quinta-feira, 11 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14731: Efemérides (192): 75º aniversário do gesto heroico de Aristides de Sousa Mendes ao decidir ajudar a salvar milhares de seres humanos fugidos ao terror nazi...Dia da Consciência, no próximo dia 17 de junho, celebrado com missas em diversas partes do mundo cristão, de Bordéus ao Vaticano, de Cabanas de Viriato a São Paulo, de Fátima a Newark ... Exposição e sessão de homenagem nesse dia, no Centro Cultural Franciscano, Lisboa (João Crisóstomo, Nova Iorque)



"Faz agora 75 anos que Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus em 1940, se via perante um grande dilema: dcomo corresponder a todas as solicitações de vistos de refugiados desesperados para saírem da França, procuranda escapar à invasão pelo exército nazi ?" 

(Fonte: Amigos  Aristides e Angelina de Sousa Mendes, reproduzido com a devida vénia)


I. Mensagem do nosso querido amigo e camarada João Crisóstomo, a partir de Nova Iorque:

[ João Crisóstomo: (i) é natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras; (ii) foi alf mil, na CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66); (iii) vive em Nova Iorque desde 1975, onde foi mordomo até ao início de 2015 (reformou-se agora); (iv) é um mediático ativista comunitário, tendo estado ligado à defesa de três causas que tiveram repercussão internacional e que nos dizem muito, a nós, portugueses (gravuras de Foz Coa, independência de Timor Leste e memória de Aristides Sousa Mendes); (v) foi um dos fundadores do "Luso-American Movement for East Timor Autodetermination" (LAMETA); e, não menos importante, (vi) é casado em segundas núpcias com a eslovena e nossa querida amiga Vilma e, por fim, (vii) integra a nossa Tabanca Grande desde 26 de julho de 2010]

Data: 4 de junho de 2015 às 01:12
Assunto: Aristides S.Mendes ( 17 de Junho)

Caro Luís Graça,


1. Tive pena de não poder ter ido à reunião de 9 de Maio [, convívío do pessoal da CCAÇ 1439, nas Caldas da Raínha] (*), para  alimentar os especiais  laços de  amizade fraternal que une quantos andaram  por terras da Guiné,  especialmente os que  connosco compartilharam  as mesmas vivências em terras de Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá…

Não poude ser, mas como vou passar umas semanas a Portugal e  tenciono aí  "dar umas voltas", sempre que tiver oportunidade vou, quando passar por perto destes nossos camaradas- irmãos   tentar contactá-los  para um abraço.

O telefone é o meu  meio de contacto favorito e é esse que eu vou tentar dentro do possível; mas se alguém me quiser contactar por E mail, aqui está o meu endereço digital:
crisostomo.joao2@gmail.com

2. Entretanto venho pedir-te um favor, (se isso for possível), e explico  a razão do meu pedido:

Há anos atrás, pelo mesmo motivo, fiquei muito satisfeito por vários comentários a uma notícia que puseste  no blogue sobre o " Dia da Consciência" (a 17 de junho) desse ano. (**)

 Ora este ano estamos lembrando o 75º  aniversário deste dia  em 1940  em que, levado pela sua consciência de ser humano e de cristão, Aristides de Sousa Mendes, arriscando a sua carreira, o seu futuro e da sua família ao desobedecer a Salazar, salvou dezenas de milhares de seres humanos  que teriam na maioria sido levados para campos de concentração e aí exterminados  como sucedeu à maioria dos que não tiveram um Aristides  para lhes valer.

Por esta razão -  mesmo à ultima hora, devido a uma crise de "zona" que demorou vários meses e me impedia de fazer nada (a não ser obrigar-me a aposentar-me mais cedo do que tencionava..)  -  decidi tentar ainda dar a vertente espiritual a esta data, já que  como o próprio Aristides confessou, foi a sua fé cristã que o levou a tomar essa corajosa decisão  de valer e salvar os seus irmãos.

