quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13567: Inquérito online: A propósito dos capelães militares no CTIG... Resultados preliminares (n=34) quando faltam 2 dias para fechar a votação... A resposta mais frequente: "Guardo boas recordações deles" (n=11)



Ex-alf mil capelão Augusto Batista  
(CCS/BCAÇ 2861,
Bula e Bissorã. 1969/70)
A. INQUÉRITO ONLINE: A PROPÓSITO DOS CAPELÃES MILITARES NO CTIG... (PODES DAR MAIS QUE UMA RESPOSTA)

1. Não conheci nenhum  > 11 (32%)

2. Houve momentos em que senti a sua falta  > 1 (2%)

3. Guardo boa recordação deles  > 11 (32%)

4. Davam algum conforto espiritual aos nossos soldados  > 6 (17%)

5. Eram tão importantes como os médicos  > 0 (0%)

6. Eram mal compreendidos por todos nós  > 2 (5%)

7. A hierarquia a militar não confiava neles  > 1 (2%)

8. O Estado Novo e a Igreja abusaram deles  > 4 (11%)

9. A malta deixou de praticar (ir à missa, confessar-se, rezar…)  > 5 (14%)

19. Não estavam preparados para lidar com a malta  > 5 (14%)

11. Nunca senti a sua falta  > 6 (17%)

12. A experiência da guerra fez-lhes mal  > 1 (2%)

13. Acho que um psicólogo seria mais útil  > 2 (5%)

14, Deveria ter havido também capelães muçulmanos  > 1 (2%)

15. Não sei, não tenho opinião  > 3 (8%)

Total de votos apurados:  34

B. Não são muitos, os antigos capelães militares que passaram pelo CTIG, e que nos honram com a sua presença, sentados sob o poilão da Tabanca Grande... Recorde-se esses nossos quatro grã-tabanqueiros:

Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de Santa Maria, ex-alf mil capelão, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72;   foi  expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971;  no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve filhos:L vive na Ilha de São Miguel):

[Arsénio Puim, Bambadinca, c. 1970/71]

Horácio Fernandes

Augusto Batista [, vd. foto acima]:  (i) ex-alf mil capelão CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã. 1969/70; (ii) capelão Militar das Tropas Paraquedistas, em S. Jacinto (jul/1978 - nov/1982); (iii) capelão das Tropas Paraquedistas em Tancos (nov/1982 - ago/1988);  (iv) capelão addjunto da Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Força Aérea, em Lisboa (ago/1988 - out/1990); (v) capelão do Hospital da Força Aérea no Lumiar, Lisboa (out/1990 - jul/1995):   e (vi) capelão  chefe da GNR - Guarda Nacional Republicana, em Lisboa (jul/1995 - mar/2000); é hoje ten cor ref. e vive no concelho de Vila Nova de Gaia, tendo sido trazido até nós pela mão do Armando Pires,

Horácio Fernandes (padre franciscano, foi alf mil capelão na CCS/BART 1913, Catió, 1967/69; deixou o sacerdócio em 1972; casou-se e teve filhos; é inspetor da educação, reformado: nasceu em Ribamar, Lourinhã, em 1935; vive no Porto):

Mário de Oliveira (mais conhecido como Padre Mário da Lixa): seguramente  o mais mediático dos quatro, devido aos seus problemas com o Exército, a PIDE/DGS, o seu bispo (do Porto), a hierarquia da Igreja... Foi alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967  e em março 1968; é autor de vasta obra de reflexão espiritual e teológica: vive no concelho de Felgueiras.

[Mário de Oliveira, foto atual à esquerda]

C. Muitos de nós convivemos, minimamente, com um capelão militar, no CTIG. Temos seguramente opinião sobre os nossos capelães:  o seu papel, o seu relacionamento com a  população e com a tropa; a sua preparação; a sua importância... A sondagem em curso contem 15 hipóteses de resposta, que não são falsas nem verdadeiras... 

Caro leitor, dá a tua opinião. Podes escolher duas ou mais respostas. Tem ainda 2 dias... Vota diretamente no blogue, na coluna do lado esquerdo, ao canto superior... Obrigado.


