sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8812: Notas de leitura (276): Ultrajes na Guerra Colonial, de Leonel Olhero (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Setembro de 2011:

Queridos amigos,
Foi uma das minhas leituras de férias e confesso que me provocou um tremendo desassossego. Em conversa telefónica com o autor, não lhe escondi que estava estarrecido pela gravidade dos actos que ele imputa a Salgueiro Maia, na Guiné.
Declarou-me ter testemunhos e estar pronto a revelá-los a quem lhos solicitar. Independentemente destas declarações chocantes, há ali parágrafos indispensáveis, confissões de um náufrago mas também de uma pessoa profundamente zangada, sobretudo com os superiores, pronta e exibir a público aquilo que ele denomina o seu passado atroz e irreal.
O livro está profusamente ilustrado.

Um abraço do
Mário


Ultrajes na guerra colonial

Beja Santos

“Ultrajes na Guerra Colonial – Reminiscências de furriel de cavalaria”, por Leonel Olhero é uma edição de autor (contactos: 229 742 093, leonelolhero@gmail.com e 965 269 288), baseia-se num diário de alguém que nasceu em Aveçãozinho, Vila Real, e nesta estação de caminho-de-ferro partiu em 11 de Janeiro de 1971 para as Caldas da Rainha, daqui para Santarém, nova estação no Porto, seguindo-se embarque no Uíge, o autor irá narrar as suas deambulações num Esquadrão Panhard, essencialmente em Bula e na circunvizinhança. É uma literatura memorial por vezes cáustica, Leonel Olhero não esconde muitas zangas e azedumes, deixa-nos alguns parágrafos belíssimos e em dado momento atira uma revelação que seguramente irá aqui suscitar larga controvérsia, ao descrever um acto torcionário e um homicídio que ele atribui à figura iconográfica de Salgueiro Maia. Vamos por partes.

No princípio, temos o transmontano que se adapta a custo à engrenagem militar, há para ali muitas saudades do Marão e um somatório de bonomia: “Nas Caldas da Rainha conheci os senhores Cross, Galho, Pórtico e Paliçada, que me deram cabo da paciência. A dona G-3, de quem aprendi a não me separar. A menina Parada, de má memória, porque nela perdi pedaços da minha rica vida. O menino Pré, demasiado económico e muito forreta, um safado!, um sem vergonha”. Sentiu-se malquistado em Santarém, há ali um bom número de reparos a cavalgaduras e cretinices. Aqui estudou blindados Panhard, Daimler, Chaimite e Fox. Seguiu para Cavalaria 6 no Porto, é aqui que lhe dão guia de marcha para Cavalaria 7 em Lisboa e em 25 de Agosto ruma para a Guiné.

Torna-se num dos sargentos do Esquadrão Panhard 3432. Atravessa o Mansoa em João Landim e chega e Bula. Em Setembro é destacado para Nhamate, passam por Binar que ele classifica por estéril povoado e lá chegam a Nhamate, definido como lugar ermo e triste onde a vida era irreal e todos cediam o corpo à morte: “Em Nhamate a vida corroía-se-me lenta, o meu relógio não andava e tudo me era vago. E era assim que, naquele tédio, um homem se fazia à morte. Deslumbrantes pores-do-sol arquitectavam-nos ausências e sentenciavam-nos a penosos silêncios recônditos e melancólicos”. Descobre que a natureza estava viva, sente o empanturramento de horas preguiçosas, deslumbra-se uma trovoada tropical: “Uma trovoada, com carácter primitivo e sagrado, apavorou-nos. Receoso, o sol estremeceu de inquietação e correu a esconder-se. Numa embriaguez de luzes, relâmpagos cintilaram em ziguezagues de fogo, bateram nas trevas e apanharam relâmpagos em resposta. De alto a baixo, raios riscaram rasgando fundo os céus. Irrequietos, os trovões estalaram implacáveis vibrando de tronco em tronco e em cada folha, assustando aves e ribombando pelos caminhos do céu imenso num estampido ensurdecedor, enquanto que o vento, carregado dos cheiros da terra e do odor da selva, bradou com fúria e em rajadas hirtas e tudo impeliu numa maluca confusão”.

