir, no tribunal da História, que fizemos uma "guerra limpinha"?!... Se até "jagudis" comemos, assados, com jindungo... nos Tuficos & Companhia.

Valdemar Silva disse...

Do tal Tufico de Piche, que tinha uns matraquilhos à porta, lembro-me de ter ouvido dizer que
quando estava fechado era um aviso de muito provável 'embrulhar' à noite.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cá está o poste, que o Hélder Sousa comentou_

13 DE JULHO DE 2014
GUiné 63/74 - P13395: (De) Caras (19): O comerciante Jamil Nasser, libanês, com casa e loja no Xitole, que eu conheci no início da década de 1970 (Joaquim Mexia Alves, José Zeferino e Paulo Santiago)

antonio graça de abreu disse...

Ai, Hélder, Hélder! O tiro certeiro do Alberto Branquinho a teu respeito: "no diz-que-disse, que talvez tenha dito, que disse que disseram, que disse que parece que teria dito... "ad infinitum".
Hélder, medalha de ouro dos conciliadores-mor deste blogue."Disse o que parece que teria dito, o que não disse mas disse". Ou para ser claro,disse, meio desdizendo, o que seria de dizer, dizendo, dando o dito por não dito.

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Aparentemente estamos cheios de títulos e titulares na Tabanca Grande.
Não fosse ela uma“ casa portuguesa...com certeza “.
Inicialmente era para mim aborrecido ser abordado pelas minhas renas com algumas maiúsculas a adornar o meu humilde “Zé “.
Mas ao acabar por compreender que o faziam unicamente por saberem que ,com as raízes lusitanas, me sentiria completamente “nu” sem as tais maiúsculas,voltei a encontrar a minha paz interior no Olimpo titular.

Tentei,com a generosa ,e muito necessária,ajuda do meu “orientador”,ler tudo o que me foi possível encontrar sobre -militares -droga-guerra de África,assim como os artigos publicados sobre o assunto.
Fiquei surpreendido pela extensão e variedade do material encontrado.
No caso específico aqui referido fica-se com a ideia de ser demasiado fácil partir-se para associações (e generalizações) em tudo menos corretas.
Quanto a mim ,as “reações” corretivas são justificadas.

PS/ Onde será que o nosso Editor terá encontrado razões justificativas para afirmar:”A vida é uma estopada.Ler processos judiciais....”
E os honorários Sr.Editor?
Saberá quanto custa a palha para alimentar as minhas alimárias?

Um abraço sempre respeitoso do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Recorde-se o que o nosso veteraníssimo António Rosinha (fez a guerra em Angola e foi civil, da Tecnil,na Gyuiné-Bissau, ao tempo do Luís Cabral), escreveu em 2016:


Em Angola, nos últimos anos da guerra, já havia gente "fina" e jovem que estava bem actualizada nessa do canábis, a célebre e vulgaríssima maconha, cultivada e consumida pelos indígenas, contra a vontade dos chefes de posto, PIDE e PSP.

Não na soldadesca rasa, mas uns milicianos, oriundos principalmente de Lisboa, Porto e Coimbra e outros centros citadinos, já tinham por bom tom ser consumidores e conhecedores desse produto.

Mas Luanda não tinha nada a ver com a guerra, antes pelo contrário, era um regabofe.

Estudantes do Liceu, já eram assediados a comprar dessa droga, pelos vendedores ambulantes de gelados.

Aqui no Continente ficou no ar que os Retornados trouxeram para cá esse maldito bicho da droga e que foram os impulsionadores de muita desgraça que hoje vive debaixo das pontes e jardins de Lisboa.

Não deve ficar nada por esclarecer sobre a guerra do ultramar.

7 de dezembro de 2016 às 13:15

6 DE DEZEMBRO DE 2016
Guiné 63/74 - P16807: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (39): pedido de ajuda para tese de doutoramento em Antropologia, pelo ISCTE-IUL, sob o tema do uso de álcool e drogas na guerra colonial (Vasco Gil Calado)

Carlos Vinhal disse...

