segunda-feira, 11 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8541: Ser solidário (111): A Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, vai realizar um ENCONTRO / CONVÍVIO no próximo dia 16 de Julho de 2011 em Matosinhos (Tabanca Pequena)

1. Mensagem de hoje, dia 11 de Julho de 2011 da Tabanca Pequena chegada ao nosso Blogue:

TABANCA PEQUENA - Grupo de amigos da Guiné-Bissau

Caro associado.
Ainda estás a tempo de te inscreveres para o CONVÍVIO SOLIDÁRIO no dia 16.

Preço por pessoa: 15 gotas de água.

Inscreve-te

Zé Rodrigues – 967409449
Zé Teixeira - 966238626

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Nota de CV:

Vd. poste de 27 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8475: Ser solidário (110): A Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, vai realizar um ENCONTRO / CONVÍVIO no próximo dia 16 de Julho de 2011 em Matosinhos (José Teixeira / José Rodrigues)

Guiné 63/74 - P8540: Os nossos médicos (37): Dr. Fernando Garcia, chefe da equipa cirúrgica do HM241, Bissau, 1966/68 (J. Pardete Ferreira)

1. Comentário, com data de 8 do corrente, de J. Pardete Ferreira ao poste P5581 (*)


Não sei se [este autor] é o mesmo António Reis que encontrei num dos convívios do pessoal do HM241, mas o facto de ter um filho que tem uma editora, faz-me pensar que sim.

Não conheço este livro (**) [, imagem da capa, à direita]!


Quanto ao Dr. Fernando Garcia, que alguns de nós chamavam o Tim Tim, sobretudo a malta do Hospital de Santa Maria, foi efectivamente o Chefe da equipa cirúrgica do HM241, precedeu o Dr. Diaz Gonçalves e tinha a patente de Tenente Miliciano Médico. 

Circulavam muitas histórias. Conheci-o no H.S.Maria, onde ele trabalhava no Serviço de Patologia Cirúrgica, do Professor Virgílio de Morais, por alcunha, o Chinês, padrinho de casamento do Dr. António Herculano Carmona, talvez o primeiro Cirurgião digo desse nome que passou nesta Cidade e que bem conheci igualmente, ainda nos meus tempos de estudante.

Relativamente ao Dr. Garcia, contam muitas histórias, muitas das quais eu não conheço, não podendo, naturalmente,  confirmar a sua veracidade, inclusive, porque não conheço a referida publicação.

É possível que, se eu me referir um dia a uma ou outra delas, já tenha sido publicada.

Deve ter muito perto de oitenta anos e não faço a mínima ideia desse consultório em Lisboa. Naturalmente, não sou omnisciente.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5581: Os nossos médicos (13): Deus no céu e o Dr. Fernando Garcia... no HM 241 (António Reis / Luis Graça).


Guiné 63/74 - P8539: Dando a mão à palmatória (28): Na melhor nódoa cai o pano... ou: Não basta à mulher de César ser séria, é preciso parecê-lo (Luís Graça)

1. Na véspera de  sair de Lisboa, a caminho do Norte, onde me esperava uma alegre, bonita e comovente festa de família, envolvendo mais de 120 pessoas, publiquei no passado dia 7 o poste P8524 (*), com excertos de um artigo sobre o nosso camarada António Camilo, um dos veteranos das viagens de solidariedade, Portugal/Guiné-Bissau, por terra.


A acompanhar esses excertos, reproduzidos com a devida vénia, da revista Visão, de 3/2/2011, inseri também uma selecção de fotos do Camilo, tiradas numa das suas últimas viagens ao sul da Guiné-Bissau, e mais exactamente a Guileje, em 2010. Entre essas fotos, e sem qualquer legenda específica (ou simples explicação), figurava uma placa [, imagem à esquerda,] com os seguintes dizeres, em quatro parágrafos:


“Após o assassinato de Amílcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973, em Conakry, o PAIGC lança uma grande ofensiva militar e política – precisamente designada Operação Amílcar Cabral ou Abel Djassi – que visou demonstrar a sua capacidade de iniciativa em toda a extensão do território da Guiné-Bissau e, ao mesmo tempo, consolidar as condições para a proclamação unilateral da Independência, que viria a ocorrer a 23 de Setembro desse mesmo ano, em Madina de Boé.

“Essa operação obtém uma inequívoca vitória em Guiledje, com a ocupação do respectivo quartel, entretanto abandonado pela tropa portuguesa.

“Dez anos após o início da acção armada contra o colonialismo português e mesmo após ter sido assassinado o principal inspirador e organizador da Luta de Libertação, a queda de Guiledje foi determinante para o futuro da Guiné-Bissau e não deixou de ter consequências no que veio a ser, o movimento militar vitorioso contra o regime de Marcelo Caetano”.



E a placa, que figura no Núcleo Museológico Memória de Guiledje (**), sito no antigo quartel das NT, em Guileje, desde a sua inauguração em 20 de Janeiro de 2010, termina assim (4º parágrafo):


“Memória de Guiledje pretende promover na Região de Guiledje, no Cantanhez, o resgaste da memória colectiva e individual de quantos aqui combateram e viveram”.


2. O poste foi editado por mim, Luís Graça. No dia seguinte, o Carlos Vinhal, o nosso dedicado, incansável e sempre discreto co-editor que está 24 horas por dia de serviço ao blogue, teceu - com toda a legitimidade, e de acordo com as normas em vigor entre nós - , comentários sobre essa foto (e mais concretamente sobre o conteúdo dos três primeiros parágrafos da placa). Fê-lo a título pessoal, como simples leitor e membro do blogue. O comentário começava com a frase: “Confesso que não me lembro de alguma vez ter visto esta placa publicada no nosso Blogue” (…).  Depois de discorrer sobre questões factuais e de interpretação historiográfica, terminava, dando a sua opinião:


“Não será dar importância a mais a Guiledje? Agora sei por que nunca vi espanhóis nas comemorações da Restauração de 1640, os representantes da monarquia nas comemorações do 5 de Outubro de 1910 e dos ministros de Marcelo Caetano nas comemorações do 25 de Abril. Cada um com a sua verdade”.


Em suma, o meu querido camarigo Carlos Vinhal (CV) considerava a placa como uma peça de propaganda. E nesse sentido haveriam de se pronunciar nesse dia também os camaradas Joaquim Mexia Alves (JMA) e Torcato Mendonça  (TM), a título pessoal, insurgindo-se, nomeadamente o JMA,  contra o facto de haver referência explícita do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné a esta "iniciativa" da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento.


(...)  Já por aqui tinha passado e não tinha dado conta da placa e dos seus 'dizeres' Obrigado ao Carlos por nos ter chamado a atenção.

É por estas e por outras que deve haver um cuidado extremo nesta acções de solidariedade e apoio, pois de repente, quanto a mim, estamos a ser solidários com algo que é no mínimo 'inverdadeiro' e conduz a conclusões erradas. Esta placa é para mim um 'insulto', pois está carregada de mentiras, e de falsas conclusões.