19 comentários:

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Ás 16 perguntas formuladas corresponderam respostas que, mesmo com fundamento científico discutível, podemos considerar esclarecedoras. Vejamos as respostas 1 e 11 que nos dão uma ideia da receptividade que poderiam ter.
Considero irrelevantes as respostas 12, 13 e 14 e não estou sózinho. Viva-se efectivamente um momento de "perda de fé" (pergunta 9 que se veio a acentuar, como sabemos. Embora haja boas recordações deles (3 e 4) o conforto (2) que davam não era elevado e a falta que faziam era pouca(2). Seria aconselhável determinar qual o papel que desempenharam nos momentos mais difíceis por que as unidades passaram (Guileje, Gandembel Guidaje Cheche e outros). Nestas alturas talvez nem se conseguissem fazer ouvir. Digo eu...
Não me pareceu que estivessem preparados para as suas tarefas (10) nem que o quisessem estar. No fundo, pelo menos os últimos, em virtude da "experiência acumulada" deveriam ter deixado fortes marcas da sua acção.
A hierarquia nem lhes ligava e o Estado Novo e a Igreja se os utilizou, não demos por isso(7 e 8).
Compará-los com os médicos é abuso!
Se a experiência da guerra lhes fez mal só cada um poderá dizer. Creio que, se estivessem atentos tinham aprendido muito, mas... estariam interessados e atentos?
Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Tó Zé, obrigado pela tua análise crítica da sondagem. É sempre uma excelente ajuda para melhorar... Como tenho dito e redito, estas "sondasgens" espontâneas não têm nenhum propósito científico, mas apenas, e quando muito, "bloguístico" ou "blogoterapêutico"...

Usei desta vez uma escala múltipla, categorial, com 15 itens (que estão longe de estar relacioandos entre si)... Em boa verdade, estamos a avaliar coisas diferentes (papel dos capelões, sua importãncia, grau de preparação, atitude dos outros face eles, etc.)... Porisso mesmo, é possível dar duas, tr~es ou mais respostas...

Seria fastidoso fazer outras tantas sondagens sobre cada um destes temas... E eu já percebi, pelo fraco volume de respostas até agora, que o tema está longe de ser popular na "caserna"... (Espero, em todo o caso, que os nossos leitores sejam santos e apcientes...mas colaborativos!)..

Dizes que consideras irrelevantes as respostas 12, 13 e 14" e que não estás sozinho nesta crítica (digamos, metodológica)...

Em relação ao item 14, deixa-me dizer-te que temos hoje capelões muçuimanso nalguns dos nossos hopsitais públicos... Por que no Exército ? Eu sei que seria impensável num exército colonial como o nosso, para mais muma épcoa em que estava em vigor a Concordata entre o Estado e a Igreja...

Mas deixa-me ver as coisas pelo meu lado: eu tinha 100 camaradas guineenses, fulas, muçulmanos... Eu, isto é, a minha CCAÇ 12... Passámops juntos momentos muito difíceis... E eles eram crentes, respeitavam inclusive o jejum diurno imposto pelo Ramadão, o que era muito complicado, para todos nós, que estávamos numa companhia de intervenção, com intensa atividade operacional...

Ninguém de nós (a começar pelso oficiais do QP) tinha verdadeira sensibildiadfe sociocultural e sobretudo formação para lidar com os problemas individuais e familiares dos soldados fulas, islamizados... Que sabíamos nós, afinal, da sua religião, da sua cultura, da sua idiossincrasia, da dua história como povo, etc.?

Um abração, Luís

Anónimo disse...

Hoje mesmo deixo de visitar este espaço.

Para mim chega!

Joaquim Mexia Alves

Antº Rosinha disse...

Se fosse hoje, qualquer exército clássico europeu (português)teria em cada batalhão, sacerdotes católicos, pastores evangelistas, pregadores da IURD, Kalifas e o professor Karambá, que deixa orações nas nossas caixas do correio.

