terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Guiné 61/74: P26275: Agenda cultural (874): "Crepúsculo do Império: Portugal e as guerras de descolonização", Pedro Aires Oliveira e João Veira Borges, ed. lit. (Lisboa, Bertrand, 2024, 800 pp.): a História não é o somatório das vidas dos santos e heróis...

1.  Organizado sob os auspícios da Comissão Portuguesa de História Militar, e reunindo a colaboração de 37 autores, oriundos de diversas instituições universitárias portuguesas e estrangeiras, bem como de especialistas de reconhecido mérito em áreas como a história, a estratégia, as ciências sociais e as ciências militares, este livro vem fazer o "ponto da situação" ou o "estado da arte" em matéria de conhecimento sobre  Portugal, o fim do império e as "guerras de descolonização"... 

Para os antigos combatentes, com0 nós, passa a ser um livro de cabeceira  para o ano (novo) que aí vem. Só não é "livro de bolso", porque é um verdadeiro "tijolo",. uma calhamaço de  800 páginas e capa dura.

Caro leitor: acho que é a melhor prenda de Natal que te podes dar a ti mesmo. Vê, mais abaixo, a ficha técnica, e o índice.  Já comecei a ler alguns capítulos. Vamos partilhando notas de leitura. 

O livro foi lançado recentemente, em 21 de novembro passado, e simbolicamente na Torre do Tombo, em Lisboa. Ao fim de 50 anos, do 25 de Abril e do fim do mítico Império Português de 500 anos, é chegada a altura de deixarmos de usar a "guerra de África / guerra do ultramar / guerra colonial" como arma de arrremesso, político-ideológica,  uns contra os outros... 

Este livro ajuda-nos a obter o necessário distanciamento (e o desejável apaziguamento) em relação ao "sangue, suor e lágrimas" que os últimos soldados do império e os "insurgentes" (angolanos, guineenses, cabo-verdianos, moçambicanos, indianos, tiomorenses, etc.), todos "heróis", todos vencidos e vencedores, verteram num e no outro lado dos campos de batalha...

Como escrevem, na introdução,  os dois coordenadores literários, Pedro Aires Oliveira e João Vieira Borges,  "a historiografia 'heroicizante' das lutas independentistas terá ainda os seus praticantes. Mas é inquestionável que, desde a década de 1990,  com a derrocada dos socialismos africanos e a crise dos regimes de partido único, tem-se verificado uma outra predisposição para questionar muitos dos mitos fundadores das lutas de libertação e submeter as narrativas hagiográficas a um outro crivo, como nos dá conta um dos capítulos deste volume, da autoria de  Eric Morier-Genoud" (pág. 17).

Boas Festas, boas leituras. (LG)

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Ficha técnica:

Crepúsculo do Império
de João Vieira Borges, Pedro Aires Oliveira
ISBN: 9789722546072
Edição/reimpressão: 11-2024
Editor: Bertrand Editora
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 242 x 48 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 800
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > História > História de Portugal
Preço de capa: c. 25 euros


SINOPSE

As guerras travadas por Portugal entre 1961 e 1975, com vista à preservação do seu secular império ultramarino, são impossíveis de ignorar em qualquer balanço histórico ao 25 de Abril de 1974.

Quando se assinalam 50 anos sobre essa data e se revisitam as circunstâncias do tumultuoso processo de descolonização que se desenrolou em várias partes de África e da Ásia, e também na metrópole, este volume apresenta um grande estado da questão sobre os últimos anos do colonialismo português.

Reunindo a colaboração de mais de três dezenas de autores oriundos de várias instituições portuguesas e internacionais, bem como de especialistas reconhecidos na área da história, da estratégia e das ciências militares, esta é uma obra que familiarizará o público com algumas das investigações mais inovadoras acerca

Autores:

JOÃO VIEIRA BORGES

(i)  major-general; 

(ii) presidente da Comissão Portuguesa de História Militar;

(iii)  doutorado em Ciências Sociais;

(iv) antigo comandante da Academia Militar e fundador do Centro de Investigação da Academia Militar;

v) académico honorário da Academia Portuguesa da História, autor e coautor de 26 livros e de cerca de 160 artigos;

(vi) agraciado com a distinção Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis.


PEDRO AIRES OLIVEIRA;

(i) professor associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / NOVA (FCSH-UNL);

(ii) investigador integrado no Instituto de História Contemporânea da mesma faculdade;

(iii) autor de dezenas de livros e artigos sobre relações internacionais e a história contemporânea de Portugal;

(iv)  membro do conselho editorial da revista Relações Internacionais;

(v) membro do Conselho Consultivo do E-Journal of Portuguese History, entre outras diversas funções.

Fonte: Bertrand Editora

Recolha bibliográfica e filmográfica:





Sobre a recolha bibliográfica e filmográfica (disponibilizada no final da obra em ficheiros em formato pdf, "on line", no sítio da editora):  

Os coordenadores da obra, como bons académicos, desprezaram soberanamente  (espero que não arrogantemente...) a "literatutra cinzenta", a literatura memorialistica, as edições de autor,  os livros de ficção, de poesia, de fotografia, etc., já para não falar dos blogues e  outras páginas da Web, produzidos e mantidos por antigos combatentes de um lado e do outro, com informação riquíssima para a produção de conhecimento relevante do ponto de vista historiográfico: como nós lhe chamamos, são  os afluentes dos rios da pequena história que alimentam os rios da História com H Grande... 

No que respeita à bibliografia, por exemplo, há lacunas óbvias, não se percebendo bem qual foi o critério usado: por exemplo, porquê o António Lobato e não também o Amadu Bailo Djaló ou o José de Moura Calheiros ou o Mário Beja Santos ou o Armor Pires Mota,  autores de memórias como antigos combatentes ?...E os textos teóricos ou doutrinários, de Cabral a Spínola ? E porquê jornalismo de investigação, algum sensacionalista e qualidade duvidosa ?...

São para já os pequenos grandes reparos que eu faço a esta monumental obra, que passa a ser de referência,  sobre as "guerras da descolonização". 

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3 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas Era engraçado se os autores se empenhassem na recuperação das estátuas que estão "esquecidas" na fortaleza do Cacheu. Eu já tentei, mas não tive êxito. Ninguém me ligou. Mas eles são professores, licenciados, mestrados, doutorados e etc. etc. pode ser que tenham mais sorte. O Teixeira Pinto poderia ter lugar na Escola das Armas... e os navegadores na Escola Naval... O Honório Barreto é guineense por isso terá o destino que "eles" que lhe quiserem dar... Um Ab. António José Pereira da Costa

Anónimo disse...

Estátuas que "repousam" no Cacheu. Triste país. V. Briote

António J. P. Costa disse...

É o país que temos... pecaninos, mas esfroçadinhos.