Afirmo aqui, peremptoriamente, que não dou o meu apoio, enquanto membro da Tabanca Grande, Luís Graça & Camaradas da Guiné, e rejeito liminarmente esta acção no Guileje, muito especialmente esta placa lá colocada. (...)


A escassas horas de partir para o norte, e tendo-me apercebido do “desconforto”  que iria provocar a foto em causa, decidi como editor do poste retirá-la, pura e simplesmente. E com ela os comentários daqueles três meus amigos e camaradas (CV, JMA e TM), que eu muito prezo. Dei-lhes de imediato conhecimento nestes termos: “Queridos camarigos: Agradeço os vossos reparos... Havia uma foto, a mais, desnecessária... Tomei a liberdade de a retirar bem como os vossos comentários... A verdade é que eu não posso [nem quero...] 'alterar a realidade' com o Photoshop... Mas quero que o blogue continue a ser um lugar de encontro, e que esse lugar seja confortável, para todos... Vou até Candoz, tenho lá a minha outra tropa, 120 pessoas”…


Convém aqui lembrar que a génese e o desenvolvimento da nossa Tabanca Grande  se mantêm (e só são possíveis) na base numa relação de transparência, confiança e lealdade que tem já mais de 7 anos, entre os responsáveis do blogue e os demais membros. Como em qualquer organização, seja ela física ou virtual, da empresa ao clube de futebol, da unidade militar de elite a um simples blogue colectivo como este (que, caso raro, até tem um sistema de comentários, livre, sem moderação prévia)...

As reacções de outros leitores habituais e membros do blogue não se fizeram esperar: uns pensaram tratar-se de “anomalia técnica”, outros falaram logo abertamente em “censura”… O coitado do Carlos Vinhal, com quem tenho uma relação de trabalho transparente e leal, só dizia: "Estranho que o meu comentário, fundamentado, não insultuoso, devidamente assinado, tenha sido removido sem me ser dado conhecimento prévio"...


E, como em todas as boas ocasiões propícias ao "alvoroço do povo", não faltou até quem pedissse a cabeça do "responsável"... Pois, o responsável, está aqui, sou eu, e só não dei a cara, publicamente, mais cedo, por estar fora de Lisboa, por ter outros afazeres, impedimentos e limitações (incluindo de acesso à Net)...

Logo no dia 8, 6ª feira, ao partir para o Norte, ao fim da tarde, eu dei  conta, de imediato,  de que, face ao acontecido, tinha sido pior a emenda que o soneto… (Refiro-me a à retirada da foto da polémica placa e  dos 3 comentários a ela referentes)... Na realidade, tomei consciência de que tinha usado e abusado da minha prerrogativa como fundador, administrador e editor... E não adianta desfazer-me em mil e uma desculpas e conversas... Não basta à mulher de César ser séria, é preciso parecê-la...

 É verdade que a pressa (e o stress que a pressa origina) é muitas vezes inimiga da razão e do bom senso... Ou ainda: no melhor pano cai a nódoa... (Fazendo um trocadilho para explicar o título deste poste: na melhor nódoa, cai o pano... Isto quer dizer que a nódoa e o pano estão intrinsecamente ligados, formam um sistema, que não podemos dissociá-los, que em última análise não existe o pano sem a nódoa nem a nódoa é perceptível sem o pano...).


Confesso que saí de Lisboa, 6ª feira à tarde,  com um enorme desconforto psicológico, sabendo que  o meu comportamento iria ser objecto de justíssimas críticas e, mais, que rapidamente corria o risco de ser julgado em praça pública... Com limitações (técnicas) no acesso à Internet, ainda consegui mandar, na madrugada do dia 9, sábado, a seguinte mensagem ao Carlos:


Carlos:  Aqui tens a foto do Camilo [, a foto da placa de Guileje]... Se entenderes dever ser reposta, com os comentários do JMA e do Torcato, além do teu, estás à vontade...  Não sei que explicação dar.... Temos que encontrar uma solução airosa... A simples reposição, discreta, era o mais víável ... Não quero alimentar polémicas, em público... nem muito menos discutir questões que são nossas, internas...

Hoje é dia de festa, de anos, para alguns camaradas nossos, incluindo o meu especial camarigo Joaquim Peixoto [, que fazia anos, a par do Estorninho nesse dia, e a quem aproveito, dois dias depois,  para dar a ambos os meus sinceros parabéns,]  e eu também a tenho a casa cheia, 120 pessoas. 



No quero magoar ninguém nem ser magoado... O blogue serve para nos unir e não para nos desunir... Só cheguei [, a Candoz,] à uma e meia da noite, não deu para fazer nada... E hoje, como deves imaginar, não tenho condições para isso... Saberás encontrar uma solução inteligente, em que ninguém perca a face, a começar pelo autor da foto e os editores...Além disso, estou limitado pela Net. Um abraço de amizade e camaradagem. Luís " (...).


Telefonei ainda, nessa manhã de sábado,  para o telemóvel do Carlos, e tomei a decisão de, hoje, 2ª segunda, após o meu regresso a Lisboa, dar a explicação devida (mas quiçá tardia...) a todos os leitores e sobretudo aos amigos e camaradas da Guiné que fazem parte, formalmente, da Tabanca Grande, e que são a razão de ser, ao fim e ao cabo, deste blogue e do grande investimento, em inteligência e em afecto,  que todos temos feito nele ao longo de mais de sete anos de existência...


O que aconteceu aconteceu, e foi lamentável. Não tenho qualquer pejo em reconhecer o meu erro, e dar a mão à palmatória (***), como já aqui aconteceu várias vezes ao longo destes anos. A foto em causa foi resposta bem como os comentários com ela relacionados, da autoria dos nossos camarigos Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Torcato Mendonça (*). A eles, antes de mais, devo uma palavra de reparação, pelas emoções negativas que este caso lhes poderá ter causado. A mim causou-me, e quase que me ia estragando o fim de semana (Felizmente, que aqueles outros que eu amo, não têm a culpa do que aqui se passa,  as nossas naturais divergências e às vezes até picardias, que se é certo dão pica à vida, ou como dizem os ingleses, são o "spice of life", também podem às vezes ser "distressantes"...). 


O mesmo em relação ao nosso "fotógrafo", o Camilo, cuja idoneidade, sinceridade,  boa fé e grandeza (de corpo e alma) não poderão ser postas em causa, pelo que eu gostaria que ele fosse poupado em qualquer futuros comentários sobre o eventual "pomo da discórdia" (a dita foto da dita placa, que eu também estou a ver pela primeira vez)...


