sábado, 6 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (2)


Foto nº 805A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio... Memorial aos mortos da CCAÇ 1684...  Força comandada pelo alf mil SAM Virgílio Teixeira, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), aguardando instruções do seu comando, em São Domingos...




Foto nº 805 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  O alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), junto ao memorial aos mortos da CCAÇ 1684, tendo ao fundo o edifício do comando da subunidade ali estacionidade.



Foto nº 814 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... No meio do grupo, o alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).


Foto nº 814 A> Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... No meio do grupo (, lado esquerdo(, o alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).


Foto nº 814 B > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe (lado direito)... 



Foto nº 811 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto (1)


Foto nº 811 A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (2)

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Foto nº 811 A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (3)




Foto nº 812 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (4)


Foto nº 812A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (5)-



Foto nº 813 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe...

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):


As fotos, de 801 a 817 fazem parte da minha colecção especial e do capítulo ‘perdidos no rio’ [, de iremos publicar  três postes].

Foi uma missão que o nosso novo comandante, após a evacuação do meu comandante inicial, tenente coronel Saraiva, ter sido evacuado por ferimentos em combate, não encarou bem comigo, nem eu com ele, e então deu-me como missão ir comandar um sintex até Susana para carregar alguns mantimentos, pois o nosso aquartelamento [, em São Domingos,] estava sem nada, após uma tempestade tropical ter destruído quase tudo o que era perecível.

Até uma vaca viva veio no pequeno barco. Só que no regresso, e após uma visita a Varela, uma praia lindíssima mas abandonada, quando regressamos passados uns dias, o piloto perdeu-se naquele emaranhado de dezenas de rios e braços de rio, e sem rádio – nem telemóvel, naquele tempo... – fomos parar a uma aldeia indígena felupe, muito atrasada, nem sei o nome, e por lá ficamos.

Até ser dada a nossa falta por lá ficamos a esperar até de manhã. Veio um heli e localizou-nos e fomos encaminhados para um local onde o piloto já conhecia melhor, e assim chegamos a São Domingos, a salvo, de sermos comidos vivos, pelos felupes ou pelos jacarés…

Este episódio não consta na História da Unidade, pois soube mais tarde que o comandante, coronel Renato Xavier, ficou aflito, por ter dado esta responsabilidade a um oficial não operacional, e assim, apesar de todos tomarem conhecimento, nunca foi divulgado nem escrito, foi um sonho ou pesadelo. Mas não me lembro de ter ficado amedrontado.

Ficaram as várias fotos que tenho desta aventura no Norte da Guiné, e na fronteira com o Senegal até Cabo Roxo, que visitamos também. Não foi tudo mau, mas poderia ser!

Deu tempo para conhecer também o estuário e foz do rio Cacheu, muito maior do que o Tejo. Uma coisa deslumbrante, pois estamos quase em cima do Atlântico e o clima é muito melhor.

(Continua)

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3 comentários:

Antonio Rosinha disse...


Como havia tanta criançada nas tabancas em 1968, e algumas armadas com arco e flecha.

Estas fotos de jovens/crianças africanas, em 1968, algumas empunhando arco e flecha, que era um dos instrumentos usuais de milhões de jovens africanos em toda a África a sul do Saara, são fotos importantíssimas que também ajudam compreender que tipo de guerra andámos a fazer em África, porquê, e para quê.

Será que alguns destes rapazes ainda chegaram a trocar aquela arma, por uma G3 ou uma Kalash?

Hoje os jovens Felupes já se devem ter "globalizado", já andam de calça de ganga do chinês e telemóvel no bolso de traz.

Quantos já terão atravessado o deserto até o Mediterrâneo!

Eles não são menos que outros africanos.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Rosinha, sempre certeiro e oportuno, mesmo não tendo tu usado arco e flecha... Não convivi com os felupes, o único que conheci em Fá Mandinga e em Bambadinca foi o furiel 'cmd' João Uloma, da 1º CCmds Africanos, em 1969/70...

1 DE JANEIRO DE 2008
Guiné 63/74 - P2398: Evocando os furriéis da 1ª CCA, João Uloma e Carlos França : Acreditas que ainda sonho com aquela cabeça ? (Jorge Cabral)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2008/01/guin-6374-p2398-evocando-os-furriis-da.html

Sobre os felupes corriam vários "mitos" no meu tempo (1969/71)... Um deles, é que eram antropófagos... Que cortavam as cabeças dos seus inimigos abatidos, é verdade. Uma das cabeças eu vi, segurada pelo João Uloma... Eu, o Jorge Cabral e todo o mundo em Bambadinca e em Fá... O Cabral diz que foi em março de 1970... Eu penso que foi mais tarde, já no tempo do BART 2917, em maio ou junho... Há fotos desse "ronco" que incomodou muita gente... O Abílio Machado, alf mil amanuense da CCS/BART 2917 disse-me que mandou cópias da(s) fotografia(s), tiradas e vendidas pelo 1º cabo Encarnação, da CCAÇ, para o Pacheco Pereira, no Porto... Será que alguém tem cópias dessa(s) famigerada(s) foto(s) ?