Caro Prof. Luís Graça
Aqui fica a definição de mensageiro:
men·sa·gei·ro
(mensage[m] + -eiro)
nome masculino
1. Pessoa que leva uma mensagem. (adjectivo e nome masculino)
2. Que ou o que anuncia algo ou alguém. = ANUNCIADOR, PRECURSOR, PRESSAGIADOR
3. Que ou quem transporta cartas ou encomendas. = CORREIO, ESTAFETA
"mensageiro", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/mensageiro [consultado em 07-08-2020].


Na minha modésta opinião, o senhor doutor não é (foi) um mensageiro, entrevistou pessoas e, a partir daí, tirou e publicou as suas conclusões, tendo como prémio um doutoramento. Quanto a mim, especulou e tirou as conclusões que entendeu, com bases científicas ou não, pouco me importa. Remexer no passado de uma geração martirizada pela guerra é no mínimo de mau gosto, tendo em conta que, para mal de muitos, ainda por aqui andamos. Que benefício e ensinamentos traz para a sociedade esta tese de doutoramento?
Carlos Vinhal

Vasco Gil Calado disse...

Caro Carlos Vinhal,

tenho pena que pense assim.
Como o prof. Luís Graça já referiu, este é um trabalho no campo dos comportamentos aditivos, área em que trabalho há 20 anos. Concretamente, é uma defesa da perspetiva sociocultural das substâncias psicoativas, isto é, a ideia que é o contexto e as circunstâncias sociais que explicam determinados comportamentos, por oposição a uma visão biomédica que dá primazia ao lado biológico, genético e farmacológico. Esta é a resposta possível à sua pergunta acerca dos ensinamentos resultantes da tese de doutoramento.
Em relação à guerra colonial, esforcei-me por fazer justiça à vossa experiência e aos sofrimentos por que passaram (que lá está, ajudam a explicar uma série de práticas que tiveram lugar em África). Este é um trabalho de Antropologia, portanto é dada uma grande ênfase à perspetiva dos atores sociais e à ideia de dar voz aos ex-combatentes (três dos capítulos são construídos praticamente a partir de excertos de entrevistas e citações). Essa foi a minha contribuição: ajudar a contar a história social dos militares que passaram pela guerra (embora me tenha focado mais em Angola e Moçambique, porque na Guiné não existia liamba ou suruma). Eu tenho 45 anos e pouco sabia sobre a guerra colonial. Com este trabalho espero ter contribuído para que as novas gerações saibam um pouco mais sobre a vossa vivência e a valorizem, mesmo que tenha como ponto de partida um tema delicado.

antonio graça de abreu disse...

Senhor Vasco Gil Caiado

O senhor não é capaz de reconhecer que a sua tese parte de pressupostos falsos. Generaliza, toma uma pequeníssima parte dos militares em Angola e Moçambique pelo todo da nossa tropa em África.Diz este senhor: "Na guerra, os militares portugueses recorriam às duas drogas como forma de ultrapassar as dificuldades, vencer o medo e lidar com uma realidade difícil de suportar."
Os "militares portugueses" somos todos nós, na Guiné, em Angola em Moçambique.O senhor reconhece que sabia pouco sobre a guerra colonial. Ainda hoje sabe muito pouco, foi botar opinião numa tese académica sobre o que não sabe, mas pensa que conhece. Tenho imensas dúvidas sobre a sua amostragem de 200 entrevistas a ex-combatentes. Sou professor universitário, orientador de teses, júri de mestrados, Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, Universidade de Aveiro, já tenho assistido a curiosíssimas defesas e arguições de teses,já vi e li quase de tudo. O senhor devia ter respeito por estes hoje velhos portugueses lançados há 60/50 anos anos atrás para uma guerra que não desejaram,injusta, como todas as guerras.
O senhor está convencido que o seu trabalho, uma montanha de equívocos,terá "contribuído para que as novas gerações saibam um pouco mais sobre a vossa vivência e a valorizem." Valorizem a nossa vivência? O senhor é tristemente cínico. O senhor não entende que ao rotular-nos de cambada de "drogados" está a contribuir para que as gerações mais jovens sintam asco e se envergonhem de nós, nós, os ex-combatentes de África, os seus avós, os alcoólicos e drogados da guerra?

