1. Em mensagem do dia 16 de Fevereiro de 2012, o nosso camarada José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos a descrição de um episódio estranho, vivido na primeira pessoa.
HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (47)
UM BRIGADEIRO DE VISITA A BAJOCUNDA
Corria a manhã a meu favor: estava deitado entregue a uma qualquer leitura, interrompida aqui ou ali por algum voo do pensamento, que atravessava fronteiras e punha-me em contacto com as recordações da metrópole.
Este "dolce fare nienta" foi subitamente interrompido com uma aproximação em corrida, e uma frase gritada para alguém: procura tu aí na enfermaria. Entrou então um militar que se me dirigiu com a voz estorvada pelo cansaço:
- Furriel, chegou agora um Brigadeiro, e não está cá ninguém para o receber.
Surpreendido ainda retorqui:
- E que tenho eu a ver com isso?
- É que não está cá ninguém, nem o nosso Capitão, nem os alferes, nem os sargentos.
Percebi imediatamente que tinha que ir fazer as honras da casa, e receber sua excelência. Estranhei, no entanto, o insólito da situação: naquele momento eu seria o Comandante de Bajocunda. Vesti uma roupinha, tão depressa quanto a tropa me treinara, e saí preparado para enfrentar as responsabilidades. Dobrei uma vedação e dirigi-me para a pista. O Brigadeiro, mais dois ou três militares da Companhia que o acompanhavam, já vinha por alturas da casa do Silva. Dei uns passos, perfilei-me e bati a palada da ordem, ao que o Oficial-General me correspondeu com um cumprimento militar, um aperto de mão e um sorriso de bons dias. A primeira etapa estava ganha, a seguir era aguentar-lhe a simpatia.
Com mais ou menos lata adiantei, pelo que entretanto ouvira, que o nosso Capitão saíra para Pirada, que se assim o entendesse mandaria uma mensagem para o COT-1, e que estava ao dispor para lhe mostrar e dar alguma informação sobre o que entendesse, na medida em que também eu estava surpreendido naquela condição. O senhor Brigadeiro mostrou-se muito cordial, e a seu pedido, dirigi-me para o celeiro, que funcionava como Depósito de Géneros. Entrámos, e com o choque das diferenças de luz, levámos um bocadinho a localizar a origem do som da viola e de um cantar engasgadote. Logo reconheci a figura do Calvo, Vaguemestre, que indiferente, ensaiava com a viola notas e canções da beatlemania.
O meu camarada deu um pinote quando se apercebeu da ilustre visita. Saiu de cima do saco de batatas, perfilou-se, e bateu a correspondente pala, mas com a cabeça descoberta. O Brigadeiro mostrava-se muito bem disposto com a atrapalhação. Protegidos da torreira do sol, e confortados pela frescura do ambiente, ficámos ali uns momentos numa conversa informal e irrelevante.
Quando saímos do Depósito de Géneros, perguntei ao senhor Brigadiero se pretendia visitar a área de aquartelamento, as instalações, o que me ocorreu, mas não manifestou essa vontade. Também não me recordo se lhe ofereci de beber. Sei que o acompanhei à pista, e que abalou, sempre afável e bem disposto.
Do Capitão, alferes e sargentos, não me lembro que notícias vim a ter, se as tive. Porém, o meu Capitão Trapinhos era um maricas de primeira, não saía do aquartelamento, senão por motivo imperativo. O mesmo se diga em relação aos sargentos. E terem saído todos em conjunto, cheira-me a que tiveram conhecimento prévio da chegada do Brigadeiro, e que não quiseram correr riscos sobre a acção de enriquecimento ilegítimo que ali desenvolviam. Já os alferes teriam as suas actividades de mato, e um deles teria que acompanhar e escoltar a ladroagem. Naquele dia, se eu estava no aquartelamento, os outros alinhavam. Por isso, tenho que focar a atenção naqueles três. Também ninguém me perguntou sobre a motivação do visitante.
Vem isto a propósito de competências, e incompetências. Não posso fazer ideia da razão para a visita do Brigadeiro. Para mais desacompanhado e a viajar de DO. Se viesse em missão de ordem estritamente militar, nada mais natural que fazer-se acompanhar, pelo menos, do Major Comandante do COT-1 de Pirada. Se viesse em missão de inspecção, deveria ser acompanhado de um ou mais oficiais de Intendência. Também não houve notícias que resultassem daquela visita.
Mas posso fazer deduções: se a viajem foi anunciada, os responsáveis bajocundenses fugiram ao visitante; se receberam aviso prévio, também fugiram ao visitante. É (era) absolutamente inimaginável, que o Capitão e os sargentos saíssem em conjunto. Também não estou seguro que fossem a Pirada. Podem ter ficado em Tabassai por um qualquer pretexto. E, nesse caso, porquê aquela seita em conjunto? E, também não estou seguro que tivessem saído em conjunto - embora tenha sido essa a informação - mas, nesse caso, algum sargento ficou acoitado em algum abrigo, e concominado com o pessoal.
Por último, resta-me acusar de incompetência o simpático Brigadeiro: de facto, fosse qual fosse o motivo da deslocação, devia ter tirado ilações sobre a óbvia ausência daqueles profissionais da tropa. Se algum estivesse de férias, ou doentes, ou em trânsito em Bissau, enfim, mas nada disso acontecia, e eu próprio manifestei a minha surpresa pela situação. Ora, um aquartelamento não pode ficar entregue a um Furriel Miliciano que não tinha conhecimento dessa condição. Assim, também o senhor Brigadeiro terá mostrado incompetência, se não soube, ou não quii, tirar as devidas conclusões, e proceder como a situação aconselhava.
Como diz o povo: não há maior cegueira, como a de não querer ver.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 25 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9400: Notas de leitura (326): Anticolonialismo e Descolonização, por Luís Filipe de Oliveira e Castro (José Manuel Matos Dinis)
Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9353: História da CCAÇ 2679 (46): SEXA COMCHEFE visitou Tabassi (José Manuel Matos Dinis)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Guiné 63/74 - P9501: (Ex)citações (175): Retalhos de uma guerra - BCaç 4512/72 - Farim/Guidage (8 e 9 de Maio de 1973) (Amílcar Carreira)
1. Ainda a propósito do dossiê Guidaje 1973, recebemos mais esta mensagem do nosso camarada Amílcar Carreira* (ex-Fur Mil Inf Op da CCS/BCAÇ 4512, Farim, 1972/74), com data de 14 de Fevereiro de 2012:
RETALHOS DE UMA GUERRA
GUIDAGE - Adenda 1 Fevereiro de 2012**
Permiti-me chamar a atenção para a necessidade dos camaradas, ex-combatentes, serem verdadeiros nos seus relatos de guerra, como exemplo referi as discrepâncias sentidas nos diversos relatos contando o sucedido com a 1ª coluna de Farim/Guidage, em Maio de 1973, acabei por ser chamado de mentiroso e acariciado com outros mimos…
Respeito a memória dos que tombaram e reconheço o empenho, o sacrifício e a lealdade daqueles que estiveram em todas as frente de combate e por maioria de razão os de Guidage. No entanto não existe como alterar os factos.
Não tenho qualquer dúvida de que a operação Guidage resultou numa vitória para as NT, apesar de muito, muito sangue, suor e lágrimas derramados, porque foi garantido o acesso terrestre com o resto do território e o quartel foi reabastecido de munições e víveres. Espero que ninguém tenha dúvidas nisso.
Agora os factos:
A OP (ordem de operações), a OB (ordem de batalha), ou a acção militar, designem-na como quiserem determinava: o quartel de Farim faria chegar, via terrestre, à guarnição de Guidage munições por esta se encontrar em estado crítico, devido ao desgaste que tinha estado sujeita, provocado pelos frequentes ataques e flagelações do IN.
Para segurança e escolta das munições e viaturas foram escalados grupos de combate pertencentes à Ccaç 14 e à 1ª compª do BCaç 4512/72.
(Anotação minha: esta foi a 1ª coluna.)
