sábado, 23 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13528: Convívios (618): Rescaldo do Encontro das CCAÇ 3327 e 3328, levado a efeito no passado dia 26 de Julho de 2014 na Quinta do Paúl, em Ortigosa (José da Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, BráBachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de hoje 22 de Agosto de 2014:


O CONVÍVIO 2014 DAS CCAÇ 3327 E 3328


DIA 26 DE JULHO DE 2014 NA QUINTA DO PAÚL, EM ORTIGOSA

Um belo aspecto da Quinta do Paúl


Eu sou um felizardo. Tenho amigos, bons amigos. Só assim se compreende que todos os anos haja sempre um que me convida a passar alguns dias na sua companhia.

Este ano, o Fur Mil João Cruz e a sua mui simpática esposa, a Fernanda, a quem nunca poderei agradecer o suficiente, foram os anfitriões de umas férias maravilhosas que eu e a minha esposa passámos através das grandes planícies alentejanas, costas algarvias e centro do país.

Sim, sou um felizardo porque em horas de adversidade tive a felicidade de encontrar gente maravilhosa com quem partilhei as mesmas angústias, as mesmas incertezas, os mesmos sofrimentos e também as mesmas alegrias e os mesmos momentos de boa disposição.

Se serviço militar foi o ponto de encontro entre nós, o solo da Guiné foi o enraizamento de uma planta e cuja bela flor, pétalas de amizade, tantas quanto os militares da CCaç 3327, foi alimentada pelos anos que se passaram desde então.

Nos últimos anos, as pétalas daquela linda flor juntam-se alternadamente entre os Açores e a Metrópole para um abraço.
Este ano, o convívio foi na Quinta do Paúl, em Ortigosa, um lugar com condições edílicas, a que não são alheias a simpatia e o excelente serviço de restauração.

As CCaç 3326 e a CCaç 3328, companhias irmãs do BII 17, foram convidadas a estarem connosco. E se a CCaç 3328 esteve muito bem representada, a CCaç 3326 primou pela ausência. Estivemos lá para um abraço, sempre estaremos. Mas estes convívios têm sempre algumas peculiaridades que importa realçar.

Quando os nossos amigos não se podem deslocar ao convívio, levamos este até eles. Este ano foi o que aconteceu com o nosso amigo Luís Moura, o Furriel Vagomestre. Doença debilitante não lhe permitiria estar connosco.

Na Sexta-feira, a esposa e o filho, a quem agradecemos imenso, trouxeram-no de Maia, próximo do Porto, até Coimbra; alguns de nós fomos ao seu encontro, levando-lhes o melhor do nosso convívio, o nosso abraço de amizade e a nossa solidariedade.


Coimbra - O ex-Fur Mil Vaguemestre Luís Moura


Na Foto: ex-Cap. Mil Alves, Luís Moura, João Cruz, Paulo Moura (filho do Luís Moura) e José Câmara

O Fur. Mil. Sesinando, da CCaç 3328, esteve empenhado na preparação do convívio deste ano. Mora nas redondezas e foi o encarregado de procurar o local apropriado. Foi mais que feliz na escolha deste lugar aprazível.

Acometido por doença que chegou sem aviso, esteve em dúvida a sua participação no convívio. Não sei onde foi buscar força anímica, mas a sua entrada foi triunfante naquela sala que o recebeu de braços abertos. Ele, pela sua coragem psíquica, personificou, melhor do que ninguém, porque todos os anos teimamos em estarmos juntos.


O Casal Sesinando, CCaç 3328, ladeado pelos Furriéis João Cruz e José Câmara da CCaç 3327

Foram muitos os que compareceram à chamada. É bom rever todos aqueles amigos, abraçá-los, conhecer as suas famílias, conversar com eles. Este ano, com o aliciante de termos tido a emigração bem representada pelo casal Francisco Parreira que veio da Califórnia, pelo casal José Ramiro Serpa, este da minha secção, que veio do Canadá e pelo Casal José Marcelino Sousa, vindo da ilha das Flores, mas que também um dia andou emigrado em terras da América, que visita frequentemente.

Porque também trilho os caminhos da emigração, exulto com a vinda destes amigos da diáspora. Sei que só uma grande amizade é capaz de tamanhas deslocações.

