quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9083: Blogpoesia (170): Oração em poesia (Armor Pires Mota, Baga-baga, 1967)






Fonte: Armor Pires Mota - Baga-baga: poemas da Guiné. Braga: Editora Pax. 1967. (Colecção Metrópole e Ultramar, 38).  pp.  53-54. Capa do Arquitecto Mário de Oliveira. (Poema Reproduzido com a devida vénia, a partir de um exemplar fotocopiado que o autor ofereceu à Tabanca Grande). Corrija-se, no último verso da página 53, a gralha (tipográfica)... "sonhos" em vez de "senhos".


1. Trata-se de um livrinho de 65 pp., que ganhou o "Prémio Camilo Pessanha",  da então Agência Geral do UItramar. Tem apresentação, na contracapa,  de Amândio César (1921-1987) que sublinha o facto de no júri haver  os nomes do Prof Hernani Cidade e dos escritores Natércia Freire, Moreira das Neves, Francisco da Cunha Leão e Luis Forjaz Trigueiros. 


Duas notas do apresentador (, poeta, contista, jornalista e crítico literário, minhoto, de Arcos de Valdevez) a destacar o mérito do prémio e do autor que já não era um simples desconhecido: a primeira, justíssima, com a inevitável referência a Tarrafo ("... é na situação de soldado que ele atinge o máximo de virtualidade como escritor, nesse diário de guerra a que deu o nome de 'Tarrafo', por certo o documento humano mais válido da guerra que nos movem no Ultramar"); e a segunda, quiçá mais ideológica, com  a saudação a um  livro de poemas que se inspira na "nova temática"  que  "uma nova geração procura - como na época de quinhentos", traduzida na  "realidade da criação artística na extensão que lhe confere todo o espaço português" (...).

Baga-baga, com cerca de 3 dezenas de poemas, está dividido em duas partes, dedicadas, a primeira, a "Adília, minha mulher", e  a segunda, aos "mortos e [aos] vivos que souberam cumprir". A primeira parte inclui poemas com um cunho mais lírico ou etnográfico (Sambaro tocador de kora, Mãe negra, Baga-baga, Tabanca, Batuque...);  na segunda parte, mais dramática, estão bem presentes a tensão da guerra e da paz, a fé e a missão do soldado português (Cântico, Mãe,  Oração em poesia, Sangue, In Memoriam...). 


O autor, nosso camarada, está representado na Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (organizada por Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchio; Edições Afrontamento, Porto, 2011), com três poemas, um do livro Baga-baga (1967) (Mãe, pp. 47/48) e dois do livro Impossível um pássaro (1979). (LG)

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Nota do editor: 

Último poste da série > 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9053: Blogpoesia (169): Sopa quente, depois de três noites de relento (Manuel Maia)

4 comentários:

Torcato Mendonca disse...

**Não lhes destruas,peço-te,os sonhos e o mar,

porque eles vão partir pra longe e chegar!****

- Lindo, não é? Lemos e paramos a pensar...a recordar...

Abraços T.

(lemos tudo onde?? numa terra do nunca ou conseguimos ter o livro, este e o Tarrafo...numa esquina de um infinito qualquer??...e ...)

Hélder Valério disse...

Não tenho dúvidas em considerar este poema não só muito belo como profundo nas mensagens que nos transmite.

E muito grato fico ao Blogue por ter estas possibilidades de conhecer este e outros poemas e escritos que por aqui vão aparecendo.

Abraços
Hélder S.

Luís Graça disse...

... Torcato: Está esgotadíssimo, o livro; mas eu prometo presentear-te com mais um ou dois poemas do Baga-baga...

Armor Pires Mota é também o grande poeta dos meninos da Guiné...

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... Vou partir para a metralha, Senhor!

É urgente libertar os meninos negros e brancos
e dar às mães as estrelas
e as rosas de uma madrugada pura e imensa.

(Excerto do poema Cântico. In: Armor Pires Mota: Baga-baga, 1967, p. 46)

Anónimo disse...

Adorei o poema!

Acredito que eles hão-de chegar, se não lhes destruírem os sonhos.


É isso mesmo, temos que pedir para que não destruam, a nenhuma criança, os seus sonhos, para que venha a ser um adulto feliz.

O meu muito obrigada!

Um abraço da

Felismina Costa