Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Guiné 63/74 - P3752: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (13): A missão de apoio aéreo de 21 de Maio de 1973 (António Martins Matos)
Alexandre Coutinho e Lima, Cor Art Ref - A retirada de Guileje: a verdade dos factos. Linda-A-Velha: DG Edições. 2008. p. 415. Anexo X - Relatório da Missão de Apoio Aéreo a Guileje, 21 Mai 73.
Nesta missão foram largadas, por uma parelha de Fiat G-91, 4 bombas de 750 libras. Em observações pode ler-se: "Guilege (sic) pretendia que se bombardeasse todas as matas em redor do aquartelamento. Ao ser-lhe perguntado por que razão não utilizava a artilharia, reportou que procedia desse modo a fim de não referenciar a posição do quartel!"
(Imagem editada por L.G. e reproduzida com a devida vénia...)
1. A meu pedido, aqui fica feita a descodificação do relatório de missão da FAP no subsector de Guileje, em de 21 de Maio de 1973 (*). O meu agradeciemnto ao António Martins de Matos, Ten Gen Res da FAP, que participou nesta missão como Ten PilAv (**)
HORÁRIO
ATD (actual time of departure) 07:50
ATA (actual time of arrival) 08:35
Os aviões voaram 45 minutos, o que quer dizer que, quando regressaram a Bissau, já só tinham combustível para mais 5 a 10 minutos (face ao armamento que levavam não podiam levar tanques de combustível suplementares).
PILOTOS
Cap Bessa + Ten Matos
Como curiosidade o facto de, na Força Aérea, o comandante da missão não ter que ser o mais graduado mas sim o mais experiente.
Nesta saída para o Guileje, o Tenente Matos era o chefe da missão e o Capitão Bessa o seu asa.
TIPO DE MISSÃO
ATAP, tipo de missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta.
À descolagem o piloto apenas sabe para que área se deve dirigir e quem deve contactar. Por este motivo é imprescindível que o quartel dê informações tão precisas quanto o possível no que refere a arma usada na flagelação, a direcção, há quanto tempo ...
Em oposição ao ATAP existia o ATIP, quando a missão era pré-planeada.
LOCALIZAÇÃO
BS = Bissau
Guilege 5 D2-32 e Guilege4 H1-73 (locais onde as bombas foram lançadas)
As coordenadas do lançamento eram referenciadas numa grelha colocada sobre a carta de 1:50.000.
Estas bombas tinham um efeito devastador num raio de 500 metros do impacto (zona de segurança a partir de 1.000 metros).
MODALIDADE
BOP = Bombardeamento a picar
Os aviões entravam numa picada a partir dos 10.000 pés, largavam o armamento por volta dos 5.000 pés e iniciavam de imediato a recuperação, sendo o ponto mais baixo da sua trajectória por volta dos 2.500 pés.
Enquanto um avião recuperava do passe, o outro circulava por cima a fim de descortinar eventual disparo de míssil ou antiaérea. Caso tal se verificasse, o armamento deste avião era imediatamente empregue nesse local.
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Enquanto que no GUIDAGE os aviões tinham de fazer os ataques com infinitas cautelas devido ao facto de existir tropa no terreno (os meus mais angustiantes 5 minutos registaram-se quando, a pedido dum Gr Comb, intitulado SIERRA BRAVO, foi largado armamento num pontão da estrada para Binta, mesmo nas barbas das nossas tropas), no Guileje sabia-se que não havia tropa na mata.
Tendo sido lançadas 16 bombas deste tipo nas matas entre o Guileje e a fronteira, a haver tropa do PAIGC nessa área, os efeitos teriam sido devastadores.
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 15 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3744: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (12): Spínola podia ter feito muito mais... (Rui Alexandrino Ferreira)
(**) Vd. poste de 14 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)
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3 comentários:
Caríssimos
Há muita História mal contada.
Nenhum de nós é detentor da verdade,eu sei,
mas porque é que alguns têm feito da inverdade dos factos, do constante denegrir da acção militar das nossas tropas uma espécie de exorcismo de culpas que não querem não assumir?
Bem hajas, meu caro tenente-general António Martins de Matos.
Os teus textos, as tuas explicações claras e fundamentadas do evoluir de um conflito injusto que nos marcou a todos, ajudam-me a respirar melhor no seio do blogue.
Um abraço,
António Graça de Abreu
Caro António Graça de Abreu:
Fico triste por saber, por ti, que nem sempre te sentes confortável no nosso blogue...
Espero que continues a acreditar em (e a lutar por) este espaço de liberdade. Tu és um elemento fundamental deste projecto. Um Alfa Bravo. Luís
Caro António Graça de Abreu:
Fico triste por saber, por ti, que nem sempre te sentes confortável no nosso blogue...
Espero que continues a acreditar em (e a lutar por) este espaço de liberdade. Tu és um elemento fundamental deste projecto. Um Alfa Bravo. Luís
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