A completar este belo quadro de amizade, a presença desejada do meu mano, assim nos tratamos em particular, Carlos Vinhal e da Dina, a sua mui simpática esposa, foi deveras apreciada por todos nós. Os meus amigos da CCaç 3327 sabem da importância do nosso Blogue nestes nossos convívios. Também não é nenhum segredo para eles que mantemos uma amizade sólida, diferente, criada e alimentada pelo respeito mútuo, talvez fruto de algum paralelismo nas nossas vidas privadas. Por isso mesmo, também é um dos nossos.


José Câmara e José Leite dão as boas-vindas ao Carlos Vinhal

José Câmara no uso da palavra

Carlos Vinhal, editor do nosso blogue, amigo e mano especial do José Câmara no uso da palavra. Na primeira mesa, de costas, o Fur Mil Trms João Correia

O Cap Mil Art.ª Rogério Rebocho Alves no uso da palavra. Na mesa, da esquerda para a direita, são reconhecidos o Alf. Mil Almeida, os Furriéis Leite e Caseiro e ainda o Alf. Mil Agostinho Neves. Encoberto, o Alf. Francisco Magalhães.

O Fur Mil Pereira (CCaç 3328) no uso da palavra

Bolo comemorativo do Encontro

O Fur Mil José Leite, o Cap. Rogério Alves e o Sold Cozinheiro Joaquim Rodrigues que veio de França

O Alf Mil Francisco Rodrigues e o Fur Mil José Câmara, ambos do 4.° GComb

Carlos Vinhal e José Câmara

A Samara Araújo, esposa do Pinto, fotógrafa de serviço, Luís Pinto, Xisto, Álvaro Pereira, Joaquim Rodrigues e Francisco Magalhães.

Fur Mil José Câmara e Cabo Telegrafista Álvaro Pereira

José Câmara e Luís Pinto

Fernanda Cruz e o Cap. Rogério Alves

Fur Mil João Cruz e Alf Mil Agostinho Neves, 2.° GComb

Estes convívios envolvem sempre muito trabalho e preocupações mil. Os organizadores deste ano, o João Cruz, pela CCaç 337, o Sesinando e o Victor Costa, pela CCaç 3328, pelo excelente trabalho conseguido, são merecedores do nosso respeito e do nosso agradecimento.

O sorriso de um homem tranquilo e satisfeito por um trabalho excelentemente conseguido: João Cruz

No abraço da despedida sentimos o sabor amargo do tempo ser tão pouco para cada um. É sempre assim.

Na hora da despedida, um abraço fazendense, Ilha das Flores: Joé Câmara e José Sousa


Ainda se aproveitavam os últimos momentos para mais uma recordação. Carlos Vinhal, José Câmara, Luís Pinto, Dina Vinhal, João Cruz e Cap. Mil Rogério Alves


Ficam saudades, mas levamos muitas mais e a certeza que para o ano, possivelmente na linda Ilha das Flores, lá estaremos para mais um convívio, se Deus quiser.

José Câmara
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Texto e legendas da fotos: José Câmara
Fotos: José Câmara e Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13515: Convívios (617): Almoço do pessoal e comemoração do 40.º aniversário do regresso da Guiné das CCAV 8350 (Guileje) e 8352 (Caboxanque-Cantanhez), dia 30 de Agosto de 2014 em Estremoz (Coutinho e Lima)

Guiné 63/74 - P13527: Bom ou mau tempo na bolanha (63): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (3) (Tony Borié)

Sexagésimo segundo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Como curiosidade queremos dizer-vos que o estado de Iowa está localizado na região centro-oeste do país e, 92% da população é branca, não, não me enganei, é mesmo 92%, sendo o maior grupo o dos alemães que compõem 35,7% da população do estado. Limita-se a norte com o Minnesota, a leste com o Wisconsin e o Illinois, ao sul com o Missouri, e a oeste com o Nebrasca e Dakota do Sul e, em 1846, tornou-se o 29.º Estado da União. Não pensem nada de mal, isto é só uma curiosidade.
E também, não tem nada a ver uma coisa com a outra, pois nós também nos orgulhamos de sermos de descendência europeia, de Portugal, da Beira Litoral, onde havia geada pela manhã, que o sol derretia suavemente, onde ia roubar maçãs ao quintal do vizinho, que deviam de ser parecidas com as que os primeiros “colonos” brancos que se instalaram na região, por volta do ano de 1833, cultivavam, além de aveia, legumes ou milho, com que criavam algum gado suíno e bobino.