Este questionário sobre capelães militares teria outras respostas muito diferentes, se esta velha europa não estivesse moribunda.

A nossa geração foi porventura a última geração de europeus "resistentes".

Foi tudo tão mau para a europa e África, aquele último baixar de braços!

Foi perder a fé em tudo!

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Esta questão dos capelães militares veio 'até aqui', parece-me, por causa das questões que foram sendo levantadas com os textos do Horácio Fernandes.

Por mim, tive dificuldade em responder às perguntas. Só acabei de o fazer por causa do apelo do Luís e, já agora, como reacção a um comentário que reputo de... perfeitamente desnecessário e desproporcionado. Ou talvez não!

Como por aqui já foi observado é difícil opinar, hoje, à luz das nossa vivências actuais, sobres situações vividas, em circunstâncias diferentes para cada um de nós.
Dizer que não conheci nenhum talvez seja exagero. Devo ter conhecido. Por exemplo, quando vou aos encontros do BCAV2922, lá está o Sr. Padre Alberto, de Teixoso, amigo e contemporâneo do Sr. Padre daqui da minha Paróquia, com quem me dou bem e de que me transformo em portador de cumprimentos mútuos.
Se davam conforto espiritual aos soldados. Pois, admito que sim, aos que procuravam e queriam esse conforto. Os outros, que estavam fora dessa procura, não podem ser aqui 'contabilizados'.
Comparar a sua importância com os médicos entronca na ideia de que é necessário tratar do corpo e do espírito. Uns tratavam duma coisa, outros da outra. Naquelas circunstâncias não se podiam colocar assim as questões. As acções a requerer apoio médico eram quase sempre muito mais imediatas.
Não sei avaliar se eram mal compreendidos. Nem tampouco se a hierarquia militar confiava. Admito que pudesse haver zonas de conflito (contradição entre certas premissas religiosas e a realidade) mas, excepção feita a alguns casos, mais ou menos pontuais, 'as coisas foram andando'.
Enfim, não vou continuar na observação das questões pois a 'amostra' dá para ver a dificuldade em se ter uma resposta, mesmo que se possam dar várias.

Para terminar reitero a minha perplexidade em como um inquérito destes, em que não está colocada nenhuma 'questão fracturante' (como parece ser moda agora em quem procura relevo mediático), possa provocar reacções descabeladas, a menos que seja apenas um pretexto para consumar algo já decidido há muito.

Abraços
Hélder S.
sMuitas vezes

joaquim disse...

Alertado por um amigo vim aqui outra vez.

Se o teu comentário se dirige a mim Helder, não o esperava de ti, sobretudo do modo como é escrito.

Muitas coisas têm intenções por detrás e a polémica é aquilo que se pretende.
Basta ver como as coisas são escritas e dirigidas.

Não te respondo no mesmo tom, embora te diga que realmente é descabelado, porque eu estou quase careca.

Quanto ao "consumar algo decidido há muito" é apenas fruto da tua cabeça.

Tudo tenho feito para aguentar as sucessivas investidas sempre no mesmo sentido, mas há um momento em que a coerência comigo próprio fala mais alto.

Não responderei a mais nenhum comentário.

Anónimo disse...



Sousa Pinto
fssp@sapo.pt
4 set 2014 08:56


Capelães militares - Guiné

Votação:


2. Houve momentos em que senti a sua falta


3. Guardo boa recordação deles


4. Davam algum conforto espiritual aos nossos soldados


Abraço
Sousa Pinto

Anónimo disse...

Fernando Costa
4 set 2014 09:47 (
Amigo Luis,

Serve o presente para acrescentar à lista de ex-capelães que passaram pelo TO da Guiné.

CCS - Alferes Carlos Manuel Valente Borges de Pinho

Penso que abandonou a carreira religiosa tendo constituído família.

Actualmente reside em Ovar

Se pretenderes contactá-lo, o seu e-mail é (...)

Um abraço,

Fernando Costa
Ex Fur Mil CCS Bcaç 4513

Anónimo disse...


