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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21464: (De)Caras (164): Cecília Supico Pinto, a líder do Movimento Nacional Feminino: visitou 4 vezes o CTIG (em 1966, 1969, 1973 e 1974), mas nunca deve ter ido a Madina do Boé...


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Destacamento de Carenque > 1973 > A Cilinha a "cantar o fado"... perante um grupo de soldados... (Carenque ficava a norte da ilha de Pecixe, na margem direita do Rio Mansoa.)

Espantosa  foto, de antologia, de António Tavares dos Santos [, presumivelmente, fur mil, 2.ª C/BCAÇ 4615 e CCaç 19. Guidaje, 1973/74]... Cortesia da página Arquivo Digital, alojada em Agrupamento de Escolas José Estêvão, Projeto Porf 2000, Aveiro e Cultura.




Guiné > s/l > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto,  falando para um grupo de militares; em segundo plano, um dos seus "braços direitos", também elemengo da comissão central do MNF, [Amélia] Renata [Henriques de Freitas] da Cunha e Costa . 

Fotogramas do vídeo (6' 43'') da RTP Arquivos > 1966-02-01 > Cecília Supico Pinto visita Guiné (Com a devida vénia...)


S/l > S/d > c. 1971 >  Cecília Supico Pinto, com o seu inseparável cigarro, e  Renata da Cunha e Costa, viajando de helicóptero ao enconto de um grupo de militares no mato, possivelmente em Angola ou Moçambique.

Fotogramas do vídeo (25' 00'')  da  RTP Arquivos > 1971 - 05- 17 > Um Dia Com… Movimento Nacional Feminino (Com a devida vénia...)


1. Quantas vezes esteve na Guiné e por onde andou, a Cecília [Maria de Castro Pereira de Carvalho] Supico Pinto (1921-2011), fundador e presidente da comissão central do Movimento Nacional Feminino (MNF) ? Por exemplo, será que alguma vez esteve em Madina do Boé ?

Esteve quatro vezes na sua "Guinesinha", em 1966, 1969, 1973 e 1974... Alguns dos sítios que visitou, no mato, estão documentados. Mas seria preciso recorrer às revistas do MNF, como a "Presença" e a "Guerrilha", para saber mais pormenores, para não falar do seu arquivo...

No livro da investigadora Sílvia Espírito Santo, “Cecília Supico Pinto: o rosto do movimento nacional feminino” (Lisboa, A Esfera do Livro, 2008, 222 pp.), de que possuo um exemplar autografado (“Ao Luís Graça, com simpatia. Sílvia Espírito Santo, fev 08”), as viagens à Guiné estão mal documentadas. 

Há apenas duas ou três páginas com escassas referências à Guiné:

"Eu fui a quase todo o lado [da Guiné]. com excepção de Guerrilhe [, Guileje ?], Medina (sic) do Boé e Gadamaela [, Gadamael ?]. Não me venham dizer a mim que a Guiné estava toda tomada, por amor de Deus". (Entrevista dada em 2004, em Cascais, excerto transcrito no livro, na página 116.)

Houve, por certo, erro (grosseiro) de transcrição dos topónimos, imputável  à investigadora. Com quatro viagens à Guiné, a presidente do MNF sabia, por certo, soletrar os nomes das principais povoações, não chamando Gadamaela a Gadamael (que, de resto, visitou a pouco menos de um mês do 25 de Abril de 1974)... Ou queria referir-se a Gandembel ? 

Na página 117 do citado livro, é referido que a “Cilinha”, como gostava de ser tratada por toda a gente, foi promovida duas vezes, a título honorífico: de soldado Pinto a 1º cabo Pinto, com direito a camuflado e a uma G3, em Bula, ao tempo do ten cor cav  Henrique Calado, comandante do BCAV 790 (Bula, 1965/67). 

Esta visita só pode ter  acontecido em 1966, a primeira vez que ela fez à Guiné, com partida a 1 de fevereiro, era então governador-geral e comandante-chefe o gen Arnaldo Schulz, Esta visitada está documentada em vídeo dos Arquivos da RTP,  disponível aqui, infelizmente sem som (***). 

Na chegada a Bissalanca, há militares da CCAÇ 618 (São Domingos, 1964/68) que estavam já em Bissau,  de regresso à Metrópole (marcado para 9 de fevereiro), e que fizeram as honras da receção (mais ou menos protocolar).  Na viagem ao interior da Guiné, em DO 27, não há indícios de ter ido a Madina do Boé. De qualquer modo, já nessa altura seria de todo "desaconselhável" lá ir, de heli ou DO-27, por razões de segurança (*)...

Em 11 de maio de 1969, a “Cilinha”, de visita ao Olossato, na região do Oio, é promovida a capitão, pelo comandante da CCAÇ 2402, cap inf Vargas Cardoso. (****). Na visita a Jolmete, nesse mesmo dia,  ela terá vindo expressamente de Bissau, de helicóptero, na companhia de Spínola e da esposa Maria Helena.

Na pág. 119, é referido ter sido ela  atingida por um estilhaço (, em março de 1974, numa coluna de Nova-Lamego a Piche]. O seu batismo de fogo teria sido nos arredores de Mueda, Moçambique, em 1966, em que seguia com Renata da Cunha e Costa (pág. 116). 



Capa do livro de Sílva Espírito Santo, “Cecília Supico Pinto: 
o rosto do movimento nacional feminino” 
(Lisboa, A Esfera do Livro, 2008, 222 pp.) 


Mas há contradições nas suas declarações a respeito da Guiné e dos sítios aonde foi, na qualidade de presidente do MNF. Por exemplo, em entrevista à revista "Combatente", da Liga dos Combatentes, em 16/7/2005, terá declarado o seguinte ao cor inf Manuel A. Bernardo (**):

(...) "A guerra em Angola estava ganha. A Guiné era um problema e sendo ela perdida, seria muito complicado para o resto. A Guiné foi grave. A minha 'Guinezinha', como eu costumo dizer, tão pobrezinha... Olhe que tenho a camisola amarela de zonas de intervenção visitadas. Cheguei a ir umas quatro vezes a Madina do Boé, a Buruntuma, a Nova Lamego e a muitas outras zonas de combate. Nunca virei a cara e posso andar em qualquer sítio de cabeça bem levantada. Muitas vezes ia à frente das colunas e cheguei inclusivamente a 'picar' a estrada." (...) 