Sei que os "periquitos" da CCS/BART 2917, acabados de chegar a Bambadinca (, finais de maio, princípios de junho de 1970) ficaram "perturbadíssimos"... O comando do batalhão tentou "caçar" todas as cópias e destruir os originais... Esses documentos eram má propaganda para a política spinolista da "Guiné Melhor"... Mas não tenho ideia que tenham chegado ao exterior...


Tabanca Grande Luís Graça disse...

Em 10/4/1981, saiu no semanário "O Jornal", já extinto, um artigo sob o título "Arame farpado em tempo de massacre", no dossiê "Memória da Guerra Colonial" (em que eu colaborei muito, com o saudoso Afonso Praça, da redação desse semanário, antecessor da "Visão", e que tinta feito a guerra em Angola, como alferes miliciano; era transmontano; inclusive deixei com ele muita documentação, que hoje bem gostaria de poder recuperar, mas deve ter ido para o lixo...).

Esse artigo era assinado por Carlos França, que residia então em Oeiras... E pelo teor do artigo, percebia-se que era médico ou enfermeiro… ou tinha estado no hospital (presume-se, HM 241, Bissau).

Perguntei em tempos ao Jorge Cabral se não seria o médico "periquito", da 1ª CCmds, praxado pelo cap 'cmd' Barbosa Henriques, +pelo major 'cmd' Leal de Almeida, e outros, incluindo o alf mil art Jorge Cabral ? Assisti a essa cena, da sua chegada a Fá, ao anoitecer ...

O Jorge Cabral disse-me que o médico era um tal dr. Vasconcelos e que este Carlos França era furriel… (não africano, oriundo da metrópole,portanto).

Bom , de qualquer modo Carlos França, no citado artigo de "O Jornal", fazia referências detalhadas ao furriel 'cmd' felupe, João Uloma, e à sua alegada "colecção de 32 cabeças"....

Recordei esta cena tétrica da cabeça cortada de um pobre diabo com o Jorge Cabralm logo nos tempos do blogue... Ele (, que é especialista em direito penal e docente universitário) tentou explicar-me aquilo que para mim era então, na altura, "o inexplicável", o comportamento do 'comando' felupe Uloma, seu "amigo", da 1ª CCmds Africanos, comandada pelo cap 'cmd' graduado João Bacar Jaló, e que estava aquartelada em Fá, sendo portanto "hóspede" do Jorge Cabral, cmdt do Pel Caç Nat 63... (Foi em Fá que se formou a 1ª CCmds).

Sei que discutimos essa "cena" à luz do relativismo cultural e das cumplicidades tácitas da hierarquia de um exército de um país da NATO, civilizado... Foi então que retomámos os nossos contactos. Não nos víamos desde a Guiné, desde Bambadinca e Fá.

Eis um excerto do citado artigo do Carlos França:

(...) "Havíamos de sonhar, em longas noites de hospital, com tudo aquilo. Era barulho em náusea, com cheiro a 'Petidina' e pensos gangrenados, entre duas anestesias de ocasião.
Quanta insónia e, meu Deus, que tempo perdido, e que arrepio ao ver ainda o felupe Uloma uma montanha de carne, automatizado no 'ronco' de matar, contar as cabeças inimigas do PAIGC.

“Fazia coleção e era o seu 'curriculum' de guerrilheiro. Trinta e duas, contei eu, expostas como troféus de guerra, circuito obrigatório, quase turístico de todos os militares que por lá passavam (...)".

Descobri mais tarde que havia, em 2013/14, um médico e professor Carlos França, ligado ao Hospital de Santa Maria e a uma pós-graduação em emergência e medicina intensiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa:

(... corpo docente: (...) Prof. Dr. Carlos França – Especialista em Medicina Interna e Cardiologia, Subespecialista em Medicina Intensiva, Competência em Medicina de Emergência. Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar de Lisboa Norte. Coordenador da Região sul do Colégio de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos. (...)

Não sei se estamos a falar da mesma pessoa… Em função da idade, o prof Dr. Carlos França já deve estar reformado hoje... Mas seria interessante podermos contactá-lo... e esclarecer as nossas dúvidas…

Se o Carlos França era furriel, não podia ser o médico... O médico que eu vi praxado era alferes miliciano, e seria Vasconcelos, de apelido, segundo o Jorge Cabral. Este Carlos França seria então furriel de transmissões ou outra especialidade de apoio (manutenção auto, enfermagem...), tendo estado hospitalizado no HM 241 (Bissau)... Bate certo ?

Jorge Cabral, volta lá a explicar tudo direito... Um grande abraço. Luís