Descrição/relatório sobre a coluna a Guidage
(suportada por mensagens militares)
A coluna que seguia na picada Binta/Guidage, no dia 8/5/1973, ao final da tarde/noite, sofreu uma emboscada do IN que impediu a sua progressão. As NT pernoitaram junto às viaturas. Ao raiar do dia, 9/5, as hostilidades recomeçam. As NT tinham caído numa violenta emboscada do IN. Passado algum tempo são pedidos reforços para as NT. Decorre o combate e é pedido mais ajuda pois referiam que alguns elementos IN estavam em cima das viaturas a roubar o seu conteúdo. Mais tarde, ainda na manhã desse dia, por determinação do QG, de Bissau, os aviões, da Força Aérea Portuguesa, bombardeiam e destroem as nossas viaturas e seu conteúdo (munições). As NT envolvidas nesta acção militar regressam a Binta. Dos confrontos as NT sofrem 4 mortos e muitos feridos, entre graves e ligeiros e o IN sofre 12 mortos e um número indeterminado de feridos, mas muitos.
(Anotação minha: esta foi a 1ª coluna.)
Conclusão
… (convido que cada ex-combatente a faça de uma forma desapaixonada e mais neutra possível)
Conclusão -1 (minha)
As munições não só não chegaram a Guidage como tiveram de ser destruídas. A coluna não chegou a Guidage porque o IN não permitiu, logo o objectivo da OP não foi conseguido.
Quem tiver duvidas consulte as mensagens militares trocadas entre a frente de combate, o Comando do BCaç 4512/72, em Farim, o QG em Bissau e as respostas que receberam. Tudo estava lá registado. Elas devem existir em qualquer parte, ou na sua falta, deve existir um documento credível que relate o que aconteceu.
Os camaradas ex-combatentes têm o direito de defender a sua posição, mas permitam-me que lhes diga que é exactamente esse direito que estou a exercer e estribado em documentos militares oficiais.
Demonstrem, com documentos, ou outros, como os acontecimentos referidos não foram estes. Deixemo-nos de generalizações. A OP não obteve êxito. Não se pode confundir o fundamental com o que é acessório.
Ninguém mais do que eu gostaria de poder dizer que os factos foram outros, mas foram estes.
Um abraço
Amílcar
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9425: O Nosso Livro de Visitas (125): Amílcar, ex-Fur Mil Inf Op da CCS/BCAÇ 4512 (Farim, 1972/74)
(**) Vd. poste de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9433: (Ex)citações (172): Ainda o dossiê Guidaje - Maio de 1973 (Manuel Marinho / Amílcar Carreira)
Vd. último poste da série de 9 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9465: (Ex)citações (174): A mágoa de, no meu País, os bravos, os vivos e os mortos, não terem o reconhecimento e o respeito do seu sacrifício, que merecem (Rui Dias Moreira)
RETALHOS DE UMA GUERRA
GUIDAGE - Adenda 1 Fevereiro de 2012**
Permiti-me chamar a atenção para a necessidade dos camaradas, ex-combatentes, serem verdadeiros nos seus relatos de guerra, como exemplo referi as discrepâncias sentidas nos diversos relatos contando o sucedido com a 1ª coluna de Farim/Guidage, em Maio de 1973, acabei por ser chamado de mentiroso e acariciado com outros mimos…
Respeito a memória dos que tombaram e reconheço o empenho, o sacrifício e a lealdade daqueles que estiveram em todas as frente de combate e por maioria de razão os de Guidage. No entanto não existe como alterar os factos.
Não tenho qualquer dúvida de que a operação Guidage resultou numa vitória para as NT, apesar de muito, muito sangue, suor e lágrimas derramados, porque foi garantido o acesso terrestre com o resto do território e o quartel foi reabastecido de munições e víveres. Espero que ninguém tenha dúvidas nisso.
Agora os factos:
A OP (ordem de operações), a OB (ordem de batalha), ou a acção militar, designem-na como quiserem determinava: o quartel de Farim faria chegar, via terrestre, à guarnição de Guidage munições por esta se encontrar em estado crítico, devido ao desgaste que tinha estado sujeita, provocado pelos frequentes ataques e flagelações do IN.
Para segurança e escolta das munições e viaturas foram escalados grupos de combate pertencentes à Ccaç 14 e à 1ª compª do BCaç 4512/72.
(Anotação minha: esta foi a 1ª coluna.)
Descrição/relatório sobre a coluna a Guidage
(suportada por mensagens militares)
A coluna que seguia na picada Binta/Guidage, no dia 8/5/1973, ao final da tarde/noite, sofreu uma emboscada do IN que impediu a sua progressão. As NT pernoitaram junto às viaturas. Ao raiar do dia, 9/5, as hostilidades recomeçam. As NT tinham caído numa violenta emboscada do IN. Passado algum tempo são pedidos reforços para as NT. Decorre o combate e é pedido mais ajuda pois referiam que alguns elementos IN estavam em cima das viaturas a roubar o seu conteúdo. Mais tarde, ainda na manhã desse dia, por determinação do QG, de Bissau, os aviões, da Força Aérea Portuguesa, bombardeiam e destroem as nossas viaturas e seu conteúdo (munições). As NT envolvidas nesta acção militar regressam a Binta. Dos confrontos as NT sofrem 4 mortos e muitos feridos, entre graves e ligeiros e o IN sofre 12 mortos e um número indeterminado de feridos, mas muitos.
(Anotação minha: esta foi a 1ª coluna.)
Conclusão
… (convido que cada ex-combatente a faça de uma forma desapaixonada e mais neutra possível)
Conclusão -1 (minha)
As munições não só não chegaram a Guidage como tiveram de ser destruídas. A coluna não chegou a Guidage porque o IN não permitiu, logo o objectivo da OP não foi conseguido.
Quem tiver duvidas consulte as mensagens militares trocadas entre a frente de combate, o Comando do BCaç 4512/72, em Farim, o QG em Bissau e as respostas que receberam. Tudo estava lá registado. Elas devem existir em qualquer parte, ou na sua falta, deve existir um documento credível que relate o que aconteceu.
Os camaradas ex-combatentes têm o direito de defender a sua posição, mas permitam-me que lhes diga que é exactamente esse direito que estou a exercer e estribado em documentos militares oficiais.
Demonstrem, com documentos, ou outros, como os acontecimentos referidos não foram estes. Deixemo-nos de generalizações. A OP não obteve êxito. Não se pode confundir o fundamental com o que é acessório.
Ninguém mais do que eu gostaria de poder dizer que os factos foram outros, mas foram estes.
Um abraço
Amílcar
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9425: O Nosso Livro de Visitas (125): Amílcar, ex-Fur Mil Inf Op da CCS/BCAÇ 4512 (Farim, 1972/74)
(**) Vd. poste de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9433: (Ex)citações (172): Ainda o dossiê Guidaje - Maio de 1973 (Manuel Marinho / Amílcar Carreira)
Vd. último poste da série de 9 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9465: (Ex)citações (174): A mágoa de, no meu País, os bravos, os vivos e os mortos, não terem o reconhecimento e o respeito do seu sacrifício, que merecem (Rui Dias Moreira)
Guiné 63/74 - P9500: Fotos à procura de... uma legenda (17): Bambadinca ("a cova do lagarto"), abril de 1972, ao tempo do BART 3873 (1971/74)
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Abril de 1972 > Vista aérea parcial de Bambadinca. Foto de autor não identificado. Foto nº 3888.jpg. Tipologia: Diapositivo de película cor acetato 35 mm encaixilhado. Proveniência: Agência Geral do Ultramar. Copyright: Instituto de Investigação Científica Tropical, Arquivo Histórico Ultramarino, Calçada da Boa-Hora, nº 30. 1300-095 Lisboa Portugal .
Fonte: ACTD - Arquivo Científico Tropical - Digital Repository (Com a devida vénia...)
Legendas: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
1. A fotografia não é de grande qualidade, tem pouco resolução, mas é mais uma vista aérea da nossa amada Bambadinca, ao tempo do BART 3873 (1971/74). Temos mais fotos aéreas desta localidade (que era a sede do Setor L1), no nosso blogue, mas esta é interessante (*), pelo ângulo: é tirada quando a aeronave, vinda de leste (possivelmente Bafatá) se fazia à pista (a oeste) ou passava por cima de Bambadinca a caminho de Bissau.