Dizem que os primeiros europeus a explorarem a região que atualmente constitui o estado de Iowa, foram os franceses Louis Joliet e Jacques Marquette, em 1673, que descreveram a região como verde e fértil e devia de ser verdade, pois hoje podem ver-se grandes áreas de plantações de milho ou soja, ao longo da estrada que fica um pouco mais alta que essas áreas, onde em algumas partes é mesmo alagadiça, produzindo forte nevoeiro, pelo menos pela parte da manhã. Também nos dizem que o nome do estado de Iowa, provém do povo nativo americano “Iowa”, que habitava a região.

Bem, chega de história e sigamos em frente.
Saímos da cidade de Council Bluffs, às 5 da manhã, passando pelas cidades de Sioux City, ainda no estado de Iowa, Sioux Falls, já no estado de Dakota do Sul, que nos deu ascesso à estrada 90, parando por algum tempo na aldeia de Alexandria, onde existe uma igreja em honra de Nossa Senhora de Fátima, com uma área onde estão as imagens dos pastorinhos, parecida com a que existe em Portugal, que visitámos e apreciámos pela curiosidade.


Pelo menos para nós não é fácil falar de Dakota do Sul, pois ele simboliza as grandes planícies americanas, grandes plantações de trigo, grandes rebanhos de gado bovino, as montanhas de “Black Hills”, localizada no oeste do estado, onde se abriga a principal atração turística do estado, o Monte Rushmore, onde estão esculpidos os bustos de quatro presidentes americanos, George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln, o gigante monumento esculpido nas montanhas de “Black Hills” ao chefe dos “Sioux”, Crazy Horse.

Já por cá andámos por outras vezes e esta enorme escultura é uma das atrações turísticas mais conhecidas do mundo, que rendeu ao estado o cognome de The Mount Rushmore State, temos que lembrar as tribos de nativos americanos que viviam na região, os “Akirara”, de caráter sedentário, que viviam primariamente da agricultura, e os “Cheyenne”, de caráter nómada, que viviam essencialmente da caça. Conta-se que as relações entre os arikara e os cheyenne eram amigáveis, mas já no século XVIII, uma terceira tribo, os Lakota, que era parte do grupo nativo americano dos “Sioux”, se instalou na região, já após a chegada dos primeiros exploradores europeus. Os sioux não foram bem recebidos pelos arikara, e confrontos entre as duas tribos foram comuns ao longo dos séculos XVIII e XIX, no actual Dakota do Sul. O nome do estado provém dos “Sioux”, que chamavam a si mesmos de dakota, que significa em português, "amigo".

Sempre simpatizámos com este estado e gostaríamos de por cá passar mais tempo, mas tínhamos que seguir viagem, portanto lembrando, os grandes chefes “Sioux”, Crazy Horse e Sitting Bull, o ouro que existia nas montanhas de “Black Hills”, a aldeia de Deadwood, o general George A. Custer, exploradores europeus, guerras pelo território que reivindicavam toda a bacia hidrográfica dos rios Mississipi e Missouri, bacia que inclui todo o actual Dakota do Sul, entre franceses e espanhóis, mas acabaria por todo o território fazer parte dos Estados Unidos, quando a França vendeu toda a Louisiana, por volta do ano de 1803.

Também visitámos a cidade de Mitchel, onde apreciámos um edifício com o nome de “Mitchel Corn Palace”, que tem como símbolo a espiga do milho.





Atravessámos a região das “Bad Lands”, onde fizemos o tour de 35 milhas por dentro do parque, com Jeep e a Caravana a rodar sem qualquer problema, indo dormir na cidade de Spearfish, ainda no estado de Dakota do Sul.

Neste dia percorremos 512 milhas, com o preço da gasolina variando entre $3.24 e $3.65 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Julho de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13503: Bom ou mau tempo na bolanha (61): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (2) (Tony Borié)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13526: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VI: (i) debaixo de fogo do IN em Catió e Cabedu; e (ii) a psico-sexual...



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 34 > "Rua do Bar Catió, à direita as lojas e residência do Sr. José Saad, depois o Bar com a bomba em frente, a seguir o telheiro dos jogos de ping-pong e matraquilhos e por fim o muro do quartel".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 16 > "Uma vista tirada da Rotunda, onde se vê uma DO-27 sobrevoando a zona do quartel, à direita a zona da antiga messe de oficiais e a antena dos Correios à esquerda".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 21 > "Fur Mil Victor Condeço em frente da habitação do administrador, ao cimo da avenida".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió > Quartel > Foto nº 34 > "Fur.Mil. Condeço junto de um dos Obus de 14 cm, que iriam substituir os obuses de 8.8 cm [fevereiro de 1968]".