Sabemos que em maio  de 1969 esteve também no Leste da Guiné (*): Bambadinca, Nova Lamego,  Buruntuma (a 4, segundo o nosso camarada Abel Santos) , e noutros sítios, por certo... Mas Madina do Boé já tinha sido evacuada um mês antes, em 6/2/1969. 

Em março de 1973, esteve em Mansoa, Teixeira Pinto, Carenque… Mas também na região de Quínara: por exemplo, em Nova Sintra, (Nessa altura, ainda teve direito a viagem de heli, com apoio de helicanhão; dias depois, em 25/3/1973 era abatido por um Strela a primeira aeronave da FAP.)

Podia-se discutir se, face à penúria de meios aéreos no CTIG, fazia sentido a presidente do MNF, em viagem "quase de Estado", andar normalmente de heli, no mato, ou de DO-27... Em geral, ela  viajava "by air"... 

Mas houve exceções: a viagem de Nhala para Aldeia Formosa, na nova estrada, em 11 de março de 1974; a viagem de Nova Lamego-Piche-Canquelifá, em estrada alcatroada, na mesma altura (em que coluna apanhou com uma mina A/C).

De qualquer modo, já em março de 1969, o heli (e ainda mais o helicanhão) era uma arma considerada caríssima:  15 contos por hora, cerca de 4600 euros, a preços de hoje!...
 
Não sabemos se os "privilégios" do MNF se alteraram com a mudança de líder do regime, Marcello Caetano, substituto de Salazar, de quem a Cecília Supinco Pinto guardou uma imagem de "fraco"... O que era compreensível: Salazar, para ela, só poderia haver um...

Na última visita à Guiné, em finais de fevereiro e primeira quinzena de março de 1974, sabemos que ela (e possivelmente a secretária que a acompanhava) dormiu pelo menos duas vezes no mato: em Gadamael (segundo informação do nosso camarada Carlos Milheirão) e em Bafatá, segundo relato do então já major de infantaria Vargas Cardoso (****).

2. Portanto, pelo que conseguimos apurar, a Cecília Supico Pinto esteve então  por 4 vezes no CTIG: 1966, 1969, 1973, 1974… 

Em 1974, esteve em Nhala e Aldeia Formosa. Mais exatamente, sabemos que esteve em Nhala, em 10/3/1974, pernoitando em Aldeia Formosa nesse dia, a menos que tenha regressado a Bissau de helicóptero, nesse fim de tarde, o que nos parece menos provável (*****)… 

Visitou Gadamael também nessa altura, em março de 1974, em data que não podemos precisar. Fez-se acompanhar por um pelotão do destacamento de Fuzileiros de Cacine.

Portanto, se  alguma vez teve oportunidade de  visitar Madina di Boé, só poderia  ter sido em  fevereiro de 1966, no tempo seco, de heli ou DO-27.  (******)

 ____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

  17 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21457: (Ex)citações (377): As visitas da D. Cecília Supico Pinto ao leste da Guiné (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

11 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21442: Fotos à procura de... uma legenda (128): Em maio de 1969, ao tempo do BCAÇ 2852, a Cilinha terá pernoitado em Bambadinca?

 

(...) Resumo Analítico: Cecília Supico Pinto é recebida por militares portugueses; cumprimentos; visita instalações militares; avioneta militar em vôo; a aterrar; Cecília Pinto sai de avioneta; visita a região; zona habitacional dos militares; cerimónias com militares portugueses; discurso de Cecília Supico Pinto; militares oferecem presentes a Cecília; visita às instalações do aeroporto militar; oficinas; aviões a serem reparados; Cecília Pinto fala com militares. (...) 


(...) Programa sobre o Movimento Nacional Feminino, onde Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento, apresenta e comenta as várias atividades desenvolvidas pela organização (...)

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23664: Casos: a verdade sobre... (29): os fotogramas do vídeo com a visita da delegação do Movimento Nacional Feminino a Cufar, no início de fevereiro de 1966 (Mário Fitas / Sílvia Espírito-Santo / António Murta / João Crisóstomo / Joaquim Mexia Alves / Miguel Rocha)

 




Guiné > Região de Tombali > Cufar > Fevereiro de 1966 > Delegação do MNF - Movimento Nacional Feminino,  que visitou Cufar...A Cecília Supico Pinto e a Renata Cunha e Costa  terão sido acompanhas por um ou mais senhoras da delegação de Bissau (aqui na foto.  A senhora do lado esquerdo, nos fotogramas de baixo, era a mulher do cap Costa Campos, Maria da Glória (França). O casal aparece, ao que julgamos, no 1º fotograma do lado esquerdo, aqui em cima.

Fotogramas de vídeo, gentilmente cedidas pelo Mário Fitas, em 23/9/2022 


Fotos: © Mário Fitas (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de Sílvia Espírito-Santo, “Cecília Supico Pinto: o rosto do movimento nacional feminino”. Lisboa: A Esfera do Livro, 2008, 222 pp. 

1. M
ensagem enviada pelo nosso editor LG, com data de 23 de setembro último, à Sílvia Espirito-Santo, biógrafa  da Cecília Supico Pinto, fundadora e líder do MNF - Movimento Nacional Feminino:

Silvia: olá...Diga-me se reconhece a nossa Cilinha nestas fotos, tiradas no sul da Guiné, em fevereiro de 1966, em Cufar... Tinha então 45 anos... Nesse mesmo dia ela mais a Renata Cunha e Costa terão ido a Bedanda, onde o cap inf Aurélio Manuel Trindade (hoje tenente general reformado) era o comandante da 4ª CCAÇ (companhia de caçadores nativos, enquadrada por militares da Metrópole)...  