Já não me lembrava deste pequenos afluente do Rio Geba Estreito (vd. margem esquerda, em frente à bolanha de Finete). É, por outro lado, perfeitamente visível a "circular", alcatroada, de Bambadinca, início da estrada para Bafatá (a leste) e Xime (a oeste). Estava em construção, esta circular no final da nossa comissão (em Março de 1971), bem como a estrada (alcatroada) para o Xime... Tudo a cargo da Tecnil, a cujos trabalhos, máquinas e pessoal fizemos constante segurança (a CCAÇ 12, a minha companhia, Bambadinca, 1969/71). A mesma Tecnil onde, regressado de Angola, virá a trabalhar o nosso camarigo António Rosinha, anos depois, no tempo do Luís Cabral.
Ao tempo do BART 2917 (1970/72), Bambadinca tinha cerca de 1500 habitantes recenseados, um pouco menos que o reordenamento de Nhabijões (um dos maiores da Guiné, com cerca de 3 três centenas e meia de moranças). Posto administrativo e sede de comando de batalhão, Bambadinca ("a cova do lagarto", em língua mandinga) dispunha de um porto fluvial que constituía na época a principal fonte de escoamento dos produtos das circunscrições de Bafatá e Gabu (mancara, madeira e coconote e artigos de artesanato) e de entrada de quase todos os reabastecimentos para as tropas da Zona Leste. Dispunha de sete lojas comerciais e tinha então tendências para aumentar a sua população bem como o seu comércio e a sua importância.
No Setor L1 viviam 15 mil pessoas, sob controlo das NT. Outras 5 mil viveriam sob controlo do PAIGC, segundo a mesma fonte (comando do BART 2917).A malta que conheceu Bambadinca, que acrescente mais elementos informativos... (LG)
O PINT (Pelotão de Intendência) de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba, junto ao porto fluvial... Assinalado com um círculo a amarelo... Em primeiro plano, a tabanca de Bambadinca, na encosta do planalto onde estava situado o posto administrativo, a capela, o edifício dos correios, a escola, o aquartelamento...
A famosa rampa de acesso ao aquartelamento de Bambadinca...
O reordenamento de Bambadincazinha... A estrada (em construção) de Xime-Bambadinca...
Em primeiro plano, as máquinas da TECNIL em operação, na construção da estrada do Xime-Bambadinca, fazendo a ligação ao troço, já alcatroado, Bambadinca-Bafatá... À esquerda, o morro onde se situava o aquartelamento e o posto administrativo... Fotos de 1969/70, do ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
Fotos: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da
Guiné. Todos os
direitos reservados.
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 5 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9445: Fotos à procura de... uma legenda (16): Tabanca de Gadamael, 1973 ? (José Sales, CCAÇ 4743, Gadamael e Tite, 1972/74)
Guiné 63/74 - P9499: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IX): pp. 47/54
Reprodução das páginas 47 a 54 (de um total de 74) o relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".
Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)
1. Continuação da publicação do relatório da 2ª Rep/CTIG, sobre a situação político-militar em 1974, documento esse que foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [, foto à direita], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74).
[Foto à esquerda: O então maj cav Henrique Gonçalves Vaz em missão de reconhecimento pelo rio Chiloango, no desempenho das funções de Chefe da Secção de Planeamento e Controle da 4º Repartição do QG de Luanda, com apoio dos Fuzileiros, Angola, Cabinda, 1964].
O presente relatório, datado de 28 de Fevereiro de 1975, é assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, comando unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o maj inf Tito José Barroso Capela.
Publica-se hoje o ponto c (Situação interna) da segunda parte do relatório (B. Período de 25Abr74 a 15Out74), pp. 47 a 54: (b) Síntese da atividade da guerrilha: 1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52); 2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52); 3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIGC (pp. 52/54).
Relembramos, mais uma vez, a posição de independência dos editores face a documentos político-militares como este. A análise crítica desta documentação (incluindo o rigor da informação factual) compete apenas aos nossos leitores, e muito em particular aos nossos camaradas que conheceram, de perto (,porque estavam lá), o período terminal da guerra.
Índice do relatório [que tem 74 páginas]
A. Período até 25Abr74
1. Situação em 25Abr74
a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
(1) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
(2) Países limítrofes (pp. 5/8)
(3) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).
c. Situação interna:
1. Situação militar
(a) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
(b) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
(c) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
(d) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
(e) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
(f) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)
2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).
B. Período de 25Abr74 a 15Out74
2. Evolução da situação após 25Abr74
a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)
(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)
c. Situação interna
(1) Situação militar
(a) Aspetos gerais (pp.37/46)
(b) Síntese da actividade de guerrilha
1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52)
2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52)
3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIG (pp. 52/54)
[Continua]
__________________________
Nota do editor:
(*) Restantes postes da série:
15 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9486: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VIII): pp. 37/46
11 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9473: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VII): pp. 25/36
6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9450: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25
4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21
31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9
Guiné 63/74 - P9498: Notas de leitura (334): O Ultramar Português, o que se dizia sobre a Guiné e se oferecia na Feira Popular em 1945 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Janeiro de 2012:
Queridos amigos,
É para dizer que há horas felizes, andava eu remexer num daqueles caixotes com papéis avulsos e apareceu-me este manjar dos deuses, nunca me passaria pela cabeça que se promovia o império na Feira Popular, por lá andei em catraio, não me recordo destas operações de dinamização cultural. O mapa da Guiné é a todos os títulos surpreendente, e nenhum de nós acredite que a Agência Geral das Colónias não pudesse ir buscar informação hodierna. A verdade é que o mapa tem o seu quê de exótico. E para quem está esquecido o nome da capital era mesmo aquele, S. José de Bissau.
Um abraço do
Mário
O que se escrevia sobre a Guiné e se oferecia na Feira Popular, em 1945
Beja Santos
A Feira Popular apareceu em 1943, em Palhavã, por ali esteve muitos e bons anos. A Agência Geral das Colónias tinha um pavilhão nesta feira onde, em 1945 se distribuía uma brochura de 40 páginas aos visitantes. Tive muita sorte de a encontrar nas minhas deambulações pela Feira da Ladra. Duas coisas me impressionam: o que se diz sobre o império colonial e a revelação de um mapa da Guiné para nós totalmente impensável, cerca de duas décadas depois, quando nós por lá andámos.
Na apresentação da brochura diz-se: “Lisboa é o centro de toda a vida nacional de onde partem as forças orientadoras das atividades de cerca de 11 milhões de portugueses, brancos, mestiços, pretos e amarelos, que trabalham para honrar a nação e deixá-la mais feliz aos que hão de vir a receber a nossa herança”. Na apresentação do território guineense referem-se as etnias (fulas, balantas, manjacos, papéis, mandingas, brames, banhús ou mancanhas, felupes, nalús, baiotes, biafadas e cassangas e logo se adverte: “Mas não pensem que a gente destas raças deixa de ser portuguesa. Depois de se apaziguar em rebeldias, - devido ao valor de Teixeira Pinto -, provocadas mais por divergências de raças e até por intrigas de estranhos, toda a população nativa da Guiné está perfeitamente assimilada e, mercê dos trabalhos progressivos de fomento de e de boa educação realizados nos últimos 15 anos, todos ali são excelentes portugueses e a Guiné é boa terra de Portugal. Quem desembarca na Guiné portuguesa, vê nos edifícios modernos, na vida local e no aspeto prazenteiro de todos que os maus tempos do clima doentio pertencem ao passado, porquanto a metódica atividade dos governadores tem sabido e podido dar combate à doença pelo emprego de processo de higiene pública, que as brigadas de saúde e as missões científicas aconselham e dirigem, já alguém disse que a Guiné Portuguesa é um jardim encravado na costa ocidental francesa”. E os autores da brochura despediam-se assim de quem vinha à Feira Popular: “O nosso Império é o resultado do esforço secular de muitos, conjugado com a cooperação dos nativos, chamados ao nosso convívio. O indígena, bem orientado e bem educado, sabe ser e mostra, sempre querer continuar a ser português. O progresso do Império não pode fazer-se desordenadamente, em obras de acaso, porque o progresso é movimento numa direção definida. Ora, a nossa direção está de há muito traçada, desde a primeira hora: levar a toda a parte, através de sacrifícios, de trabalhos duros, de lutas constantes com os elementos adversos, a civilização cristã. Aqueles que queiram ir para o Ultramar, não com o sonho mentiroso de riquezas fáceis e fantásticas, mas para trabalhar honradamente, metodicamente, fazer colonização natural e normal, precisam preparar-se (convém repetir) para esse combate pacífico e pacificador, onde há também heróis e onde não deixa de haver vencidos: os que não souberem vencer-se a si próprios, os seus vícios, a rotina, a falta de confiança nas suas possibilidades e a falta de fé na juventude de Portugal”.