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió > Quartel > Foto nº 16 > "Lavadeiras à porta da camarata de sargentos, do lado direito vê-se parte do bar de sargentos".


Fotos (e legendas) de Catió: Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes.que foi alf mil capelão no BART 1913 (Catió, 1967/69) (*)

[ Horácio Fernandes: foto à esquerda,  tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mec armam, CCS/BART 1913].


Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi, em tempos,  objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos.

O Horácio Fernandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã) vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.

Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes. O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).

 Nesta Vi parte (pp. 152-155),  o autor fala-nos da (i) sua experiência debaixo de fogo do IN em Catió e Cabedú; e  (ii) do fenómeno a que poderíamos chamar... a psico-sexual.

Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão . Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro, 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. Ele irá abandonar o sacerdócio ainda no início dos anos 70, depois de regressar da Guiné e fazer uma curta experiência como capelão na  marinha mercante.

Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e do seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. (LG)


Em Catió e Cabedú, debaixo de fogo do IN...








(Continua)
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Guiné 63/74 - P13525: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (4) (Carlos Cordeiro)




Quarta e ultima parte do trabalho do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, na situação de Reforma, intitulado "Unidades Militares Mobilizadas nos Açores Para a Guerra no Ultramar (1961-1975) - Notas Para Uma Investigação












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Nota do editor

Postes da série de:

19 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13513: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (1) (Carlos Cordeiro)

20 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13518: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (2) (Carlos Cordeiro)
e
21 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13522: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (3) (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P13524: Notas de leitura (625): “Che Guevara: La clave africana, Memorias de un comandante cubano, mebajador en la Argelia postcolonial”, por Jorge Serguera (Papito) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Fevereiro de 2014:

Queridos amigos,
Não é a primeira vez que falamos da ajuda cubana à luta do PAIGC.
Desde 1962 que Amílcar Cabral insistia junto de Fidel Castro para receber apoio militar e técnico. Não queria guerrilheiros cubanos, queria instrutores, queria médicos, queria mantimentos.
O que este livro nos relata é o papel do embaixador Serguera junto de Sékou Touré e o seu encontro com Cabral. Não há nenhuma minuta do encontro havido entre o Che e Amílcar Cabral, a não ser a confidência do comandante cubano de que Cabral fora o único revolucionário africano vertebrado que encontrou.
A deposição de Ben Bella, depois da sua experiência desconfortável no Congo, matou as ilusões no foco africano, capaz de atormentar o imperialismo.
Seja como for, Cuba apoiará de alma e coração o PAIGC, Fidel, depois se encontrar com Cabral a seguir à Tricontinental de Havana, em 1966, ficou seduzido pela capacidade do líder africano.
Faço o reparo de que há uma lacuna grave em todos os estudos sobre a guerra de África: Cuba é a única potência comunista que tem relações diplomáticas com os governos de Salazar e Caetano, pois não há um ensaio que traga à luz do dia o que foram essas relações, seguramente importantes.

Um abraço do
Mário


Che Guevara, Amílcar Cabral e a quimera africana

Beja Santos

O livro intitula-se “Che Guevara: La clave africana, Memorias de un comandante cubano, mebajador en la Argelia postcolonial”, por Jorge Serguera (Papito), Grupo Editorial Líberman, Colección Memoria Histórica, 2008. São memórias de um comandante cubano que Fidel Castro nomeou embaixador na Argélia em 1963 e que disserta abundantemente sobre a presença de Che Guevara em solo africano e quais os seus sonhos revolucionários, centrados no Congo em chamas. Vem a propósito os seus encontros com Amílcar Cabral e o fornecimento de material cubano anterior à visita que Amílcar Cabral fará a Havana, em janeiro de 1966, e de que resultará um inequívoco apoio militar e logístico que se estenderá até ao fim da guerra. Jorge Serguera irá mover-se em Argel em contactos clandestinos com argentinos adeptos de Perón prontos a conspirar e venezuelanos ávidos de passarem à luta armada. Teremos verdadeiras águas-fortes de Ben Bella, Boumédiènne, Ben Barka, cujo assassinato em 1965, segundo o autor, terá prejudicado os propósitos da Conferência Tricontinental. Para o amante do histórico do Movimento dos Não-Alinhados e para os fervorosos do pensamento guevarista, há aqui muita surpresa, garanto.