Amigos e camaradas (que espero poder continuar a estimar e sobretudo a merecer): Os conflitos têm sempre um lado positivo, o de ajudar a prevenir conflitos mais graves. Naturalmente,  têm custos emocionais... A sua resolução implica dispêndio de tempo e de energia, dois preciosos recursos que são  roubados a outras tarefas. Mais importante ainda, nada fica como dantes, contrariamente ao ditado popular, "Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes"... Sete anos depois da criação, acidental, deste blogue, temos que ter mais cuidado quando falamos em nome dele, isto é, em nome do blogue onde não se fala nem se quer falar a uma só voz... No entanto, o que se passou neste fim de semana foi uma lição de vitalidade e liberdade. O nosso blogue está vivo e recomenda-se... A notícia da sua morte só pode ter sido um exagero... LG
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Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 7 de Julho de 2011 >Guiné 63/74 - P8524: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (30): António Camilo, na véspera da sua 15ª viagem de regresso àquela terra verde e vermelha, foi objecto de artigo do semanário Visão (3 de Fevereiro de 2011)

   
(**) Alguns postes desta série:

31 de Março de 2011 >
Guiné 63/74 - P8021: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (19): Quem ajuda a reconstruir a Casa do Comandante (Pepito)


9 de Março de 2011 >Guiné 63/74 - P7914: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (18): Mais achados 'arqueológicos' (Pepito)

25 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7670: Núcleo Museológico Memória de Guileje (17): recuperação e reconstrução da antiga messe de oficiais

 19 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6020: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (16): Um dia de ronco, um lugar de (re)encontros, uma janela de oportunidades (Parte I)

5 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5770: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (15): Um visita virtual (Parte II)

 5 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5769: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (14): Um visita virtual (Parte I)

4 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5761: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (13): intervenção da Presidente da AD, Isabel Miranda, no dia 20 de Janeiro de 2010


(...) "O Museu 'Memória de Guiledje' é, antes de tudo, uma homenagem à geração de Cabral, a todos os que com o seu exemplo escreveram uma das mais belas páginas da nossa História. Mas é também um lugar de confluência de rios anteriormente desencontrados que hoje procuram um caminho comum.

"Encontro com os militares portugueses, aqueles que, embora em campo oposto, aprendemos a respeitar pela sua coragem e capacidade militar numa luta de longa duração e que, afinal, partilham os mesmos sentimentos de amor pela Guiné-Bissau e pelo seu povo, pela sua humildade, dignidade, valentia e determinação, os quais sempre souberam distinguir o povo português do regime colonial que a ambos oprimia .

"Hoje, em liberdade, reencontramo-nos com emoção, com vontade de juntar memórias, recordações, encontros e desencontros, voltar a caminhar juntos num caminho de respeito e progresso.

"Saudamos a presença da Srª Julia Neto, esposa do capitão José Neto que tanto amou este canto e que tanto contribuiu para que o Museu 'Memória de Guiledje' fosse um êxito. Poucos dias antes de falecer, deixou-nos o seu desejo mais profundo: 'hei-de voltar a Guiledje', disse. A sua esposa, Srª Julia Neto, está hoje entre nós para realizar esta sua última vontade. Através dela saudamos todos os militares portugueses das 12 companhias que passaram por Guiledje e que quiseram deixar um pouco das suas recordações (aerogramas, fotografias, filmes, contos e narrativas). (...).


4 de Fevereiro de 2010 >  de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5760: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (12): Cerimónia da inauguração, a 20 de Janeiro de 2010, e visita, a 29, de uma delegação cubana (Pepito)

30 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5731: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (11): Inauguração da mesquita, almadjadja, com a presença do filho do Cherno Rachide e da Júlia Neto (Pepito)

(***) Último poste da série > 3 de Junho de 2011 >Guiné 63/74 - P8370: Dando a mão à palmatória (27): Silvino Manuel da Luz: troca de fotografias (Nelson Herbert / Beja Santos)

domingo, 10 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8538: In Memoriam (84): No dia 5 de Maio de 2011 morreu o último combatente da I Grande Guerra (José Martins)

1. Em mensagem do dia 10 de Maio passado, o nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) deu-nos conhecimento do "fim" da I Grande Guerra no dia 5 de Maio de 2011, data da morte do último combatente que ainda vivia.

Aproveito para pedir desculpa ao nosso camarada Martins pela demora na publicação deste seu trabalho que esteve perdido no emaranhado de mensagens na minha caixa de correio.



O último dos últimos

Se é verdade que as guerras só acabam quando desaparece o último combatente, a I Grande Guerra só acabou no dia 5 de Maio de 2011, ou seja, mais concretamente, 92 anos, 5 meses e 23 dias depois de declarado o Armistício.

A notícia chegou pela antena da TSF na manhã de 5 deste mês, quinta-feira, revelando a morte de Claude Stanley Choules, baseado num comunicado da família à rádio ABC, da Austrália, como sendo o último combatente do conflito que assolou a Europa entre 1914 e 1918. Foi o “Ultimo dos últimos”, nome que Claude Choules deu ao seu livro de memórias e publicado em 2009

Filho de Harry e Madeline nasceu em Pershore, Worcestershire, em 3 de Março de 1901, tendo crescido na localidade vizinha de Wyre Piddle.
Com 14 anos de idade, em Abril de 1915, alista-se na Nautical Training Ship Mercury, antes de ser transferido para a Royal Navy, para servir no Navio Escola HNS Circe, baseado em Plymouth, passando a fazer parte da guarnição do navio-almirante HSM Revange, onde assistiu, dez dias após o Armistício, à rendição da Marinha Imperial Alemã.

Em 1926, juntamente com outros 11 elementos da Royal Navy ruma à Austrália como instrutor da Royal Australian Navy.
Na viagem para a Austrália, a bordo do navio, conheceu uma jovem inglesa, de nome Ethel Wildgoose, com quem se haveria de casar em Melburn, de cuja união viriam a suceder três filhos, onze netos e vinte e dois bisnetos, num casamento que durou oitenta anos, até que Ethel faleceu aos 98 anos.

Em 1931 passou à reserva, mas foi readmitido em 1932 como instrutor em contratorpedeiros. Ficou ao serviço da Royal Australian Navy, onde se encontrava quando eclodiu a II Guerra Mundial, ficando como responsável pela destruição de portos e tanques de armazenagem de combustíveis, caso houvesse invasão da Austrália por parte dos japoneses. Posteriormente foi transferido para os estaleiros navais de polícia (PDN), para poder prolongar o seu tempo de serviço até aos 55 anos.

Desde Abril de 2010 que a família informou que, dado o seu estado de saúde, já se encontrava cego e surdo, pelo que era impossível o seu contacto com a imprensa.


Faleceu no dia 5 de Maio de 2011 em Salter Point, na residência Gracewood Hostel, nos subúrbios de Perth, Austrália.
Nunca participou nas cerimónias do Armistício porque, para si, era como que fazer o elogio da guerra e, segundo o seu filho, «odiar a guerra» e encará-la apenas como «uma maneira de ganhar dinheiro».
Foi o último de cerca de 70 milhões de combatentes que estiveram envolvidos, directamente, nos conflitos

José Marcelino Martins
9 de Maio de 2011
Fotos da Wikipédia, com a devida vénia
Texto elaborado a partir da noticia de diversos órgãos de comunicação social.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8537: Blogoterapia (184): Documentos perdidos, de muito atrás do tempo (José Martins)

Vd. último poste da série de 18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8444: In Memoriam (83): CART 6250 - Unidos de Mampatá - Unidos pela vida e pela morte (José Teixeira / José Manuel Lopes)

Guiné 63/74 - P8537: Blogoterapia (184): Documentos perdidos, de muito atrás do tempo (José Martins)

Praia de Portimão
Foto de Carlos Vinhal


1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 28 de Junho de 2011

Boa tarde
Estando a "folhear" os arquivos informáticos, apareceu este texto com quase dois anos.
Será que é "literatura" para verão?