Estive ontem, em Algés, na Tabanca da Linha,  com o Mário Fitas, ex-fur mil de operações especiais, e voltamos a falar destas fotos, já aqui publicadas (ou outras oarecidas, fotogramas tirados de um filme de 8 mm, posteriormente digitalizado) (*)...

Pelas feições, não me parece de todo a presidente do MNF a senhora, de vestido cor de rosa,  que o Mário Fitas aponta como sendo a  Cecília Supico Pinto.

Na visita a Cufar as duas representantes do MNF estão acompanhadas da esposa  do capitão Costa Campos, comandante da CCAÇ 763, Maria da Glória (França). Será esta senhora e não a Cecília Supico Pinto que aparece nas fotos com vestido  cor de rosa ?... Preciso da reconfirmação do Mário Fitas, que conheceu bem a esposa do seu capitão.

Vou perguntar também ao Miguel Rocha, ao António Murta, ao João Crisóstomo  e ao Joaquim Mexia Alves que conheceram pessoalmente a nossa Cilinha (os três primeiros no TO da Guiné).

Boa saúde, bom trabalho. Luís Graça



2. Resposta da Sílvia Espírito-Santo, nesse mesmo dia, 23/09/2022, 22:10:

Olá,  Luís,
 
Tem razão, embora o estilo de roupa e penteado sejam os da época, nenhuma delas é a  Cecília Supico Pinto-.. Serão, com toda a certeza, senhoras da Delegação Provincial do MNF na Guiné.

Normalmente as mulheres dos altos quadros militares integravam o Movimento,  o que era bom e mau porque,  se por um lado conheciam de perto a realidade dos militares,  por outro o seu apoio era temporário uma vez que tinha a duração das comissões dos cônjuges. (Negritos nossos).
 
Sem esquecer as que usavam os galões dos maridos para se evidenciarem num meio predominantemente masculino, contribuindo apenas para os estereótipos que circulavam (e circulam ainda) sobre o MNF.

Abr amigo
Sílvia



Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) >  Domingo, 10 de março de 1974 > A visita da Cilinha, aqui a despedir-se de um dos oficiais, um alferes miliciano. 

Foto (e legenda): © António Murta  (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Resposta de António Murta,  23/09/2022, 23:19 


Olá, Luís Graça.

Espero que estejas já recuperado, ortopedicamente falando...

Sobre as fotos, e porque conheci a Cilinha muitos anos depois [em Nhala, 10 de março de 1974], estive a consultar o livro da Sílvia Espírito-Santo, onde vi fotografias da Cilinha com a Renata Cunha e Costa em Angola em 1964. Cheguei a uma conclusão que pode não ser a correcta:

(i) a senhora da primeira foto não me parece que seja a senhora das restantes, e não é a Cilinha quase de certeza porque se percebe no seu perfil um nariz e queixo arredondados, ao contrário da Cilinha: 

(ii) nas três fotos seguintes inclino-me para que seja mesmo a Cilinha, pelo nariz e queixo alongados e, até, pela sua postura.

Sem certezas, mas com um grande abraço,
António Murta.



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Destacamento de Carenque > 1973 > A Cilinha, aqui de perfil,  a "cantar o fado"... perante um grupo de soldados... (Carenque ficava a norte da ilha de Pecixe, na margem direita do Rio Mansoa.)

Espantosa foto, de antologia, de António Tavares dos Santos [, presumivelmente, fur mil, 2.ª C/BCAÇ 4615 e CCaç 19. Guidaje, 1973/74]... Cortesia da página Arquivo Digital, alojada em Agrupamento de Escolas José Estêvão, Projeto Porf 2000, Aveiro e Cultura.



Guiné > s/l > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, falando para um grupo de militares; em segundo plano, um dos seus "braços direitos", também elemento da comissão central do MNF, [Amélia] Renata [Henriques de Freitas] da Cunha e Costa .

Fotogramas do vídeo (6' 43'') da RTP Arquivos > 1966-02-01 > Cecília Supico Pinto visita Guiné (Com a devida vénia...)




Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Resposta de João Crisostomo, 24/09/2022, 00:42

Caros camaradas,

Fiquei confuso: na minha memória ela não era tão jovem como nestas fotos ele aparece… mas, pelo sim e pelo não, fui procurar nos nossos posts e encontrei nos posts Guine 61/74- P19831 e 22258 uma foto dela em Porto Gole em 1996 ( a sua primeira visita, creio). pela cara... estilo do cabelo…mas vejam e tirem as vossas conclusões.
 
Abraço, João Crisóstomo

5. Resposta de Joaquim Mexia Alves, 24/09/2022, 10:05

Bom dia a todos

Nenhuma das Senhoras, quanto a mim,  é Cecília Supico Pinto que conheci bem.

Parece-me sem dúvida Renata Cunha e Costa que também conheci bem.

Ainda falta muito a dizer sobre o MNF que fez obra meritória e foi bastante mal tratado pelos detractores habituais.

Abraços
Joaquim Mexia Alves


Guiné > Região de Cacheu > Olossato > CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) >  2 de maio de 1969  > O nosso camarada Miguel Rocha, ex-alf mil inf, na altura a fazer as funções de comandante da companhia,  na recepção à presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto  (1921-2011) (a menos de um mês do seu 48º aniversário natalício)... 

Foto (e legenda): © Miguel Rocha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


6. Resposta de Miguel José Ribeiro Rocha, 24/9/2022, 11:37

Bons dias a todos|

Decididamente nenhuma das três senhiras que aparecem nas fotos é a Cecília Supico Pinto.
A Dona Cecília tinha um rosto com traços mais angulosos e era de outra faixa etária. Quanto à senhora de vetsido rosa, é nitidamete mais nova e a sua face é muito mais arredondada.

