segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6942: Memória dos lugares (97): Bolama, a antiga capital colonial, um património em ruínas (Patrício Ribeiro)


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antigo Palácio de Bolama, vai cair brevemente. [Sede da antiga Câmara Municipal, onde Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai,  foi vereador em 1957; em Bolama, em 1949, nasceu o actual 1º Ministro, Carlos Gomes Jr.; aqui também viveu na infância o nosso amigo Prof Leopoldo Amado, cujo pai era chefe dos correios...].



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antigo Banco de Bolama, já caiu.



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Futura Sede da AMI em Bolama, em recuperação.



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antiga fonte com minas, casa de bombagem de água de Bolama, em recuperação. “Muitos antigos combatentes, por aqui namoraram as lavadeiras”.


Fotos (e legendas): ©  Patrício Ribeiro (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1.Mensagem do nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro (antigo grumete fuzileiro especial, em Angola, 1969/72; cooperante, primeiro, empresário, depois, na Guiné, há mais de um quarto de século; "pai dos tugas": o nosso agente em Bissau, secretíssimo...) (*)

Olá, Luís:

Junto algumas fotos recentes dos edifícios de Bolama, feitas no meu último passeio por estas bandas, em Agosto de 2010. Destinadas aos que por lá passaram, para poderem recordar. Os morcegos, esses, ainda lá estão…

Alguns destes edifícios são Monumentos Coloniais Portuguese, que se vão perdendo (*)…

Para lá chegar, o mais prático é utilizar as canoas públicas, ou de aluguer.

Há lugar para dormir e comer, no Projecto de Pesca Artesanal PRODEPA, com água corrente e com energia solar 24 horas.

Patrício Ribeiro

2. Comentário de L.G.:

Mano Patrício, e não se pode fazer nada ? Muita malta nossa passou por Bolama (a antiga capital da colónia da Guiné, até 1941, se não me engano). Chegou a ser uma centro de instrução militar importante. Sobre Bolama temos mais de meia centena de referências no nosso blogue. O património edificado pelos povos é pertença da humanidade. Muitos destes edifícios, de traça colonial, falam de uma época, que não pode ser, pura e simplesmente apagada da memória de todos nós, guineenses e portugueses... Não sei se iremos a tempo de os salvar da ruína... Felicitemos, ao menos, o exemplo da AMI que recuperou um destes edifícios... 

Há mais fotos (antigas) de Bolama, do tempo dos portugueses, no blogue Rumo a Fulacunda, do nosso camarada Henrique Cabral. Veja-se também a página de Medeiros Franke. E, naturalmente, a nossa carta militar de Bolama (temos as restantes, do arquipélago dos Bijagós, e demais ilhas, à espera de melhores dias para aparecerem na Internet)...

Obrigado, Patrício, pelo teu cuidado e sensibilidade. Vai mandando as "chapas" e "apontamentos" das tuas andanças por aquela terra verde e vermelha que nos ficou no coração. A terra e as suas gentes.  Um abraço. Luís (PS - Apita, quando voltares a Lisboa: o João Graça e eu  devemos-te um almoço ou jantar).

____________

Nota de L.G.:

12 comentários:

Anónimo disse...

Camarigos
Em Abril de 1972, já o Palácio de Bolama estava em ruínas(se bem me lembro), pois estive no CIM de Bolama nessa data a dar instrução de Minas e Armadilhas. O edifício era lindo,é uma pena estar tão degradado. Parece um edifício da antiga Grécia.
Quanto aos morcegos, bastava atirar uma pedra aos frondosos e enormes mangueiros, para sair de lá milhares que até tapavam o céu.
`Foi o melhor período que tive na Guiné. Ainda fizemos umas incursões à Praia da Areia Branca (nome que me disseram na altura). Lembro-me que na praia havia uns edíficios de outros tempos. Enfim foi uns tempos muito bons antes de regressar aos "bu...rakos".
Alfa Bravo
Luís Borrega

CORREIA NUNES disse...

Camaradas a minha passagem por Bolama,foi electrificar aquela que viria a ser o Centro de Repouso prás companhias operacionais,não sei se vieram a ser Centro de repouso ou não,pois dois meses depois saí e não mais voltei a Bolama isto em 1968.Os edificios nessa serviam estavam operacionais
recordo que tivemos chatices com o administrados por termpos ido aos côcos,que"eram dele",recusamos ficar instalados no CIME,instalamo-nos nos Pavilhões que se estavam a construir.
Bonita Cidade Colonial,bem merecia ser preservada.
José Nunes
Beng 447
68/70

Anónimo disse...

FIZ LÁ O IAO E FOI MUITO BOM, TINHA UMA PISCINA FABULOSA COM UMA PRANCHA DE SALTA MUITO BOA, GOSTEI MUITO DE BOLAMA, TINHA TAMBÉM UMA BOA PRAIA OFIR.

UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA TODA A TABANCA GRANDE.

AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº MECÂNICO AUTO DA 1ªCCAV/BCAV 8323
PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ. 73/74

Anónimo disse...

Caro Patricio,

Foi com saudade e satisfação, que

vi o teu relato sobre BOLAMA.

Estive lá de Janeiro a Agosto de 1966, a dar instrução no CIM., no
final da minha comissão. Havia lá, nesse tempo um Agrupamento de Fuzileiros, já meus conhecidos do rio Geba.
Um abraço,
Jorge Rosales

Anónimo disse...

Olá Camarada Patrício Ribeiro.

Quando do meu regresso de Empada para Bissau e tendo de permeio sido forçado a pernoitar em Bolama, a 15/01/70. Foi-me dada a oportunidade de observar vários edifícios antigos, entre eles ficou-me na memória dada a sua arquitectura o apresentado como antiga Câmara Municipal e que provavelmente antes teria sido a Sede da Colónia.
Não tendo tirado fotos devido à falta de rolo fotográfico.

Actualmente os edifícios apresentam um estado avançado de degradação, sendo um património que está a finar e da mesma forma como outros já apresentados.

Assim, obrigado pela actualidade em relembrar (embora não sendo no melhor sentido) as imagens do meu passado e para onde elas caminham.

Com um Abraço
Arménio Estorninho

CORREIA NUNES disse...

Camarada Amilcar já não me lembrava o nome da Praia OFIR,tiha lá uma estrutura em cimento que tinha as pranchas prós mergulhos,ou pra tentar bater nas rodas da DO quando o Honório voava até lá, ou por lá dava uma volta.
Nos bombeiros havia bilhar,onde se passava bons momentos,na altura a piscina existente ao lado do café esplanada ao lado do cais estava inop.
José Nunes
BENG447

Anónimo disse...

Sorri ao lembrar-me da piscina quando li a referência que o Amilcar Ventura lhe faz.
A minha Companhia (Cart 1689)esteve em Bolama uns dias em 1967, em descanso depois de uma operação de cercade 15 dias na peninsula de Empada.
Limpámos a piscina que, até, ostras (pequenas) tinha nas paredes. Depois de cheia, houve pessoal que, apesar de andanças por dentro de água e cambanças, não sabia nadar e lá aprendeu.
Alberto Branquinho

Hélder Valério disse...

Caros amigos

É com muita tristeza que se apreciam as fotos que 'o nosso agente' Patrício nos remete.
Faz bem em enviá-las.
Podem-se agitar consciências mas será difícil, nestes momentos de crise (e quando é que não foram?), fazer alguma coisa que envolva algum dinheiro...
O abandono que certos locais, monumentos, edifícios, etc., são alvo não é só na Guiné, mesmo por cá vamos vendo degradarem-se pedaços da História.

Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

"Que nostalgias arrastam as ruínas dos Impérios...". (Marco Aurélio/Imperador).

Anónimo disse...

Estive colocado em Bolama cerca de 10 meses. Via este edifício ao vivo diariamente. A última vez em Janeiro/74. Antes de regressar à Metrópole.
Bonito edifício de traça colonial.
Como diz o Luís Borrega, já na altura estava a caminhar para a ruina. Nem sei como é que ainda está de pé. Atente-se também na rua/picada e lembre-se que faz parte da Rua principal de Bolama.
Outros camaradas lembram a praia de Ofir e a piscina. Que saudades. Belos mergulhos.
O Correia Nunes fala no Centro de Repouso, mas o verdadeiro nome era: Centro de Licenças.
Falta falar no caju e no vinho de caju (depois do sumo fermentado) e que era feito pelas mulheres que esmagavam o pimento de caju com as mãos directamente para bacias. Bebia-se logo dali. Não havia problemas.
Causa-me alguma admiração aparecerem tão poucas fotografias de Bolama já que esta ilha funcionava como uma placa giratória onde chegavam e de onde partiam tropas diariamente. Militares de licença. Companhias em IAO, etc., tendo por ali passado muitos milhares de camaradas.
Um abraço para todos

José Vermelho
Ex-Fur Milº
CCAÇ 3520 - Cacine
CCAÇ 6 - Bedanda
CIM - Bolama

Unknown disse...