É numa viagem num sintex, quando foi a Bula buscar salários, que Olhero nos dá uma descrição de grande beleza, que mais realça pela contenção dos adjectivos: “Para lá das desviadas margens, num sussurro, naquele rio largo como uma promessa via-se água que penetrava na brumosa mata de onde, desafiando nos céus altas fasquias, se erguiam crescidas e seculares árvores. Por causa das investidas da nossa artilharia, com olhos cansados de procurar, vi cepos definhados com galhos despidos e rasgados. Braços vegetais abertos que nos desejariam abraçar e onde poisavam centenas de colónias de coloridos periquitos (…) Na tona da água bandos de periquitos de rabo de junco rasavam, chispavam à nossa passagem e rabiscavam hieróglifos (…) Inumeráveis abutres repugnantes e agoirentos que poisavam nos poleiros altos da sossegada e densa ramagem, alteavam-se impassíveis, estremecendo penosamente as enormes e aborrecidas asas. Alguns, mais tímidos, alavam para o escuro daquele tão intemporal bosque e ali ficavam à espera de olhos tristes e adiados”. E fiquemos com esta pálida amostra de uma linda viagem de sintex que até hoje não tinha lido, é cativante o deslumbramento do autor por tudo quando capta neste rio. Desforra-se a apanhar rolas, assim melhora o rancho, sempre tão igual na sua sopa do costume e arroz cozido com rodelas de salsicha.

E de Nhamate volta a Bula, começa o rosário de escoltas, Binar, São Vicente, Có, Teixeira Pinto ou Pelundo são algumas metas obrigatórias. De vez em quando vai a Bissau, no Pidjiquiti encontra o Zé Luís, empregado do café A Brasileira, em Vila Real. E assim chegamos a 1972. Há lá muita bebedeira em Bula, maledicência, gente quezilenta, ouvem-se flagelações, chegou a hora das perdas humanas, seguem-se férias na metrópole.

No regresso, temos o ramerrão em Bula, com colunas dentro do sector. Em Outubro, Olhero conhece Fatu Camará, chegou o momento de doces recordações eróticas. Estamos em Novembro, altura em que Salgueiro Maia terá descoberto um falso caçador que andaria à procura de o emboscar. E ele escreve como o Capitão de Abril desaferrolhou a língua do preso: “Mandou que se pusesse em cima de uma chapa de zinco, de onde saiam fios metálicos ligados ao motor de um Unimog e depois, com um ar de triunfo de galo de combate, num divertido vozeirão, disse a um seu militar: Dá à chave! Satisfeito da vida, meliante e cínico consigo próprio, o soldado cumpriu e o preto saltou! E saltou! E Saltou, cada vez mais alto. Enquanto bradava: pára, capitão! Pára, capitão! Pára, capitão! E a chave, envergonhada, girou; para alívio do preto que, a tremer e a destilar e num suor pingado ainda mostrava um terror difuso nuns olhos irados”. No início de Dezembro, há quem tenha visto um foguete luminoso, e Olhero lá vai com Salgueiro Maia e o dito preso, levam pás, picaretas e enxadas, Maia terá confidenciado a Olhero que o preso revelara saber de minas anticarro implantadas na estrada velha de São Vicente. Apanhava a frente, depois de muita confusão ou indecisão o preso afirmou ter-se enganado as minas estavam na estrada velha do cemitério e para lá foram, ali se cavou até à exaustão. Na noite escura ouviu-se o preso suplicar ao capitão para que parasse, depois a voz enfraqueceu, tornou-se um soluço, veio o silêncio. O preso fora executado.

