1. Texto do nosso camarada António Rosinha enviado em mensagem do dia 19 de Novembro de 2010:
Caderno de notas de um Mais Velho (10)
As desilusões históricas ou Portugal não é para levar a sério?
Quando um país tem uma luta diplomática e militar para formar a união do maior território geográfico jamais imaginado que é o Brasil, esse mesmo país perdia pelas armas e pela diplomacia aquele apêndice alentejano que é Olivença.
Contraste que parece uma anedota.
Mais tarde arrancámos cabelos, fizemos um hino nacional, e matámos o rei eterno com 800 anos de idade por causa da subtração aos nossos territórios africanos do tal mapa cor-de-rosa. Se por Olivença não acabámos com o Rei, porque o havíamos de fazer por causa de um território que só conhecíamos no papel?
Mais tarde o país zangou-se com o homem que nos pôs em guerra para lutar por uma ideia lusíada imperial. E, apesar de zangado, só depôs Salazar, o tal homem, 6 anos depois de ele cair da cadeira e este ficar arrumado, porque? Demorámos 6 anos porque os capitães ainda eram apenas alferes? E tinha que ser a revolta dos Capitães de Abril de 1974?
Esta análise também não é para levar a sério, porque se fosse já historiadores tinham analisado. Mas, pelos vistos, deixamos para amanhã o que podemos fazer hoje, quando talvez fosse melhor de outra maneira.
Mas se o segredo para sobrevivermos é andar contra a lógica, que muitas vezes é andar "contra os ventos da história", não vamos desvendar o segredo a ninguém, porque já consta que há por aí uns bascos que vêm cá para aprender como é. Mas o segredo vai morrer connosco.
É o meu ponto de vista. Só e apenas meu, porque não seríamos nós, se cada português não tiver o seu próprio ponto de vista.
E quando se fala de guerras perdidas ou ganhas, connosco pode ser o contrário. Porque nestas coisas, a nossa lógica não é igual à de outros povos.
Os políticos em Portugal ainda hoje discutem se havíamos de entrar na I Grande Guerra ou não.
Um abraço,
Antº Rosinha.
P.S. - Não sei se é possível adaptar para o blogue por causa dos mapas, pode ser complicado.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 13 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7271: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (8): A Suíça de África, o narcotráfico, a justiça e a falta que faz o Luís Cabral
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Sendo a bigorna da Europa(toda a gente "malha" em cima de nós)pelo
menos.Andamos sempre a reboque dos
outros,Novecentos anos de História,
dos quais muitos de"nós"temos ver_
gonha,como fôssemos(somos)os piores
piratas do mundo;não saber o Hino
Nacional ou achar ridículo cantá-lo
a Bandeira Nacional só tem algum
significado em torneios de futebol.
Ao longo desses 900 anos fomos go_
vernados por alguns megalómanos e outros com pouco juízo.Há cem anos
somos "geridos"por políticos bacô_
cos e sem carisma,somos desunidos,
numa sociedade em que toda a gente
quer ser"Dótor"vive-se só de apa_
rências.Outras civilizações mais
organizadas e cultas que nós,não
sobreviveram tanto.Aqui caímos, ali
nos levantamos,sobra sempre para os
mesmos.Meus senhores em grande
pranto vos digo,somos um Processo
Kafkiano,dentro de um Paradoxo.
Alberto Guerreiro.
Rosinha, o teu poste (ou a questão que lhe está subjacente...) dava uma, duas, três teses de doutoramento... em história, em filosofia, em sociologia, em ciência política e por aí fora. E seguramente bem mais divertidas do que algumas aquelas que eu sou obrigado, por razões profissionais, a ler, a avaliar ou a arguir.
Somos umn povo bipolar, com altos (euforias) e baixos (depressões), como qualquer outro povo... Somos todos feitos da mesma m... (e 70% é água!). Não somos nenhuns Etês, nem nenhuma variante ou subvariante do Homo Sapiens Sapiens...
Não vale a pena pormos mais adjectivos, adesivos na testa do Povo, e sobretudo de sentido negativo, pejorativo, não vale a pena darmos tiros no pé. O povo, o povo, quem é o povo ?... Ou o Portugal, o nosso Portugal, onde nascemos, crescemos e muito provavelmente vamos morrer ?
Há muitos mitos, muitas ideias feitas sobre nós próprios, endógenas e exógenas...É saudável discutirmos isso, mas também é bom conhecermos melhor a nossa história... Por exemplo, a reacção (popular) ao "Ultimatum Inglês" não foi assim tão romântica, tão heróica, tão avassaladora quanto nos querem, às vezes, fazer crer... Vinte anos depois, coma república, trocámos os "bretões" por "canhões" e fomos morrer na Flandres para defender o nosso "império colonial"... Nessa época, Portugal era Lisboa e pouco mais. E Lisboa mal chegava à futura Rotunda do Marquês de Pombal...
Valha-nos o humor, o teu sentido de humor: um povo que sabe rir-se de si e das suas elites, dá-me mais confiança do que um povo de carneiros...
Portugal é para levar mesmo a sério... Se assim não fosse, não andavamos a rezingar, há mil anos, contra os que nos querem malhar na "bigorna"...
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