Joaquim Luis Mendes Gomes
4 set 09:29


Considero muito importante sua presença no meio da tropa. Alguém disposto a ouvir. Um problema que surge. Tive essa boa experiencia. Sua companhia, desarmado, na fila durante a operação era um sinal à vista de que não estávamos sós...

Enviado a partir do meu ASUS Pad

Anónimo disse...

António José Pereira da Costa
3 set 2014 22:59

OK Camarada

Mas o problema dos caramoucos (julgo que é assim que se chamam) não se põe.

Na verdade, os soldados muçulmanos tinham os seus directores espirituais "civis" na medida em que "jogavam" combatiam "em casa".

Creio que no Bat Cmds havia mesmo um padre muçulmano que fala com o do meu batalhão em Mansoa quando eles por ali andavam..

Havia mesmo cultos diários e até mesquitas absolutamente respeitadas e aceites nos sítios onde estive.

Por isso creio que capelães militares muçulmanos não faziam sentido.

E já agora: e os animistas eram filhos de um deus menor? E olha que havia muitos....

Um Ab
TZ

Luís Graça disse...

Contributos para a história da capelania militar em Portugal:


Corpo de Capelães Voluntários do CEP [na I Guerra Mundial]

http://www.momentosdehistoria.com/MH_05_03_04_Exercito.htm

Excerto:

(...) Num contexto político muito desfavorável à Igreja Católica Romana, o Cardeal Patriarca em representação do Episcopado Português, em 27 de Julho de 1916, fazia todos os esforços por conseguir chegar junto do Presidente da República um pedido para incorporar junto dos militares que se encontravam a preparar para irem para França, em Tancos, capelães para seguirem com o corpo expedicionário.

Só em 30 de Novembro de 1916 é que é legislado (decreto n.º 2869) uma base para a regulamentação da assistência religiosa a militares em operações de guerra e só em 18 de Janeiro de 1917, poucos dias antes da partida do primeiro contingente para França, é que se concretiza a regulamentação de assistência religiosa em operações de guerra (decreto n.º 2942).

Decreto n.º 2942

Artigo 1º - A assistência religiosa aos militares que a desejem e que façam parte de forças em operações de guerra, será dada por ministros portugueses das respectivas religiões:

a) Que na qualidade de militares ou equiparados, entrem na composição das forças em operações;
b) Que se ofereçam para acompanhar essas forças;
c) Que sejam antigos capelães militares.

Artigo 2º - Os generais comandantes das forças em operações de guerra permitirão que os militares membros das suas confissões a assistência religiosa a que eles desejarem, contanto que as manifestações de culto e as práticas culturais não perturbem os serviços de campanha e a disciplina das tropas. Os ministros não militares das diversas religiões que se ofereceram para acompanhar os combatentes foram equiparados a alferes, a mesma graduação equiparada que era dada aos médicos mobilizados.

As restantes forças militares aliadas tinha perfeitamente integrados serviços de assistência religiosa aos seus combatente e a atitude do Governo Português, perante a resistência da formação do serviço de assistência religiosa no CEP, mereceu alguns reparos e criticas por parte dos britânicos.

O número de capelães fixado pelo CEP foi de 15, numero que foi calculado de harmonia com a lei existente no anterior regime monárquico, que dirigia os serviços dos capelães do exército. A proporção estabelecida era de 1 capelão por cada 3.000 soldados. No entanto, o Ministro da Guerra Norton de Matos decidiu, em Março de 1917, aceitar o alistamento de 30 capelães, com o objectivo de poder preencher quaisquer vagas que ocorressem por doença ou ferimento.

Existindo a necessidade de existir um capelão que superintendesse a missão espiritual em França, a "Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha" (CCARC), depois de analisar os voluntários escolheu o Cónego da Sé da Guarda, José do Patrocínio Dias, para chefiar a missão.

O comandante do CEP General Tamagnini de Abreu, tal como a CCARC, considerou que o número de capelães era diminuto, o mesmo se verificava aos olhos dos ingleses que compreendiam o papel dos capelães em teatro de guerra, o que levou o Governo Português a não poder negligenciar a questão.