O mapa da Guiné é muito mais do que uma curiosidade. O que aqui se mostra é pouco mais do que a Guiné dos presídios e praças, do século XIX. No Leste, nem uma só uma menção a populações fronteiriças, não se fala no Boé nem no Gabu; Geba tem mais importância que Bafatá; Sambel Nhantá neste tempo já não existia; e toda a região do Corubal é pura omissão, como o Xime; a região Centro-Norte não refere Mansoa, nem Bula nem Bissorã nem Mansabá, eram vilas com algum desenvolvimento neste tempo; não há uma referência à cidade de Bolama no arquipélago dos Bijagós; no Sul, fala-se de Bolola certamente por influência do passado, não existem nem Catió, nem Fulacunda, Bedanda, Gadamael. É facto que é no tempo de Sarmento Rodrigues, portanto logo a seguir a esta brochura, que se dão passos seguros para o levantamento topográfico moderno, mas o que aqui vem é um descaro cultural, a Agência Geral das Colónias bem podia ter solicitado um mapa do tempo, este seguramente que não era.
Documento bom para refletir sobre a farronca e linguagem altaneira de uma certa proposta imperial em contraste com o pindérico e o anacronismo cultural do produto apresentado.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 13 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9477: Notas de leitura (333): Maria Helena Vilhena Rodrigues, mulher de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
É para dizer que há horas felizes, andava eu remexer num daqueles caixotes com papéis avulsos e apareceu-me este manjar dos deuses, nunca me passaria pela cabeça que se promovia o império na Feira Popular, por lá andei em catraio, não me recordo destas operações de dinamização cultural. O mapa da Guiné é a todos os títulos surpreendente, e nenhum de nós acredite que a Agência Geral das Colónias não pudesse ir buscar informação hodierna. A verdade é que o mapa tem o seu quê de exótico. E para quem está esquecido o nome da capital era mesmo aquele, S. José de Bissau.
Um abraço do
Mário
O que se escrevia sobre a Guiné e se oferecia na Feira Popular, em 1945
Beja Santos
A Feira Popular apareceu em 1943, em Palhavã, por ali esteve muitos e bons anos. A Agência Geral das Colónias tinha um pavilhão nesta feira onde, em 1945 se distribuía uma brochura de 40 páginas aos visitantes. Tive muita sorte de a encontrar nas minhas deambulações pela Feira da Ladra. Duas coisas me impressionam: o que se diz sobre o império colonial e a revelação de um mapa da Guiné para nós totalmente impensável, cerca de duas décadas depois, quando nós por lá andámos.
Na apresentação da brochura diz-se: “Lisboa é o centro de toda a vida nacional de onde partem as forças orientadoras das atividades de cerca de 11 milhões de portugueses, brancos, mestiços, pretos e amarelos, que trabalham para honrar a nação e deixá-la mais feliz aos que hão de vir a receber a nossa herança”. Na apresentação do território guineense referem-se as etnias (fulas, balantas, manjacos, papéis, mandingas, brames, banhús ou mancanhas, felupes, nalús, baiotes, biafadas e cassangas e logo se adverte: “Mas não pensem que a gente destas raças deixa de ser portuguesa. Depois de se apaziguar em rebeldias, - devido ao valor de Teixeira Pinto -, provocadas mais por divergências de raças e até por intrigas de estranhos, toda a população nativa da Guiné está perfeitamente assimilada e, mercê dos trabalhos progressivos de fomento de e de boa educação realizados nos últimos 15 anos, todos ali são excelentes portugueses e a Guiné é boa terra de Portugal. Quem desembarca na Guiné portuguesa, vê nos edifícios modernos, na vida local e no aspeto prazenteiro de todos que os maus tempos do clima doentio pertencem ao passado, porquanto a metódica atividade dos governadores tem sabido e podido dar combate à doença pelo emprego de processo de higiene pública, que as brigadas de saúde e as missões científicas aconselham e dirigem, já alguém disse que a Guiné Portuguesa é um jardim encravado na costa ocidental francesa”. E os autores da brochura despediam-se assim de quem vinha à Feira Popular: “O nosso Império é o resultado do esforço secular de muitos, conjugado com a cooperação dos nativos, chamados ao nosso convívio. O indígena, bem orientado e bem educado, sabe ser e mostra, sempre querer continuar a ser português. O progresso do Império não pode fazer-se desordenadamente, em obras de acaso, porque o progresso é movimento numa direção definida. Ora, a nossa direção está de há muito traçada, desde a primeira hora: levar a toda a parte, através de sacrifícios, de trabalhos duros, de lutas constantes com os elementos adversos, a civilização cristã. Aqueles que queiram ir para o Ultramar, não com o sonho mentiroso de riquezas fáceis e fantásticas, mas para trabalhar honradamente, metodicamente, fazer colonização natural e normal, precisam preparar-se (convém repetir) para esse combate pacífico e pacificador, onde há também heróis e onde não deixa de haver vencidos: os que não souberem vencer-se a si próprios, os seus vícios, a rotina, a falta de confiança nas suas possibilidades e a falta de fé na juventude de Portugal”.
O mapa da Guiné é muito mais do que uma curiosidade. O que aqui se mostra é pouco mais do que a Guiné dos presídios e praças, do século XIX. No Leste, nem uma só uma menção a populações fronteiriças, não se fala no Boé nem no Gabu; Geba tem mais importância que Bafatá; Sambel Nhantá neste tempo já não existia; e toda a região do Corubal é pura omissão, como o Xime; a região Centro-Norte não refere Mansoa, nem Bula nem Bissorã nem Mansabá, eram vilas com algum desenvolvimento neste tempo; não há uma referência à cidade de Bolama no arquipélago dos Bijagós; no Sul, fala-se de Bolola certamente por influência do passado, não existem nem Catió, nem Fulacunda, Bedanda, Gadamael. É facto que é no tempo de Sarmento Rodrigues, portanto logo a seguir a esta brochura, que se dão passos seguros para o levantamento topográfico moderno, mas o que aqui vem é um descaro cultural, a Agência Geral das Colónias bem podia ter solicitado um mapa do tempo, este seguramente que não era.
Documento bom para refletir sobre a farronca e linguagem altaneira de uma certa proposta imperial em contraste com o pindérico e o anacronismo cultural do produto apresentado.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 13 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9477: Notas de leitura (333): Maria Helena Vilhena Rodrigues, mulher de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P9497: Parabéns a você (383): Fernando Chapouto, ex-Fur Mil da CCAÇ 1426 (Guiné, 1965/67)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 16 de Fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9491: Parabéns a você (382): António Eduardo Carvalho, ex-Cap Mil das CCAÇ 3 e 19 (Guiné, 1974)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 16 de Fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9491: Parabéns a você (382): António Eduardo Carvalho, ex-Cap Mil das CCAÇ 3 e 19 (Guiné, 1974)
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Guiné 63/74 - P9496: Lições de artilharia para os infantes (3): Fazer a rotação, de 180º, do obus 14, para apoiar Jemberém (C. Martins, CMDT do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1970 > Resposta do Obus 14 a um ataque,. noturno, de foguetes Katiusha, de 122 mm.
Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. Comentário do nosso camarada C. Martins, último artilheiro de Gadamael (1973/74), ao poste P9329:
Caro camarada Manuel Vaz:
Excelente trabalho.
Informo que o que fizeram serviu e muito para todos nós que estivemos aí em alturas posteriores.
Entre agosto de 73 até à data da entrega ao PAIGC em 74 a dotação do aquartelamento era constituído por:
3 companhias,
1 pelotão de canhões s/r,
1 pelotão de morteiros 81,
2 pelotões de milícias,
e 1 pelotão de artilharia de obus 14 com 3 obuses.
Outros tempos.
O Pel Art tinha os 3 obuses, no enfiamento entre o abrigo de transmissões no fundo da pista e o posto de vigia junto ao cais, todos com espaldão e abrigo, e virados obviamente para a fronteira.
Várias vezes foi necessário fazer uma rotação de 180º para apoiar Jemberém, o que causou alguns estragos, de pouca monta, em infra-estruturas do aquartelamento devido à onda de choque provocada pelos disparos.
Um grande alfa bravo
Um artilheiro de Gadamael (*)
C.Martins
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 8 de fevereiro de 2012 _ Guiné 63/74 - P9460: Lições de artilharia para os infantes (2): Cada granada de obus 14 pesava 45 kg e custava 2500$00 (C. Martins, ex-comandante do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
Guiné 63/74 – P9495: Convívios (396): 3º Encontro de várias gerações de Lanceiros Polícia Militar/Polícia do Exército (Nuno Esteves)
1. Recebemos do nosso Amigo e visitante,
Nuno Esteves, ex-Soldado PE do 1º Turno 94, o pedido de divulgação do seguinte
programa festivo.
3º Encontro de várias
gerações de Lanceiros Polícia Militar/Polícia do Exército
Saudações
Lanceiras,
Venho
solicitar se possível, a publicação na vossa "tabanca" do programa
do 3º Encontro de várias gerações de Lanceiros - Polícia Militar/Polícia
do Exército. O pedido baseia-se na necessidade de podermos alcançar camaradas
da PM que prestaram serviço na Guiné.
O repasto
vai decorrer no Restaurante:
Mar na Brasa - Avenida Serpa Pinto nº 464
Mar na Brasa - Avenida Serpa Pinto nº 464
4450-277 Matosinhos
Ponto de encontro: no Restaurante
Entradas variadas: Pão, Salpicão, Pataniscas, e Gambas.
Bebidas: Vinhos, Cerveja e Sumos.
Prato principal: Vitela assada no forno c/batata assada, arroz e grelos.
Sobremesas: Salada de Frutas.
Digestivos: Café e Bagaceira.
Custo do almoço: 20.00 euros (+1 euro para o bolo).
Contactos para confirmação: 961040301 / 918253163.
Emails:
Miguel Silva:msilva1071@hotmail.com
Fernando Barbosa: fernando.barbosa58@hotmail.com
Prazo máximo de confirmação: 23.04.2012
Nuno Esteves
Sold PE 1ºTurno 94
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Nota de MR:
Vd. último poste da série em:
16 DE
FEVEREIRO DE 2012 > Guiné 63/74 –
P9494: Convívios (316): Pessoal do BCAV 3846, Lisboa, 18 de Março de 2012
(Delfim Rodrigues)
Guiné 63/74 – P9494: Convívios (395): Pessoal do BCAV 3846, Lisboa, 18 de Março de 2012 (Delfim Rodrigues)
1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 15 de Fevereiro de 2012:
Mais uma vez venho pedir a publicação do convite para o almoço de meu Batalhão.
O BCAV 3846, composto pelas CCAV 3364 - Sedengal; 3365 - São Domingos; 3366 - Suzana, Varela e Antotinha, e CCS - Ingoré
Desde já o meu muito obrigado
Um abraço
Delfim Rodrigues
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 15 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9488: Convívios (315): Encontro de ex-Combatentes da Guiné, dia 30 de Março em Fão (Albino Silva)
Mais uma vez venho pedir a publicação do convite para o almoço de meu Batalhão.
O BCAV 3846, composto pelas CCAV 3364 - Sedengal; 3365 - São Domingos; 3366 - Suzana, Varela e Antotinha, e CCS - Ingoré
Desde já o meu muito obrigado
Um abraço
Delfim Rodrigues
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 15 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9488: Convívios (315): Encontro de ex-Combatentes da Guiné, dia 30 de Março em Fão (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P9493: Tabanca Grande (321): João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art, BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)
1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art.ª do BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70), com data de 12 de Fevereiro de 2012:
Caro Luís Graça,
Junto 2 fotografias minhas, uma tirada na Bateria de Artilharia N.º1 (BAC 1), em Bissau, e a outra, actual para futuras publicações no blogue, contando factos mais concretos das nossas experiências, algumas, com o IN bem perto.
Um abraço,
João Martins
2. Recordando João Martins no Poste 9291*:
Agradeço terem aceitado o meu pedido de amizade. A Guiné e os portugueses guineenses, porque a Guiné era território português quando a conheci, ficaram-me no coração. O meu testemunho vale o que vale, mas porque o que se pretende com esta página é precisamente a junção de testemunhos, independentemente de opiniões políticas ou religiosas que todos temos, não posso excluir-me de dar o meu, até porque em minha opinião é muito rico.
Entrei no COM em Mafra, em Janeiro de 1967, era o soldado-cadete n.º 003251/65.
No 2.º trimestre tirei a especialidade PCT em Vendas Novas.
Caro Luís Graça,
Junto 2 fotografias minhas, uma tirada na Bateria de Artilharia N.º1 (BAC 1), em Bissau, e a outra, actual para futuras publicações no blogue, contando factos mais concretos das nossas experiências, algumas, com o IN bem perto.
Um abraço,
João Martins
2. Recordando João Martins no Poste 9291*:
Agradeço terem aceitado o meu pedido de amizade. A Guiné e os portugueses guineenses, porque a Guiné era território português quando a conheci, ficaram-me no coração. O meu testemunho vale o que vale, mas porque o que se pretende com esta página é precisamente a junção de testemunhos, independentemente de opiniões políticas ou religiosas que todos temos, não posso excluir-me de dar o meu, até porque em minha opinião é muito rico.
Entrei no COM em Mafra, em Janeiro de 1967, era o soldado-cadete n.º 003251/65.
No 2.º trimestre tirei a especialidade PCT em Vendas Novas.
No 3.º trimestre fui colocado no RAP 3, na Figueira da Foz, onde estive até embarcar já como Alferes Miliciano de Artilharia, no navio Alfredo da Silva, juntamente com outros dois alferes, rumo a Bissau, onde chegámos em 19 de Dezembro de 67.
[...]
Regressei à Metrópole em 1 de Janeiro de 1970, tendo passado três Natais e três fins de Ano na Guiné que muito me custaram. Agradeço à intervenção Divina o facto de não ter ficado por lá, tantas foram as vezes em que isso podia ter acontecido. O PAIGC chegou mesmo a noticiar na rádio terem-me abatido...
3. Comentário de CV:
Caro camarada João Martins. Bem vindo a este espaço de partilha de ideias e memórias.
Este poste apenas formaliza a tua adesão à nossa tertúlia uma vez que foste já apresentado no Poste 9291. Passas a integrar a nossa lista alfabética de membros da Tabanca Grande, como João Martins, tabanqueiro nº 540. Muita saúde e longa vida por cá, são os votos de todo o pessoal. Como vês, somos já um batalhão.
Queria pedir-te para utilizares preferencialmente, para nos contactares, o endereço do Luís em luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com ou os endereços dos co-editores: carlos.vinhal@gmail.com e/ou magalhaesribeiro04@gmail.com, isto porque por vezes estamos algum tempo sem ir ao nosso facebook e às mensagens que lá caem.
Posto isto, queria ainda convidar-te a manteres uma colaboração activa e regular no nosso Blogue, bastando para isso mandares os teus textos e fotografias para publicação.
Fui ao teu facebook espreitar as tuas fotos da Guiné e dou-te os parabéns pela diversidade e qualidade das mesmas. Muitas delas terão uma história associada pelo que não te faltará matéria para desenvolver.