Caros Amigos, com o pouco que conheci da Guiné,nas deslocações que fiz, Bolama ficou para mim como a minha "Flor" da Guiné.
Primeira capital de Bissau, onde esteve a "aristocracia" da época, tem muitos vestigios de tal facto.
Nos restos de antigas construções, são patentes o tipo de riqueza da época. Com aquelas casas altas que talvez tivessem sido grandes armazens agrícolas. A variedade de cores nas pinturas utilizadas no exterior das mesmas.
Bolama, local onde passei o meu mês de férias, cujo regresso a Galomaro, foi bastante penoso.
Único local da Guiné, onde comi em mesas com toalhas e guardanapos de pano branco, e talheres de alguma qualidade. A comida de qualidade, era servida por outros camarads em louça de porcelana. Instalações de qualidade para o país em que estava-mos sob administração portuguesa, claro que não estou a pensar nalguns recônditos lugares de Bissau onde outro tipo de aristocracia se movia, Bissau onde estive pouco mais de um mês a estagiar nas oficinas de rádio.
Bolama a minha Flor da Guiné, porque tive oportunidade de conhecêr juventude culta e absolutamente consciente da situação do seu país.
Conjuntos musicais que, lá como cá com as Baladas (reprimidas) tentavam fazer passar algum tipo de mensagem.
Onde simultâneamente se sentia o "poderio" militar como comandos africanos e outros, em coexistência "necessária" com a população.
Minha Flor da Guiné, porque senti o recatamento das populações espalhadas pela ilha.
Único sitio onde senti alguma resistência a eu assistir ou participar em convivios sociais (não me falem em rituais p.f.) O que não senti por onde passei, por aldeias que eu designo de "estratégicas" juntas aos aquartelamentos e destacamentos.
Onde em plena hurbanidade da cidade senti quanto eramos hostilizados. Obrigando-nos (a juventude) frontalmente a descer os passeios para prosseguir-mos o percurso.
No cinema, sentia-se algo "no ar".
Bolama a onde frequentemente quando chegavam militares, vindos de outros locais, o Paigc fazia o respectivo ronco de disparar umas "salvas" a partir de outras (?) ilhas, não nos deixando esquecer, que apesar de aquilo ser Bolama eles continuavam presentes.
Minha Flor da Guiné, onde passei longas e continuadas conversas com uma jovem estudante e a mãe, sobre tudo e sobre coisa nenhuma, porque todos os receios estavam presentes.
Onde aprendi, e assustando-me como uma criança, a apanhar carangueijos com os pés no lôdo deixados pela maré vazia, do outro lado, quase da ilha. O susto foi que percorrendo aquela areia/terra mais ou menos movediça em direcção ao mar, se olhamos para a linha de terra, podemos estar a duzentos metros de distância, mas parece-nos um kilómetro, para além de estar com os pés enterrados até aos joelhos, pensando em... perigosos pântanos.
(estão contentes? já confessei o meu cagaço, eu só queria acompanhar a jovem e participar na apanha dos bichos).
Mas outras sensações pretensamente cosmopolitas da marginal, (tão próximo da fábrica de guerra) cerveja, piscina, marisco, até à praia de cuja areia saíam palmeiras com uma ou outra antiga vivenda colonial mais recuada no mato, não sei se seria a mesma aqui referenciada.

Enfim uma Flor de sonho que não esqueço e com afecto.
Obrigado população de Bolama, onde senti o pulsar da consciência do povo da Guiné.

Um abraço para todos e cada qual
Carlos Filipe
ex CCS BCAÇ3872 Galomaro
galomaro@sapo.pt

jpscandeias disse...

Foi nessa Piscina que apanhei uma otite na primeira vez que estive em Bolama, Outubro de 1972, a fazer um estágio que na época se destinava a prepara-nos para ir para as companhias africanas, a mim coube-me a 12 onde cheguei em Janeiro de 1973, durante umas 3 semanas ficamos instalados nesse tal campo de férias, fica no exterior do CIM. Em Agosto do mesmo ano voltei para o CIM onde dei duas recrutas. Destaco as estrelas da época, os 2º sargentos Carola e Campaniço, furriéis, Borbinha Pires o mais carismático e António Tanganhal o meu camarada de quarto, o Testa de Ferro, o Pedro Alvares Cabral, o Pate Embalo, o vago mestre, desculpa não me recordo do teu nome, mas recordo o baile que deste ao Lima, que chegou como cap. e depois foi promovido a major, era uma bela peça, uma vez viu-o em Algés mas ignorei-o, o ajudante, de que não recordo o nome, era o chefe da classe. Na passagem de ano 1973/1974 tivemos, para o jantar, um prato proposto por ele. Descreveu-o com todos os pormenores, arroz, uma camada de pato desfiado, outra de arroz seguida de outra de pato desfiado, e a cereja em cima de arroz um pato assado. O que surgiu na messe, papas de arroz com pescoços de pato. O ajudante ao ser confrontado pelos comensais foi a cozinha para falar com o cozinheiro para saber o que se tinha passado e o que encontrou foi o cozinheiro com ao amigos a paparem os patos assados. Foi uma algazarra. O ajudante ameaçava o cozinheiro com a ilha das galinhas mas seria de esperar, e bem, ficou pelas ameaças. Tenho uma foto com a minha companhia de instrução, o cap. era o Moás.