Um abraço
José Martins


Documentos perdidos, de muito atrás do tempo!

No início de mais uma semana e, apesar de estar em férias, fiz mais uma vez gazeta à praia, esquecendo o meu lugar, quase cativo, no bar sobranceiro à praia.

Levantei-me muito mais tarde do que habitualmente e, quando chegou a hora do almoço, resolvi dar uma volta pela cidade à procura de restaurante que fosse aprazível ou, no mínimo, que tivesse uma esplanada apetecível.

Rolando calmamente pela cidade, descobrindo ou redescobrindo novos caminhos.

A páginas tantas, melhor, a quilómetros tantos, o local pareceu-me já conhecido. De certeza absoluta que de que já ali tinha estado e deu-se o “clic”.

Há alguns anos atrás tinha almoçado num restaurante naquela zona, junto do museu de Portimão, em que tinha reparado que existia na parede do restaurante um pequeno quadro, que não era senão o “Apreço” passado e assinado pelo Comandante Militar do CTIG.

Na altura, há anos, a importância que dei ao facto foi relativa. Hoje fiz questão de dar um abraço aquele camarada que, para mim, era até hoje um distinto desconhecido.

Foi interessante, dois sexas, antigos combatentes, trocarem algumas palavras breves, sobre um tempo sobre o qual já decorreram quatro décadas.

Foram poucas. Notei que teria gostado de se sentar junto de mim e recordar esses tempos, apesar de ter regressado, da Guiné, pouco depois de eu ter chegado, mas havia a terra, que a todos cativou, como elo de ligação. E foi sobretudo a terra e as suas gentes o que motivou as nossas palavras, mas o dever chamava-o, e teve de regressar à cozinha.

Pude olhar à minha volta, quando fiquei sozinho, e pude constatar a razão pela qual o nosso camarada já não vai aos encontros da sua unidade: trabalha de segunda a domingo, de acordo com o cartaz que estava afixado, e lembrava os pratos que os clientes podiam apreciar diariamente.

À saída fui dar-lhe novo abraço, desta vez ao amigo e camarada da Guiné, prometendo voltar sempre que por ali passasse.

Ficou a promessa e ficam as perguntas:

Quantos “FRANCISCO DE JESUS”, com restaurante aberto neste país existem?
Quantas vezes em viagem, de trabalho ou recreio, não sabemos onde almoçar ou jantar, ou tomar um simples café?
Qual não será a surpresa, e agradável com certeza, se numa dessas refeições não encontrarmos novos camaradas?

Aqui fica a direcção:
Restaurante Snack Bar S. Francisco
Francisco J. C. Jesus
Telefone 282 426 853
Portimão

Portimão, 24 de Agosto de 2009
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8424: Onde já vai o tempo das Rações de Combate tipo E? (José Martins)

Vd. último poste da série de 6 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8517: Blogoterapia (183): Muito obrigado pelas vossas preocupações com a minha saúde (Mário Fitas)

sábado, 9 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8536: Parabéns a você (288): Agradecimento à tertúlia de Ernesto Duarte

1.Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67), com data de 6 de Julho de 2011:

Carlos,
Dirijo-me a ti porque és o homem da frente.

Eu passo muito tempo fora, e agora ainda talvez mais longe do computador, tenho um neto com 12 anos que é um um grande camarada e outro com 18 meses que é quem manda cá em casa.

Eu não tenho uma caixa de adjetivos bonitos, como também não tenho uma caixa de palavras bonitas, apenas com toda a humildade e sinceridade, sei dizer muito obrigado.

E digo mais, gostei muito que vocês se tenham lembrado de mim, soube-me bem, soube-me mesmo muito bem que vocês se tenham lembrado do meu aniversário, nunca sendo demais agradecer a vossa simpatia, a vossa amizade, um grande obrigado a vocês todos, com um grande bem haja muito grande, para todos vocês e que se prolongue por muitos e muitos anos.

Um grande abraço
Ernesto Duarte
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8391: Parabéns a você (271): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Tertúlia / Editores)

Vd. último poste da série de 9 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8532: Parabéns a você (287): Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas da CCAÇ 2381 "Os Maiorais" (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8535: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (31): As ilustrações de Miguel Pessoa chegam à Tabanca do Centro com a publicação de KARAS de Monte Real (Joaquim Mexia Alves)

1. No passado dia 5 de Julho recebemos do nosso camarada Joaquim Mexia Alves a seguinte mensagem:

Caríssimos camarigos
É com o coração repleto de alegria que vos anuncio o primeiro número da "Karas de Monte Real", uma revista de inigualável qualidade, saída da arte e engenho do seu Editor Chefe, Miguel Pessoa, (do qual não cito os títulos académicos para não ferir a sua modéstia), e que regularmente virá, em rigoroso exclusivo da Tabanca do Centro, trazer as importantes noticias, dos eventos desta nossa Tabanca.


Aqui deixo o link respectivo

http://tabancadocentro.blogspot.com/2011/07/rigoroso-exclusivo.html

e que merece sem dúvida os atinados e superiores comentários dos camarigos atabancados ao centro.

Quem trabalha, gosta de ver o seu trabalho comentado, por isso, demos os parabéns ao Miguel Pessoa e comentemos a brilhante ideia e o dedicado trabalho executado.

Aos editores da Tabanca Grande, para quem segue também este mail, façam o favor de, se assim entenderem, darem noticia desta importantíssima publicação da Tabanca do Centro, saída das mãos do Miguel Pessoa.

Estou cansado de escrever, por isso fico-me por aqui.

Um grande abraço para todos, em especial ao Miguel Pessoa, do
Joaquim Mexia Alves

.
Exemplar do primeiro número da "KARAS de Monte Real" de autoria do camarada Miguel Pessoa


2. Comentário do co-editor CV:

Foi com alguma apreensão que recebemos este número da "Karas de Monte Real", em circulação desde este mês na Tabanca do Centro, porque achamos, Tabanca Grande, que o nosso camarada Miguel Pessoa, em quem depositávamos a maior confiança, se passou, não para o inimigo, mas para a concorrência (não desleal).

É conhecida a sua participação, até à exaustão, nos postes dos aniversários com as suas composições artísticas.

Perante os factos, pergunta-se?

Será que o cozido à portuguesa vai ser mais importante do que os nossos aniversários?

É sabido que nenhum aniversariante jamais ofereceu aos editores e ao Miguel uma tacinha de espumante barato que fosse, ou uma fatia de bolo seco, mas todos sabem(os) que aqui no blogue se trabalha por amor à causa sem esperar retorno.

Mas e o cozido? Não será uma tentação? Vamos esperar para ver se continuamos a ter a colaboração estreita (?) e regular do Miguel, caso contrário teremos que recorrer ao ministério privado para fazer valer os nossos direitos (adquiridos). É que chegamos primeiro. Está bem?
Nunca esquecer a máxima que nos diz que quem vê karas não vê kurações.