Passe bem.

António Graça de Abreu

Antº Rosinha disse...

Pois é Luisgraca, tive que apagar um comentário que ia repetir essa porra que foste buscar de 2016 e que eu já não tinha a mínima lembrança, agora penso que já me tenho repetido mil vezes noutras circunstâncias.

Será da idade, 80 e qualquer coisa, só vejo que escrevia mais bonito naquele tempo que hoje.

Mas vou pôr aqui um pouco de gindungo, alem daquilo que disse em 2016.

Primeiro quero dizer que li o mais que poude e tive paciência, do autor em causa.

É que para matraquear tanta página para falar tão pouco da droga e do alcool...não havia necessidade.

Ou então o título teria que ser outro, mais apropriado e com sentido menos afirmativo, para não escandalizar quem nunca soube do assunto e esteve lá.

Mas vamos ao meu gindungo.

Sei que há gente aqui que não acredita muito em afirmações minhas, mas vou aqui afirmar ao autor da tese e aos camradas da guerra, que houve uma mudança na guerra do Salazar para o Marcelo.

E a principal mudança que eu vi, foi em Luanda.

Luanda ficou a partir dali, (os tais últimos anos, como diz o autor) a captar as atençoes nacionais, como se fosse a capital do país.

Marcelo acabou com o monopólio da Diamang e da comercialização dos diamantes, então no capítulo de import export, Marcelo abriu também as pernas, enfim, Luanda (Angola)parecia mais atractiva, era ver militares a chegarem com esposa e filhos e amezendarem-se, eram notícias nos jornais de gente importante a chegar e a partir, eram caixeiros viajantes a espalharem-se por Angola inteira, já se comiam caracóis à compita com o camarão, já se usava fato e gravata no cinema, aventureiros tesos e outros com cacau, uns à procura de maconha outros à procura de "feijão branco", jornais a noticiar casos de venda de maconha, liamba, e diamantes (vidrilhos)prisões...e toca a dar-lhe com «Angola é nossa», parecia que a guerra estava ganha.

Claro que tudo o que era jovem corria o risco de querer experimentar, como alguns dos entrevistados do autor, confessam.

Mas o foco era mesmo Luanda não eram os quarteis, mas lá iria chegando devagar nos dois anos de comissão.

Tive colegas civis (jovens)apanhados, (2) era dificil resolver o problema, familiar, profissional, social.

Ou seja, a tropa poderia estar a ser levada na enxurrada como esses colegas meus.

Só que com a tropa a comissão eram dois anos, a maioria nem chegava a conhecer.

O enorme problema viria a ser a juventude local, branca e de outras cores, que um dia ia cumprir a tropa e já podia ir contaminada.

Entretanto veio o 25 de Abril, e foi tudo uma ilusão.

A tropa e a juventude não era drogada, Marcelo é que abriu as pernas demasiado, porque se fosse o Antoninho, como dizia um colega admirador deste, o Antoninho «cantava-lhas»!

Anónimo disse...

Porque será que se o António “cantava tanto d’alto” no caso de Goa...nem sequer “piou?

J.Belo

Vasco Gil Calado disse...

