1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974), com data de 6 de Fevereiro de 2015:
Caríssimo Camarada Luís Graça e restante equipa de co-editores.
Os meus melhores cumprimentos.
Enquanto a fonte não secar, a agenda o permitir e a memória RAM funcionar, lá vou escrevendo, a conta-gotas, as minhas memórias do meu/nosso tempo no CTIG., por um lado, alimentando o nosso Blogue e, por outro, cumprindo com o regulamento da nossa TABANCA GRANDE.
Dito isto, anexo mais uma peça da minha arma – a liberdade de comunicar na primeira pessoa – esta guardada desde o longínquo ano de 1972, ou seja, há mais de quarenta e dois anos, e referente aos meus tempos vividos no Xime.
Obrigado.
ATAQUE AO XIME EM 16SET1972 – CART 3494
(ENTRE TROVÕES, RAIOS, GOLOS E BOMBAS)
- mescla de acontecimentos… e novas emoções para recordar -
1– O AQUARTELAMENTO DO XIME
A funcionar como tampão de segurança ao tráfego rodoviário que circulava no troço «Xime-Bambadinca-Xime» e ao marítimo [Rio Geba] «Xime-Bissau-Xime», as várias gerações de ex-combatentes que cumpriram a sua missão ultramarina neste Aquartelamento sabem bem das dificuldades por que tiveram de passar. Algumas delas transformando-se em calvário permanente, pelas adversidades e desgostos produzidos, outras deixando marcas físicas e psicológicas insupríveis para o resto das suas vidas.
Convém recordar que a complexidade da missão acima descrita se agravou a partir do momento em que o efectivo da CART 1746 [1 GComb], comandado pelo Alf. Mil. João Guerra da Mata,instalados no Destacamento da Ponta do Inglês,recebeu ordens para o abandonarem regressando à sua CART, no Xime, de que era CMDT o Capitão António Vaz,com o acto a ocorrer em 7/8 de Outubro de 1968. Acredita-se que essa decisão foi da iniciativa do então Brigadeiro António de Spínola [1910-1996] comoconsequência da redistribuição das NT no terreno [P10009].
Entretanto, vários têm sido os testemunhos insuspeitos aqui narrados sobre esse contexto, todos eles de sentido único e de absoluta concordância com o acima exposto, independentemente dos tempos em que tiveram lugar as ocorrências, dos seus actores ou das unidades militares envolvidas.
Destaco, tão-somente, dois exemplos ou duas imagens metafóricas de grande significado: a primeira da autoria do camarada Luís Graça “Xime: uma descida aos infernos” [P1317/8], a segunda do camarada Beja Santos “O Xime, sem ferro mas com fogo…” [P2810], ambos meus antecessores e, também eles, frequentadores assíduos daqueles circuitos pedestres.
Pelo Aquartelamento do Xime passaram, então, a CCAÇ 1550 [1966/68], a CART 1746 [1968/69], a CART 2520 [1969/70], a CART 2715 [1970/71], a CART 3494 [1972/73] e a CCAÇ 12 [1973/74].
No que à Companhia de Artilharia 3494 [CART 3494] diz respeito, a terceirae última unidade operacional do contingente do BART 3873, sediado em Bambadinca, a suachegada ao Xime verificou-se em 28JAN1972, 6.ª feira. Durante os treze meses contabilizados pela Companhia neste Aquartelamento [margem esquerda do Geba], muitas foram as flagelações que sofremos, quase todas elas com armas pesadas e, maioritariamente, à noite.
O primeiro destes ataques ocorreu em 19MAR1972, domingo, cinco dias após concluída a sobreposição com a CART 2715, e o seu início verificou-se por volta das 23:00 horas, com uma duração superior a meia hora.
Esta facilidade, e a frequência com que o PAIGC passou a realizar os seus ataques contra as NT aquarteladas no Xime, foi consequência do abandono da Ponta do Inglês, uma vez que a partir desse momento estavam/ficaram criadas todas as condições objectivas para a total circulação em liberdade dos efectivos destacados na Zona [no Poindom, no Baio,Rio Buruntoni, na Ponta Luís Dias ou no Fiofioli], bem como da gestão de toda a sua logística incluindo, entre outras, a construção de esconderijos para camuflagem do material pesado e o controlo da população aí residente.