Cumprimentos, Miguel



Fotograma nº 1


Fotograma nº 2


Fotograma nº 3


Fotograma nº 4


Fotograma nº 5

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Visita de uma delegação do MNF. Quem seria a senhora dos fotigramas nºs 3, 4 e 5 ? Não era seguramente a Cilinha...Tem um "look" demasiado jovem para poder  ser a Cilinha, então com 44 anos...

Fotos: © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

7. Comentário do editor LG:

Depois destes depoimentos, não é dífíil chegarmos à conclusão de que, de facto,  nenhumas das semhoras, dos fotogramas enviados pelo Mário Fitas, é a Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto. Houve aqui um lapso nas legendas, tanto por parte do Mário Fitas, como dos editores do blogue.

No início de fevereiro de 1966, a então presidente do Movimento Nacional Feminino (MNF) visitou a Guiné, pela primeira vez, acompanhada de Renata da Cunha e Costa. A RTP deu-lhe honras de telejornal.
 
Não sabemos, com detalhe, o percurso da visita... Mas sabemos que esteve na região de Tombali, em Cufar, em Catió e em Bedanda... Mas também, na região do Cacheu, em Binta, ou na região do Oio, em Porto Gole, por exemplo... 

Por ocasião da notícia da morte da ex-presidente do MNF (ocorrida em 25 de maio de 2011),  o Mário Fitas mandou-nos um conjunto de fotos (ou melhor fotogramas, extraídos de um filme de 8 mm), com a seguinte mensagem:

(...) Sem qualquer preconceito político, revelo aqui a minha admiração por uma mulher que soube conviver com os jovens soldados nos tempos da guerra (hoje velhos Combatentes).

Julgando ser de interesse para o Blogue e para a história do conflito na Guiné, anexo algumas fotos da D. Cecília Supico Pinto (com a esposa do Cap Costa Campos, comandante da CCAÇ 763) em Cufar, terra dos Lassas.

Em duas das fotos podemos vê-la acompanhada de D. Maria da Glória (França). (...)  (*).

Mais recentemente, em 23/9/2022,  o Mário enviou-nos mais imagens, do mesmo lote, as quatro que reproduzimos no início do poste em formato de pequena dimensão. 

Erradamente, publicámos, em 2011,  essas iamgens como sendo a da visita a Cufar da delegação oficial do MNF, pu seja, da Cecília Supico Pinto e da Renata Cunha e Costa, quando na realidade se trata de duas senhoras vindas de Bissau, e que estão acompanhadas da esposa do comandante de "Os Lassas", o cap Costa Campos, Maria da Glória (França) (é a primeira do lado esquerdo, nos fotogramas nºs 1 e 2).

Por outro lado, estranhávamos que a retratada nos fotogramas nºs 3, 4 e 5 fosse z Cecília Supico Pinto, "aos 44 anos, com um 'look' surpreendentemente jovem'... Na realidade não sabemos quem era esta jovem senhora, seguramente esposa de algum oficial em Bissau, da delegação provincial do MNF, e que terá acompanhado a Cecília Supico Pinto e a Renata Cunha e Costa.

Por ocasião do 9º Encontro da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/67), realizado em 2007, em Almeirim, comemorando os 40 anos do regresso de "Os Lassas", o Mário Fitas homenageou  também a  "senhora professora, enfermeira e companheira de guerra Maria da Glória (França)", agradecendo-lhe a "doação total à CCAÇ 763", razão porque, no seu entendimento, ela devia "ser considerada como parte integrante desta Companhia". Esta senhora vivia, pois, em Cufar, na altura da visita do MNF.

Recorde-se que o  Mário Fitas foi fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. E tinha por nome de guerra "Mamadu"...É  autor de: (i)  "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (inédito, 2ª versão, 201o, 99 pp.); (ii)  "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp.

Esta passagem do primeiro livro, lida agora com mais atenção, pode ajudar a esclarecer algumas das nossas dúvidas:  

(...) Como reconhecimento do seu trabalho, os Lassas recebem dias depois a visita da Sra. Presidente do Movimento Nacional Feminino, Dª. Cecília Supico Pinto, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento. 

Deixaram uma máquina de projectar filmes de 8 mm, uma viola e mais uns pacotes de cigarros. (...)

No Hospital Militar [, onde entretanto é internado para uma cirururgia à hérnia], ao princípio da tarde Mamadu  
["alter ego" do autor] acordou  (...)

Na tarde seguinte, apareceram umas senhoras simpáticas do MNF, a quem Mamadu informou gostar bastante de ler, e pe­diu se lhe arranjavam “A Besta Humana”, do Émile Zola. Muitas desculpas mas não conheciam a obra, no entanto iam tratar do assunto. Até hoje não teria sido lido, se o próprio não o tivesse comprado. (...)

Neste tempo todo, desleixou um pouco a correspondên­cia. Fragilizado, como pedinte, apenas mandou um bate-e
stradas (aerograma) à Tânia, muito simples e cauteloso, a solicitar se queria ser sua madrinha de guerra. Era uma forma hábil de contornar e chegar lá. Sem problemas, podia morrer mouro porque ao SPM. 2628 nada chegou, vindo de Terras do Lado do Norte. Madrinha não haveria.  (...) (**) (Negritos nossos).

O Mário Fitas ainda não sepronunciou este equívoco, mas já me prometeu arrajar cópia do vídeo donde foram extraídos estes fotogramas.... 