No regresso, quando Olhero perguntou a Maia o que acontecera este terá respondido: “O tratante andou-nos a enganar a ver se caímos numa cilada. Também viu o very light. Mas teve azar e bateu com a cabeça na coronha. Agora dorme… Sempre admirei aquele divertido oficial, a quem devemos a façanha do 25 de Abril. Ele ainda vive no coração de muitos portugueses. Mas dou comigo a perguntar se não teria sido melhor ter corrido o risco de salvar um culpado, do que, impiedosamente, o ter secamente condenado”.

A vida prossegue em Bula, assim chegamos a 1973, a rotina está instalada, Olhero é remetido para Mansoa, sede do CAOP, comandado pelo coronel Rafael Durão, é tempo de novos amores, de escaramuças, corresponde a este período algumas das páginas mais enxutas deste diário, é bem visível o grau de saturação a que chegou o seu autor, há muitas questiúnculas, e em Outubro o furriel de cavalaria entrega o seu espólio na Calçada da Ajuda e parte para Vila Real. Convida todos a contactá-lo para adquirir estes ultrajes, termo polissémico que fala de desastres, desencontros, perdas, actos ignóbeis e até ofensas dificilmente perdoáveis. O autor garante que há um diário por detrás destas penas confessadas, a própria capa será o involucro de tanto ultraje.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8795: Notas de leitura (275): A Força Aérea na Guerra em África - Angola, Guiné e Moçambique, 1961 - 1974, por Luís Alves de Fraga (Mário Beja Santos)

18 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Minha Nossa Senhora!...
Em 1973 eu estava em Mansoa no CAOP 1,com o coronel Rafael Ferreira Durão.
Garanto que nunca passou por lá nenhum furriel de cavalaria de nome Leonel Olhero. Mas pode ter andado na zona.
Agora que o Olhero tem um grande olho, tem...

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Ao ler o escrito sobre Salgueiro Maia, que foi dos poucos (senão o único) que não chafurdou no lamaçal,talvez nunca tenha sido mais apropriada a expressão:"Bater em mortos".É uma triste continuidade nacional em relacäo a todos que,de algum modo,se salientaram dos "outros". Um abraco.

Anónimo disse...

Que me desculpe Beja Santos, mas acho que cometeu uma tremenda injustiça ao citar esta parte do livro. Não consigo compreender porque o fez. O facto de estar a citar, julgo que não o isenta do cumprimento das regras do blogue. E uma delas é precisamente o "respeito ao bom nome".

Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

IGNÓBIL E COBARDE
Falar de uma pessoa que já cá não está para se defender.
Se todos nós fossemos falar de atitudes e actos de alguns superiores durante o serviço militar, o que aqui iria de ressentimento.
Ressentido e de mal com a vida, parece-me ser este senhor Olhero, se é que existe.
Atitudes e actos durante a guerra, menos correctos, quem não as teve ou fez.
Não fomos nenhuns santos, e quem é que é numa guerra.
Admitindo que o acto foi verdadeiro,chamem-me o que quiserem, mas para mim não diminui em nada a figura incontornável de Salgueiro Maia, na nossa história recente.
Só quem não passou por lá e não viveu situações de "bestialidade", é que terá pretensões a ser juiz.

C.Martins

Amilcar Ventura, Ex-Furriel Milª. Bcav 8323 disse...

Este Beja Santos mete-me NOJO, e quem é este Leonel Olhero que só agora é que aparece a denegrir a imagem do Principal impulsionador do 25 Abril o Salgueiro Maia. tenahm dó e deixem o Salgueiro Maia descançar em PAZ.

Amilcar Ventura

Joaquim Mexia Alves disse...

Foi preciso tocar num icone do 25 de Abril para se perceber que aqui, inúmeras vezes se fazem recenssões e textos em que pessoas que já morreram, são acusadas disto e daquilo, muitas vezes sem provas fidedignas, mas apenas porque os autores querem destilar velhas vinganças sabe-se lá de quê.