Como se identifica no mapa abaixo, o território a sul do Xime até à mata do Fiofioli [margem direita do Corubal] estava completamente liberto e sem controlo das NT, independentemente da actividade operacional diversificada que por lárealizávamoscom regularidade, umas vezes mais curta outras mais distante ou prolongada no tempo, mas quase sempre para o “empate” [digo eu!].Porém, o sentido destas acções não deixavam de contribuir para o aumento do consumo energético humano, com deficitde recuperação acumulado pelas sucessivas missões, corolário do trabalho físico [caminhadas intermitentes com obstáculos] e mental [concentração elevada, ansiedade e stress].
Mapa da Zona Leste> Sector L1 > Xime:o alvo de todos os ataques perpetrados pelo PAIGC. O território a Sul era percorrido com total liberdade pelos guerrilheiros, permitindo-lhes escolher, optar e/ou variar o local da colocação das suas armas pesadas, bem como definir a quantidade de munições adespejar e a duração temporal de cada um.
2– XIME - 16 DE SETEMBRO DE 1972 - SÁBADO
Os pontos principais da presente narrativa, tal com tem acontecido com as anteriores de teor semelhante aqui divulgadas, emergem das vivências do contexto da nossa missão ultramarina. Cada um deles pretende ser um testemunho singular que, em interacção com outros, procuram ajudar na compreensão mais global [para memória futura] sobre o quotidiano da vida dos ex-combatentes, dos momentos de alguma satisfação e prazer e de outros factos que apelavam à superação permanente e à solidariedade entre pares.
Deste modo, o relato desses factos socio-históricos identificados em cada um dos pontos a baixo,ocorrem num quadro mesclado de acontecimentos em cadeiaobservados [e gravados...] na tarde/noite de 16SET1972, sábado, e que, tal como o título sugere, envolvem vários fenómenos: - a natureza, o desportivo e o militar, ou seja, trovoada tropical [raios e trovões], futebol [golos]e ataque com armas pesadas [material bélico].
2.1 – ANTES DOS FACTOS
O sábado, 16Set1972, estava a ser um dia normal, em que cada um de nós fez o que tinha a fazer, cumprindo as diferentes tarefas no quadro da organização militar - internas e externas - com destaque para a segurança à Ponta Coli, às embarcações civis que sulcavam o Geba e à vigilância do aquartelamento feita a partir dos postos colocados em locais estratégicos.
Por outro lado, a Guiné tem um clima tropical o que significa que tem duas estações distintas – a estação das chuvas e a estação seca. A primeira inicia-se em meados de Maio e a segunda em meados de Novembro, pelo que cada estação completa um ciclo de seis meses.Daí que Setembro é um mês que faz parte da primeira estação – a das chuvas – em que as precipitações são geralmente abundantes, tendo maioritariamente o seu início ao fim da tarde ou às primeiras horas da noite.
Esse dia 16Set1972 não fugiu a esta regra. Após o jantar na messe de sargentos recolhemos à nossa “tabanca”um pouco antes das vinte horas, para um merecido repouso, uma vez que a noite prometia vendaval, o que veio a verificar-se, como teremos a oportunidade de relatar no momento próprio.Inferindo-se da legenda abaixo [foto 3], para se chegar ao quarto era só atravessar a rua de terra batida, a única existente no interior do Aquartelamento e que unia as duas principais entradas – a porta-de-armas, com acesso ao Cais ou à estrada alcatroada em direcção a Bambadinca [foto 1; da esqª.] e a da tabanca [foto 2; da dtª.]
Foto 3 – Xime/1972 – No edifício da esquerda funcionava a secretaria, uma arrecadação, o armeiro e o quarto do Guia Malan [parte visível]. Nas traseiras; o quarto dos 1.ºs. Sarg. Bagorro e Simões, o bar/messe de sargentos, o WC e um pequeno abrigo de apoio. O edifício da direita estava dividido em quatro partes e era ocupado por furriéis. No quarto da esquerda, a que corresponde a janela sem protecção, residiam o C. Ferreira, o J. Godinho e o J. Araújo, trio de comando do 1.º GComb.
