segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15401: Álbum fotográfico de Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690, Geba, 1967/69) (4): No regresso a Lisboa, em março de 1969, no N/M Uíge: 1246 passageiros, distribuídos pela 1ª (n=57), 2ª (n=133) e 3ª classes (n=1056)



Foto nº 1 > T/T Ana Mafalda... na viagem de Lisboa-Bissau, em 1967: o alf mil Alfredo Reis é o primeiro da direita. E em segundo plano, à sua direita, se não erro, o Alberto Branquinho, que foi seu colega de liceu em Santarém.  O Branquinho era alferes da CART 1689 / BART 1913 (, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69).


Foto nº 2 > O T/T Uíge, o paquete da Companhia Colonial de Navegação, onde o alf mil Alfredo Reis regressou a casa... tal como muitos de nós.





Foto nº 3 > T/T Uíge > Março de 1969 > Distribuição do contingente militar e familiares, pelas três classes do navio... Entre os alferes milicianos, havia 4 futuros grã-tabanqueiros, ou sejam, membros da nossa Tabanca Grande: o Alberto Branquinho (CART 1689), o António Moreira, o A, Marques Lopes e o Alfredo Reis  (CART 1690)(*)...  O nº de passageiros era de 1246, a grande maioria (as praças) viajando em "terceira classe"... Lembrei-me logo do título do livro do José Rodrigues Miguéis, "Gente da Terceira Classe" (**)

Foto nº 4 > T/T Uíge > Março de 1969 >Cumprimentos de despedida do comandante de bandeira, do Comandante e Oficiais do navio


Foto nº 5 >  T/T Uíge > Março de 1969 > Nome do capitão de bandeira, do comandante, do imediato, do chefe de máquinas, do comissário, do médico e do 1º radiotelegrafista


Foto nº 6 > Menu do jantar de despedida, em 7 de março de 1969

Foto nº 8 > Programa do concerto

Fotos (com exceção da nº 1) do regresso, no T/T Uíge, em março de 1969



Guiné > Zona leste > Geba > CART 1690 (1967/69) >  Continuação da publicação do álbum fotográfico do alf mil Alfredo Reis, que nos foi disponibilizado pelo seu amigo e camarada A. Marques Reis.


Fotos: © Alfredo Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]




Informação do nosso leitor (e, presume-se, camarada) Gabriel Tavares sobre a figura do Capitão de Bandeira:

Capitâo de Bandeira é o oficial da armada (marinha de guerra) nomeado para representar as autoridades navais a bordo de navio mercante fretado pelo Estado para transporte de guerra (pessoal e material). Tem autoridade sobre toda atripulação. Para as tropas havia o comandante das tropas embarcadas, oficial mais antigo de todos os oficias das forças embarcadas.

Se o Oficial da Armada que tinha de ser da classe de Marinha fosse mais graduado ou antigo que o comandante militar de bordo (comandante das forças embarcadas) acumulava as duas funções.

Esta legislação entretanto foi revogada em 2009.
G.Tavares, 24/11/2015

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15388: Álbum fotográfico de Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690, Geba, 1967/69) (3): O que é um homem precisava no mato, num miserável destacamento como o de Banjara, em 1967 ?
(**) Gente da terceira classe é o título da crónica que narra a primeira viagem de José Rodrigues Miguéis  [Lisboa, 1901-Nova Iorque,1980] para os Estados Unidos da América. Ao ler este registo autobiográfico, o leitor poderá captar as primeiras impressões de uma realidade social que será desenvolvida nos contos e novelas.

Jornal de bordo - 1935

«(...) É preciso ter viajado num destes transatlânticos para se fazer uma ideia das fronteiras que separam os homens e as classes, mesmo dentro duma casca de noz. E somos poucos, aqui, não mais de cinquenta: que faria se fôssemos os duzentos ou quatrocentos da lotação, só Deus sabe, amontoados na imunda gafaria que é a terceira dos emigrantes. (...)

Ao partir, levavam consigo ao menos uma esperança: agora nem isso lhes resta. Muitos deles, com o sonho, seu único luxo, perderam por lá a saúde e a força de trabalho, que era toda a sua riqueza.
Com estes, os de torna-viagem, embarcaram na Madeira e agora comigo, em Lisboa, alguns portugueses que vão, como eu, à Inglaterra tomar o paquete para os Estados Unidos. Assim se juntam aqui, embora com destinos e em estados de alma opostos, duas correntes da mesma miséria: uma delas, ainda quente do sol da ilusão, parte para a zonas mais temperadas e prósperas do Leste americano; a outra regressa lá do equador e do trópico, fria de desapontamento, amolambada e escrofulosa, para se dispersar por todos os cantos deste nosso mundo cristão e ocidental. Correntes humanas, num inquieto e perpétuo corropio em torno destoutro mar de Sargaços, a vida.(...)»

in «Gente da Terceira Classe», 3.ª ed, Editorial Estampa, 1983 pp. 11 e 12

(Crónica publicada na revista «Seara Nova» nos anos 40 e depois integrada no volume intitulado «Gente da Terceira Classe». A primeira edição data de 1962).

Fonte: © Instituto Camões, 2001 (com a devida vénia...)

5 comentários:

Luís Graça disse...

Também vim no N/M Uíge, em março de 1971... juntamente com os meus camaradas da CCAÇ 12, metropolitanos, de rendição individual, incluindo o meu amigo Tony Levezinho, que amanhã faz anos (!)... Está-se sempre a aprender... Não sabia que o comandante e os oficais do navio estavam sob a autoridade de um capitão de bandeira, que era da marinha de guerra, com o posto de capitão de fragata...

Sobre o nosso regresso, em 1971, vd., o poste:

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2006/05/guine-6374-dccxxv-amigos-para-sempre.html

Luís Graça disse...

... Pensando bem, nestes 14 anos de guerra, com centenas e centenas de milhares de homens transportafos nos "paquetes" da nossa marinha mercante, e viajando eufemisticamente em 3ª classe (!) - leia-se: transportados como gado... - não houve uma única revolta a bordo, um único incidente, um único levantamento de rancho...

Ou houve e a gente não soube ou não sabe ? Será que alguém aidna tem história(s) para contar sobre esta "gente de 3ª classe" que fomos, afinal, todos nós, povo, ao longo de séculos, a caminho das áfricas, a caminho das índias, a camimnhos dos brasis, nas autoestradas marítimas da globalização que abrimos com sangue, suor e lágrimas ?

Valeu a pena ?, perguntou um dia o poeta...

J. Gabriel Sacôto M. Fernandes (Ex ALF. MIL. Guiné 64/66) disse...

Valeu a pena?
Façamos um exercício mental:
Imaginemos que os portugueses não tivessem realizado a aventura da expansão marítima que nos levou por esse mundo imenso.
O que seria Portugal e nós Portugueses do Sec. XXI no conceito das Nações?
Um Abç.
JS

Anónimo disse...

Capitâo de Bandeira é o oficial da armada ( marinha de guerra) nomeado para representar as autoridades navais a bordo de navio mercante fretado pelo Estado para transporte de guerra ( pessoal e material). Tem autoridade sobre toda atripulação. Para as tropas havia o comandante das tropas embarcadas,oficial mais antigo de todos os oficias das forças embarcadas.
Gabriel Tavares

Anónimo disse...

Continuação

Se o Oficial da Armada que tinha de ser da classe de Marinha fosse mais graduado ou antigo que o comandante militar de bordo (comandante das Forças embarcadas) acumulava as duas funções. Esta legislação entretanto foi revogada em 2009.
G.Tavares