Guiné > Região de Quínara > Buba > Fevereiro de 1968 > Uma das famosas imagens que ilustram o livro de Basil Davidson, Liberation of Guine (*). Segundo a legenda original, trata-se de um ataque do PAIGC ao ao aquartelamento de Buba. À direita, vê-se Lando Mané, comandante de um bri-grupo. Foto: World in Action, Granada TV (com a devida vénia...).
Vd. sítio criado por Brad Sigal, City College, New York, em Abril de 1999 > Amilcar Cabral and the Revolution In Guinea-Bissau
1. Mensagem, com data de 20 de Outubro de 2007, do nosso leitor Abreu dos Santos, que é um estudioso da guerra do Utramar, e amigo de ex-combatentes que fizeram a guerra da Guiné (**).
Boa tarde, Luís Graça:
No que respeita ao post 2190, editado por Virgínio Briote e por si publicado em 18 de Outubro de 2007 (***): as fontes que desde há décadas referem como início da «luta armada do PAIGC», um ataque ao quartel de Tite no dia 23 de Janeiro de 1963, em meu entender são equívocas, porque uníssonas. Provêm todas do PAIGC, ora reproduzidas por jornalistas (como por exemplo Basil Davidson), ora por historiadores (como por exemplo Norrie MacQueen) que se radicam em "história oral" e bibliografia da(s) mesma(s) origem(s).
Certo que, se à época do conflito armado, todas as armas eram admissíveis, entre elas a informação e a contra-informação, a agit-prop de um lado (as NT) e do outro (o IN), o empolamento das vitórias de uns era (e ainda é em conflitos vários) considerado estrondosa derrota por parte dos outros, etc., etc., não parece curial mantermo-nos, nós, portugueses, sujeitos a estórias "escritas pelos vencedores".
O modesto contributo que anexo – e que deixo à sua consideração para publicação –, constitui brevíssimo extracto de pesquisa pessoal há largos anos desenvolvida (e ab initio não limitada ao TO da Guiné). A fixação de texto, a que corresponde o anexo extractado (referente ao dia 23 de Janeiro de 1963), está desde 12 de Agosto de 2002 consolidada e, de então ao presente, não obtive quaisquer outras informações, fidedignas, que obrigassem a alterar o conteúdo.
(Considerando a lembrança da efeméride haver sido no foranada recém-recordada por Virgínio Briote, vai este e-mail reendereçado para conhecimento àquele co-editor).
Breve contributo para uma historiografia da Guerra na Guiné - (anexo ficheiro Guinala.doc)
Saudações cordiais,
do
Abreu dos Santos
2. Breve contributo para uma historiografia da Guerra na Guiné
por Abreu dos Santos
1963 – Janeiro.23 (4ª feira)
Em Conackry, o presidente Sekou Touré ordena o encerramento de todos os centros culturais estrangeiros e a submissão de todas as publicações estrangeiras à aprovação do directório do seu PDG (partido único), continuando uma parte do comité central do PAIGC enclausurada em Camp Boiro.
Por essa ocasião no sudoeste da vizinha Guiné, em desforço pela detenção de parte do seu comité central, um dos primeiros grupos (1) do PAIGC infiltrados procura desesperadamente lançar «a luta armada»: sob a chefia de Arafan Mané e armados com AK-47, Simonov, PPSH e um lança-rockets RPG-7, preparam em vésperas de lua-nova um ataque nocturno ao destacamento militar instalado em Budon no armazém de mancarra da Companhia Comercial Ultramarina. Para aquele efeito e sob orientação do guia balanta Diallo, na picada Guinala-Buba montam uma emboscada à patrulha que habitualmente ao entardecer regressa àquele acantonamento, causando-lhe 2 mortos (2) e 5 feridos; mas uma parte da guarnição da CCAÇ 152 desloca-se rapidamente ao local, repele o grupo terrorista e recolhe os mortos e feridos, voltando para o aquartelamento que não chega a ser atacado.