No entanto a ideologia republicana, levou a manter sempre grande desconfiança sobre o trabalho efectuado pelos capelães (...)

Anónimo disse...

Contributo para a história da capelania militar em Portugal:

Decreto-Lei n.º 47188 | capelães serviço militares armadas

Presidência do Conselho - Gabinete do Ministro da Defesa Nacional
Quinta-feira 8 de Setembro de 1966
209/66 SÉRIE I ( páginas 1463 a 1468 )


http://www.legislacao.org/primeira-serie/decreto-lei-n-o-47188-capelaes-servico-militares-armadas-16572

Aqui vai um excerto (Preâmbulo, em duas partes, devido ao tamanho ser superior ao autorizado pelo Blogger: 4096 carateres opor comentário):

Decreto-Lei n.º 47188
1. O serviço dos capelães nas forças armadas encontra-se muito deficientemente estruturado, do que resultam grandes anomalias de procedimento dentro de cada ramo das forças armadas e de uns em relação aos outros.

2. Extinto o corpo de capelães militares com o advento da República, a assistência religiosa às forças armadas deixou pràticamente de existir. Mas essa assistência religiosa manteve-se sempre como necessidade iniludível da consciência católica do povo português, que nas forças armadas tem a sua melhor e mais completa expressão.

3. Por isso, a Lei n.º 1961, de Setembro de 1937, estabeleceu o princípio de que os sacerdotes e clérigos da religião católica são obrigados à prestação do serviço militar, desempenhando funções de assistência religiosa e, cerca de três anos mais tarde, a Concordata celebrada entre Portugal e a Santa Sé consagra solenemente este princípio.

4. Com base nele, os departamentos das forças armadas, procurando satisfazer necessidades próprias, começaram a recrutar sacerdotes para o desempenho das funções de capelães através da boa vontade, sempre demonstrada, dos superiores eclesiásticos.

5. Passaram assim os capelães militares a ser administrados segundo a legislação existente ou estabelecida em cada departamento, como contratados, como graduados ou como equiparados a oficial, percebendo remunerações diferentes, com direitos e deveres nem sempre bem definidos, sem instrução preparatória conveniente, e com uma duração do tempo de serviço variável consoante as circunstâncias.

6. Mas, sobrepondo-se a todas estas anomalias, uma havia que só teria solução com a criação do Ordinariato ou Vicariato Castrense. Tratava-se do problema da hierarquia e da disciplina militares, alicerce das instituições militares, que se encontrava largamente afectada pelas exigências do direito canónico, segundo as quais os capelães militares, qualquer que fosse o local e as circunstâncias em que prestavam serviço, continuavam inteiramente subordinados às dioceses ou institutos religiosos a que pertenciam, com todas as limitações que daí resultavam para a sua conveniente administração no aspecto militar.

7. Conforme acordo entre o Governo Português e a Santa Sé, para instauração do Ordinariato ou Vicariato Castrense, pode-se agora dar conveniente organização à assistência religiosa nas forças armadas no momento em que o número de sacerdotes ao serviço como capelães militares atinge, por força das necessidades de defesa do ultramar, cerca de centena e meia de indivíduos.

8. A organização que se estabelece no presente decreto-lei respeita a autonomia dos serviços de assistência religiosa existente em cada ramo das forças armadas, mas coloca-os, para efeitos de coordenação, sob a superintendência de um órgão superior, a Capelania-Mor, que trabalha ao nível da defesa nacional. Nos termos do aludido acordo entre o Governo Português e a Santa Sé, a Capelania-Mor desempenha também, no foro canónico, as funções de cúria do Ordinariato ou Vicariato Castrense.



(Continua)

________________

Recolhido por L.G.

Anónimo disse...



Decreto-Lei n.º 47188, de 6/9/1966 > Preâmbulo > parte II


(...)