Não quero terminar este poste de apresentação sem te enviar em nome da tertúlia e dos editores um abraço fraterno e os votos de que gozes da melhor saúde.
O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9291: Facebook...ando (14): João José Alves Martins, ex-Alf Mil PCT (BAC1, Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene, Ingoré, 1967/70)
Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9434: Tabanca Grande (320): Álvaro Simões Madureira Vasconcelos, Transmissões STM (Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72)
[...]
Regressei à Metrópole em 1 de Janeiro de 1970, tendo passado três Natais e três fins de Ano na Guiné que muito me custaram. Agradeço à intervenção Divina o facto de não ter ficado por lá, tantas foram as vezes em que isso podia ter acontecido. O PAIGC chegou mesmo a noticiar na rádio terem-me abatido...
3. Comentário de CV:
Caro camarada João Martins. Bem vindo a este espaço de partilha de ideias e memórias.
Este poste apenas formaliza a tua adesão à nossa tertúlia uma vez que foste já apresentado no Poste 9291. Passas a integrar a nossa lista alfabética de membros da Tabanca Grande, como João Martins, tabanqueiro nº 540. Muita saúde e longa vida por cá, são os votos de todo o pessoal. Como vês, somos já um batalhão.
Queria pedir-te para utilizares preferencialmente, para nos contactares, o endereço do Luís em luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com ou os endereços dos co-editores: carlos.vinhal@gmail.com e/ou magalhaesribeiro04@gmail.com, isto porque por vezes estamos algum tempo sem ir ao nosso facebook e às mensagens que lá caem.
Posto isto, queria ainda convidar-te a manteres uma colaboração activa e regular no nosso Blogue, bastando para isso mandares os teus textos e fotografias para publicação.
Fui ao teu facebook espreitar as tuas fotos da Guiné e dou-te os parabéns pela diversidade e qualidade das mesmas. Muitas delas terão uma história associada pelo que não te faltará matéria para desenvolver.
Não quero terminar este poste de apresentação sem te enviar em nome da tertúlia e dos editores um abraço fraterno e os votos de que gozes da melhor saúde.
O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9291: Facebook...ando (14): João José Alves Martins, ex-Alf Mil PCT (BAC1, Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene, Ingoré, 1967/70)
Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9434: Tabanca Grande (320): Álvaro Simões Madureira Vasconcelos, Transmissões STM (Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72)
Guiné 63/74 - P9492: A minha CCAÇ 12 (22): Junho de 1970: Um ano de comissão... (Luís Graça)
Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*)
por Luís Graça
Fonte: História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Policopiado, pp. 35/36.
2. Comentário de L.G.:
(i) Chegada dos novos senhores de Bambadinca, sede do Setor L1... Um ano de comissão no TO da Guiné, por parte da CCAÇ 12, um ano de intensa atividade operacional (com destaque para a época seca que acabava de terminar)... Pouca esperança de virmos a ser poupados pelo comando do BART 2917...
(ii) Cinco colunas logísticas, no difícil itinerário Bambadinca- Mansambo- Xitole - Saltinho...Em 22 de junho de 1970, tínhamos emboscada montada na fatídica zona da ponte do Rio Jagarajá... Sorte a nossa, passámos dois dias depois... E a 25, os "periquitos" do Xitole embrulharam... Em agosto e setembro fazer colunas logísticas era um inferno, devido à intensidade das chuvas e ao mau estado das picadas...
(iii) Os três desertores aqui referidos eram os grumetes da base naval de Ganturé, um caso ainda hoje envolto em controvérsia. Lembro-me de ver o folheto: as fotos tinham má qualidade... Ninguém deu importância ao caso... Com um ano de Guiné, pertencíamos já à "velhice"...
(iv) Lembro-me de ir à capela de Bambadinca, que servia de capela mortuária, velar o corpo do infortunado furriel comando, José Mendonça, da 1ª CCmds Africanos, sediada em Fá Mandinga... O corpo foi serrado ao meio: ao ser acionada a mina A/P, as granadas que o nosso camarada levava à cintura rebentaram por simpatia... Os membros inferiores não foram sequer encontrados. Mais uma vez a mortífera picada do Xime-Ponta do Inglês, de má memória para todos nós...
(v) Faz-se segurança ao Mato Cão, mas o IN ataca em Ponta Varela... (com canhão s/r!). Jogo do gato e do rato...
(vi) Rio Udunduma... Afluente do Rio Geba... Havia, sobranceiro à ponte sobre o Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, um destacamento "a céu aberto" (valas, bidões cheios de areia e chapas de zinco)...Um dos nossos pontos turísticos mais detestados. Desde o célebre ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1969, que lá ficava permanentemente um Gr Comb (da CCAÇ 12 ou do Pel Nat 52).
(vii) Sempre chamei Bambadincazinha ao reordenamento que ficava a oeste da pista da aviação, e onde se situava o edifício da antiga missão do sono, onde fazíamos (1 Gr Comb da CCAÇ 12, ou o Pel Caç Nat 52) segurança todas as noites... O Beja Santos chama-lhe Bambadincazinho... Para mim, Bambadinca (em mandinga, ao que parece, quer dizer "cova do lagarto") sempre foi feminino... E o diminuitivo seria Bambadincazinha (pequena Bambadinca).
(viii) Claro que havia outras subunidades estacionadas em Bambadinca, desde o Pel Rec Daimler ao Pel Mort e ao PINT (Pelotão de Intendência)...
______________
(ii) Cinco colunas logísticas, no difícil itinerário Bambadinca- Mansambo- Xitole - Saltinho...Em 22 de junho de 1970, tínhamos emboscada montada na fatídica zona da ponte do Rio Jagarajá... Sorte a nossa, passámos dois dias depois... E a 25, os "periquitos" do Xitole embrulharam... Em agosto e setembro fazer colunas logísticas era um inferno, devido à intensidade das chuvas e ao mau estado das picadas...
(iii) Os três desertores aqui referidos eram os grumetes da base naval de Ganturé, um caso ainda hoje envolto em controvérsia. Lembro-me de ver o folheto: as fotos tinham má qualidade... Ninguém deu importância ao caso... Com um ano de Guiné, pertencíamos já à "velhice"...
(iv) Lembro-me de ir à capela de Bambadinca, que servia de capela mortuária, velar o corpo do infortunado furriel comando, José Mendonça, da 1ª CCmds Africanos, sediada em Fá Mandinga... O corpo foi serrado ao meio: ao ser acionada a mina A/P, as granadas que o nosso camarada levava à cintura rebentaram por simpatia... Os membros inferiores não foram sequer encontrados. Mais uma vez a mortífera picada do Xime-Ponta do Inglês, de má memória para todos nós...
(v) Faz-se segurança ao Mato Cão, mas o IN ataca em Ponta Varela... (com canhão s/r!). Jogo do gato e do rato...
(vi) Rio Udunduma... Afluente do Rio Geba... Havia, sobranceiro à ponte sobre o Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, um destacamento "a céu aberto" (valas, bidões cheios de areia e chapas de zinco)...Um dos nossos pontos turísticos mais detestados. Desde o célebre ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1969, que lá ficava permanentemente um Gr Comb (da CCAÇ 12 ou do Pel Nat 52).
(vii) Sempre chamei Bambadincazinha ao reordenamento que ficava a oeste da pista da aviação, e onde se situava o edifício da antiga missão do sono, onde fazíamos (1 Gr Comb da CCAÇ 12, ou o Pel Caç Nat 52) segurança todas as noites... O Beja Santos chama-lhe Bambadincazinho... Para mim, Bambadinca (em mandinga, ao que parece, quer dizer "cova do lagarto") sempre foi feminino... E o diminuitivo seria Bambadincazinha (pequena Bambadinca).
(viii) Claro que havia outras subunidades estacionadas em Bambadinca, desde o Pel Rec Daimler ao Pel Mort e ao PINT (Pelotão de Intendência)...