Foto 4 – Xime/1972 – Da esq./ditª – Cláudio Ferreira, João Godinho e Jorge Araújo, trio de furriéis responsáveis pelo 1.º GComb.
2.2 – OS GOLOS… O FUTEBOL… EM LISBOA
O camarada Cláudio Ferreira, que era [é] sportinguista ferrenho e uma enciclopédia da história do SCP [um forte abraço para ele], lembrou-se de que a 2.ª jornada do Campeonato Nacional de Futebol, daquela época: 1972/73, tinha um jogo antecipado para essa noite, e que era, nem mais nem menos, o [seu] Sporting com o Uniãode Tomar, no Estádio José de Alvalade. Estávamos, então, na hora de tentar localizar a transmissão do relato na Emissora Nacional [EN], o que aconteceu.A partir daquele momento, na Guiné [Xime],eram mais três os que assistiam ao jogo através das imagens sonoras transmitidas pelo repórter de serviço [creio que era oArtur Agostinho (1920-2011), um dos mais brilhantes relatores desportivos da época].
Iniciado o jogo, e quando estavam decorridos apenas sessenta segundo, eis a primeira grande emoção da noite vivida pelo Ferreira por efeito da marcação do primeiro golo do Sporting. Foi seu autor Nelson que, apesar de ter visto o seu primeiro remate devolvido por um defesa opositor, a passe de Fraguito, conseguiu fazer a recarga vitoriosa, ainda que em desequilíbrio. Decorridos mais quatro minutos e nova emoção, para gáudiodo Ferreira, com o segundo golo do Sporting obtido agora por Marinho, com remate forte e colocado, depois de se ter isolado na sequência de passe longo de Manaca. Aos 23 minutos, novo golo e novo momento alto no interior da “tabanca” do trio de combatentes/desportistas. Era o terceiro golo do Sporting, este concretizado pelo argentino Héctor Yazalde [1946-1997], a grande esperança para os lados de Alvalade, esperança que se tornou realidade na época seguinte, pois H. Yazalde viria a conquistar a Bota de Ouro Europeia, ao contabilizar 46 golos em 30 jogos com a camisola do SCP. E o intervalo chegou com o resultado em 3-0.
2.3 – OS TROVÕES… E OS RAIOS… NO XIME
Durante o decorrer da primeira parte, a principal atenção estevefocada, naturalmente, nas peripécias do jogo e as emoções resultaram dos três golos obtidos. Nem nos apercebemos que, no exterior do quarto [tabanca], a noite tinha chegado e os ventos fortes transportavam cada vez mais nuvens, dando origem à queda de água com grande abundância. Estava uma noite verdadeiramente tropical. O contacto directo comeste fenómeno da natureza metia respeito a qualquer um de nós ou, como diz o povo, era de meter medo ao susto.Os trovões eram cada vez mais fortes, fazendo abanaros telhados de chapa dos edifícios ali à volta, enquanto os raios rasgavam, à nossa frente, o céu do Xime, iluminando todo o espaço físico do Aquartelamento [fotos 5 e 6]. Ainda assim a experiência estava a ser pedagogicamente interessante e daí a termos gravado na memória de longo prazo, e agora passada a escrito.
2.4 – O ATAQUE… E AS BOMBAS… NO XIME
De regresso ao quarto para audição da segunda parte do jogo, voltámos à posição anterior [na cama] com a roupa que a nossa mãe nos deu durante a gestação. A partir de então passaram a ser mais perceptíveis os diversos sons em presença: o da rádio, os das ventoinhas presas aos ferros das cabeceiras das camas e os dos trovões cada vez mais intensos. Entretanto, um outro som se juntou aos anteriores, sendo que este já nos era, também, familiar neste contexto. Tratava-se do rebentamento de granadas de canhão sem recuo, enviadas lá das bandas de Gundaguê Beafada [ver mapa acima] conforme refere a HU [6.º fascículo].