Caro Prof. António Graça de Abreu,

Confesso que de um professor universitário, ainda para mais com o seu amplo currículo, esperava mais uma crítica de ideias e de carácter construtivo do que um ataque pessoal. É assim que estou habituado na academia.
Tirou uma frase fora do contexto. Naturalmente, quando falo dos «militares» estou a falar dos que consumiram. Tive sempre esse cuidado. Então se digo que na Guiné ninguém consumiu cannabis e também em Angola e Moçambique alguns não consumiam sequer bebidas alcoólicas, como podia eu estar a generalizar e a falar de todos? Se um dia ler o livro, constatará que falo sempre em «alguns militares». Portanto, o que considera um pressuposto falso é mais um viés de interpretação do que outra coisa. Se há coisa que a Antropologia critica é generalizações, pelo que jamais a tese teria sido aprovada se partisse de pressupostos dessas natureza. Da mesma forma, eu teria sido arrasado se usasse o termo «drogados» e utilizasse outros conceitos que não são científicos.
A única coisa que lamento é o título da entrevista e a escolha das fotos, a que sou alheio. Fico-me por aqui porque, de facto, é escusado. Alguns dos senhores estão ofendidos mais por aquilo que entenderam que eu quis dizer do que propriamente por aquilo que eu disse, e quanto a isso nada posso fazer.

Valdemar Silva disse...

Assim sim, até dá gosto.
O jornal 'Público', ou púbico com alguns lhe chamam não sei bem de que 'lado', tem uma grande oportunidade e, calhando, uma grande tiragem em dar a notícia deste nosso contra o que foi publicado sobre "Álcool & drogas na Guerra Colonial", por exemplo publicando alguns dos nossos comentários aqui no blogue. Julgo que não pagarão nada por isso.
O Doutor Vasco Gil Calado tem que se aguentar à bronca, por ventura escolheu mal o leque de entrevistados, calhando apanhou alguns da "5ª. Rep"*, mas passado anos muito mais requintados com o 'nem sabes o que aconteceu', e agora pode muito bem arranjar uma adenda (mais credível) à sua tese.
Julgo que os autores/editores do nosso blogue não se importarão desta minha ideia.

Valdemar Queiroz

*A "5ª. Rep artição" era o café-cervejaria-esplanada "O Bento", em Bissau, local de grande concentração/confraternização da tropa quer de Bissau ou em passagem e que contava as mais varias estórias sobre a guerra no mato. Eu vim de urgência do mato para o Hospital Militar de Bissau para ser operado a um furúnculo numa nádega e constava na "5ª. Rep" ter sido operado de urgência um Furriel com um tiro no cu.

Carlos Vinhal disse...

Caro Valdemar, caso para dizer que se o furúnculo fosse no pescoço, ia dar ao mesmo.
Abraço
Carlos Vinhal

Hélder Valério disse...

Caros leitores

Não ficaria de bem comigo se não reagisse, ainda que minimamente, às observações que me fizeram.

Escreveu o Alberto Branquinho, que muito estimo e que é, em larga medida, responsável pela minha participação no Blogue, citando parte do que digo no resumo que "não conheço (não li) essa entrevista nem a tese a que se refere".
E a partir daí considera, muito justamente que, a ser assim, não deveria ter escrito o meu texto.
No entanto, em minha defesa (até porque se trata de um jurista...), devo dizer o seguinte:
No "resumo" não escrevi só isso. Antes dessa frase escrevi que "o título da entrevista é bombástico/provocador", o que penso deveria dar também uma ideia de como encarei o assunto. Além disso também devo dizer que esse "não li" referia-se aos documentos em causa (a entrevista no "Público" e a "tese") mas tinha visto alguns resumos (como todos poderiam ter visto), por terem sido publicados em comentários e/ou explicações anteriores ao meu escrito, não se tratando, como maliciosamente foi referido por outro comentador, "no diz-que-disse, que "talvez tenha dito"... e por aí fora com outras observações despropositadas e com aparente finalidade provocadora.

Neste momento já disponho da "tese", que estou a tentar ler, bem assim como já me enviaram fotocópias da entrevista, que acabei de receber e irei ler em seguida.