9. Não se reconhece vantagem em retomar o corpo de capelães nem tão-pouco em criar um quadro de capelães. Mas julga-se que cada um dos serviços de assistência religiosa deve possuir um alicerce sólido que permita a continuidade e a eficiência do serviço. São os capelães titulares, hierarquizados por postos e funções, nas quantidades mínimas para satisfazerem as necessidades de tempo de paz e prestando o seu serviço militar efectivo por tempo limitado. Com esta limitação tira-se o carácter de permanência e favorece-se, sob o ponto de vista militar, o refrescamento dos postos e das funções e, sob o ponto de vista religioso, a recuperação a curto prazo dos sacerdotes para o serviço exclusivo da Igreja.

10. Como as necessidades de mobilização obrigam à utilização de capelães militares em número muito superior às necessidades de tempo de paz, criam-se os capelães militares eventuais.

Os capelães militares eventuais, além de preencherem as necessidades de mobilização, constituem a fonte de recrutamento dos capelães titulares.

11. Toda a mecânica de recrutamento, de ingresso na categoria de titulares, das graduações e da selecção para o desempenho de funções assenta no princípio da escolha. De facto, julga-se que não pode ser outro o critério a seguir, dada a delicadeza e a importância das funções a desempenhar pelos capelães militares, em que está constantemente em jogo o prestígio da Igreja e a vida moral dos militares.

12. Por motivos de economia de pessoal e sem afectar a necessária eficiência, estabelece-se o princípio de os capelães militares de qualquer ramo das forças armadas poderem prestar assistência religiosa a núcleos militares de outros ramos quando as circunstâncias o aconselhem. Parece indiscutível a validade e a aplicação deste princípio num serviço em que a especialização respeita à cura das almas.

13. Outro ponto saliente do presente decreto-lei é o da dependência e competência disciplinares dos capelães militares no foro militar.

Se é certo que como oficial o capelão militar deve ficar sujeito ao Regulamento de Disciplina Militar e portanto pode ser louvado ou punido como qualquer outro oficial, também parece razoável aceitar-se que a execução da punição seja rodeada de certas cautelas com vista a respeitar a dignidade sacerdotal. Assim, à semelhança do que estabelece a legislação de outros países, a execução da punição far-se-á no local e nas circunstâncias acordadas entre a autoridade militar e o Ordinário Castrense. A mecânica deste procedimento será estabelecida em regulamento próprio de cada serviço.

14. Procura-se dar aos capelães militares, quando em serviço efectivo, direito e regalias idênticas às dos oficiais do quadro permanente. Não é possível, no entanto, incluí-los como subscritores da Caixa Geral de Aposentações, dado o regime especial em que prestam o serviço ao Estado. A análise do que se estabelece no presente decreto-lei quanto às idades de incorporação, duração de tempo de serviço e limite de idade máximo consentido para o serviço efectivo, comparada com a lei geral sobre aposentações, fàcilmente explica a impossibilidade que há em dar aos capelães militares o direito de aposentação como servidores do Estado.

Mas, em contrapartida, julga-se justo e devido incluir os capelães como possíveis beneficiários da pensão de invalidez nas condições expressas no Decreto-Lei n.º 45684 , de 27 de Abril de 1964.

15. Finalmente, procura-se através de disposições transitórias evitar soluções de continuidade que seriam prejudiciais à assistência religiosa nas forças armadas. (...)

http://www.legislacao.org/primeira-serie/decreto-lei-n-o-47188-capelaes-servico-militares-armadas-16572
_______________

Recolhido por L.G.

Anónimo disse...