Quando nos apercebemos que estávamos perante um novo ataque ao Xime perpetrado pelo PAIGC, o ritmo cardíaco e as emoções/tensões aumentaram, mas a reacção surgiu espontânea por parte da nossa equipa de artilheiros do 20º Pel. Art., sob a supervisão do Alf.Mil. Maurício Viegas e dos furriéis Manuel Lino e José Pacheco, coordenados pelo meu/nosso Capitão Pereira da Costa. Porém, a dificuldade maior que se colocou na prontidão das respostas das nossas bocas-de-fogo [obuses 10,5] residiu no facto de não ser possível identificar no imediato, com fiabilidade, o que era a claridade provocada pelos raios e a claridade produzida pelo material bélico. Mesmo assim não deixámos de comunicar com o IN.
Decorridos aproximadamente quinze minutos, deixámos de ouvir e/ou sentir os rebentamentos das granadas, todaselas atingindo pontos situados aquém ou alémdo alvo, que era o Aquartelamento do Xime e o seu efectivo militar,com excepção de uma granada que caiu a dez metros da messe de sargentos, situada nas traseiras do edifício da foto 3, sem fragmentar, ou à mesma distância da foto seguinte [7].
Foto 7 – Xime/Set1972 - Espaço envolvente à messe de sargentos reconstruído pela CART 3494, onde é possível identificar a porta e a janela do Bar. A granada, anteriormente referida, caiu a dez metros do local onde me encontro na foto. [Na época das chuvas… uma carecada era uma boa decisão… muito higiénica e saudável].
A partir de então, o alerta manteve-se por mais algumas horas, não havendo, no entanto, danos a registar.
Quanto ao futebol, viemos a saber no dia seguinte, domingo, que o resultado final tinha sido de 4-0, sendo o último golo da autoria de H. Yazalde, aos 75’, que assim bisou na partida.
Sobre os factos mais relevantes da segunda parte do jogo [que no Xime teve outros jogadores… outro ambiente e diferente dinâmica grupal… e outra excitação…], só tomámos contacto com eles depois da recepção do Jornal Desportivo «A BOLA», da edição de 2.ª feira, 18Set1972, pois este jornal, à época, era trissemanário [2.ª, 5.ª e sábado]. A sua remessa da Metrópole, maioritariamente a edição das segundas-feiras, tendo por objectivo o contacto com o fenómeno desportivo nacional e resultados do fim-de-semana, chegava-nos três dias depois, como aconteceu na situação presente.
Relembro que o tema sobre«o que a malta lia, nas horas vagas», foi já abordado por um grupo significativo de grã-tabanqueiros.
Como testemunho histórico, epara encerrar esta narrativa, aqui vos deixo a crónica escrita pela pena do saudoso e amigo Carlos Pinhão [1924-1993], sobre o jogo em apreço.
E agora a constituição das três equipas:
SPORTING C.P. – Damas; Pedro Gomes (cap.) (45m - Dinis), Laranjeira, Bastos e Carlos Pereira; Manaca, Fraguito e Vagner; Marinho, Yazalde e Nelson.
U. TOMAR – Nascimento; Kiki, João Carlos (cap.), Cardoso e Barnabé; Pavão, Manuel José, Raul (45m - Pedro) e Fernando (30m - Bolota); Raul Águas e Camolas.
Árbitro – João Nogueira, da A.F.Setúbal.
Porque cheguei ao fim de mais uma curta viagem pelas memórias do Xime envio, a todos vós, um forte abraço.
Um abraço,
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
___________
Nota de M.R.:
Último poste da série de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/734 - P13970: História da CART 3494 (3): A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494 (XIME / ENXALÉ–[N]AS DUAS MARGENS DO GEBA) - A única presença no Enxalé (Jorge Araújo)
5 comentários:
Ah, grande Sporting!
Tantos anos depois há um rapazinhos vermelhos, arraçados de criminosos, que se reclamam, com orgulho, do assassinato de um pobre e pacífico sportinguista, numa final de Taça de Portugal, 1998, com um very light. Como é possível que tal aconteça, com a complacência de quem está à frente dos destinos actuais do SLB? É, ou não é, Luis Filipe Vieira e quejandos?
Para vergonha de Portugal, é a cultura benquifista. Embora no Benfica haja também gente honesta e boa.
Abraço, e desculpem falar de futebol, da tristeza de ter gente desta como meus compatriotas, mas o mundo, depois de todas as guinés, continuua a ser assim.
