quarta-feira, 19 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24234: Armamento do PAIGC (3): peça de artilharia 130 mm M-46, cedida pelo Sekou Turé para os ataques, a partir do território da Guiné-Conacri, contra Guileje e Gadamael, em maio/junho de 1973


Peça de artilharia 130 mm M-46, de fabrico soviético (ano de introdução: 1954). Este tipo de armamento foi usado pelo PAIGC contra Guileje em maio de 1973, a partir do território da Guiné-Conacri. O seu alcance (máximo) é de 22,5 km.

Fonte: Wikipedia (em finlandês) (2007) (com a devida vénia...)



 Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > A peça do lado direito não pode ser  o famigerado "canhão de 130 mm", de origem russa, fornecido pela Guiné-Conacri ao PAIGC nos ataques a Guileje e a Gadamael, em maio e junho de 1973... A peça de artilharia 130 mm, M-46, tinha/ tem  um cano ou tubo de mais de 7 metros de comprimento...  O da foto é muito mais curto... 

Não era armamento do PAIGC,  deve ter sido cedida pelo Sekou Touré, exigia uma equipagem de 8 elementos, além de viatura para a rebocar,   e disparava do outro lado da fronteira... Pesava 7,7 toneladas,,,  Nunca deve ter entrado sequer em território da antiga Guiné portuguesa (*).... 

Por outro lado, também deveria ser difícil distinguir, no final da guerra,  depois da morte de Amílcar Cabral,  e com o crescente ascendente de Sékou Touré (e dos soviéticos) sobre o aparelho político-militar do PAIGC, o que era do PAIGG e o que era dos seus anfitriões ou "patrões"...

Angola foi um dos países lusófonos que dispunha desta temível arma, durante a chamada guerra da segunda independência.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Nuno Rubim, coronel de artilharia na reforma, e especialista de renome. nacional e internacional, em história da artilharia, que colavora  com a ONG AD-Acção para o Desenvolvimento no Projecto Guiledje, no tempo do nosso saudoso Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), confirmou-nos o emprego desta arma em 1973:

 

Excerto de mensagem do Nuno Rubim, membro da nossa Tabanca Grande, poste P1434 (*):

 (...) O Pepito foi a Cabo Verde e falou com os Cmdts Julinho de Carvalho e Osvaldo Lopes da Silva, os responsáveis operacionais no ataque a Guildeje, em Maio 1973. Colocou-lhes várias perguntas que eu sugeri, além daquelas que ele entendeu por bem e as respostas são muito satisfatórias, pese embora o tempo decorrido.

Agora vou estudar em detalhe essas informações e o ciclo continuará ...

Realmente a peça utilizada pelo PAIGC era o 130 mm M-46. O reconhecimento dos objectivos foi executado visualmente! (...)

2. Recorde-se o que já aqui escrevemos sobre o assunto (**):

(...) A artilharia 130 mm foi usada pela primeira vez contra Guileje em maio de 1973. E com crescente precisão. De origem soviética, com quase todo o armamento do PAIGC, operava a partir do território da Guiné-Conacri e tinha sido cedida pelo regime de Sékou Touré.

Entre 18 e 21 de maio de 1973 por exemplo, foram lançadas sobre Guileje cerca de sete centenas de granadas, de vários tipos (incluindo RPG 7). Média diária (4 dias): 171,25 granadas.
Entre 31 de maio e 11 de junho, Gadamael Porto foi flagelada com 1468 granadas: média diária (em 12 dias), 122,3 granadas; máximo 620 granadas (em 1 de junho), mínimo 4 granadas (em 10 de junho) (...)

3. Informação recolhida na Web > abcdef.wiki

Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46) - 130 mm towed field gun M1954 (M-46) - abcdef.wiki

(...) O canhão de campanha  rebocado ("towed field gun", em inglês),   de 130 mm M-46 (russo : 130-мм пушка M-46 ) é uma peça de artilharia rebocada de 130 mm, de carga manual , fabricada na União Soviética na década de 1950. 