De qualquer modo, aqui fica, por mor da verdade, estes esclarecimentos quer do editor, quer da biógrafa da Cilinha, quer dos camaradas que a conheceram pessoalmente, a começar pelo Joaquim Mexia Alves, cuja mãe era dirigente do MNF de Leiria (***).  Agradeço a todos a colaboração, respondendo prontamente ao meu mail. Mas os nossos leitores também têm uma palavra a dizer.
___________

Notas do editor:


 
(***) Último poste da série > 25 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22570: Casos: a verdade sobre... (28): a CCAÇ 1546 e o Marcelino da Mata: uma mentira colossal (Domingos Gonçalves, ex-alf mil inf, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21467: (De)Caras (165): Cecília Supico Pinto, em Cufar, em fevereiro de 1966 (Mário Fitas, ex-fur mil op esp, CCAÇ 763, 1965/67)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Delegação do MNF, de visita a Cufar. Sabemos que nessa delegação estva integrada a 
Cecília Supico Pinto, presidente do MNF, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento.A elas se juntaram também a esposa do cap Costa Campos.Mas temos sérias dúvidas sobre se alguma destas semhoras era a Cecília Supico Pinto,

Foto (e legenda): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Ao lado da Cecília Supico Pinto,  diz o Mário Fitas, à sua direita, a esposa do comandante de "Os Lassas", o cap Costa Campos, Maria da Glória (França)... A outra senhora à esquerda devia ser  a Renata da Cunha e Costa, da comissõa central do MNF, que acompanhou a presidente na 1ª visita à Guiné. (**)

Por ocasião do 9º Encontro da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/67), realizado em 2007, em Almeirim, por ocasião dos 40 anos do regresso de "Os Lassas", o Mário Fitas homenageou  também a  "sra. professora, enfermeira e companheira de guerra Maria da Glória (Dª. França)", agradecendo-lhe a "doação total à CCAÇ 763", razão porque, no seu entendimento, ela devia "ser considerada como parte integrante desta Companhia".


Foto nº 3 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) >  Mário, esta senhora não podia ser a Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (1).

 

Foto nº 4 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) >  Esta senhora não podia ser a Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (2).

  

Foto nº 5 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Esta senhora não podia ser a 
Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (3).

Fotos (e legendas): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em fevereiro de 1966, a então presidente do Movimento Nacional Feminino (MNF)  visitou a Guiné, pela primeira vez, acompanhada de Renata da Cunha e Costa. (**) 

Não sabemos, com detalhe, o percurso da visita... Mas sabemos que esteve na Região de Tombali, em Cufar e, seguramente, em Catió...Mas também, na Região do Cacheu, em Binta, pro exemplo...

Fomos agora recuperar várias  fotos do Mário Vicente Fitas Ralhete, o nosso querido amigo e camarada Mário Fitas, cofundador e  "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha, escritor, artesão, artista, além de nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, alentejano de Vila Fernando, concelho de Elvas, reformado da TAP, pai de duas filhas e avô, que vive no Estoril.   

O Mário Fitas foi fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. Nome de guerra: "Mamadu"...É  autor de:

(i)  "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (inédito, 2ª versão, 201o, 99 pp.);

(ii)  "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp.


2. Contexto das fotos acima reproduzidas (, fotogramas de um DVD, proveniente muito provavelmente de um filme em 8 mm, a cores, feito na altura da visita, em fevereiro de 1966):

Foto nº 1:

(...) Como reconhecimento do seu trabalho, os Lassas recebem dias depois a visita da Sra. Presidente do Movimento Nacional Feminino, Dª. Cecília Supico Pinto, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento. 

Deixaram uma máquina de projectar filmes de 8 mm, uma viola e mais uns pacotes de cigarros. (...)

No Hospital Militar [, onde entretanto é internado para uma cirururgia à hérnia], ao princípio da tarde Mamadu acordou. (...)

Na tarde seguinte, apareceram umas senhoras simpáticas do MNF, a quem Mamadu informou gostar bastante de ler, e pe­diu se lhe arranjavam “A Besta Humana”, do Émile Zola. Muitas desculpas mas não conheciam a obra, no entanto iam tratar do assunto. Até hoje não teria sido lido, se o próprio não o tivesse comprado. (...)

Neste tempo todo, desleixou um pouco a correspondên­cia. Fragilizado, como pedinte, apenas mandou um bate-e
stradas (aerograma) à Tânia, muito simples e cauteloso, a solicitar se queria ser sua madrinha de guerra. Era uma forma hábil de contornar e chegar lá. Sem problemas, podia morrer mouro porque ao SPM. 2628 nada chegou, vindo de Terras do Lado do Norte. Madrinha não haveria.  (...)

Fotos nºs 2, 3, 4 e 5 (***)

[enviadas por ocasião da notícia da morte da ex-presidente do MNF, extinto em 22 de juklho de 1974, por despacho do Ministro da Defesa Nacional] 

(...) Sem qualquer preconceito político, revelo aqui a minha admiração por uma mulher que soube conviver com os jovens soldados nos tempos da guerra (hoje velhos Combatentes).

Julgando ser de interesse para o Blogue e para a história do conflito na Guiné, anexo algumas fotos da D. Cecília Supico Pinto (com a esposa do Cap Costa Campos, comandante da CCAÇ 763) em Cufar, terra dos Lassas.

Em duas das fotos podemos vê-la acompanhada de D. Maria da Glória (França). (...)

3. Na altura da morte de Cecília Supico Pinto, em 25 de maio de 2011, a escassos dias de completar os 90 anos, o nosso blogue prestou-lhe uma homenagem, espontânea, a que lhe era afinal devida (****). 

Publicaram-se na altura mais de duas dezenas de  mensagens. Destacam-se a de dois camarada  que a conheceram em vida, o Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real), e o JERO (Alcobaça), e cujas mães pertenceram ao MNF.

(i) Joaquim Mexia Alves:

(...) Caros camarigos:

Morreu uma grande Senhora!

Conheci-a pessoalmente por diversas vezes, visto que a minha mãe foi dirigente do MNF em Leiria.

A mim não me interessam neste momento quaisquer ilações politicas ou outras, mas tão só olhar a mulher que dedicou a maior parte da sua vida aos soldados de Portugal e sobretudo das suas famílias.

Quem assim se dá em prol dos outros merece sempre a nossa bondade e o nosso elogio.

Que Deus a tenha no Seu descanso.