Acrescento ainda, e para terminar esta parte, que embora já tenha dado uma leitura em diagonal à tese, não percebo como se chegou à conclusão de que o consumo de "cannabis" era generalizado (mesmo colocando de lado a Guiné) pois se se derem ao trabalho de ir à parte final da tese, nos "Anexos", o II-Inquérito on-line tem um grupo com gráficos e percentagens, o "3. Como avalia o uso entre as tropas portuguesas durante a guerra de África" e lá, em relação à questão "Tabaco" responderam 205 que agrupados por "generalizado e frequente", deram 91,8%; para a questão "Cerveja" responderam 206 e para o mesmo agregado totalizou 93,7%; para o "Vinho" responderam 201 e o resultado foi de 53,7%; para "Bebidas destiladas" responderam também 201 e o resultado foi de 60,2% e para "Cannabis", ou as cores do gráfico foram trocadas ou então a resposta para o agregado referido acima ("generalizado e frequente") foi de 7,7%, sendo então de 92,3% o grupo de "inexistente ou raro". Como se pode concluir que era "generalizado" se mesmo no "inquérito" isso é de 7,7%?

Por outro lado, é claro que o que escrevi foi demasiado longo mas creio que fiz uma abordagem generalizada às várias questões envolventes ao "sumo" da tese, designadamente o "álcool" (nas várias vertentes) e às "drogas".

.... continua.....

Hélder Valério disse...

.... continuação....

Quanto ao António Graça de Abreu entendo que as suas observações, embora aparentemente "paternalistas" e "amigáveis" (ai, Hélder, Hélder!...), revelam que delirou com o "tiro certeiro do Branquinho" nas críticas/observações que me fez.
Aceito sempre as críticas e não me considero "abatido" por nenhum tiro.
Já aí acima reconheci que o que escrevi no comentário peca por extenso: daí ser possível que o AGAbreu se tenha perdido (se leu...) e então escrever as gracinhas de que eu estaria "no diz-que-disse, que talvez tenha dito, que disse que disseram, que disse que parece que teria dito... "ad infinitum". Não reconheço pertinência nestas observações, a não ser o destrato do costume.
Depois... há aquele parte "mortal" de me considerar (é recorrente, verdade seja dita) merecedor da "medalha de ouro dos conciliadores-mor deste blogue".
Bem, eu sei que isso dos "conciliadores" são aqueles que, normalmente, levam "porrada" de ambos os lados que procuram "conciliar" mas também confesso que não percebo porque é que para ilustrar isso o incontornável António entendeu que eu teria "Disse o que parece que teria dito, o que não disse mas disse". Ou para ser claro, disse, meio desdizendo, o que seria de dizer, dizendo, dando o dito por não dito."
Um bocado "rebuscado", digo eu.
Como já tenho dito (ou escrito) algumas vezes, o que eu realmente quero é que o Graça de Abreu viva feliz e contente e se eu puder contribuir para isso (lá está o "conciliador") pois que seja.

Hélder Sousa

Vasco Gil Calado disse...

Caro Helder,

em lado nenhum da tese lerá que o consumo de cannabis era generalizado. Nem na guerra, nem na fora dela. Já percebi que esse é o principal ponto em discussão mas quanto a isso estou descansado.

Carlos Vinhal disse...

Caro Mediador/Conciliador Hélder V.
Não vou comentar os comentários à tua pessoa porque tens cabedal suficiente para eu me armar aqui em teu Mediador/Conciliador.
As perguntas: Como avalia o uso entre as tropas portuguesas durante a guerra de África... disto, daquilo e daqueloutro, são muito dúbias porque cada um tem a sua percepção dos assuntos tratados, e o que para um pode ser "normal", para outro pode ser "aberrante". Também, o uso experimental de drogas ou, por exemplo, o consumo normal de álcool, sem atingir o estado de embrieguês, não pode definir as pessoas como drogadas ou dependentes alcoólicas, nem deviam contar para as estatísticas. Todos (ou quase todos) continuamos a beber pela vida fora com regularidade, não vindo daí nenhum mal ao mundo.
Para mim, continuo a dizer, é uma tese que só interessa ao doutorado, não acrescentando nada à área onde o senhor doutor se movimenta.
Abraço
Carlos V

João Carlos Abreu dos Santos disse...