Mal pisou solo argelino, no início de 1963, as autoridades pediram ao embaixador cubano para se encontrar com Sékou Touré. Nessas conversações, Touré reclamou um embaixador cubano em Conacri, o embaixador promete transmitir o pedido do presidente guineense. De viagem a Havana, encontra-se com Fidel e relata-lhe a conversa com Sékou Touré. Fidel pede-lhe para comunicar a Sékou Touré se ele estava disposto a que ajudassem o PAIGC, recebera pedido de Amílcar Cabral, a revolução cubana devia ser solidária com estes guerrilheiros. Nessa mesma noite encontra-se com Che Guevara que lhe pergunta o que pensaria Ben Bella se ele acolhesse Perón na Argélia, em seu entender essa viagem poderia melhorar a sua imagem na América Latina. Havia agora que consultar Perón. E o encontro realizou-se, não teve consequências.

Regressado a Argel, Jorge Serguera segue para Conacri, de imediato é recebido por Sékou Touré que lhe pede para ficar uns dias para conhecer melhor a situação do país. E escreve: “No dia seguinte recebi uma visita totalmente inesperada mas muito agradável de Amílcar Cabral. Suponho que esta visita foi promovida pelo presidente. Pela primeira vez tinha diante de mim um dirigente revolucionário, antigo colonialista, subsariano em luta aberta contra Portugal, o líder do PAIGC. Era jovem, possuía uma cultura europeia e pelos seus modos e facilidade de exposição revelava uma formação humanista e incomum. Com uma linguagem coerente e sem propósitos evidentes de impressionar, abordava o tema com tal desenvolvimento e competência que me recordava uma aula na universidade. Falava como um livro. Quando toquei no tema do diferendo sino-soviético, logo meteu a sua interpretação das posições chinesas num ângulo favorável mas lamentando que tudo aquilo, além do dano que resultava para o movimento de libertação continental, iria conduzir fatalmente a um cisma. Através dele, confirmei a informação de que os chineses desenvolviam duas fábricas e outros projetos na Guiné e que a ausência soviética se fazia notar. Solicitou o nosso apoio e ajuda. Segundo ele, a luta na Guiné-Bissau estava bem estruturada e ele concluía que os portugueses não podiam resistir nem suportar aquela guerra durante muito tempo. Mantinha boas relações com Agostinho Neto e os dirigentes da FRELIMO. Avancei a minha opinião de que uma coordenação de ações militares simultâneas nos três países faria insuportável a situação para os portugueses, conduziria ao colapso. Quando nos despedimos, anunciou a sua próxima visita e o nosso encontro em Argel. Assegurei-lhe que informaria Fidalgo sobre o seu pedido".

E depois derrama-se em considerações sobre a Guerra Fria, o problema do socialismo no mundo, descreve detalhadamente a Argélia, a libertação da nação argelina e a posição melindrosa do Partido Comunista Argelino, muito referenciado pelas suas estreitas ligações ao Partido Comunista Francês. Viaja na comitiva de Fidel Castro à URSS e depois Che Guevara chega a Argel. Depois da “crise dos mísseis” de outubro de 1962, Che estava absolutamente convicto que era indispensável abrir uma nova frente de luta contra o imperialismo, teria que ser numa região que perturbasse os interesses dos EUA, não se sabia ainda muito bem para onde pretendia ir Nasser, os dirigentes argelinos pareciam-lhe bem-intencionados e anti-imperialistas. Os não-alinhados estavam a entrar na cena, o Terceiro Mundo pretendia a equidistância face aos blocos, era uma neutralidade que atraia Nasser, Sukarno, Tito e Indhira Gandhi. O Che queria sondar vários dirigentes africanos, conhecer-lhes os propósitos. É um extensíssimo e curioso olhar sobre o guevarismo, nele é patente as reservas que o comandante nutria à ajuda soviética, que ele expressará no seu discurso em fevereiro de 1965 no Seminário Económico de Solidariedade Afro-Asiática, em Argel.

Em janeiro de 1964 surge um foco de unidade africana que se irá revelar como o único bem-sucedido: a união do Tanganica com o Zanzibar, a Tanzânia; os cubanos depositaram alguma esperança no nascimento deste Estado. É neste contexto que Jorge Serguera é também nomeado embaixador no Congo Brazzaville, tinha sido um pedido do presidente Massemba Debat. Che está radiante, já tem uma plataforma para interferir nos conflitos que incendeiam o Congo Kinshasa. Che viaja até Argel e fará seguidamente o périplo africano que tinha sonhado, que o autor descreve, a viagem ao Mali e depois à Guiné Conacri. Aqui Che encontrou-se com Senghor e reuniu amiudadas vezes com Sékou Touré e teve um encontro com Amílcar Cabral que o impressionou positivamente. Che argumentava que era importante e imprescindível que os dirigentes políticos do movimento revolucionário estivessem no território de luta (mais tarde di-lo-á a Agostinho Neto, que não terá apreciado a observação). Che parte para o Congo, infiltra-se na sublevação, irá regressar profundamente dececionado. Há imensa literatura sob a presença do Che em África, terá sido Amílcar Cabral o único dirigente revolucionário que deveras o convenceu.