Um abraço camarigo para todos e também para ela, que à sua maneira era nossa camariga.


(ii) JERO  [José Eduardo Oliveira]:

(...) Já lá vão uns bons 30 anos mas recorda-me como se fosse hoje. Trabalhava então na Fábrica de Porcelanas SPAL, em Alcobaça, e vindo do Sector Fabril avistei na entrada da Sala do Mostruário uma figura que, à distância, me pareceu ser familiar e que perguntava qualquer coisa à telefonista. 

Aproximei-me e percebi que a senhora em causa, de uma certa idade, pretendia comprar um serviço de chá (ou café). A telefonista Susana com a simpatia que lhe era habitual informava que a Fábrica não atendia público. Teria que se dirigir a uma loja para o efeito que pretendia.

Parei e reconheci a senhora. Era a Cilinha Supico Pinto. Disse-lhe que era o responsável comercial da Empresa e que no seu caso iríamos abrir uma excepção. «Porque a Senhora visitou em tempos a minha Companhia no norte da Guiné. Em Binta. A Companhia 675 do Capitão Tomé Pinto, que pertencia do Batalhão 490, do Tenente Coronel Fernando Cavaleiro...  Eu fui um dos seus rapazes combatentes. E a minha Mãe, Maria Fernanda Oliveira, tinha pertencido em Alcobaça ao MNF em meados da década de 60.»

Não mais esquecerei o seu sorriso e o seu abraço. Estou a escrever de lágrimas nos olhos.
Devo a essa Grande Senhora este momento de ternura e de saudade.

Bem hajam os Homens Grandes do nosso blogue por terem prestado à Dª.Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto esta merecida e sentida homenagem. Aceitem um abraço de gratidão do JERO. (...)

(***) Vd. poste de 3 de junho de  2011 > Guiné 63/74 - P8371: In Memoriam (82): Fotos de Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, antiga Presidente do Movimento Nacional Feminino (Mário Fitas)

(****) Vd. poste de 31 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8350: In Memoriam (81): Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, Presidente do Movimento Nacional Feminino (30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011) (Teresa Almeida / José Martins)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8350: In Memoriam (81): Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, Presidente do Movimento Nacional Feminino (30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011) (Teresa Almeida / José Martins)

Teresa Almeida
A propósito do falecimento, no dia 25 de Maio passado, da fundadora do Movimento Nacional Feminino, D. Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011), publicamos dois depoimentos, um de autoria da nossa amiga tertuliana Maria Teresa Almeida e outro do nosso camarada José Martins.

1. Teresa Almeida [, foto à direita:

Hoje dia 31 de Maio de 2011, ao abrir o "site" UTW, li a triste notícia do falecimento da Sra. D. Cecília Supico Pinto*, grande Senhora, que lutou e deu a cara, por um ideal, o bem-estar dos nossos Soldados, tão jovens , e longe das suas Famílias, se encontravam numa guerra em defesa deste País. Estou muito abalada.

D. Cecília Supico Pinto foi a Mãe, mas sobretudo a Amiga, para todos os Combatentes que privaram com ela. Colocou em risco a sua própria vida, e uma das vezes teve um acidente em pleno mato, que ao longo da vida lhe trouxe grandes problemas de saúde. Era uma Mulher sem medos, determinada, fosse em lugar de risco, ou não, era preciso levar AMOR àqueles JOVENS.

Visitou os três Teatros de Guerra e a todos os Combatentes, levava, sempre, um carinho, um sorriso, uma lembrança. Os afectos que era to preciosos, naqueles momentos. E ela estava sempre presente, no meio dos nossos Rapazes.

Como Presidente do Movimento Nacional Feminino*, editou o AEROGRAMA, tão conhecido de todos nós, para facilitar a correspondência entre os Combatentes, e seus familiares.

Tive o privilégio, de a conhecer e de falar a "D. Cilinha", falava-me sempre da Guerra, e dos "seus Meninos", que tinha feito tudo, por eles, com muito Carinho e Amor.

Tenho a certeza que,  no seu eterno descanso, junto de Deus, tem junto de SI, os Combatentes do Ultramar - "OS SEUS MENINOS". Não posso, nem devo esquecer, os meus sentimentos por esta Grande Senhora, que faz parte integrante da GUERRA DO ULTRAMAR.

Tinha tanto para dizer... mas. Foi muito agradável falar e conviver com a Sra. D. Cecília Supico Pinto. Já sinto a sua AUSÊNCIA.

Assim, quero, deixar aqui, o meu profundo sentir pelo falecimento desta tão GRANDE SENHORA

A todos os Combatentes, deixo também o meu profundo sentir, pela notícia

A TODOS QUE JÁ PARTIRAM, PARA JUNTO DE DEUS, E, ESTIVERAM NA GUERRA DO ULTRAMAR, A TODOS TENHO NO MEU CORAÇÃO.

ADEUS CILINHA
PAZ Á SUA ALMA

Da Amiga
Teresa Almeida



Zemba, Angola, 1974 > "Visita da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Drª Cecília Supico Pinto

Foto e legenda: Quanto Mais Quente Melhor > Blogue do ex-Cap Cav Fernando Vouga, comandante do Esquadrão de Reconhecimento FOX 2640 — Bafatá, Guiné (1969/1971) (1). (Com a devida vénia...)


2. Jose Martins


Há noticias que, por muito que sejam esperadas, de certa forma nos custam a aceitar, já que em nós reside um resquício de imortalidade.

Todos temos a “nossa hora”, não sabendo apenas, como e quando chega.

O texto abaixo, retirado (com a devida vénia) da Wikipédia, lembra-nos uma mulher que, independentemente das ideias que tinha, sendo coincidentes ou divergentes com a nossa, fez parte da nossa vida, quer pessoal quer colectiva.

À sua maneira, foi uma mulher que esteve na guerra, ajudando os militares e suas famílias, no momento em que mais necessitavam.