E o Autor insiste.
O título da tese (e do livro), é inequívoco:
«Drogas em Combate»: tal contém um quanto baste de generalização viciada e viciosa; pretende abranger tudo e todos.
E quanto aos seus sucessivos comentários neste 'post', aconselho-o vivamente a que desista desse enquadramento defensivo.
Se "aquilo' é resultado de um trabalho com carácter supostamente científico, mal se entende como foi aceite na academia...
Em 400 (quatrocentas!) páginas A5, o que p'rali vai de efabulações & nexos causais não consubstanciados!
Apenas um não despiciendo pormenor: o autor, funcionário público (do SNS?), após aturadas buscas só logrou acolhimento junto de totalmente desconhecida e minúscula editora (cuja notoriamente tendenciosa em "obras publicadas"): ou seja, mérito zero.
Resta saber quem lhe terá conseguido enfiar uma tal 'cavação' no corpo redactorial do "púbico".
Não me merece crédito algum.

Vasco Gil Calado disse...

O autor desiste :)

Anónimo disse...

Hoje, dia 07/08/2020, Eu e meu Advogado apresentamos, junto do Ministério Público, uma queixa-crime, contra o jornal "O Público", referente à sua publicação do dia 02/08/2020, onde ofende a dignidade e a honra de todos os combatentes, mortos ou vivos.
assina: Jeremias Henriques
(nascido a 25Mar1944 em Fragosela/Viseu; serviu no Ultramar (n/m 01550165), integrado na CEng1756 (Angola 08/67-10/69).

Anónimo disse...


Vasco Gil Caiado escreveu em comentário: Alguns dos senhores estão ofendidos mais por aquilo que entenderam que eu quis dizer do propriamente por aquilo que eu disse.

Aparentemente esqueceu que “A mulher de César não basta ser honesta,deve parecer honesta”

J.Belo

Valdemar Silva disse...

E pá!!!
Se é pra ir pró mato* tenho que apresentar atestado médico por incapacidade permanente em me deslocar devido a doença crónica derivada dos milhares de cigarrinhos fumados na guerra da Guiné. Uf....

Valdemar Queiroz

*mato= testemunhar em eventual julgamento.

Anónimo disse...

A ser permitido um simples pastor...”gostar”...
Gostei francamente desta frase de Vasco Gil Caiado
(Espero que reconhecível para alguns sem “titulagem “ antes do nome).

“Alguns dos senhores estão ofendidos mais por aquilo que entenderam que eu quis dizer do que propriamente por aquilo que eu disse “

Quem assim fala não é gago ou...será certamente Doutor!

E lá tenho que voltar a pedir “licença” para quem ,vivendo há mais de quarenta anos na Escandinávia ,apresente um certo sorriso lapão.
Títulos e mais títulos universitários são bruscamente arremessados pelos ares criando quase um redemoinho de elitismos.
Certa e unicamente aparentes.
Mas as aparências......

E,(involuntariamente?) lá se cria nos espíritos dos “restantes” as tão dolorosas dúvidas existenciais:
-Quantos destes títulos se tornam necessários para fazer o...Homem?

Oficial do Exército?Jurista nos States?Empresario sueco-americano?Criador de renas no Árctico? palhaço em vasto Circo?

A ser-me permitido escolher prefiro o... criador de alimárias.

Um abraço do J.Belo

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Do texto do doutor só posso concluir que a culpa é minha, ou antes nossa. Nós é que não atingimos a profundidade intrínseca.
Pois não se vê logo que os não-doutores não perceberam nada e ferveram em pouca água.
No entanto, talvez fosse boa ideia que o doutor relesse a tese e admitisse que nós não podemos estar todos errados e ele ser - como se dizia naquele tempo - o único menino do pelotão com o passo certo.
Tenho pena que pense assim.