O autor volta à Guiné-Conacri, o navio El Uvero está a chegar com armamento para o PAIGC, traz Kalashnikov, morteiros 82, granadas obuses, espingardas RPK, metralhadoras BZA, RPG, uniformes, traz também instrutores para o PAIGC. O El Uvero partiria depois para outras águas, para descarregar armamento para o MPLA e para a FRELIMO. Nessa noite o embaixador Serguera janta com Sékou Touré e Amílcar Cabral, discute-se os apoios dos EUA a Portugal, o conflito sino-soviético, a OUA, Nasser, a posição Jugoslava. E o essencial do restante relato é dedicado à crise argelina, ao golpe em que o coronel Boumédiènne depôs Ben Bella, segundo o autor morria assim em definitivo o sonho africano do Che. Em 1966, Fidel apoiará entusiasticamente o PAIGC e só muito mais tarde se porá ao lado de Agostinho Neto e dos confrontos do MPLA com os seus opositores angolanos.
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13511: Notas de leitura (624): De uma exposição com Eduardo Malta a outra exposição com Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13523: Parabéns a você (776): Carlos Cordeiro, ex-Fur Mil Inf (Angola) - Grã-Tabanqueiro, Prof. Universitário em Ponta Delgada, e J.L. Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2206 (Guiné, 1969/71)


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13519: Parabéns a você (775): Vasco Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6 (Guiné, 1972/73)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13522: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (3) (Carlos Cordeiro)




Terceira parte do trabalho do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, na situação de Reforma, intitulado "Unidades Militares Mobilizadas nos Açores Para a Guerra no Ultramar (1961-1975) - Notas Para Uma Investigação











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(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13518: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (2) (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P13521: Blogoterapia (259): Mensagem de agradecimento de Rui Alexandrino Ferreira à tertúlia, a propósito do lançemento do seu último livro "Quebo - Nos confins da Guiné" e da passagem do seu 71.º aniversário

1. Mensagem do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, TCor Reformado (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72), com data de hoje, 20 de Agosto de 2014:

Meus caros tertulianos
Seja pela mão do próprio comandante em chefe Luís Graça ou pela de qualquer um dos comandantes adjuntos, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Miguel Pessoa e perdoem-me se me esqueci de alguém que enquanto os envolvo no mesmo vigoroso e fraterno abraço, seja transmitido a todos os tertulianos a mensagem que se segue:


RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  Rui Alexandrino Ferreira no uso da palavra, na cerimónia de lançamento do seu livro "Quebo - Nos Confins da Guiné".


Mensagem de agradecimento de Rui A. Ferreira à tertúlia

Meus camarigos
Face a um não previsto nem esperado agravamento do meu sistema visual com praticamente inutilizado a visão do olho direito foi com algum sacrifício que tive de trabalhar para ter pronto "Quebo - nos confins da Guiné" na data prevista para a sua apresentação pública(*).

E se por um lado me dei por muito satisfeito com a grande manifestação de amizade de tantos amigos e antigos companheiros da Guiné na dita apresentação, persistem as mesmas dificuldades para ler ou escrever seja o que for.
Assim, na impossibilidade de pessoalmente agradecer a cada um dos muitos que me rodearam com o seu carinho e a sua amizade como compreensivelmente seria o meu desejo e logicamente meu dever, mas aos quais peço que aceitem desta forma a expressão da minha maior gratidão e da minha amizade.

Incluo no mesmo modo e no mesmo agradecimento todos quanto me fizeram chegar a sua palavra amiga na data em que completei 71 risonhas Primaveras.

Um grande Abraço
Rui Alexandrino Ferreira
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 24 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13327: Agenda cultural (326): Dia 21 de Junho de 2014, RI 14, Viseu; lançamento de "QUEBO - Nos confins da Guiné", livro de autoria de Rui A. Ferreira, TCor Ref (Carlos Vinhal)

Último poste da série de 11 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13485: Blogoterapia (258): Palavras (Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421)