Salgueiro Maia merece-me todo o respeito, mas também os outros que por vezes aqui já não vêem, porque já não podem, os seus nomes enxovalhados.

Apetece-me dizer, como algumas respostas que tive quando critiquei algumas destas recenssões:
É uma citação, é uma recenssão, é um direito de expressão ... e depois acrescentar: não é de forma alguma denegrir os combatentes portugueses na Guiné!!!

Como a transcrição de um anexo, "criteriosamente" escolhido do livro de Moura Calheiros!!!

Rompi a minha promessa que não faria mais criticas a estas recenssões e à agenda clara e precisa do seu autor.

Voltarei á promessa, que apenas foi rompida por causa dos comentários e não por causa da recenssão. Mas uma coisa levou à outra.

Está no seu direito de a tentar fazer passar a todos, como direito de expressão, como está no direito de outros a contestarem.

Um abraço para todos

Carlos Vinhal disse...

Estou mesmo a ver, o camarada Beja Santos a não dormir à procura de livros "especiais" para fazer recensões tendenciosas.
Mais uma vez se chama a atenção para não se confundir a mensagem com o mensageiro.
O autor do livro está perfeitamente identificado, cabendo à família do Capitão Salgueiro Maia, se assim o entender, obrigá-lo a fazer prova do que escreveu.
Quantas enormidades se dizem acerca do grande Marechal António de Spínola e ninguém se preocupa se ele está vivo ou morto, se se pode ou não defender.

Gostava era de ver condenar, e não branquear, os valentes soldados portugueses que abandonaram os seus filhos (do vento ou não) em terras do ultramar, sem se importarem com a sorte deles e das mães.

Fico muito admirado pela intervenção do camarada Amílcar Ventura que julgava já não visitar este Blogue. Só não apago o seu comentário porque os seus insultos apenas o classificam a ele e não os destinatários.

Carlos Vinhal
Co-editor

Joaquim Mexia Alves disse...

Pois Carlos, mas o mensageiro pode e sabe escolher a mensagem que serve os seus propósitos.

Quanto ao resto, à questão dos filhos, (que não vem para este caso), de acordo contigo, mas não era preciso utilizar o termo "valentes soldados portugueses" depreciativamente.

Aliás, sabemos bem que os tais "filhos do vento" também os havia por terras do Continente e não eram tão poucos como isso tudo!

Um abraço para ti e para todos

Anónimo disse...

Concordo inteiramente quanto à facilidade com que se procura sempre criticar...os "outros".Todos temos facilidade nisso,e todos teremos já caído nisso.Mas,e apesar de saberem onde me "situo",não vim aqui defender o Salgueiro Maia-Militar-como símbolo que foi (à sombra das circunstâncias do momento) no dia 25 de Abril.Salgueiro Maia não foi um político.Todos o sabem.O que lhe fizeram alguns no pós 25 de Abril(não menos quanto à sua carreira militar,e posteriormente aquando da sua doença mortal),contrasta escandalosamente com outros militares-políticos,ou que tal, enfatuada-mente, se julgavam,que passeavam as suas estrelas de graduacöes(antes e pós 1975),ou ocupavam postos, e locais de trabalho,com direito a secretárias particulares (várias) e a convenientes carros do Estado.Vim aqui defender,incondicional-mente,o Salgueiro Maia-Homem!Que,se de palhaço político nada tinha,de criminoso de guerra muito menos!Amigo pessoal que aprendi a respeitar,mais e mais,quanto ele nunca "frequentava", ou se misturava,nos "estaminés" onde se discutiam politiquices de merda.Recordo como hoje,quando ele no 25 de Novembro de 1975,chegou num jeep à Porta de Armas do Destacamento de Segurança do Depósito Geral de Material de Guerra que eu então comandava.Há frente de muitas testemunhas perguntei-lhe:"Não me digas que,depois de nunca te teres metido em golpadas,vens agora fazer a "Pinochada"?!Respondeu-me com um sorriso e disse:"Conheces-me bem melhor que isso.Estou aqui exclusivamente ás ordens do Presidente da República em Belém,e de nenhum outro Posto de Comando".Este era o Salgueiro Maia que conheci. Um abraço.

antonio graça de abreu disse...