À novel revista desejamos a maior longevidade possível, com assuntos variados, tais como... cozido à portuguesa.

OBS: - Texto dedicado, com um grande abraço, ao camarada Miguel Pessoa, bom amigo, solidário, sempre presente nos momentos menos bons.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8524: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (30): António Camilo, na véspera da sua 15ª viagem de regresso àquela terra verde e vermelha, foi objecto de artigo do semanário Visão (3 de Fevereiro de 2011)

Guiné 63/74 - P8534: Estórias avulsas (54): Patrulhamento e captura de um elemento do PAIGC no OIO (Jorge Lobo)




1. O nosso Camarada Jorge Lobo, que foi 1º Cabo Atirador de Artilharia da CART 1660 e também esteve adido nos BCAÇ 1857 e BCAÇ 1912, Mansoa, 1967/1968, enviou-nos a seguinte mensagem.

Patrulhamento e captura de um elemento do PAIGC no OIO


Depois da CART 1660 ter permanecido em Mansoa, desde a data da sua chegada à Guiné em inícios de Fevereiro de 1967, foi, mais tarde, destacada para o Olossato a fim de fazer alguns patrulhamentos na mata de Morés, durante um mês.



Certa madrugada, por volta das 04H00, deixamos o aquartelamento, atravessamos a pista de aviação do Olossato e embrenhamo-nos na mata a caminho das proximidades da temível e densa mata de Morés, zona fértil a nível de guerrilheiros IN e perigosamente rodeada de bolanhas. Caminhamos vários quilómetros em patrulhamento, acabando por ficar emboscados (em meia lua) numa mata perto de uma zona descampada, do tipo bolanha na altura seca, e a uns escassos metros do trilho usado pelos guerrilheiros do PAIGC.


Surgiu então uma avioneta por cima de nós indicando-nos que avançássemos um pouco mais em frente. Esta ordem foi recebida com rebeldia e um coro de pragas de protesto. É óbvio que o coronel que nos sobrevoava, se acaso estivesse connosco cá em baixo, não iria com certeza cometer o suicídio de, apenas com uma companhia, entrar naquela zona sagrada para o IN. Além do mais, irritante e contra todas as regras, a avioneta estava a denunciar a nossa presença.


O calor era abrasador e volta e meia tínhamos de nos deslocar, em pequenos grupos, a uma zona próxima onde existia água de péssima qualidade e que tinha de ser desinfectada com os habituais comprimidos. Mas como a sede era muita, praticamente nem dávamos tempo para esperar que os comprimidos fizessem o efeito a que eram destinados na água.


Logo após a avioneta se ter afastado do local e quando nos preparávamos para avançar um pouco mais (cerca das 11H00), surgiram dois guerrilheiros armados de espingarda Kalasnikov com a alça em tiracolo, vindos de dentro da mata, caminhando no trilho da bolanha, entrando na tal zona descampada (zona de morte).


O meu pelotão abriu fogo de rajada sobre eles e um deles caiu logo fulminado pelas balas largando a arma, enquanto o seu companheiro tentou fugir agarrado a uma perna, coxeando, tendo sido de imediato abordado no sentido de o avisar para se afastar da sua arma e para levantar as mão no ar...


Foi de imediato capturado e levado em maca para os arredores, vindo a ser evacuado posteriormente de helicóptero. Durante o tempo de espera pelo heli, elementos nativos da nossa milícia insistiram para que o homem não fosse evacuado, pois eles próprios se encarregariam de o fuzilar ali mesmo...


Eu não concordei com as suas intenções e dei disso conhecimento ao nosso CMDT de companhia, ali presente, o qual deu de imediato ordem para que o guerrilheiro fosse retirado para Bissau, mandando chamar um helicóptero.


A seguir aproximei-me da maca onde se encontrava o ferido, perguntando-lhe em bom português o que fazia ele e o seu companheiro por ali...


Respondeu-me em creoulo, mas entendi bem a resposta quando repetia insistentemente: Filho da p... do Amílcar Cabral… filho da p... do Amílcar Cabral!


Naturalmente que a sua intenção, ao dizer aquilo, seria a de tentar escapar com vida daquela situação e… bem o conseguiu!


Entretanto chegou o heli e lá foi ele na direcção do hospital de Bissau.


Posteriormente foi muito útil às companhias de Comandos e Paraquedistas que se serviram dele como guia nas suas diversas OP na mata de Morés.


Nesta acção foram apreendidas armas Kalasnikov.


O curioso no meio disto tudo, é que passado cerca de um ano, quando o meu pelotão se deslocou de Mansoa à piscina de Nhacra, para tomar uma banhoca e beber daquela água a que já não estávamos habituados... pois não precisava de ser filtrada, acabamos por encontrar lá o nosso ex-guerrilheiro preso em Morés.
Era um rapaz feliz dando enormes mergulhos do trampolim mais alto da piscina.


Recordo que tentei imitá-lo mas acabei por provocar uma pequena lesão na cabeça, quando bati com ela no fundo da piscina… felizmente nada de grave!
Fiquei, mesmo assim, imensamente feliz por ver aquele rapaz alegre ao lado dos nossos companheiros, nesta altura também companheiros dele, e que era uma das companhias de Comandos de Bissau.


Jorge Lobo
1º Cabo Atirador de Artilharia da CART 1660, BCAÇ 1857 e BCAÇ 1912


Fotos: © Jorge Lobo (2010). Direitos reservados.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados._________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

23 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8464: Estórias avulsas (112): Encontro de Camaradas (Mário Fitas)

Guiné 63/74 – P8533: Armamento (6): As caixas de madeira ou de metal que nos causavam muito respeito (Luís Dias)


1. O nosso Camarada Luís Dias*, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos mais uma mensagem desta série:

AS CAIXAS DE MADEIRA OU DE METAL QUE NOS CAUSAVAM MUITO RESPEITO

Camarigos,

Da leitura atenta do Post P8507 do Camarada Pereira da Costa, sobre a problemática das minas, voltou-me à memória algumas histórias sobre um dos maiores “terrores” que tínhamos quando saíamos para o mato ou para uma escolta em coluna auto. Era um aperto no coração, um respeito do caraças, se pensássemos naqueles bocados de madeira ou de metal que nos podiam ceifar a vida ou, pior ainda (conforme a maioria dos meus soldados referiam), deixar-nos estropiados para sempre.

A nossa zona de intervenção na Guiné (Zona Leste/Frente Bafatá Gabú Sul - como referia o IN), não seria daquelas onde a implantação de minas por parte do PAIGC fosse das mais intensas, mas iam-nas pondo e, no caso do nosso batalhão tiveram sucesso em três situações. A primeira na picada Cancolim – Galomaro com a morte de um elemento da CCAÇ3489 (Fevereiro de 1972), a segunda na picada Galomaro – Samba Cumbera (Novembro de 1972), com a morte de um elemento do Pel. Rec. da CCS e a terceira na picada Galomaro – Dulombi (Fevereiro de 1973), com ferimentos graves num condutor da CCS. Nas outras vezes e no caso da CCAÇ3491, tivemos a sorte de as detectar e levantar (minas AC e AP).