Não conheci a D. Cilinha. Conheço o que fez através da “visão alheia”. Usei os aerogramas, a forma mais fácil de comunicar com a família, noiva e madrinhas de guerra. Se mais não fizera. Era suficiente.

Para Cecília Supico Pinto, a nossa gratidão e o nosso respeito. É mais uma Portuguesa que parte, pouco antes de festejar os 90 anos.

Descanse em paz e, que cada um de nós a recorde de acordo com o seu sentimento e forma de pensar.

© Foto retirada de ultramar.terraweb.biz.


Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 30 de Maio de 1921 — 25 de Maio de 2011)[1], conhecida popularmente como Cilinha, foi a criadora e presidente do Movimento Nacional Feminino, uma organização de mulheres que durante a guerra colonial prestou apoio moral e material aos militares portugueses. Nesse cargo atingiu grande popularidade e uma considerável influência política junto de Oliveira Salazar e das elites do Estado Novo. Visitou as tropas em África e promoveu múltiplas iniciativas mediáticas para angariação de fundos.

(Com a devida vénia à Wikipédia)

José Martins
____________

Notas de CV:

(*) Sobre a D. Cecília Supico Pinto e o Movimento Nacional Feminino, vd. postes de:

18 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2362: O Movimento Nacional Feminino no filme em DVD Natal de 71, de Margarida Cardoso, que recomendo (Diana Andringa)

9 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2514: Convite (2): Lançamento da biografia de Cecília Supico Pinto, a líder do MNF: 12 de Fevereiro, 18h30, na Sociedade de Geografia

11 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2524: Notas de leitura (7): Não se pode estudar a Guerra Colonial ignorando o MNF e a sua líder carismática (Beja Santos)
e
12 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2528: O papel do Movimento Nacional Feminino (1): Mais meritório no apoio às famílias dos soldados (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8298: In Memoriam (80): Teresa Reis (1947-2011). A minha homenagem ao Humberto Reis (Mário Beja Santos)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2514: Convite (2): Lançamento da biografia de Cecília Supico Pinto, a líder do MNF: 12 de Fevereiro, 18h30, na Sociedade de Geografia


Capa e contracapa do livro de Sílvia Espírito Santo, Cecília Supico Pinto: O Rosto do Movimento Nacional Feminino, a ser lançado no dia 12 de Fevereiro de 2007. Preço: c. 20 €.


1. A editora A Esfera dos Livros teve a gentileza de nos mandar um convite para a sessão de lançamento da obra da investigadora Sílvia Espírito Santo, com o título Cecília Supico Pinto: O Rosto do Movimento Nacional Feminino. Será já no próximo dia 12 de Fevereiro, 3ª feira, às 18h30, na Sociedade Portuguesa de Geografia, Rua das Portas de Santo Antão, 100, Lisboa, Telefone 21 342 5401. Apresentação a cargo de Anne Cova, historiadora, e de Fernando Dacosta, escritor, ex-jornalista (autor de, entre outras obras, Máscaras de Salazar e Salazar - Fotobiografia).

A autora é investigadora do Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI), licenciada em História pela Universidade de Coimbra e mestre em Estudos sobre as Mulheres, pela Universidade Aberta de Lisboa. É autora, entre outros, dos seguintes trabalhos relacionados com a guerra colonial:

(i) "Por Deus e pela Pátria", in A Guerra do Ultramar: Realidade e Ficção (Lisboa, Notícias Editorial, 2002);

(ii) Adeus até ao Meu Regresso, O Movimento Nacioanl Feminino na Guerra Colonial, 1961-1974 (Lisboa, Livros Horizonte, 2003;

(iii) E a guerra aqui tão perto - os ex-combatentes da guerra colonial (Região de Leiria - RL, 2003)...

2. Cecília Supico Pinto (nickname, Cilinha) nasceu em 1921, em Lisboa. Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho, de seu nome de solteira, era oriunda de uma família da alta burguesia financeira. Casou com Lúís Supico Pinto, economista, homem do núcleo duro do regime de Salazar com quem o casal privava. Salazar era visto por Cecília Supico Pinto como "um verdadeiro príncipe". Em 1961, ela irá fundar o MNF - Movimento Nacional Feminino (1), uma organização que se pretendia independente do Estado, e que tinha por missão mobilizar as mulheres portuguesas no apoio moral e material aos soldados que combatiam em Angola e, depois, em Moçambique e na Guiné.

A primeira metade da década de 1960 terá sido para Cecília Supico Pinto e suas colaboradores de exaltação, mobilização e ensusiasmo... A partir de 1966, a líder do MNF confessa começar a dar conta da fadiga provocada pela guerra, traduzida na desmobilização da sociedade civil e na redução de donativos, a par do crescimento da contestação, ora surda, ora aberta, da guerra no Ultramar...

O 25 de Abril aconteceu alguns dias depois a seguir à sua última missão no Ultramar, justamente na Guiné. Não terá sido apanhada completamente de surpresa.... Ainda tentou transformar o MNF numa organização de assistência e apoio aos ex-combatentes do Ultramar, mas já não a tempo de evitar que, três meses depois da queda do regime político que era o seu, de alma e coração, o MNF fosse extinto, por despacho do Ministro da Defesa Nacional, a 22 de Julho de 1974.

Cecília Supico Pinto foi, reconhecidamente, uma mulher de forte personalidade, uma líder com carisma, amiga íntima de Salazar (mas já não de Marcelo Caetano...) que concitou tremendos ódios e paixões, a começar pelos próprios militares e sobretudo pelos contestatários da guerra colonial, do colonialismo e do regime político de Salazar/Caetano...

Esta biografia ajudará a conhecê-la melhor, a ela, à sua época e à sua obra. "Dei tudo o que tinha. O Movimento foi a vida minha! - disse ela em entrevista à autora do livro. "Os militares e o trabalho no Movimento foram, de certo modo, os filhos a que me dediquei". Vive hoje, em Cascais, retirada da vida pública.