Sabes, meu caro Carlos Vinhal, o
capitão Salgueiro Maia não é apenas da família dele, o Salgueiro Maia, "um dos poucos que não chafurdou no lamaçal" como diz o Zé Belo, o Salgueiro Maia é da família de todos nós.

Abraço,

António Graça de Abreu

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Aqui, quase que era capaz de concordar com quase tudo de todos os comentários aparecidos.

A questão dos 'ressabiamentos', do fazer acusações a mortos, da 'suspeição' de que a escolha dos pedaços 'mostrados' obedecem a uma 'agenda escondida' (ou até talvez não, já que afinal estão sempre a referi-la) tendo por objectivo alguns fins inconfessáveis, etc., tudo isto é bastante vivo e motivador...

Fico contudo com algumas coisas que não consigo ver claramente, nem sei exprimir exactamente o quê, mas vou aguardar novos desenvolvimentos com os quais vou aprender, certamente.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caros Camarigos

Caro Carlos Vinhal

Sou absolutamente contra qualquer tipo de censura,porque esta apenas revela fraqueza de quem a faz , seja para esconder a verdade ou falta de argumentação.
Não se deve confundir crítica com juízos de valor ,insultos, ou até difamação.
Dizes, e muito bem, que os insultos só classificam quem os faz, mas a seguir fazes afirmações das quais discordo completamente.
Quando falas do "grande Marechal Spínola" é a tua opinião,respeitável como qualquer outra.Nunca aqui li qualquer poste ou comentário em que o Sr.Marechal Spínola fosse difamado (minha opinião).
Sobre os "filhos do vento" fazes no mínimo juízos de valor sobre camaradas dos quais, suponho, não sabes nada e o porquê dos seus comportamentos supostamente condenáveis.
O camarada Beja Santos tem todo o direito de fazer a recensão dos livros que quiser e como quiser.
Sobre Salgueiro Maia é-lhe feita uma acusação que poderia constituir um crime de guerra (no meu ponto de vista completamente ignóbil e cobarde, a acusação..claro), só gostaria de saber se quem a faz está a dizer a verdade, porque é que não a fez na altura, e se o acusador, que pelos vistos esteve na guerra, se só lá andou a caçar rolas.
Ingenuidade já a tive quando era "puto", por isso, pergunto..porquê só agora ?
Caros Camarigos
Aqueles que estiveram mesmo na guerra...quais é que não cometeram infracções às regras, ou se quiserem à dita convenção de Genebra...aliás, segundo o governo português nós nem estávamos em guerra com nenhum país e era verdade.
Como todos sabem na guerra sobressai o que o ser humano tem de melhor e de pior, só depende das circunstâncias.

C.Martins

Anónimo disse...

Santos e pecadores!

Quem o não foi?

Há realidades que são o que são.

Não esqueçamos que os nossos ídolos muitas vezes têm "pés de barro".

Eu... sei... calo-me! Já chega!

Mário Fitas

António Matos disse...

Peço desculpa pelo cáustico comentário mas o que é que o 25 de Abril de 1974 tem a ver com atitudes que se possam ter tido 2 ou 3 anos antes ?
Se tiverem sido criminosas estão perdoadas porque se foi figura de proa na revolução ?
Eu conheci Salgueiro Maia e não testemunho a cena dos choques eléctricos referidos no livro mas também não aplaudo manifestações de gáudio que ele protagonizou numa entrada triunfante em Bula ao som das buzinas das viaturas por termos trazido um negro com uma perna decepada quando o fomos capturar em pleno campo de minas num dia em que me encontrava de oficial de piquete !
Não caiamos na bonomia de fazer da revolução de Abril o esfregão com que possamos limpar os erros do passado !
A História não pactuará com esses desaforos !