Podemos concordar e não podemos pôr em dúvida de que este é um "trabalho no campo dos comportamentos aditivos" (sinceramente não sei o que esta expressão significa), e aceito que seja a área em que trabalha há 20 anos. Contudo, interrogo-me sobre se não existirão também "comportamentos subtractivos". Mas isso é dúvida metódica.
Não me causa engulhos que "concretamente, é uma defesa da perspetiva sociocultural das substâncias psicoativas, isto é, a ideia que é o contexto e as circunstâncias sociais que explicam determinados comportamentos, por oposição a uma visão biomédica que dá primazia ao lado biológico, genético e farmacológico". Isto parece-me ser um duelo entre biomédicos e antropólogos que não acrescenta nada à problemática em apreço e só a complica
Estamos apenas a discutir inexactidão de um trabalho universitário
Estranho, por isso que esta seja a "resposta possível à pergunta acerca dos ensinamentos resultantes da tese de doutoramento".
"Em relação à guerra colonial, esforcei-me por fazer justiça à vossa experiência e aos sofrimentos por que passaram (que, lá está, ajudam a explicar uma série de práticas que tiveram lugar em África). Sensibilizado, agradeço o esforço, embora não veja qualquer forma de justiça feita. O defeito deve ser meu...
"Este é um trabalho de Antropologia, portanto é dada uma grande ênfase à perspetiva dos atores sociais e à ideia de dar voz aos ex-combatentes". Por isso, só posso agradecer a intenção de "dar voz aos ex-combatentes" e mais à "contribuição": "ajudar a contar a história social dos militares que passaram pela guerra (embora me tenha focado mais em Angola e Moçambique, porque na Guiné não existia liamba ou suruma)".
Ao constatar esta última situação seria boa ideia, a bem da exactidão científica, colocar em sub-título a indicação "Angola e Moçambique". O leitor e até o orientador ficariam esclarecidos sobre o âmbito do trabalho. Limitar ajuda a definir.
É normal que aos 45 anos pouco saiba sobre a guerra colonial. Não é o único cientista desta área (e doutras) nestas condições. Daí o cuidado especial a pôr no trabalho uma vez que estava a penetrar numa área que lhe era estranha.
Todavia, "com este trabalho não deve ter contribuído (muito) para que as novas gerações saibam um pouco mais sobre a vossa vivência e a valorizem" e não apenas por ter como ponto de partida um tema delicado, mas pelo mau tratamento do tema.

Quanto ao papel do jornal, aceita-se. É necessário "vender papel" e atrair publicidade. Acho bem. Se assim não fosse já não tínhamos imprensa escrita. O sensacionalismo faz parte da política das redacções e há que utilizá-lo convenientemente.

Um Abraço aos Camaradas e bom FdS
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

O Doutor Vasco Gil Calado terá que fazer adendas à sua tese, tendo em consideração todos estes comentários/ensinamentos desde altas patentes a soldados que estiveram na guerra da Guiné.
Mas, eu não alinho no vale tudo para o criticar como desprezível o ser funcionário público integrado no SNS.

Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Não creio, Oh Valdemar!
É preciso muita humildade para se aceitar que errámos e queremos corrigir o erro, sem tentar procurar "justificações" universitárias/científicas.
Um Ab. e bom FdS
António J. P. Costa

João Carlos Abreu dos Santos disse...

- «ser funcionário público integrado no SNS», acrescenta, ao autor, responsabilidades: públicas.
Nada mais.

João Carlos Abreu dos Santos disse...

(m/adenda):
Note-se que aos meus reparos das 21:15 de ontem, o autor não se lhes apôs qualquer observação; o que, à evidência, existe neste blog quem persista em atitudes de mera provocação, à prudente distância de um teclado...
O que tenho a dizer/escrever, é sempre - e apenas - relacionado com temas propostos; como é caso presente.
Ao fundador/proprietário desde blogue, apelo uma vez mais ao exercício de moderar certos e determinados verrinosos àpartes.
Cordiais saudações.