3. A editora mandou-nos um exemplar do livro de que faremos muito brevemente a respectiva recensão.

Contacto: Margarida Damião

A Esfera dos Livros

Rua Garrett, n,º 19 - 2º A
1200-203 Lisboa

Tel. 21 340 40 64 / Telm. 96 344 19 79 / Fax. 21 340 40 69

__________

Notas de L.G.:

(1) Sobre o Moviment0 Nacional Feminino, há já aqui, no blogue, alguns postes:

18 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2362: O Movimento Nacional Feminino no filme em DVD Natal de 71, de Margarida Cardoso, que recomendo (Diana Andringa)

17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2357: O meu Natal no mato (3): Banjara, 1965 e 1966: um sítio aonde não chegavam as senhoras do MNF (Fernando Chapouto)

18 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2059: Um disco oferecido pelo MNF, às NT, no Natal de 1973 (Álvaro Basto/Carlos Vinhal) 08 Março 2006

8 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXIV: Dia Internacional da Mulher (2): As Tias Lili Caneças de antigamente (João Tunes)

16 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CXCIII: Antologia (19): os 'remorsos de guerra' do tenente Tunes (João Tunes)

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21364: Memórias cruzadas na região de Gabu: dia de luto para o EREC 8840/72, na visita de Cecíiia Supinco Pinto a Canquelifá em 6 de Março de 1974 (Jorge Araújo)

Infogravura do (eventual) itinerário utilizado em Março de 1974 por Cecília Supico Pinto (1921-2011), iniciado na Região de Gabú, Zona Leste, no dia 6 (4.ª feira). No decurso da coluna Piche – Canquelifá, a primeira etapa deste programa, na qual a presidente do MNF se incluía, o Esquadrão de Reconhecimento "FOX" 8840/72 (Bafatá, 1973-1974) registou a sua primeira baixa provocada pelo accionamento de mina anticarro.



Foto 1 – Canquelifá (Região de Gabú) – mais uma imagem da destruição da tabanca de Canquelifá, na sequência das diversas flagelações levadas a cabo pelo PAIGC, iniciadas em 17 de Março de 1974, com recurso a morteiros 120 e foguetões 122. [foto gentilmente cedida pelo Eugénio Pereira, ex-fur mil da CCAÇ 3545 (1973-1974)].


Foto 2 – Estado em que ficou a "White" na sequência da explosão da mina anticarro, durante a coluna Piche – Canquelifá, na qual estava incluída a "Cilinha". (Foto gentilmente cedida pelo Silvino Matos, ao fundo à direita; e à esquerda o João da Costa Araújo "Jonas".



O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior; vive em, Almada: acaba de regressar de Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos, onde foi "apanhado" durante vários meses pela pandemia de Covid-19; tem mais de 260 registos no nosso blogue... e já está a preparar o próximo ano letivo, que não vai ser fácil paar ninguém: professores, e demais pessoal da conunidade escolar: pessoal não docente,alunos, pais e encarregados de educação, etc.


MEMÓRIAS CRUZADAS NA REGIÃO DE GABU: DIA DE LUTO PARA O EREC 8840 NA VISITA DE CECÍLIA SUPICO PINTO A CANQUELIFÁ EM  6 DE MARÇO DE 1974 



► ADENDA AO P21361 (15.09.20) (*)


A expressiva e bem conseguida reportagem sobre a visita a Nhacra da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (1921-2011), realizada pelo camarada António Murta, em 10 de Março de 1974, domingo, que agradecemos, hoje postada no P21361, levou-me a acrescentar mais alguns elementos históricos, já que não é todos os dias que surgem oportunidades para nos referirmos à líder daquele Movimento, por si criado em 28 de Abril de 1961.


Entretanto, na 4.ª feira anterior à sua chegada a Nhala, em 6 de Março de 1974, Cecília Supico Pinto saiu ilesa durante a coluna Piche – Canquelifá, onde ia visitar o contingente da CCAÇ 3545 [, vd. foto acima nº 1], após um carro de combate "White", do EREC 8840, unidade comandada pelo Cap Cav Xavier Silveira Montenegro Carvalhais, ter explodido ao accionar uma mina anticarro durante o referido itinerário.[Vd. foto acima, nº 2]



Do «Caderno de Memórias" [, Diário,]  de Silvino Neto Matos, edição de autor  do qual possuímos um exemplar, e por ter participado naquela missão, retirámos a seguinte passagem:


"Em 06 de Março de 1974 (4.ª feira), durante a coluna a Canquelifá, rebentámos uma mina anticarro reforçada, onde morreu o meu muito grande amigo "Cunha" [José Martins da Cunha, sold apont metralhadora, natural da Trofa, distrito do Porto].


Tinha a minha especialidade, e a sua morte passou a ser a primeira do Esquadrão de Reconhecimento "FOX" 8840.

 

Para além desta baixa registou-se ainda a evacuação de mais quatro elementos: o furriel Rodrigues, Afonso, António Nunes Figueiredo "Estarreja" e o Hélder de Jesus Costa.


Nessa coluna, na 3.ª viatura, seguia a D. Cecília Supico Pinto (1921-2011), Presidente do Movimento Nacional Feminino, sendo que a primeira era uma Chaimite, a segunda uma White, a que accionou a mina, depois mais uma Chaimite, mais uma White e, finalmente, a coluna constituída por uma companhia operacional [n/n]." 


Depois de ter apanhado um "valente" susto (digo eu!), a caminho de Canquelifá, Cecília Supico Pinto viria a viver mais "emoções", desta feita, em Gadamael, quando aí, pela manhã do dia seguinte à sua chegada [Março de 1974], "aguentou estoicamente a primeira flagelação do dia". (C. Martins - P21349). [Vd. infografia acima].

 

Termino, agradecendo a atenção dispensada. (**)

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

15Set2020


______________


(**)  Último poste da série > 31 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21306: Memórias cruzadas na região do "Macaréu" (Bambadinca) em 1971: a realidade e a ficção (Jorge Araújo)