– «Houve uma fase preliminar de um ano e meio de “acções directas”, designadamente actos de sabotagem e desobediência civil, que coincidiu com um período de intensa mobilização política entre os camponeses do sul do país, levada a efeito pelos quadros do PAIGC que estavam fixados ao longo da fronteira com a Guiné-Conackry. [...] A fase militar [!?] da campanha do PAIGC começou a 23 de Janeiro de 1963 com o ataque [!?](3) ao aquartelamento português de Tite [!?], no sul [!?] do território.» (4)
– «A guerra começou com a dimensão mais fruste: actos esporádicos de sabotagem de pequena dimensão e significado. Osvaldo Vieira descreve (5) deste modo o primeiro [!?](6) desses actos: “Tínhamos 3 armas e éramos 10. Fizemos uma emboscada a 3 veículos deles e matamos-lhe 7 homens. Capturámos 8 armas”.» (7)
– «Sabedores de que grande parte da direcção está presa em Conackry, alguns combatentes que se encontram no interior da Guiné decidem-se pelo salto em frente: em 23 de Janeiro de 63, atacam um quartel [!?] do Exército português, em Tite [i.e, no sul da circunscrição administrativa de Fulacunda]. Esta acção, de raiva e desespero, conduzida mais pelo coração do que pela razão, tem um duplo efeito. Por um lado, como há-de assinalar Luís Cabral, convence Sekou Touré “que o combate continuava e que as armas que tinham transitado clandestinamente por Conackry começavam a dar os seus frutos”; a consequência, é a libertação dos detidos. Por outro lado, marca o início [!?] da luta armada e da guerra [i.e, guerrilha] contra Portugal.» (8).
3. Comentário de L.G.:
Agradeço ao Abreu dos Santos as suas notas (eruditas) sobre a polémica questão do início da guerra... Concordámos em publicá-las, autonomamente, em post dele e num nova rubrica a que eu vou chamar Historiografia de uma Guerra... e que fica à espera dos contributos de todos os amigos e camaradas da Guiné que, de uma maneira ou de outra, acompanham a investigação (historiográfica, jornalística, militar, sociológica, etc,) sobre a guerra de 1963/74.
O nosso blogue não tem propriamente uma vocação académica (logo, elitista), mas acolhe com todo o gosto e interesse o contributo dos estudiosos da guerra da Guiné, como o Abreu dos Santos... Temos já, inclusive, publicado textos de investigação historiográfica original, como por exemplo, os do historiador e nosso tertuliano Leopoldo Amado (que - aproveito para o dizer em primeira mão - irá em princípio publicar, proximamente, em livro, uma versão mais ligeira da sua tese de doutoramento, na editora Campo das Letras, Porto).
Registo aqui a posição do Abreu dos Santos sobre a minha sugestão editorial: "Acabo de ler a sua resposta, que agradeço, e bem assim o acolhimento que entendeu proporcionar a perspectivas diversas. Anteriores esclarecimentos mútuos, directos e indirectos, levam-me a poder considerar que, ambos, prosseguimos numa busca pela verdade, histórica e independente da formação académica e das particulares inclinações de cada qual".
______________
Notas de L.G.:
(*) Há tradução portuguesa: DAVIDSON, Basil > A libertação da Guiné / Basil Davidson ; trad. António Neves Pedro. Lisboa : Sá da Costa, 1975. 209 pp.
Fonte: Mémória de África
(**) Vd. post de 17 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2185: Álbum das Glórias (31): 13 brancos maduros do Puto em almoço de homenagem a Marcelino da Mata (Abreu dos Santos)
(***) Vd. post de 18 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2190: PAIGC: Quem foi quem (4): Arafan Mané, Ndajamba (1945-2004), o homem que deu o 1º tiro da guerra (Virgínio Briote)
___________
Notas de Abreu dos Santos:
(1) Treinados em Nanquim, com inspiração na guerrilha norte-vietnamita e apoio logístico de Conackry, tendo sido o primeiro armamento e munições doado pela URSS, China, Checoslováquia, Argélia, Coreia do Norte, Jugoslávia, Alemanha Oriental e Cuba.