Amilcar Ventura disse...

Eu sabia que era um fardo para alguém dentro deste blogue, e agora tirei as conclusões e a prova real, eu saí do blogue sim senhor,mas ninguém me pode proibir de cá vir e fazer comentário, de eles são impróprios é apagarem-nos, pelos seus comentários as meus eu desconfiava que o camarada Carlos Vinhal não gostava de mim, e aqui tirei a prova real, como se diz joga-se que duque para apanhar um terno. Agora já podes apagar.

Luís Graça disse...

Em caso algum o nosso blogue pode ser usado para fazer "juízos de valor" sobre o comportamento de qualquer camarada (, categoria que abrange todos os operacionais até ao nível de comandante de companhia)...

Infelizmente esta regra (de ouro...) nem sempre tem sido devidamente respeitada no nosso blogue, a começar por mim, o que lamento profundamente.

O nosso blogue deve basear-se numa relação de confiança, entre todos nós, ex-combatentes, os vivos mas também os mortos... Acusações, insinuações, juízos de valor sobre o comportamento (humano e operacional) de um camarada em relação a outro camarada quebram essa relação de confiança... E isso pode ter um efeito deletério, e pôr em causa a natureza e a especificidade do nosso blogue... Muito em particular, deve haver um grande respeito pela memória dos mortos.

JC Abreu dos Santos disse...

... de acordo com a justeza crítica da maioria dos comentários de veteranos da Guiné supra expostos, resta-me manifestar estranheza quanto à limitativa
"regra" tipificada no «até [...]», para mais elevada em contexto de "frase do dia".

Unknown disse...

Fui umdos elementos da CCav3421 , desde a sua formação como CII em Santa Margarida no destacamento indepedente, mobilizada para o CTIG em 1971 tendo depois do treino operacional no Cumeré, sido colocada em em Bula . O seu campo de acção como operações a Ponta Ponati o e Ponta Matar, operações a Cohoquemone a proteção ás obras da construção da estrada de Bula Binar ,Patrulhamento da estrada de S. Vicente.Binar emboscadas no sentido de evitar qualquer ataque aos descamentos de Capunga , Pete,Nhinta ou Ponta consolação Joladim Norte , tendo desenvolvido outra acção como a construção de Tabancas , em Mansoa como proteção às obras da construção da estrada de Mansoa Bissorã.,isto para não me alongar na acção desempenhada pela CCAV3420 na operação que levou ao alívio da pressão exercida pelo PAIGC sobre Guidage em 1973.
Muito se tem dito sobre esta umas vezes correctamente oura de uma forma depreciativa da acção desenpenhada por esta ccav3421 assim como sobre o Seu comandante Capitão SAlgueiro Maia .Em bula esta unidade e o seu comandante interveio depois de o Rebentamento de uma mina AP colocada pelas nossas forças no lado direito da estrada de S.Vicente, tendo a mesma ferindo com gravidade um elemento IN . O dito foi socorrido por esta unidade e reacaminhado para o Hospital de Bissau ,Não foi executado, em Mansoa durante a permanência da CCAV3420
esta Base foi atacada e o destacamento junto ao rio do qual resultaram alguns feridos com certa gravidade , estes foram trnasportados para BIssau por elementos desta unidade comandados pelo seu comandante.també não é verdade que operação referente a Guidage em as unidades intervenientes sofreram varios feridos com dois rebentamentos de minas além do ataque na Bolanha do COffeu esta compoanhia tenha regressado a Binta com instru-oes de não regressar , face a isto a minha questão é esta , afinal o que fazia o que fazia o meu GP e os restantes grupos desta unidade em Guidge durante 36 dias ?
Marques Francisco
Ex furriel Miliciano