Estive em Buba e em Mansabá.
Em Mansabá não me lembro de nenhum capelão.
Nos 17 meses qu estive em Buba convivi algumas vezes, poucas, com o capelão militar que estava na sede do batalhão em Aldeia Formosa.
Era um camarada açoreano jovial e correto que convivia com os outros sem restrições, sem censuras e a aguardar o fim da comissão como qualquer outro. Por três vezes houve mortos em Buba, não me lembro dele ter lá estado para algum oficio religioso. É natural que a culpa nem fosse dele, pois nem sempre havia comunicações com a sede do batalhão.
Sem querer esperar que um padre fosse um santo, pesoalmente entendo que pertencendo nós a um país de grande maioria católica se justificava a presença dos capelães militares. Pelo tipo de religião mais imposta do que explicada,( missas em latim, repetição de orações que por tal deixavam de ter sentido, etc.) quando chegava a idade da tropa a granda maioria dos camaradas, libertados da tutela opressora dos pais, abandonava a religião. Poderiam voltar mais tarde a abrigar-se à sua proteção e à sua explicação dos mistérios da vida, mas o impulso desses anos de juventude era de rejeição. Um caminho para a libertação e formação da presonalidade de cada um. Como tal a missão dos capelães militares nem sempre era fácil embora eu ache que seriam sempre uma presença que até por não haver psicólogos ou equiparados podiam também desempenhar essas funçoes.
De qualqer forma mesmo que os camaradas católicos praticantes fossem uma minoria acho que por eles e atendendo ao país que eramos se justificava a sua presença.
Li os outros comentários dos camaradas que me antecederam:
António J.P. Costa, António Rosinha, Luís Graça, Helder Valério não achei que houvesse algo de ofensivo para ninguém.
Serei pouco perspicaz, mas não entendi o motivo das zangas do Joaquim Mexia Alves e do Joaquim.
Se eu estou enganado que Deus me perdõe e que me ilumine a razão.

A todos um grande abraço

Francisco Baptista

JD disse...

Caro Joaquim,
Confesso uma grande surpresa pela tua declaração de intenção, como resultado de um inquérito da iniciativa do Blogue sobre a acção dos capelães militares na Guiné.
Sei que és cristão devoto, de resto na senda da tradição familiar, certamente, como tantos outros entre nós.
Li o inquérito, e porque na época já andava despegado da religiosidade, não prestei grande atenção, pois não encontrei motivo para responder. Portanto, não me zanguei pela convocação do inquérito, e admiti que pudesse revelar-se de interesse para alguns, como também se confirma.
O que eu quero dizer, estribado na minha interpretação, é que deves estar a interpretar mal os termos do inquérito, que não me parece conter alguma provocação aos católicos que serão a maioria no Blogue (praticantes ou não).
Francamente, acho desproporcionada a tua reacção, e por se tratar de quem se trata, venho dizer-te para te aconselhares com a almofada, e para perdoares a quem te ofenda, mesmo que sem intenção.
Afinal, tu és um importante dinamizador da camaradagem, pelo que poderias não ser compreendido numa atitude intolerante.
Será preconceito? Não acredito. Acho que tiveste uma atitude emotiva, e que voltarás ao convívio, pois, como sabes, a porta está sempre aberta.
Um abraço
JD

Anónimo disse...

Sou agnóstico militante..apesar de ter andado a estudar para bispo..perdão, padre.

Detesto fundamentalismos

A religião ou religiões devem ser respeitadas.

Os praticantes devem respeitar os que não praticam e vice-versa.

Capelães nunca conheci, mas certamente seriam úteis para os praticantes.

Lá "nos gadamael"nunca vi nenhum.

Um alfa bravo para os crentes praticantes,..os crentes não praticantes..os assim assim coiso e tal..e não crentes.

O agnóstico militante "graças a deus".

C.Martins

Anónimo disse...

Jose Manuel de Melo Alves Lopes
7 set 2014 14:34


1 (Não conheci nenhum)

13 (Acho que um psicólogo seria mais útil)

Anónimo disse...

Jose Manuel de Melo Alves Lopes
7 set 2014 14:34


1 (Não conheci nenhum)

13 (Acho que um psicólogo seria mais útil)

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Assim é que é!
Isto sem polémica NÃO TEM PIADA NENHUMA.
Passados estes anos todos e vendo o assunto à distância parece-me que podemos afirmar que estando lá podem ter tido uma certa (pouca, digo eu) "utilidade" no apoio espiritual a quem dele julgou necessitar.
Porém, se não existissem não vejo grande vantagem em que fossem inventados.
Quanto aos psicólogos esqueçam.
O ISPA só começou a produzir doutores lá para 1971/72 e, portanto é uma linha a não explorar, pois não há possibilidade de comparação.
Um Ab.
António J. P. Costa