No caso das minas por nós colocadas em defesa de aquartelamentos e falando da minha companhia (CCAÇ3491), no seguimento do que fora deixado pela companhia dos velhinhos (CCAÇ2700), optou-se por colocá-las, em linha, a cerca de 600/700 m do aquartelamento (Dulombi), na denominada frente IN (ou seja donde normalmente aconteciam as flagelações do PAIGC), onde não existiam quaisquer áreas cultivadas pela população e por onde esta não transitava. As minas foram postas em cima de ferros apropriados, colocados a 1m de altura do chão e ligadas por arame de tropeçar. Para controlo das mesmas existia um trilho que corria paralelo à sua colocação e ao quartel e a cerca de 10/15 m destas, com sinalização que julgávamos suficiente e adequada para os nossos peritos em minas e armadilhas.

De vez em quando lá rebentava uma mina, normalmente de dia e era dada ordem para, passada uma meia hora, uma secção do Grupo de Combate que estivesse de serviço (com um dos furriéis de minas e armadilhas) sair para a zona, para verificação do que acontecera. Na maior parte das vezes as minas rebentavam por causa da passagem de animais, que eram aproveitados para um petisco para a companhia (especialmente impalas e gazelas). Em certa vez, até uma ave de grande porte, foi a vítima de uma mina, mas só serviu para tirar umas fotos, porque a malta não conseguiu identificar o bicho e ninguém quis degustar a peça. Assim, já era quase uma rotina, quando se dava um rebentamento e se não era seguido de algum ataque (o que nunca aconteceu), a secção do GC de serviço lá ia verificar o que se passava e repor o sistema existente. Se o rebentamento acontecesse de noite, é claro que só se lá ia no dia seguinte.

Numa destas vezes, em meados de 1972 e após mais um rebentamento oriundo da zona onde as minas anti-pessoais tinham sido implantadas, uma Secção do 3º GC, comandada pelo Furriel Castanheira (infelizmente já falecido), dirigiu-se para o local. Passado algum tempo, o pessoal do quartel foi alertado por uma segunda explosão e, segundos depois, uma outra. O quartel entrou em alvoroço e quase desorganizadamente um grupo formou-se e arrancou para a zona, onde todos temíamos o pior. Ao aproximarem-se da área minada, com todo o cuidado, deram com quatro feridos, entre eles o furriel, que foram rapidamente levados para o quartel, onde eram aguardados pela equipa de enfermagem e, face aos cuidados que inspiravam, foram evacuados por helicóptero para o HM de Bissau.

Por um lapso de orientação do comandante de secção, quando a equipa iniciava a contagem das minas, através de uma marcação existente e previamente sinalizada, cruzou a linha do sistema, tropeçando num dos arames que as ligavam, dando origem ao rebentamento de outra mina (accionada pelo próprio furriel). Após o rebentamento, um outro elemento da secção desorientou-se com a explosão e fugiu tropeçando noutro arame e rebentando uma segunda mina.

Felizmente e por qualquer milagre (!!!), não obstante terem sofrido diversos ferimentos, produzidos por muitos estilhaços, ficando, como se diz, feitos num crivo (o furriel foi inclusive atingido no escroto), uns tempos depois estavam de volta à companhia, depois de uma estadia em Bissau, para recuperação.

O sistema de sinalização foi revisto, mas também nunca mais houve saídas para ir controlar os rebentamentos daquela forma. Os procedimentos tiveram de ser alterados.

Os cuidados que as minas nos causavam intensificavam-se quando estivámos de intervenção em outras áreas do Leste, nomeadamente quando estivemos de reforço em Piche, Nova Lamego e depois em Pirada (aqui por poucos dias).

Em Pirada, eu tinha referido aos elementos do meu GC que o IN aqui colocava minas pessoais diferentes das utilizadas na nossa zona de origem e tinham tácticas diferenciadas de colocação das mesmas (mormente as denominadas viúvas negras) e que, aquando de colunas, em caso de paragem, deveriam ter cuidado em não sair da picada, procurando abrigarem-se junto das mesmas, porque eles colocavam minas com frequência junto de árvores que pudessem servir de abrigo.

Numa coluna auto, perto de finais de Dezembro de 1973, que pretendia abastecer Copá com munições (tinha sofrido um forte ataque já quase não tinham granadas de morteiro 81 mm, por exemplo), a partir de Pirada, na picada iam surgindo diversas minas AC semeadas em profusão, sendo que em muitas delas o IN nem se dera ao cuidado de as cobrir com terra, ou seja estavam bem à vista. As equipas de sapadores da CCS do batalhão iam fazendo o seu trabalho, procedendo ao levantamento das mesmas, mas já estavam a ficar cansados do esforço (suavam em bica) e possivelmente a pensarem que a qualquer momento algo podia correr mal. Com esta situação a coluna avançava devagar e era obrigada a parar inúmeras vezes. A determinada altura o comandante do batalhão deu ordem para regressar ao quartel, pois verificou que dificilmente conseguiríamos atingir Copá ainda de dia ou sem sofrer algum dissabor grave. Quando uma das berliets que estava atribuída ao meu GC iniciou a manobra de inversão de marcha, saindo da picada e indo passar junto a uma árvore, rebentou uma mina AP que lhe destruiu o pneu da frente (lado contrário ao do condutor). Aqui estava a situação que eu previra, o que não previra é que um dos meus soldados não tenha ligado nenhuma ao que eu havia dito e face ao calor fora colocar-se debaixo da mesma árvore procurando abrigo na sombra da mesma. Por sorte dele, colocou-se do lado contrário onde estava a mina AP e por isso, por esse acaso da sua sorte, não sofreu nada com o rebentamento, nem a pisou. É que estávamos no fim da comissão (aliás já tinha terminado o tempo em Outubro, mas só sairíamos da Guiné em finais de Março de 1974) e mesmo no fim ele poderia ter sofrido ferimentos graves ou a morte.

Luís Dias
Alf. Mil da CCAÇ3491/BCAÇ3872 (Dulombi/Galomaro)
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Nota de M.R.:

Vd. poste anterior desta série em:

Guiné 63/74 - P8532: Parabéns a você (287): Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas da CCAÇ 2381 "Os Maiorais" (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 09 DE JULHO DE 2011

ARMÉNIO ESTORNINHO

NESTE DIA DE ANIVERSÁRIO DO NOSSO CAMARADA ARMÉNIO ESTORNINHO, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR-LHE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE, JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:

Arménio Estorninho foi 1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70

Vd. último poste da série de 9 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8531: Parabéns a você (286): Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 3414 (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8531: Parabéns a você (286): Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 3414 (Tertúlia / Editores)

Com um abraço do camarada Miguel Pessoa


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 09 DE JULHO DE 2011

JOAQUIM CARLOS PEIXOTO



NESTE DIA DE ANIVERSÁRIO DO NOSSO CAMARADA JOAQUIM PEIXOTO, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR-LHE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE, JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:

Joaquim Carlos Peixoto foi Fur Mil Inf MA na CCAÇ 3414 que esteve em Bafatá e Sare Bacar nos anos de 1971 a 1973