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 24 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9089: A minha CCAÇ 12 (21): Maio de 1970: Chega o BART 2917 que vai render o BCAÇ 2852 (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P9491: Parabéns a você (382): António Eduardo Carvalho, ex-Cap Mil das CCAÇ 3 e 19 (Guiné, 1974)
Ver aqui o único poste anterior que temos com o António Eduardo Carvalho
____________Nota de CV:
Vd. último poste da série de 14 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9484: Parabéns a você (216): 97° Aniversário de Clara Schwarz da Silva, mãe do nosso amigo Pepito, a nossa matriarca, a decana da nossa Tabanca Grande, a anfitriã da Tabanca de São Martinho do Porto
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Guiné 63/74 - P9490: Agenda Cultural (186): Exposição de fotografia do nosso camarada Renato Monteiro: Megastore Colorfoto, Av da Igreja, 30, D/E, Lisboa, até meados de Março de 2012
Convite > Exposição de fotografia de Renato Monteiro > Megastore Colorfoto, Av Igreja, 39, D/E (junto à Pr Alvalade), Lisboa. (Telef: +351 21 793 24 75).
1. Mensagem do Renato Monteiro, com data de 13 do corrente
Amigo Luís:
Tinha já enviado um convite para ti que acabou por ser devolvido. Provavelmente o endereço, já antigo, estará há muito no contentor... Assim , aqui vai uma nova tentativa para outra direção. Mas será que chegará às tuas mãos?
Embora gostasse muito de te rever, acaso não possas estar amanhã, haverá outra oportunidade, que a Exposição vai manter-se durante cerca de um mês...
Continuo - vê-se - como um bicho na toca!
Recebe um grande abraço!
Renato
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, camarada e amigo Renato [, foto à esquerda, comigo na célebre piroga, Rio Geba, Contuboel, Junho de 1969]… Fico muito feliz por saber notícias tuas. Usa de futuro o meu mail profissional, ou o do blogue. Continuo a ser teu vizinho, na Av Padre Cruz.
Estou-te grato pelo teu convite. Vamos divulgar a tua exposição na Agenda Cultural, que é uma série do nosso blogue. Irei ver a tua exposição um dia destes. Podemos combinar encontrar-nos. E espero que outros leitores, do nosso blogue, que gostam de fotografia, possam também aparecer por lá.
Vejo, pelo teu blogue, Fotografares, que continuas atento ao pulsar da vida na tua/nossa cidade. Até um belo dia destes. Um grande abraço. Luís
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9455: Agenda cultural (185): Apresentação do livro A Retirada de Guileje, por Coutinho e Lima, dia 11 de Fevereiro de 2012 na Câmara Municipal de Barcelos e no dia 17 na Câmara Municipal de Ponte de Lima
Guiné 63/74 - P9489: Blogoterapia (200): O Macaréu que vence o rio mas não o anula
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 14 de Fevereiro de 2012 enviada ao Blogue e a alguns camaradas:
Meus caros camarigos
Embora saiba que nem todos partilhamos da mesma fé, mas como este texto me foi suscitado pela minha "estadia" na Guiné, aqui vo-lo envio.
http://queeaverdade.blogspot.com/2012/02/o-macareu.html
Julgo que dado o tema tratado não será de publicar na Tabanca Grande.
Um abraço sempre camarigo do
Joaquim Mexia Alves
2. No mesmo dia o nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), colaborador permanente no nosso Blogue, mandava-nos esta mensagem:
Caro camarigo Mexia Alves e restantes Ilustres
Diz o Mexia, em rodapé, que "dado o tema tratado", não será de publicar na Tabanca Grande....
Ora bem, já vi e li coisas mais afastadas do 'core business' do Blogue do que este texto/reflexão do Mexia.
É certo que se trata de evidenciar uma das três coisas que serão (ou deverão ser) 'tabu' nestas coisas de "conglomerados de grupos com pessoas de 'formação' diversa" e que são o "futebol, a política e a religião".
Pessoalmente não concordo com esses 'tabus' mas compreendo, porque a maioria das pessoas não discute ideias, pontos de vista ou propostas, mas sim procura impor os seus e nisso acabam sempre por distorcer o que poderia ser uma maior e melhor troca de opiniões: por exemplo, não discutem futebol mas sim os seus clubes; não discutem a política mas sim as suas preferências partidárias; não discutem a religião, no sentido da sua interacção com o homem mas sim na 'bondade' de cada um dos seus dogmas, sejam eles outras religiões, outras versões da mesma religião ou até a ausência de qualquer religião.
Neste caso concreto o Joaquim, homem assumidamente 'militante' da causa cristã, do catolicismo, e publicamente integrado no seu 'movimento carismático', procura mostrar-nos como a observação dos fenómenos da Natureza nos pode indicar a ideia de Deus. E faz tudo isso a partir do "macaréu", fenómeno bem conhecido por muitos de nós, por conhecimento directo (no meu caso 'apanhei-o' numa viagem na "Bor" do Xime para Bissau e bem que me assustei por alguns momentos), ou por conhecimento adquirido no Blogue. Portanto, a Guiné está bem patente nesta sua reflexão e acho que tem 'cabimento', independentemente das opiniões (que não me parece virem a ser fracturantes) que se possam vir a exteriorizar.
Abraços
Hélder Sousa
3. Segue-se a reflexão do camarada Mexia Alves, transcrito a partir do endereço por ele indicado:
O MACARÉU
O facto de ter estado na guerra da Guiné, entre 1971 e 1973, é algo que, obviamente, vem muitas vezes ao meu pensamento.
Recentemente, estando em oração na igreja, veio à minha memória um fenómeno natural, a que assisti muitas vezes num destacamento militar nas margens do rio Geba, chamado Mato Cão, em que estive “aquartelado” durante cerca de 9 longos meses, e que é conhecido por macaréu.
O macaréu para explicar em palavras simples e concisas, é uma onda marítima, sobretudo nas marés mais cheias, que pela sua força, galga a corrente do rio, desde a sua foz em Bissau, até perto de Bafatá, já no interior da Guiné.
Este fenómeno acontece noutros rios, noutros lugares, como por exemplo no Brasil, e é muito curioso, pois podemos dizer que enquanto a onda marítima galga o rio e sobe por ele acima, o rio vai continuando a correr para a sua foz, por baixo da onda do macaréu.
Perguntei-me então o que tinha esta memória a ver com a oração que fazia?
Eis aquilo que fui reflectindo:
O rio corre sempre para o mar, como nós homens, acreditando ou não, “corremos” para o nosso encontro final com Deus.
O mar é uma imensidão, um “todo”, e a sua onda, portanto, tem um enorme poder.
O nosso Deus é o Todo, e o seu poder não tem limites.
A onda do mar, o macaréu, vence o rio, mas não o anula, pelo contrário o rio continua a correr para o mar em toda a sua “identidade”.
O amor e a vontade de Deus, (se o homem quiser), também vence o homem, mas não lhe retira a sua humanidade nem as características próprias de um ser individual e irrepetível, como o são todos os homens.
O macaréu muda o aspecto exterior do rio, torna-o maior, mais caudaloso.
O amor de Deus e a sua vontade, (aceites pelo homem), muda o homem no seu interior, que depois se reflecte na sua imagem exterior, no testemunho que dá como cristão e católico.
E também o torna mais activo, por força dos dons, dos talentos que Deus vai dando a cada um que O procura em «espírito e verdade».
Quando passa o macaréu o rio deixa de se ver, (embora saibamos que ele lá está), pois reflecte apenas a onda marítima que o domina.
O amor e a vontade de Deus, (conformados no homem), faz com que ele reflicta mais Deus do que a sua própria vontade, embora saibamos que é o homem que ali está em todo o seu ser.
O macaréu é muitas vezes aproveitado pelos barcos para subirem e descerem o rio, a fim de chegarem aos seus portos de destino.
O amor e a vontade de Deus, (testemunhado pelo homem), também leva outros homens ao encontro com Deus, que é o seu eterno porto de salvação.
A força do macaréu arranca por vezes árvores das margens do rio, e no seu regresso traz consigo muito lixo que o rio contém.
O amor e a vontade de Deus, (vividos pelo homem), também arranca dele o pecado, e limpa o que está mal e não presta na sua vida.