Abraço,
António Graça de Abreu
Ponta do Inglês Uma Colonia Penal
Conheço o Xime. Aí abicamos em Jan/68 a caminho de Fá. Voltamos, dias depois, para o Treino Operacional dado pela 1746 (Cap.Vaz). Fomos muitas vezes ao Xime em Operações. No início era com o BART 1904, depois com o BCAÇ 2852 (estávamos adidos a Bambadinca). Geralmente o destino era o Poidom e arredores. Foi destruído e voltava sempre a aparecer…até os Obuses do Xime, com o CMDT Ten.Cor Branco do 1904, bombardearam primeiro e nós “limpamos” depois. Foi bonita a varredela. A última vez que por lá andamos foi em finais de Ag/69 e o Guia era o Malan Mané. Borregou. Repetiram a Operação dias depois com a CCAÇ 12 (Luís Graça) e o Mané ficou ferido com gravidade. Dizer que a Ponta do Inglês tinha algum préstimo militar não concordo. Aquilo era uma Colónia Penal das piores e não tinha qualquer préstimo, nem forças militares em número suficiente para “marcar posição”. Um buraco. Foi desativado, o buraco, em Out/68 e eu não me recordava do mês. Fomos nós,CART 2339, que construímos Mansambo, a partir do zero e umas centésimas pois estava lá uma secção de Milícias. O IN não gostou e os ataques foram…para partirem-nos a obra. A zona Xime/Xitole, pela margem direita do Corubal foi toda destruída. Repito toda destruída mas o IN teve poucas baixas e, Para t~ão grande e esforçada Operação foi muito pouco. Operação Lança Afiada em Mar/69.
Este comentário não tem qualquer critica.É uma visão, um apelo á memória com resultados um pouco diferentes. Estiveste lá uns anos depois. No blogue devem estar Postes”” desses meus tempos. Ab,T.
António, futebol, religião e política (partidária), "libera nos, domine"...parafraseando os nossos antepassados, medievos, que dizem: "Da peste, da fome e da guerra... e do nosso bispo da nossa terra, libera nos, domine"...
Aquele abraço!... Luis
PS - Off record, partilho da tua tristeza, a de termos compatriotas nossos que são "hooligans"... Mas também temos "jiadistas", "oportunistas", "trapaceiros", "calculistas" (de excel), gajos que gostam de escaqueirar "bancos", "corruptos e corruptores","santos inquisidores", "mentecaptos", etc., etc... Não há povos perfeitos...
Esse quarto com a janela tapada foi "meu", do António Duarte e do Osório, desde a chegada da 12 vinda do Xime em Março de 73. As paredes brancas estavam repletas de pinturas tipo psicadélicas. Desconheço o autor. Numa foto que o Osório me tirou, onde estou estiraçado na cama, é possível ver um pouco. Jorge, obrigado pelas fotos. Logo à primeira tive dificuldade em as localizar. Sobre esse jogo do União de Tomar não recordo nada. Recordo-me sim que na operação "Guarida 18" em princípios de fevereiro estivemos juntos. Sou o vim a saber aqui. Como cai de para-quedas na 12, não recordava o número da tua companhia, apenas recordo da operação em conjunto e da minhas idas ao Xime.
João Silva ex- Furriel Mil At. Inf. Ccaç 12, 1973
Caro Camarada João Silva,
Como este é um espaço de recordações e memórias, sempre te digo que o quarto que referes, e que foi o teu durante a presença no Xime pós Março/1973, também foi o meu no início da comissão até à morte do camarada Bento, em 22ABR1972, na emboscada na Ponta Coli, que aqui já contei.
Porque esse meu GComb (o 4.º) ficou durante algum tempo INOP, e o alferes do 1.º GC tinha sido transferido para um PelNat, eu acabei por transitar para o 1.º GComb, onde permaneci até final.
Por esse facto mudei para o quarto ao lado (foto 3).
O quarto que referes, ao tempo da CART 3494, estava dividido em dois espaços. O primeiro, por onde se entrava, tinha um beliche e uma cama. O segundo, interior, o da janela, era onde funcionava o laboratório de fotografia e que, quando nos transferimos para Mansambo, foi certamente transformado em quarto de dormir (talvez o teu).
Até breve.
Saúde e bom fim-de-semana.
Um abraço.
Jorge Araújo.
Enviar um comentário