Vd. último poste da série de 8 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8525: Parabéns a você (285): José Zeferino, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Tertúlia / Editores)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8530: Os nossos médicos (36): O Dr. Gomes da Costa, o Sargento Marcos, o 1º Cabo Silvino..., naquele dia negro de 5 de Outubro de 1967, no HM241 (António Reis, ex-1º Cabo Aux Enf, 1966/68)

1. Excerto de um texto ("Dias negros"), retirado do livo de memórias do nosso camarada António Reis, ex-1º Cabo Aux Enf (HM241, Bissau, 1966/68), já aqui recenseado, A minha jornada África (Vila Nova de Gaia: Ed. Ausência. 1999. 67 pp.) [Imagem da capa do livro, à esquerda]:

(...) Chegar o helicóptero ou os helicópteros com feridos ou mortos era o dia a dia. Houve dias negros, dias de muitos mortos e feridos. Eu pensava muitas vezes como era possível haver festas na minha terra quando tantos rapazes com vinte anos morriam ou ficavam mutilados em África.


Um desses dias a que eu chamei de negro foi o de 5 de Outubro de 1967. Desta vez chegaram mais de quarenta. Todos queimadinhos. Dentro e até fora do hospital era um cheiro intenso a carne humana queimada; nove ou dez já chegaram mortos. Os outros foram transformados em múmias.

Estiveram lá apenas cinco dias, talvez o tempo que levou a providenciarem um avião especial para os trazer para Lisboa. Naqueles cinco dia eu apenas ia à caserna para passar pelo sono, fiquei em baixo ao ponto do Dr. Gomes da Costa ter dito:
- Tu e o Silvino, esta noite ides dormir, pois eu não vos quero turberculosos.

Eu não era obrigado a tanto sacrifício, mas foi a forma de manter os soros nos horários. O Dr. Gomes da Costa prescrevia, eu tinha os soros e a medicação, o sargento Marcos e o cabo Silvino passaram os cinco dias a mudar os pensos àquelas múmias sofrentes. Múmias, porque só se lhes via os rostos inchados e queimados. Sofrentes porque ele tinham em SOS Dolantina, Pedina ou Demoral. Eu chegava a aplicar duas juntas no sistema (estavam todos com desbridamento) e passado algum tempo eles estavam novamente a gemer com dores.

E assim chegou o quinto dia e o avião que os trouxe para Lisboa. Não sei quantos mais morreram, e os que se que se safaram, em que estado ficaram. Sei que foram cinco dias que nunca esqueci. Ainda hoje conservo na retina aqueles rostos, ainda hoje tenho nos tímpanos os gemidos deles; havia um que nos agarrava e não mais largava, chamando:
- Sr. doutor, sr. doutor.

Era duro trabalhar naquela enfermaria. Ainda recordo o cabo Silvino ter-mde dito que tinha de arranjar forma de fugir daquela enfermaria senão morria ou ficava louco, mas mais duro era estar destacado no mato e aparecer lá no estado em que chegaram aqueles e outros desgraçados.

Desta vez, se bem me lembro, foi uma GMC que foi pelos ares com uma mina incendiária (…).

Fonte: António Reis - A minha jornada em África. Vila Nova de Gaia: Ed. Ausência. 1999. 24-25. (Excerto reproduzido  com a devida vénia...)
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Nota do editor:

(*) Vd. 3 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5581: Os nossos médicos (13): Deus no céu e o Dr. Fernando Garcia... no HM 241 (António Reis / Luis Graça)

Último poste da série > 6 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8518: Os nossos médicos (35): Mais nomes de clínicos do HM241 do meu tempo (J. Pardete Ferreira)

Guiné 63/74 - P8529: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (19): O alferes maluco... está tolo


Relax no T1 do Hotel Dunane

1. Mensagem José Ferreira da Silva* (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, CatióCabeduGandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 5 de Julho de 2011:

Caros Camaradas
Junto nova história para incluir nas "Memórias boas da minha guerra".

Um abraço do
Silva da Cart 1689

Memórias boas da minha guerra - 19

O Alferes Maluco


Desde o início da comissão de serviço (Guiné - 67/69), a nossa tropa catalogou uma série de pessoas, donde se destacava também o “Alferes Maluco”. Não havia aversão alguma em relação àquela criatura. Havia, isso sim, uma opinião formada (e aceite) de que aquele Alferes “não batia bem da mona”. Foram inúmeras as histórias que se contavam a seu respeito. Porém, dada a nomenclatura militar, um Alferes era um Oficial e, como tal, uma figura de prestígio das nossas Forças Armadas, a qual não se podia ridicularizar. No entanto, a verdadeira história da guerra da Guiné, está cheiinha de episódios caricatos, aos mais variados níveis, que embora não sendo referidos, não poderão ser esquecidos por quem a viveu.

Estávamos em Agosto de 1968. Aquela Companhia de Intervenção, que havia sofrido as maiores agruras da guerra e, simultaneamente, havia alcançado muito bons resultados militares, via chegada a hora de, merecidamente, repousar nos últimos meses da sua contribuição heróica e pacificadora, em missão errática por terras da Guiné. Foi para o norte e destacou um Pelotão para uma pequena povoação onde o Alfero, o mais graduado, se tornou num Reizinho local. Sem guerra, sem o Capitão por perto e sem os seus camaradas oficiais, ele “vingava-se” do seu passado recente de medricas e de inaptidão militar.

- Então Arménio, é quase meio dia e está ainda na cama? – investiu o Furriel sobre o Enfermeiro, deitado dentro da sua pequena palhota, onde funcionava a Enfermaria.

- Ó Furriel, estou para aqui fodido, que mal me posso mexer. Preciso urgentemente de uma injecção se não vou co'caralho – respondeu, a muito custo, o Enfermeiro.

- Não há problema, porque nos Rangers ensinaram-me muitas merdas e uma foi a de dividir o traseiro em 4 partes e espetar a agulha no quarto superior direito. Correcto? – sossegou-o o Furriel.

O enfermeiro indicou-lhe a prateleira e o remédio a aplicar. Foi num rápido cumprir essa função, que ele nunca julgara vir a ser necessária.

O Arménio parecia melhorar a olhos vistos, sem o furriel fazer ideia alguma da droga que lhe havia injectado. E como já se sentia mais capaz, disse:

- Ó Furriel, ia morrendo à beira dos remédios como morreu a preguiça à beira da água.

- E sem ninguém saber – acrescentou o furriel.

- Não, não é verdade, porque já cá esteve por duas vezes o “Alferes Maluco”. Andou por aqui logo de manhã cedo, a bisbilhotar tudo e a olhar para as caixas e frascos dos remédios. Chegou ao ponto de abrir frascos de xarope e prová-los um a um. Depois, disse que gostava de um que era “docinho” e levou-o, enquanto ia bebericando. Passado umas duas horas, veio pedir-me alguma coisa para as dores de barriga, que o tinham atacado de repente. Disse que tinha bebido o frasco de xarope todo. E concluiu: - O gajo é um perigo. Antes andava, humildemente, como um “morcon”, entre os soldados, mas agora, inchou e ninguém o atura. Entreguei-lhe uma caixa de comprimidos para tomar um de 8 em 8 horas.