(2) Veríssimo Godinho Ramos (nat freg. Vale de Cavalos, conc. Chamusca), soldado, mobilizado pelo RI6-Porto e integrado no BCAÇ 237 (sediado em Tite), a 7 meses do final da comissão; e Bajo Sambu (nat. Empada, circunscrição de Fulacunda), chefe de cipaios, mobilizado pelo CTIG como guia civil, a título póstumo agraciado com uma Cruz de Guerra de 4ª classe);
(3) Hão houve, de facto, ataque a quartel algum nesta data; a primeira tentativa de assalto verifica-se no destacamento de Salancaur-Cul (17km NE Bedanda) em 6 de Fevereiro de 1963, exactamente uma semana depois, com recurso a cerca de 200 balantas sem quaisquer armas de fogo; desse ataque, resultam 2 mortos e 3 feridos nas NT.
(4) Norrie MacQueen, in "A Descolonização da África Portuguesa - A revolução metropolitana e a dissolução do Império", pp.59 e 45 (Editorial Inquérito, Lisboa, Junho 1998).
(5) a Basil Davidson; cit in "A política da luta armada - Libertação Nacional", pp.58 (ed. Caminho, Lisboa, 1979).
(6) a 1ª acção armada na Guiné, tentada contra tropas portuguesas, havia sido levada a efeito junto à fronteira noroeste em 21 de Julho de 1961, por dissidentes do FLGC [
(7) António de Almeida Santos, in "Quase memórias", vol.II pp.8 (ed. Círculo de Leitores, Lisboa, Setembro 2006).
(8) José Pedro Castanheira, in "Quem mandou matar Amílcar Cabral?", pp.42 (ed. Relógio d'Água, Lisboa, 18 de Abril de 1995).
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
Boa tarde prezados,
Para uma investigação profunda ,minuciosa e isenta de falsidades e mentiras.
Agradecia que consultassem o espolio co-fundador do MPLA, Nacionalista Africano, angolano, fundador, fundador da casa dos estudantes do Imperio, co-fundador do CLSTP e fundador do PDG.
O legado histórico pertencente a viúva e filhos do Dr. Hugo José Azancot de Menezes, foi emprestado a caminho de dois anos a Universidade de letras de Lisboa, para criarem um site.
O espolio é constituído por 2500 documentos originais do percurso que vai de Portugal anos 50, Inglaterra , Guiné Conacri, Tunisia, Congo Leolpolville , Congo Brazzaville, Togo , anos 60 , Ghana ,Angola.
Também acrescem o espolio, dezenas de fotografias e 80 cartas originais do Dr. Aires de Sacramento de Menezes, pai do Dr. Hugo José Azancot de Menezes.
Boa tarde prezados,
Para uma investigação profunda ,minuciosa e isenta de falsidades e mentiras.
Agradecia que consultassem o espolio co-fundador do MPLA, Nacionalista Africano, angolano, fundador, fundador da casa dos estudantes do Imperio, co-fundador do CLSTP e fundador do PDG.
O legado histórico pertencente a viúva e filhos do Dr. Hugo José Azancot de Menezes, foi emprestado a caminho de dois anos a Universidade de letras de Lisboa, para criarem um site.
O espolio é constituído por 2500 documentos originais do percurso que vai de Portugal anos 50, Inglaterra , Guiné Conacri, Tunisia, Congo Leolpolville , Congo Brazzaville, Togo , anos 60 , Ghana ,Angola.
Também acrescem o espolio, dezenas de fotografias e 80 cartas originais do Dr. Aires de Sacramento de Menezes, pai do Dr. Hugo José Azancot de Menezes.
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