Foi observado pela primeira vez pelo Oeste em 1954. Por muitos anos, o M-46 foi um dos sistemas de artilharia de maior alcance ao redor, com um alcance de mais de 27 km (...)


Especificações técnicas::

Massa:  7,7 t 
Comprimento; 11,73 m
Comprimento do cano: Furo: 7,15 m

Para saber mais: Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46)


(***) Último poste da série > 13 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24220: Armamento do PAIGC (2): Ainda as viaturas blindadas BRDM-2: em finais de 1973/princípios de 1974, o PAIGC teria apenas 2 viaturas blindadas...

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sem enquadramento histórico, sem cronologia,sem legendas, sem especificações técnicas, sem testemunhos dos combatentes, etc., o Museu Militar da Libertação Nacional perde muito do seu potencial e da sua missão que deve ser pedagógica (e não propagandistica).

As novas gerações guineenses têm o direito a saber a verdade (histórica). A cooperação com os nossos museus militares podia ser útil...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Os nossos especialistas em artilharia não se querem pronunciar?

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É uma pena não termos interlocutorés, antigos combatentes do PAIGC, com conhecimentos e experiencia em artilharia, que queiram e possam partilhar connosco. O Julinho de Carvalho e o Osvaldo Lopes da Silva, por exemplo.

Anónimo disse...

Artilharices

Esta peça era operada por cubanos(soube à posteriori).

Felizmente para nós, os guerrilheiros do paigc eram uns "nabos" no que toca a artilharia, e não tinham cartas topográficas militares.Só muito tarde, no final da guerra,dispuseram de algumas cartas roubadas no instituto geográfico e cadastral do exército.

Da minha experiência em gadamael, mesmo sendo os cubanos a manobrar, raramente acertavam.
Segundo alguns elementos do paigc que se entregaram, fariam fogo a uma distancia de mais ou menos 15 km dentro da guiné-conakry.
Gadamael está a 4 km da fronteira, por isso eram inalcançaveis, porque o abus 14 só tinha um alcance máximo de 16 km em carga máxima.

Ainda haveria outro problema que era o custo de cada munição, que não seria nada barata.
Provavelmente fomos poucas vezes flagelados com esta peça, porque o som dos disparos seria muito débil e quase não tenho recordações de tal

saudações artilheiras

C.Martins

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

É provável que o PAIGC não fosse muito hábil a utilizar esta peça. E fossem os cubanos a utilizá-la. Mesmo que fossem em pequeno número. A contrabateria das NT era completamente ineficaz. Além disso, a artilharia portuguesa era cega e surda e não podendo utilizar regulação com observação aérea, estava em clara inferioridade o que ia acontecendo cada vez mais no armamento de infantaria.

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Caro camarada A.Costa

Não é totalmente verdade que a nossa contra-bateria fosse totalmente ineficaz.
A força aérea, no meu tempo, fazia-nos regulação de tiro, só deixou de o fazer durante a pribição de voar.
Faziamos regularmente observação no terreno para verificar onde tinham feito fogo,que não eram muitos os sitios devido à topografia do terreno (mata e bolanhas).
Uma vez acertamos em cheio na base de fogos deles, mera sorte ?

Pelo menos o efeito psicológico resultou, porque muitos anos depois falando com um antigo guerrilheiro,este ainda se referia aos "canhões de gadamael" com respeito.

Saudações artilheiras

C.Martins

Valdemar Silva disse...

Em Paúnca havia uma carta de tiro para os dois 10,5 instalados na parada.
No meu tempo foram feitos vários tiros/ensaio para bater a zona Guiro Iero Bocari-Pirada, que fomos descobrir o local do rebentamento para marcar na carta de tiro.
Parece que a informação não foi a mais correcta e o tiro para a posição de Iero Bocari teve de ser bastante corrigido.
Por a tabanca ser pequena, a artilharia não era para ser utilizada na defesa de Paunca, mas sim para bater a zona, e todos fins de tarde era mudada a posição dos obus para, no caso, haver uma informação errada ao IN.

Valdemar Queiroz