- Já que está melhor, veja se me arranja aí uma mezinha para passar junto da tomatada, porque trouxe, das bolanhas de Catió, aquela micose desgraçada – pediu o furriel, ao que enfermeiro respondeu:

- Olhe, já sabe que não há nada melhor que o 1214. Arde muito, mas é bom! Faça como é costume: pincelar amiúde toda a zona das “partes”, mantendo as pernas bem abertas e o ventilador apontado para lá, para soprar e diminuir o ”ardiúme”.

De repente, entrou na palhota o “Vidrinhos”, o básico escolhido para dar apoio ao improvisado Comandante, que, aflito, pediu:

- Ó amigo Arménio, por favor, vê se vais ao quarto do Alferes, porque o “Maluco” está tolo. E insistia: - O “Maluco” está tolo!!! Já se borrou todo e ninguém o percebe, porque não diz coisa com coisa.

Silva da Cart 1689

Relax na Bolanha de Catió
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8466: Outras memórias da minha guerra (José Ferreira da Silva) (8): O grande choque

Vd. último poste da série de 29 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8346: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (18): Não se brinca com coisas sérias...

Guiné 63/74 - P8528: (Ex)citações (142): O espaldar do morteiro 81 de Cancolim estava no meio da parada (Juvenal Amado)

Cancolim > Abrigo do Morteiro 81


1. Mensagem de Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, (Galomaro, 1972/74), com data de 4 de Julho de 2011:

Caros Luís, Carlos, Briote, Magalhães e restante Tabanca Grande,
Uma vez que foram feitos alguns reparos ao Poste 3126 O MORTEIRO NO MEIO DA PARADA, achei por bem tentar esclarecer o sentido crítico das minhas palavras, quando escrevi a referida estória baseada em factos tristemente reais, passados em 02 de Março de 1972, dos quais resultaram as mortes de três camaradas.

O camarada Manuel Moura que foi da Companhia que rendeu a nossa 3489, faz um comentário talvez à forma como critiquei o facto do morteiro de Cancolim, estar colocado praticamente no meio da parada.

Se olhar para a foto, ver-se-á que as referidas instalações de defesa estão completamente à vista desarmada, sendo por isso referenciadas facilmente como alvo.

A forma como o apontadores e municiadores, corriam para o abrigo sem protecção na parada, entre o local em que estavam quando começava o ataque e o espaldar da arma, penso que ninguém duvida que uma vala de acesso para o local, teria sido seguramente uma enorme utilidade, que longe de prejudicar elevaria o nível de resposta operacional dos homens.

Por último convém lembrar que enquanto andei pelo o Leste da Guiné, e foram 27 meses, não me lembro de ver um espaldão de morteiro nas mesmas condições.

No caso de Galomaro em que havia duas dessas armas, estavam as mesmas dissimuladas no quartel e servidas de valas de acesso. Quando à operacionalidade das mesmas, não teremos dúvida da sua boa funcionalidade, quando repelimos com elas um ataque ao arame no dia 01.12.1972.

Certo que a apreciação de fotos do local será mais um complemento de clarificação, aceitarei plenamente que alguém mais conhecedor sobre o assunto venha a terreiro refutar as minhas dúvidas quanto ao que a este respeito, se praticou em Cancolim entre 1972-1974 e que já assim estava, quando lá chegámos.

Um abraço
Juvenal Amado


Cancolim > Dentro do espaldar do morteiro 81 > Alves, do Porto; Dias, da Maia: Carneiro, de Penafiel e Correia.

Estojos de granadas de morteiro 81 espalhadas pelo terreno depois de um ataque
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8527: (Ex)citações (141): Já li e gostei muito do livro Catarse, do ex-capelão militar Abel Gonçalves (Manuel Carvalho, CCAÇ 2366, Jolmete, 1968/70)

Guiné 63/74 - P8527: (Ex)citações (141): Já li e gostei muito do livro Catarse, do ex-capelão militar Abel Gonçalves (Manuel Carvalho, CCAÇ 2366, Jolmete, 1968/70)

1. Comentário, de 7 do corrente, do Manuel Carvalho ao poste P8519:

Caros Camaradas:

Já li o livro do Padre Abel (*) e, gostei muito. Este homem, tal como nós,  também andou a procura de um baga-baga ou de uma árvore para proteger a cabeça, viu tombar um camarada ao seu lado numa emboscada, tomou banho no sistema bidão, arriou a calça em cima da prancha, enfim aquelas vidas que nós conhecemos. E para além disto tudo esteve em Jolmete antes de mim, no tempo em que aquilo era tão bom que as companhias só lá estavam um mês. 


O padre Abel está no Porto e julgo que já esteve na Tabanca de Matosinhos.

Um grande abraço para o padre Abel e para todos. (**)

Manuel Carvalho
CCaç 2366 /BCAÇ 2845
Jolmete (1968/70)
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de Julho de 2011 > 
Guiné 63/74 - P8519: Agenda Cultural (142): Apresentação do livro “CATARSE” do Capelão Militar Abel Gonçalves

(...) Convidam-se os Associados, familiares e amigos a estarem presentes na apresentação do livro CARTARSE, da autoria do Padre Abel Gonçalves, a ter lugar no dia 8 de Julho de 2011, às 16H00, no Salão Nobre da Delegação do Porto.

Esta obra descreve as experiências subjectivas de um ser humano na Guerra Colonial na Guiné que, simultaneamente, assume o papel de Capelão e o de militar, e é uma oferta do seu autor à Delegação do Porto da ADFA, revertendo o produto da sua venda para as obras. (...) 

(**) Último poste da série de 26 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8473: (Ex)citações (140): Todo esse material bélico a desmontar pelos sapadores é tanto nosso como do PAIGC (Carlos Silva)

Guiné 63/74 - P8526: Convívios (360): Almoço/Convívio da CCAÇ 1477, em Fátima, dia 14 de Agosto de 2011 (António Rama)


1. O nosso Camarada António Rama, que pertenceu à CCAÇ 1477 e esteve na Guiné em 1965/1967, enviou ao Luís Graça a seguinte mensagem:

Lyon-França, 3 de Julho de 2011

As minhas saudações amigas,

Antigo combatente na Guiné e, assíduo visitante do seu blogue, queria pedir-lhe o favor de publicar este meu anúncio, relativo ao nosso próximo convívio.

Os meus cumprimentos,

António Rama
(Guiné 1965/1967)

Almoço/Convívio da CCAÇ 1477


Camaradas,

Vai realizar-se em Fátima, no próximo dia 14 de Agosto de 2011, mais um almoço/convívio dos combatentes da Companhia de Caçadores  nº 1477.

Venham todos a este nosso encontro e façam-se acompanhar de vossos familiares e amigos.

Para contactos e inscrições:

Américo Jesus Nunes: Telemóvel 960 490 376

Contamos com a vossa presença!
____________

Nota de MR:

Vd. último poste desta série em: