quarta-feira, 19 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24233: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (35): O novo porto de pesca do Alto Bandim: abundância de peixe mas mais caro (4,5 € / 3 mil CFA o kg)... metade segue para Dacar e a Europa


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau > O novo porto de pesca do Alto Bandim  > Vista geral das instalações portuárias. Vê-se ao fundo a mãe de água do Alto Crim, que já vem do tempo da Bissau colonial (, tendo sido contruída em 1947)... 


Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Bissau > O novo porto de pesca do Alto Bandim: as canoas nhomincas, em primeiro plano


Foto nº 2A >  Guiné-Bissau > Bissau > O novo porto de pesca do Alto Bandim: a venda do peixe na lota (cujo novo edifício ainda não funciona)


Foto nº 2 Guiné-Bissau > Bissau > O novo porto de pesca do Alto Bandim: as "videiras" ou peixeiras, em segundo plano

Guiné-Bissau > Bissau > Porto de pesca do Alto Bandim > 15 de abril de 2023 > 08:31 (Foto nº 1)  e 08:44 (Foto nº 2)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné





1. Mensagem do Patrício Ribeiro (nosso correspondente em Bissau, colaborador permanente da Tabanca Grande para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau, onde vive desde 1984, e onde é empresário, fundador e diretor técnico da Impar Lda; tem mais de 130 referências no blogue: autor da série, entre outras, "Bom dia desde Bssau" (*):

Data - 17/04/2023, 12:12 
Assunto- Bom dia desde Bissau

Luís,

Envio umas fotos do novo porto de pesca, do Alto Bandim,  em Bissau, tiradas às 8.30h do dia 15 do corrente.

As obras do porto quase estão terminadas, a nova lota ainda não funciona, o prédio da fiscalização marítima também está pronto, mas não está a funcionar.

Neste local fui comprar peixe que estava a sair das canoas, onde centenas de pessoas estavam a fazer o mesmo.

Havia dezenas de canoas Nhomincas com pescadores a descarregar peixe, terão sido algumas toneladas pescadas nos últimos 3 dias. O gelo em escama para conservar o peixe não dura mais tempo.

Todos os dias chegam canoas a Bissau para descarregar o pescado e levar gelo e gasolina para uma nova pescaria.

Mesmo com esta abundância de peixe de todos os tipos, o preço do mesmo está mais caro.

Dentro do porto estão uma dezena de camiões frigoríficos à espera, que depois de carregados com peixe seguem para o Senegal para abastecer Dacar, muito será exportado para a Europa como se fosse pescado no Senegal.

As águas do Senegal já há muitos anos que não têm peixe. (Falo da minha experiência por lá andar a fazer caça submarina.)

A Guiné-Bissau ainda não consegue exportar o peixe fresco por não ter a certificação, o novo laboratório ainda não o consegue fazer.

Mas existe outro problema que é o transporte, os dez aviões semanais de Bissau/Lisboa, em que quatro são diretos, também não tem espaço para o transportar porque vão cheios de passageiros com as suas bagagens. (Ao fim 10 dias o pescado ainda é vendido na Europa como fresco.)

Resumindo: o peixe que é base da alimentação do povo guineense, está mais caro (4,5 euros /Kg,  de 1ª qualidade) (#) porque mais de metade do que é pescado entre as ilhas dos Bijagós vai para Dacar.

Nota final; por este motivo é que os que peixes que apanhava na praia de Varela,  já não os encontros, a minha comida agora é bagre ou latas de atum.

Abraço, Patricio Ribeiro

impar_bissau@hotmail.com

(#) igual a 3020,13 CFA (LG)





Planta da cidade de Bissau já no pós-independência (c. 1975/76). Localização dos bairros populares Bandim, Alto Crim e Pilão. Cortesia de A. Marques Lopes (2005).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)
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1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meu caro Patrício, ainda és um privilegiado... Mas, atenção, amigos guineenses, sem investigação biomarítima, sem gestão de "stoks" pesqueiros, sem fiscalização, sem pesca sustentável, sem formação profissional, sem controlo de qualidade, sem certificação, sem produção de valor-acrescentado, etc., a "grande mãe" que é o vosso mar (nomeadamente o do arquipélago dos Bijagós) corre o risco de morrer, prematuramente, em "trabalho de parto"... A ganância e a estupidez de uns tantos podem dar origem a perdas irreparáveis e hipotecar o vosso futuro e o futuro dos vossos filhos e netos...

A terra e o mar não são nossos, temos a obrigação de os deixar em herança aos vindouros... Temos que aprender, com inteligèrncia, paixão, coragem e hunmildade, com os erros (e os êxitos) uns dos outros... LG