Se puderes dar uma notícia no teu blogue (que verifico com muita satisfação é seguido com muito interesse por muitos dos nossos camaradas) isso vai possibilitar talvez a que alguns  se possam associar a estas  comemorações,  especialmente as que vão  ter lugar em Portugal. 

 Para facilitar vou  transcrever notícia  já saída no blogue "Amigos  Aristides e Angelina de Sousa Mendes" , da dra Mariana Abrantes (conforme informação que eu mesmo lhe enviei).

Como podes  verificar a maioria dos celebrantes são os mesmos  que tomaram parte nas comemorações em 2010, cujos contactos eu  tenho sempre muito cuidado em não perder e que agora tornou possível organizar isto mesmo à última hora.) 


Sábado, 13 de Junho, na Igreja de S. Louis, Bordéus, França (que a família Sousa Mendes frequentava): 
Missa celebrada pelo Sr. Cardeal Claude RicardM

Quarta-feira, 17-Junho, 11:00, Fátima, Igreja da Santíssima Trindade,
Missa com intenção pelo "Dia da Consciência"
Celebrante Sr. Bispo de Viseu Dom Ilídio Leandro;
Outras celebrações incluem o Sr Bispo Dom Serafim Ferreira da Silva e Sr. Bispo Montes Moreira noutros locais;

Quarta-feira, 17-Junho, 20:00, Cabanas de Viriato
Missa na Igreja Matriz celebrada pelo Sr. Pe. Marco Pais Cabral;

Missa em Vila Real no mesmo dia às 10.00AM
na Igreja de S. António da Auracária, 
celebrada pelo Sr. Pe. Diamantino Maciel Rodrigues;

Quarta-feira, 17-Junho, 10:00 Nova Iorque, NYC/USA 
Igreja de Nossa Senhora de Fátima, pelo Sr .Pe. Oswaldo Franklin;

San José, Califórnia, Igreja das Cinco Chagas e outras igrejas com comunidades portuguesas relevantes;

Quarta-feira, 17-Junho, Vaticano,
Celebrantes Sr. Cardeal Renato Martino e Sr. Cardeal Saraiva Martins;

Quarta-feira, 17 de Junho, 20h, Centrol Cultural Franciscano, Largo da Luz, 11 Lisboa;
Exposição e Conferência Dia da Consciência, 75 anos 1940 - 2015
Exposição de cópia de documentos encontrados na Casa do Passal em 2004,
incluindo correspondência familiar datada de 1909;

Quinta-feira, 17-Junho, São Paulo, Brasil,
celebrada pelo Sr. Cardeal Cláudio Hummes;

Quinta-feira, 17-Junho, Fall River, Mass. USA:
celebrada pelo Sr. Bispo Edgar Moreira da Cunha na capela;

Quinta-feira, 18-Junho, Homenagem junto ao busto de Aristides Sousa Mendes,
Promenade, Bordéus, França;

Domingo, 21-Junho, 11.00 Newark, New Jersey,  USA
Igreja de Na. Sra de Fatima, celebrada pelo Sr. P. António Ferreira Silva;

Domingo, 21-Junho, 12.00 igreja de S. José, Oackville, Ontario, Canada
celebrada pelo Sr. P. Fernando Pinto.

Permito-me sugerir que, quem assim puder,  pode contactar o seu pároco e pedir-lhe que inclua esta intenção na missa de 17 de Junho, como acontece em vários casos dos acima mencionados, onde a missa já estava planeada com outras intenções e os participantes concordaram em incluir a intenção de Aristides. (***)

 Espero ver-te (e outros amigos comuns) em Portugal brevemente.

Até lá um abraço grande com saudade e muita  amizade.

João  (e Vilma…of course!…)

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4 comentários:

Luís Graça disse...

Quandos os imperativos de consciência se sobrepõem às poderosas razões de Estado... A história está cheia destes dilemas. Poucos são, todavia, os que têm a coragem de optar pela sua consciência contra as razões de Estado... Aristides foi um deles... Um português, conservador, cristão...

Anónimo disse...