O macaréu em toda a sua força, dá uma nova vida ao rio, agitando as suas águas e fornecendo mais alimento aos animais que do rio vivem.
O amor e a vontade de Deus, (queridos pelo homem), renovam a sua vida, alimentando-o da Eucaristia, dando-lhe mais vida, e «vida em abundância»*.
Há, pelo menos, duas diferenças muito grandes, no entanto, nesta comparação, embora estas sejam “coisas” que não são comparáveis.
O macaréu impõe-se ao rio, quer o rio queira quer não.
O amor e a vontade de Deus nunca se impõem ao homem, pois quer precisar que o homem se abra por vontade própria a receber tudo o que Deus tem para lhe dar.
O macaréu é periódico e tem graduações de intensidade.
O amor e a vontade de Deus, são eternas, e a sua “dimensão” é o Todo de Deus, no Tudo que em nós quer fazer.
Senhor,
abre o meu coração ao teu amor e à tua vontade,
para que eu seja sempre um homem novo,
na plenitude da vida que amorosamente me queres dar.
Amen.
*Jo 10,10
Marinha Grande, 13 de Fevereiro de 2012
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9472: Humor de caserna (24): Um tiro no cu (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 12 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9474: Blogoterapia (199): Obrigado, amigos da Tabanca Grande, por tanta partilha e afeto (João Graça)
Meus caros camarigos
Embora saiba que nem todos partilhamos da mesma fé, mas como este texto me foi suscitado pela minha "estadia" na Guiné, aqui vo-lo envio.
http://queeaverdade.blogspot.com/2012/02/o-macareu.html
Julgo que dado o tema tratado não será de publicar na Tabanca Grande.
Um abraço sempre camarigo do
Joaquim Mexia Alves
2. No mesmo dia o nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), colaborador permanente no nosso Blogue, mandava-nos esta mensagem:
Caro camarigo Mexia Alves e restantes Ilustres
Diz o Mexia, em rodapé, que "dado o tema tratado", não será de publicar na Tabanca Grande....
Ora bem, já vi e li coisas mais afastadas do 'core business' do Blogue do que este texto/reflexão do Mexia.
É certo que se trata de evidenciar uma das três coisas que serão (ou deverão ser) 'tabu' nestas coisas de "conglomerados de grupos com pessoas de 'formação' diversa" e que são o "futebol, a política e a religião".
Pessoalmente não concordo com esses 'tabus' mas compreendo, porque a maioria das pessoas não discute ideias, pontos de vista ou propostas, mas sim procura impor os seus e nisso acabam sempre por distorcer o que poderia ser uma maior e melhor troca de opiniões: por exemplo, não discutem futebol mas sim os seus clubes; não discutem a política mas sim as suas preferências partidárias; não discutem a religião, no sentido da sua interacção com o homem mas sim na 'bondade' de cada um dos seus dogmas, sejam eles outras religiões, outras versões da mesma religião ou até a ausência de qualquer religião.
Neste caso concreto o Joaquim, homem assumidamente 'militante' da causa cristã, do catolicismo, e publicamente integrado no seu 'movimento carismático', procura mostrar-nos como a observação dos fenómenos da Natureza nos pode indicar a ideia de Deus. E faz tudo isso a partir do "macaréu", fenómeno bem conhecido por muitos de nós, por conhecimento directo (no meu caso 'apanhei-o' numa viagem na "Bor" do Xime para Bissau e bem que me assustei por alguns momentos), ou por conhecimento adquirido no Blogue. Portanto, a Guiné está bem patente nesta sua reflexão e acho que tem 'cabimento', independentemente das opiniões (que não me parece virem a ser fracturantes) que se possam vir a exteriorizar.
Abraços
Hélder Sousa
3. Segue-se a reflexão do camarada Mexia Alves, transcrito a partir do endereço por ele indicado:
"Que é a Verdade? - Página do nosso camarada Joaquim Mexia Alves
O MACARÉU
O facto de ter estado na guerra da Guiné, entre 1971 e 1973, é algo que, obviamente, vem muitas vezes ao meu pensamento.
Recentemente, estando em oração na igreja, veio à minha memória um fenómeno natural, a que assisti muitas vezes num destacamento militar nas margens do rio Geba, chamado Mato Cão, em que estive “aquartelado” durante cerca de 9 longos meses, e que é conhecido por macaréu.
O macaréu para explicar em palavras simples e concisas, é uma onda marítima, sobretudo nas marés mais cheias, que pela sua força, galga a corrente do rio, desde a sua foz em Bissau, até perto de Bafatá, já no interior da Guiné.
Este fenómeno acontece noutros rios, noutros lugares, como por exemplo no Brasil, e é muito curioso, pois podemos dizer que enquanto a onda marítima galga o rio e sobe por ele acima, o rio vai continuando a correr para a sua foz, por baixo da onda do macaréu.
Perguntei-me então o que tinha esta memória a ver com a oração que fazia?
Eis aquilo que fui reflectindo:
O rio corre sempre para o mar, como nós homens, acreditando ou não, “corremos” para o nosso encontro final com Deus.
O mar é uma imensidão, um “todo”, e a sua onda, portanto, tem um enorme poder.
O nosso Deus é o Todo, e o seu poder não tem limites.
A onda do mar, o macaréu, vence o rio, mas não o anula, pelo contrário o rio continua a correr para o mar em toda a sua “identidade”.
O amor e a vontade de Deus, (se o homem quiser), também vence o homem, mas não lhe retira a sua humanidade nem as características próprias de um ser individual e irrepetível, como o são todos os homens.
O macaréu muda o aspecto exterior do rio, torna-o maior, mais caudaloso.
O amor de Deus e a sua vontade, (aceites pelo homem), muda o homem no seu interior, que depois se reflecte na sua imagem exterior, no testemunho que dá como cristão e católico.
E também o torna mais activo, por força dos dons, dos talentos que Deus vai dando a cada um que O procura em «espírito e verdade».
Quando passa o macaréu o rio deixa de se ver, (embora saibamos que ele lá está), pois reflecte apenas a onda marítima que o domina.
O amor e a vontade de Deus, (conformados no homem), faz com que ele reflicta mais Deus do que a sua própria vontade, embora saibamos que é o homem que ali está em todo o seu ser.
O macaréu é muitas vezes aproveitado pelos barcos para subirem e descerem o rio, a fim de chegarem aos seus portos de destino.
O amor e a vontade de Deus, (testemunhado pelo homem), também leva outros homens ao encontro com Deus, que é o seu eterno porto de salvação.
A força do macaréu arranca por vezes árvores das margens do rio, e no seu regresso traz consigo muito lixo que o rio contém.
O amor e a vontade de Deus, (vividos pelo homem), também arranca dele o pecado, e limpa o que está mal e não presta na sua vida.
O macaréu em toda a sua força, dá uma nova vida ao rio, agitando as suas águas e fornecendo mais alimento aos animais que do rio vivem.
O amor e a vontade de Deus, (queridos pelo homem), renovam a sua vida, alimentando-o da Eucaristia, dando-lhe mais vida, e «vida em abundância»*.
Há, pelo menos, duas diferenças muito grandes, no entanto, nesta comparação, embora estas sejam “coisas” que não são comparáveis.
O macaréu impõe-se ao rio, quer o rio queira quer não.
O amor e a vontade de Deus nunca se impõem ao homem, pois quer precisar que o homem se abra por vontade própria a receber tudo o que Deus tem para lhe dar.
O macaréu é periódico e tem graduações de intensidade.
O amor e a vontade de Deus, são eternas, e a sua “dimensão” é o Todo de Deus, no Tudo que em nós quer fazer.
Senhor,
abre o meu coração ao teu amor e à tua vontade,
para que eu seja sempre um homem novo,
na plenitude da vida que amorosamente me queres dar.
Amen.
*Jo 10,10
Marinha Grande, 13 de Fevereiro de 2012
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9472: Humor de caserna (24): Um tiro no cu (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 12 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9474: Blogoterapia (199): Obrigado, amigos da Tabanca Grande, por tanta partilha e afeto (João Graça)
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