Excerto reproduzido do "Público", com a devida vénia (LG)


http://www.publico.pt/portugal/noticia/aristides-de-sousa-mendes-o-sublime-que-ha-em-nos-1699171?frm=ult
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OPINIÃO

Aristides de Sousa Mendes: o sublime que há em nós
PAULO MENDES PINTO (*) 17/06/2015 - 05:45


Se não dermos honras de Panteão a Aristides de Sousa Mendes, então estamos a assinar a declaração solene da nossa incapacidade de, sequer, ser herdeiros do seu gesto.



"A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião" Aristides de Sousa Mendes

Muito se especula em torno do que é a memória. Entre passado e identidade, muito mais se pode pensar sobre a nossa relação com o passado, onde devemos ainda juntar a ideia de património, este cade vez mais imaterial e não material.

Numa revolução mental, onde o primado do material deu lugar aos usos, aos costumes, às tradições, classificamos como património cantares, comidas, paisagens e ritos. O nosso património, aquilo a que olhamos enquanto memória, é uma teia complexa em que nos revemos, nos identificamos, ao qual chamamos de nosso, com o que mantemos afinidades. No limite, classificamos para não perder, para chamar à atenção, para valorizar, para cuidar e para dar valor.

Há pouco mais de setenta anos, um cônsul, um representante de um país a que chamamos Portugal, foi contra as ordens dos seus superiores hierárquicos e, com esse gesto de rebeldia, salvou possivelmente umas trinta mil pessoas – discute-se o número, mas isso é o que menos importa: foram muitas. Perdeu a carreira, teve de pedir ajuda para sobreviver, foi proscrito. Mas nunca se arrependeu do gesto que fez.

A justificação legalista para a punição a que foi sujeito colhe adeptos em quem não vê no mundo mais que impressos, requerimentos e formulários, onde a burocracia delimita a razão e, acima de tudo, os comportamentos éticos. A hierarquia, mediada pelo papel, não é um meio para administrar, mas sim um fim em si.

Ao contrário dessa mole que somos nós, aqueles que passamos pela vida sem heroicidade, Aristides de Sousa Mendes, usou de uma faculdade humana que talvez seja a que melhor nos devia definir enquanto espécie. Aristides usou a consciência e não conseguiu suportar uma imposição legal que ia contra um imperativo que, no fundo, era mais que ético, era de espécie. Aristides estava ciente das consequências do seu acto e, mesmo assim, fê-lo. (...)

(...) A grande questão que se nos coloca é o que fazer com essa memória. Integrá-la como património imaterial de Portugal? Ou continuar, de homenagem em homenagem, a não reconhecer a máxima e sublime acção que um de nós fez em prole da humanidade? Dia 17 de Junho é o Dia da Consciência, em memória do seu acto. Mais uma vez nada vamos fazer que se possa equiparar à dimensão que por trás de um gesto uma figura representa. (...)


(...) Se não dermos honras de Panteão a Aristides de Sousa Mendes, então estamos a assinar a declaração solene da nossa incapacidade de, sequer, ser herdeiros do seu gesto. Incapazes de heroicidades, declaramo-nos incapazes de reconhecer a sua dimensão única e de inspiração?

A opção é apenas nossa no quadro da identidade colectiva: ou elevamos, de uma vez por todas, a nossa voz em reconhecimento, ou continuamos a remeter-nos a uma imensa cobardia.

(*) Dir. área de Ciência das Religiões na Un. Lusófona

Luís Graça disse...

Uma decisão que mudou a vida de 30 mil pessoas, judeus e não judeus... Uma decisão que lhe custou caro, muito caro, em termos profissionais, pessoais e familiares... Um decisão de grande coragem e amor ao próximo de um grande português cujo nome nos honra a todos!...

Luís Graça disse...

João: Espero que estejas em boa forma, e tenhas regressado à santa terrinha cheio de energia e de saudade... Vou ver se passo antes das nove da noite, no Largo da Luz, para te dar um alfabravo valente, ver a exposição e tirar-te umas chapas... Espero que possa aparecer mais malta!... Luis